A Caminho da Luz

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Espíritas!

Espíritas!
É de vós, cultores da Lei da Evolução, que se espera o
engajamento, como pioneiros, ao lado das vanguardas da
consciência planetária.
A Lei da Evolução descortina aos que a compreendem o
sublime encadeamento de todas as espécies de vida do orbe.
“Do átomo até o arcanjo, que começou por ser átomo”, tudo vos
deve ser sagrado, porque a mesma centelha da Vida Universal
que dormita no mineral, bruxuleia no vegetal e entre abre os
olhos no animal é aquela que vos incendeia a mente e conduz,
em consciência maior, pelos caminhos infinitos do progresso.
Como então poderíeis supor que o Deus de infinita
misericórdia sancionasse a crueldade e a destruição injustificada
de seus filhos menores, enclausurados temporariamente em
estojos físicos de principiantes, como as criancinhas do jardim
da infância do grande educandário dos mundos de matéria?
Seríeis capazes de trucidar crianças pequeninas para
atender a um prazer de matar, somente porque não podem
defender-se? Pois o mesmo espanto e horror que essa idéia vos
causa tomam os espíritos superiores quando estes assistem à
carnificina diária que se comete na superfície do planeta para
com os irmãos menores do homem — os animais.
Olhai o fundo de seus olhos mansos, sem a arrogância dos
fortes e a indiferença dos egoístas, e vereis ali cintilando o reflexo
de uma alma divina, filha do Criador que também é o Criador da vossa; lereis o apelo silencioso dessas vidas que tateiam nos
labirintos da consciência como criancinhas aprendendo a andar,
a vos dizer: “Deixa-me viver para aprender a ser um dia como
tu, que já foste outrora como eu”.
Não, espíritas, não devia caber a vós, jamais, o triste papel
de verdugos dessas vidas inocentes. Que outros, desconhecendo
ainda o laço divino que une todas as criaturas matriculadas pelo
Supremo Ser na escola da Vida, provindas de seu mesmo hálito
criador, patrocinem indiferentes e de coração gélido a matança
desses irmãos menores, para o nocivo consumo humano, tem
pelo menos a triste lógica do egocentrismo: “Nada temos a ver
com eles”.
Mas o espírita, que conhece o panorama esplendoroso
que lhe foi descortinado com a Lei Evolutiva, e sabe (ou deve
saber) que todas as formas de vida representam classes onde
se matriculam as almas insipientes na escalada da perfeição,
atrás de que desculpa se poderia esconder para dizer: “Não te
reconheço como irmão, mas tão somente como presa”?
Meus irmãos, a vossa consciência não pode mais dormitar
nos velhos conceitos herdados da barbárie planetária, ou não
podereis vos agasalhar no manto da lei do progresso, que cobra
atitudes urgentes em vosso mundo, à beira da falência moral e
material.
A escravidão, a tortura, a discriminação, a guerra, a lei do
mais forte, o genocídio em nome da divindade também já foram
considerados — e ainda o são, tristemente, em alguns redutos
do planeta — códigos legítimos de conduta. Hoje, entretanto,
vossas consciências sensibilizadas repudiam com horror o que
no ontem vos parecia perfeitamente aceitável (enquanto não era
feito convosco, evidentemente).
Por que insistir então em continuar vos regendo pela
velha lei do hábito, que aceita sem refletir os comportamentos
impostos pelo egoísmo e a conveniência de alguns, sem avaliar
atitudes à luz dos códigos superiores que já tendes a ventura de
conhecer?
O espiritismo não foi legado pelo Alto à humanidade
para perpetuar a tirania dos hábitos atrasados e nocivos que
grampeiam a criatura, indefinidamente, à roda triste das
reencarnações que se arrastam entre a doença, o sofrimento e a miséria moral da humanidade.
O espírita, para fazer jus à elevada condição de seguidor
dessa doutrina libertadora de consciências, precisa ser o
vanguardeiro de todos os valores mais nobres do planeta. Deve
ser o primeiro, e não o último, a adotar os princípios éticos e os
códigos de conduta mais elevados.
É desairoso para vós que criaturas atéias e agnósticas, mas
dotadas de nobres sentimentos (aliás, os únicos que significam
passaportes válidos para a espiritualidade superior), demonstrem
maior compaixão e sensibilidade para com as espécies animais
do planeta, enquanto os cultores da Lei da Evolução sentem à
mesa para se banquetear com os cadáveres sofridos daqueles
que sabem constituírem os seus irmãos menores na escala
evolutiva.
Que sentido têm os vossos apelos à misericórdia dos
seres superiores, se os apelos silenciosos daqueles que rotulais
“inferiores” não encontram guarida em vossos corações, cerrados
à compaixão e ao respeito? Acaso tendes a ingenuidade de
supor que a Divindade Suprema descuida de gerir o mundo que
criou, e que os gemidos de dor de seus filhos mais indefesos não
comparecem ao tribunal da vida planetária, testemunhando
contra a espécie humana e sua crueldade?
Inúteis serão os vossos apelos de paz, enquanto os cadáveres
sangrentos de vossos irmãos menores quotidianamente
atestarem que sois os mandantes da mais sanguinária das
guerras, e a mais cruel, porque deflagrada contra indefesos sem
o socorro da razão