DE ABNEGAÇÃO E RENÚNCIA |
CEM
ANOS DE ABNEGAÇÃO E RENÚNCIA
Vida
e Obra de Adolpho Bezerra de Menezes
Contam-se
as tradições do mundo espiritual que, na madrugada do dia 1º de janeiro do ano
1800, ao se apagarem as luzes do século XVIII, foi reunida na psicosfera próxima
da Terra uma imensa assembléia, para traçar os destinos da humanidade. Aquela
reunião havia sido programada desde há mais de trezentos anos e deveria definir
os roteiros dos séculos XIX e XX, inaugurando uma era nova para a
humanidade.
Os
narradores desse evento asseveram que, naquele momento especial, faziam-se
presentes delegações de espíritos que habitavam as mais diferentes nações da
Terra. Desde as entidades venerandas que precederam a história dos tempos
contemporâneos, como Krisna, Confúcio, Hermes até aqueles que vieram da área
Ocidental, preparando o campo do pensamento filosófico: Sócrates, Platão,
Aristóteles, e outras personalidades que se encarregaram de examinar a realidade
da matéria, como Lucrécio e Demócrito; e a seguir, entidades que precederam o
momento grandioso da chegada de Jesus: Salústio, Mecenas, Otávio, Ovídio; e a
posteriori, aqueles que participaram da revolução do pensamento cristão, entre
os séculos segundo e quarto: Agostinho, Tertuliano, Orígenes, Proclo, que
constituíram a ideologia do Cristianismo à luz do platonismo; e a seguir,
entidades venerandas que espocaram as luzes da fé em plena noite medieval; até o
momento em que se alargam os horizontes do planeta com as conquistas náuticas,
com as conquistas da cultura, com as conquistas da arte: Michelangelo, Cabral,
Colombo, Henrique de Sagres; e aqueles que estabeleceram as bases de uma
revolução ideológica através da renascença, da poesia, da música, como Dante e
outros; até os grandes pensadores do século XVIII: Voltaire, Diderot,
Montesquieu, todos eles ali estavam representando a cultura, a beleza, a arte, a
sabedoria.
Quando
a noite esplendorosa, coruscante de estrelas parecem sentir, entidades
respeitosas descem na direção da assembléia acompanhada por um coral de vozes
que exaltam a Era Nova.
Está
à frente a personalidade de Júlio César, o conquistador da África, aquele que
reduziu o mundo a um departamento do império romano.
O
semblante de César, no entanto, está alterado. Ele agora traz a mente velada por
um certo torpor. Ostenta a coroa de mirtos sobre a cabeça e o manto de púrpura,
que foi usado por Carlos Magno, quando recebeu das mãos do papa a coroa de
governador da Europa.
Logo
depois dele, a figura luminosa de Yoshani Huss, com o semblante iluminado pelas
perspectivas de uma grande conquista.
Descem
ao cenáculo abençoado e, diante de um silêncio espectral, ouve-se uma voz que
vem de uma região ignota e que diz, suave e grandiosamente:
-
César, deleguei-te a tarefa de preparar a Terra para a tarefa do cristianismo.
Convidei-te a abrir os horizontes de Roma para minha chegada. Estabeleci
diretrizes dos grandes conquistadores, para que um só idioma se espalhasse pelo
mundo. Desde a hora de Alexandre Magno, quando preparou o Mediterrâneo, através
da língua grega, e tu preparaste os horizontes da Terra através do latim, mas
malograste dolorosamente, mergulhaste no prazer sanguissedento da destruição, e
o punhal de Brutus arrebatou-te o corpo em um momento em que te dirigias ao
Senado para rogares mais prepotência e mais poder. Hoje eu te coloquei na
indumentária de Napoleão Bonaparte para que reúnas os estados Europeus sob o
estandarte da paz, a fim de que o meu mensageiro leve à Terra a mensagem que eu
tenho embutida nos corações dos homens e que os sentimentos vis entorpeceram,
erigindo as manifestações da teocracia, do absolutismo, do abuso. Sei que o
mergulho na carne envolve a mente em sombras, mas a ti compete a tarefa de
preparar a Terra para ele; o enviado do paracleto, o missionário da terceira
revelação.
Nesse
momento, João Huss, que fora queimado no século XV, acerca-se de César, na
personalidade de Napoleão Bonaparte, e curva-se reverente, e a voz
transcendental continua a dizer:
-
Ele levará o símbolo da fraternidade. Abrirá os caminhos por onde percorrerão as
naves da ciência, e nos seus passos estarão as artes e as literaturas. Mas ele
será o embaixador da religião do amor que tem por base a caridade. E se fará
igualizar por outros mensageiros de minha confiança para preparar na Terra o
advento do reino dos céus.
João
Huss levanta-se e, dominado pelas lágrimas, contempla o infinito, de onde vem a
voz que ressoa naquele cenáculo abençoado.
As
observações penetram nas acústicas das almas e, a pouco e pouco, acercam-se de
Napoleão e do Grande João Huss, seres angelicais que terão a tarefa de preparar
o advento da Era Nova no planeta terrestre.
À
medida que eles sobem ao imenso palanque das exortações, a multidão se levanta,
e pétalas chovem de uma região ignota sobre a assembléia transcendental.
No
dia 3 de outubro de l804, dois meses depois que Napoleão Bonaparte se consagrou
imperador dos franceses, em Notredame, nasce na Terra Hippolyte León Denizard
Rivail, que a humanidade passará a conhecer a partir de 1857, sob o pseudônimo
de Allan Kardec, que era João Huss reencarnado, para trazer a Doutrina Espírita
às almas, inaugurando verdadeiramente um momento grandioso do cristianismo nos
corações.
Mas
antes que este evento se tornasse realidade, no dia 29 de agosto de 1831, em um
lugarejo perdido nas terras áridas do Ceará, chamado Riacho de Sangue,
reencarna-se um venerando cristão do século II, que, por amor a Jesus, erguera
nas Gálias um lar para crianças órfãs a fim de atrair a figura cruel do seu
filho Taciano, que necessitava de ter dulcificado o coração. E ali, então, numa
personagem amorosa, ele prepara o advento de salvação para o filho e de doação
absoluta à causa de Jesus. Reencarna-se, 1600 anos depois, na pessoa de Adolfo
Bezerra de Menezes Cavalcante, que deve ser uma das estrelas a perpetuar a
mensagem de Allan Kardec na Terra e a fazer que o amor seja realmente a base de
todas as afirmações dessa revelação grandiosa que vem confirmar a lei antiga e
vem tornar caridosa a mensagem amorosa de Jesus.
Dali
de Riacho de Sangue, de uma família modesta, ele demanda Fortaleza, a capital da
sua província para fazer os cursos: elementar e ginasial. Mas trazia na alma a
fatalidade da conquista dos continentes desconhecidos da alma, e vem agora à
capital do Império, à cidade do Rio de Janeiro, onde pretende desenvolver as
aptidões do sacerdócio de curar. Jovem, pobre, sonhador e pulcro, chega à corte
sem os recursos adequados para poder enfrentar as dificuldades de uma região
hostil. Aqueles alienígenas que aportam diariamente na grande metrópole. E
através de sacrifícios ingentes, de renúncias incomuns, de lágrima acerbas, o
jovem Adolfo Bezerra de Menezes vai colocando marcos de conquistas, passo a
passo, da sua escalada gloriosa no rumo da plenitude.
Momentos
chegam em que as dificuldades se lhe fazem tão acerbas e dolorosas, que o lume é
escasso e o pão alimentar é quase impossível de conquistá-lo. Narra ele, e um de
seus melhores biógrafos retrata, que certa feita as dificuldades eram tão graves
e a importância a aplicar no seu curso de medicina era tão elevada, que ele
estava a ponto de desistir, quando lhe apareceu, mandado pela providência, um
jovem que se candidatava a receber aulas particulares de matemática em que ele
era um exímio concepcionista, nesta doutrina de abstrações. Ele tinha a certeza
que fora a divindade que encaminhara o jovem e negociou naturalmente as aulas
que ia ministrar, tendo a agradável surpresa de dar-se conta que o jovem estava
preparado para pagá-las por antecipação, e, ao fazê-lo, a importância que lhe
colocava em mãos viria a preencher exatamente a lacuna da necessidade, que o
teria impedido de levar adiante a sua carreira, que o celebrizaria como médico
dos pobres. Posteriormente o jovem nunca mais voltou, e durante toda sua vida
isso lhe constituiu um ponto de interrogação, fazendo crer que aquele dinheiro
lhe não pertencia, o que o levou a distribuí-lo muitas vezes com os
necessitados, como sendo a maneira de devolvê-lo às mãos anônimas e quiçás
espirituais que lhe vieram bater à porta no momento da ajuda. Adolfo Bezerra de
Menezes celebrizou-se na faculdade de medicina pela inteligência lúcida, pelo
raciocínio hábil, mas pela bondade dos sentimentos e do coração.
Consorciou-se
com uma dona gentil com quem viria a tornar-se pai repetidas vezes.
E
para levar adiante os ideais que incutiu na sua alma, adotou a postura política,
representando vários bairros do Rio de janeiro na constituição então vigente;
mas sentia que sua alma não estava preparada para as circunstâncias amargas do
relacionamento político, para as paixões partidárias, para o jogo arbitrário dos
interesses humanos.
Exatamente
nessa hora, a partir de 1870, quando se dá a combustão intelectual da Europa,
chegam ao Brasil as idéias eloqüentes dos grandes materialistas: o pensamento de
Augusto Conte, as idéias de Hegel, as propostas do lirismo, e ele, intelectual,
não se podia curvar diante das exigências da doutrina dominante, torna-se livre
pensador amando a Deus, mas não se vinculando a nenhuma das doutrinas então em
vigência. Espírito aberto, ele tem a oportunidade de ser levado à casa de um
jovem médium, que, através da homeopatia, que havia sido lançada recentemente
por uma personalidade extraordinária que estivera presente na noite memorável,
naquele 1º de janeiro de 1800. Ele percebe que em estado de transe o sensitivo
pode realizar o diagnóstico da problemática orgânica e fazer a anamnese do
paciente e receitar com absoluta precisão. Ele mesmo submete-se à experiência e
os resultados são fascinantes.
Alguém
lhe houvera dado oportunamente O Livro dos Espíritos, e certo dia, enquanto
viajava no bonde atrelado à burros, dirigindo-se do Centro da cidade ao Bairro
da Tijuca, ele abriu eventualmente a obra e começou a lê-la; qual não foi sua
surpresa, aquela obra lhe não trazia nenhuma novidade. Ele conhecia aquele
conteúdo, era como se diria na linguagem popular espírita sem o saber. Aderiu à
certeza da imortalidade da alma, da comunicabilidade do espírito, da
reencarnação, da pluralidade dos mundos habitados, e Jesus fascina-lhe a alma,
arrebatando-lhe os sentimentos mais nobres, que ele soube entesourar na arca
generosa do coração amigo. A partir daquele momento, o Doutor Adolfo Bezerra de
Menezes apaixona-se pela revelação Kardequiana.
O
movimento espírita das terras brasileiras estava gravemente tumultuado.
Ele
era um homem de ciência, mas era também um homem de amor.
Jesus
estóico fascina-lhe a alma, qual ocorreria mais tarde a Gandhi, Madre Teresa de
Calcutá, a Pasteur e a outros. Jesus dulcifica-lhe a alma e ele adere ao grupo
das místicas.
As
criaturas se comprazem em lutar em impor o seu ego de forma apaixonada,
esquecendo que aquele que pretende convencer aos outros, psicologicamente diz a
psicanálise, é um inseguro. Quem tem segurança não pretende mudar a ninguém. Dá
a liberdade de cada um ser o que deseja, mas a si exige-se, ser a cada hora
melhor do que o era minutos atrás. Bezerra tem essa certeza e procura ser o
conciliador. É convidado a dirigir a Federação Espírita Brasileira, recentemente
criada na casa de Elias da Silva, por um grupo de estóicos. As dificuldades
reinantes são várias e ele dá o melhor da sua alma de esteta.
A
comunicação com Ismael comove-o, através de Frederico Junior, que foi a época o
melhor médium do Brasil. (psicofônico, psicográfico, sonambúlico, de efeitos
físicos, portador de uma clarividência excepcional). Esse homem amigo é o
instrumento das vozes que iluminam a alma de Bezerra de Menezes.
Ele
resolve tirar o Espiritismo das paredes sombrias das Casas Espíritas, e vai
escrever no jornal "O País", da cidade do Rio de Janeiro sob o pseudônimo de
"Max"
A
verdade é que ele libera-se do encargo da Federação Espírita Brasileira, mas as
lutas humanas fazem-se intestinas: as divisões, as agressões, e Bezerra
tornou-se o alvo do campo de batalha de ambas as partes litigantes.
Porém,
em um momento de grande dificuldade, Ismael diz: - Batam às portas de Bezerra de
Menezes e tragam ele de volta às atividades da F.E.B. Uma comissão é destacada,
e vai a Bezerra de Menezes e pede-lhe para que volte ao trabalho de Ismael, e
ele teria respondido:
-
Sou um homem pacífico. Os meus sentimentos são de amor. Mas para dirigir a Casa
de Ismael eu somente aceitarei se me concederem poderes discricionários, se
minha palavra não for contestada. No momento da primeira contestação, eu
oferecerei o meu cargo e os encargos ao meu contestador. Porque não estou aqui
para exercer posição de relevo, mas para servir, e para servir não necessito de
cargo pois já tenho os encargos. E o farei, este serviço, em qualquer lugar.
Assim volta Bezerra de Menezes à F.E.B em 1895, como o pacificador.
Já
era um homem venerando, apesar de uma idade relativamente madura, mas ainda não
envelhecido. A sua postura, o seu amor, a sua abnegação e a sua caridade ímpar
àqueles favelados da época, dos morros da cidade do Rio de Janeiro, a sua
misericórdia, já o haviam elegido "O médico dos Pobres".
Quantas
vezes a dor lhe bate à porta de maneira rude; a esposa desencarna e ele fica à
sós com uma prole a atender a sustentar, a amar. Uma cunhada devotada que
percebe-lhe a dificuldade de administrar a casa e de ganhar o pão, na sua
profissão de médico que dava tudo e recebia quase nada, foi residir com ele para
ajudá-lo. Meses depois na sua figura notável de homem de bem ele disse:- Não me
parece justo que você, sendo uma jovem solteira e bela, venha a ficar na
residência de um viúvo. Já que você pode ser a mãe espiritual de meus filhos,
(seus sobrinhos) eu a convido para ser minha esposa, e no dia que você me amar
poderemos passar a ter uma vida nupcial como recomendam as leis de Deus, e o
amor na Terra prescreve. Ela aceita a mão do cunhado, ele consorcia-se pela
segunda vez, torna-se pai, as dificuldades cada vez mais dolorosas. Certo dia,
para culminá-las, atendia ele na modesta sala, onde receitava a terapia
homeopática, quando contemplou uma mãe angustiada que trazia nos braços um filho
macérrimo; trêmula, esfaimada, coloca o filho sobre a mesa de exames e diz:
-
Está morrendo, Dr. Bezerra! Salve meu filho.
Dr.
Bezerra examina a criança e percebe que a doença é uma seqüela da fome. Receita
imediatamente e diz:- Desça à farmácia, adquira o produto de imediato e se você
seguir a prescrição, seu filho se salvará.
-
Então, Doutor, ele vai morrer, porque o nosso problema é comida. Eu irei
mendigar com a receita na mão.
Bezerra
examina os bolsos, a última moeda ele havia dado ao cliente anterior. Põe as
mãos na cabeça e as lágrimas correm-lhe pelos olhos azuis transparentes. A mão
esquerda está espalmada sobre a mesa, e naquele momento de grande angústia e
expectativa, ele vê a mão, e nota o anel de formatura. Ele era agora tomado de
alegria, arranca o anel e diz-lhe:
-Não
seja por isso, minha filha, vá à farmácia, entregue o anel ao farmacêutico,
compre os remédios e peça-lhe que lhe devolva aquilo que exceder ao preço do
medicamento e compre alimentos para seu filhinho e para você.
Ela
sai cantando hosanas.
Ele
toma do chapéu, desce as escadarias do consultório do primeiro andar e, quando
vai pegar o bonde, ele dá-se conta que não tem a moeda mais miserável e mínima
para pegar a condução, e para não criar problema no transporte urbano, ele sai
da rua sete e vai a pé até a Tijuca, chegando lá avançadas horas da noite
exausto, esfaimado, com os filhos e a esposa também padecendo necessidades.
Isso
bastaria para definir a grandeza de um homem que deveria estar nos anais do
prêmio Nobel da Paz, como aquele que doou tanto que, já não tendo o que doar,
doou-se a si mesmo.
Mas
no fim do ano de 1899, uma enfermidade pertinaz prostra o grande médico. Ele
afasta-se da direção da F.E.B.
No
dia 11 de abril de 1900, ele desencarna, deixando na Terra um vazio, que ainda
não pode ser preenchido de maneira física, tal a grandeza deste ser espiritual
que a Terra recebe periodicamente no mundo para preparar nos corações
estabelecimento da figura ímpar de Jesus.
Desencarna
Bezerra, o Brasil chora, mas ele não se aparta da alma brasileira; continua a
atender este povo a quem ele amou com tanto desvelo.
No
ano de 1950, naquele mesmo recinto a que nos reportamos, há uma reunião
especial. Aproximadamente cinco mil espíritos, entre encarnados, e desencarnados
estão convidados a participar de uma homenagem especial a um apóstolo de Jesus
que trabalha nas sombras da Terra.
A
reunião é grandiosa. Aquele público imenso que repleta o anfiteatro, que tem a
forma greco-romana do passado, está ansioso, quando um coral de duzentas vozes
infantis começa a entoar o "Aleluia" de Hendel.
E
adentra-se, acompanhado de um séquito de entidades venerandas, Dr.Bezerra de
Menezes, em espírito.
A
figura ímpar de Dr. Bezerra, acolitado por aqueles seres espirituais iluminados,
destaca-se em uma indumentária modesta, que faz recordar o linho Belga usado na
Terra. A indumentária de tonalidade pérola, a mão direita apoiada à gola do
paletó, a cabeça que se move negativamente como a dizer: - Mas eu não
mereço.
O
grupo adentra-se e vem à mesa central.
Dr.
Bezerra senta-se ao lado do diretor dos trabalhos.
Começa
a reunião que homenageia Bezerra pelos 50 anos de atividades nas terras
brasileiras como colaborador de Ismael, representante da bondade de Jesus.
Léon
Denis, o apóstolo do espiritismo Francês, o grande colaborador e propagador da
obra de Allan Kardec, é convidado a saudá-lo em nome dos Espíritos Espíritas
Internacionais. E o verbo eloqüente do extraordinário autodidata poeta ressoa na
multidão como bátegas de luz caindo suavemente numa sinfonia. As palavras de
Léon Denis traz a gratidão dos Espíritas do mundo ao apóstolo do Cruzeiro do
Sul.
Bezerra
chora, dominado de uma grande emoção.
Terminada
a exortação de Denis, é convidado Manoel Vianna de Carvalho para falar em nome
da comunidade espírita brasileira. Vianna de Carvalho agiganta-se na tribuna e
fala em nome da gratidão da pátria brasileira a este ser que tanto estava
fazendo pelo pensamento no país.
Logo
depois que Vianna de Carvalho encerra, abre-se aquele horizonte infinito do
espaço e um jato de luz tomba sobre a multidão.
Aparece
o ser espiritual superior jovem, Celina, a mensageira de Maria, a mãe de Jesus,
que abre um livro imenso de luzes e lê para todos, emocionados:
-
Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, a mãe de Jesus manda convidar-te para que saias
das sombras do planeta terrestre. Ela te oferece no Sistema Solar qualquer um
dos astros onde queiras reencarnar. Ela concedeu do Filho a permissão para
franquear-te noutra esfera, se necessário fora do Sistema Solar, a oportunidade
de crescer de maneira com a misericórdia de Deus, nos rumos do insondável na
busca da perfeição.
-
Tenho eu a tarefa de apresentar-te a proposta da Senhora, e levar-Lhe o
resultado, depois de ouvir-te.
Bezerra
de Menezes levanta-se, a multidão está impactada, ele abaixa a cabeça e, com a
voz embargada ao erguer a fronte diz:
-
Celina, minha filha, eu não mereço nada disso! Se eu merecesse alguma coisa, se
alguma coisa me fosse lícito pedir; se houvesse em mim qualquer atributo que
justificasse uma solicitação, eu te pediria levares à Senhora o meu requerimento
pedindo misericórdia para as minhas imperfeições; e se me fosse lícito pedir
algo mais, eu pediria à Maria, a Santíssima, que me facultasse a honra de
continuar nas sombras do país verde e amarelo do Cruzeiro do Sul, atendendo aos
infelizes, e que, ela não me permitir a graça nunca de sorrir enquanto na terra
brasileira alguém estiver chorando; que eu não tenha o direito de ser feliz
enquanto os meus irmãos do Brasil estejam angustiados. Então intercede tu, minha
filha, junto à nossa Mãe para que ela me permita a caridade de permanecer nas
terras do cruzeiro até o momento em que o país saia das sombras.
Celina
retorna, as vozes infantis erguem-se, as músicas sucedem-se e, de repente, no
céu coruscante de estrelas, uma mão empunhando uma pluma antiga escreve:
-
Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, o teu requerimento dirigido à Senhora foi
deferido. Ficarás nas terras verde-amarelas do Brasil, nas sombras do planeta,
atendendo a dor até o ano 2000, quando terás brindado cem anos de abnegação, de
renúncia, de doação total.
A
reunião foi encerrada, e Bezerra de Menezes voltou às sombras do país tropical
para erguer as almas combalidas, para encaminhá-las a Jesus. Para ensinar que
somente o amor dirime quaisquer problemas e dificuldades....
Este
é o espírito amoroso que reencarnou em Riacho de Sangue no Ceará, que agora é
amado e conhecido mundialmente, e quando ele se comunica, através daqueles que
sintonizam na sua faixa de evolução, as lágrimas caem como pérolas dos que o
ouvem porque a psicosfera ambiental se transforma.
...Adolfo
Bezerra de Menezes, 168 anos depois que mergulhou nas terras sofredoras do
Brasil, em nome daquela reunião programada por Jesus a 1º de janeiro de 1800,
continua sendo o apóstolo da brasilidade, o anjo bom das nossas vidas,
ensinando-nos a fazer com o nosso próximo conforme lhe pedimos que faça conosco.
Sugerindo-nos amar àqueles que nos não amam, quanto ele tem amado àqueles que o
fizeram chorar.
Ele
tem sido a luz que brilha na grande noite, apontando o rumo na direção de Jesus
através de Allan Kardec.
E
hoje quando a Terra está abatida pelo vendaval e os furacões da discórdia, da
inimizade.Quando a violência estruge a chibata do desequilíbrio, destruindo
corpos e arrebatando as vidas físicas, urge que peçamos a Bezerra de Menezes
para que interceda junto à Maria, a fim de que ela peça a Jesus piedade para a
Terra; piedade para os homens e as mulheres do mundo; para que Ele, o Mestre de
Nazaré, diga ao Pai:
-
Perdoa-lhes meu Pai, pois eles não sabem o que fazem.
Nesta
hora de tantos problemas, sejamos nós aqueles que juntamos, não aqueles que
espalham. Sejamos pessoas pontes que ligam abismos e não pessoas paredes que
dificultam o passo. Sejamos aqueles que se doam e não aqueles que tomam.
Amemos
as pessoas e usemos as coisas, para não amarmos as coisas e usarmos as
pessoas.
Consideremos
as criaturas, sem as ter na condição de descartáveis para não produzirmos danos
nas almas, lesões nas almas.
Divulguemos
o Espiritismo ao mundo. Ensinemo-lo corretamente. Quem o aplique indevidamente é
problema de sua consciência.
Que
tenhamos a consciência de fazer melhor, de realizar o mais corretamente o
conteúdo, mas que haja por base a recomendação do Espírito de Verdade:
-
Espíritas, amai, este é o primeiro mandamento; e instruí-vos para que a Terra de
amanhã seja em verdade a Jerusalém libertada.
Para
que possamos tomando as mãos dizer: - Senhor, nós queremos bendizer-Te o nome,
agradecer-Te a alegria e a honra de amar-Te!
-
Senhor, esperamos que chegue o dia em que o sol da nova era esteja esplendoroso,
e as rosas estejam fitando os lares, voltadas para dentro de casa. E a natureza,
enriquecida de festa, seja um poema de ternura. E a dor, a tristeza, a amargura,
saiam dos anais da humanidade em nome da Tua lição de liberdade.
-
Senhor, neste momento, pois, vem ter conosco e permita que o teu apóstolo
Bezerra, tomando das nossas mãos, possa dizer: - Venha comigo, Jesus está
chamando, e nos Teus braços, amigo, possamos repousar. Muita paz! (Palestra
proferida por Divaldo Pereira Franco em 1999).
Nenhum comentário:
Postar um comentário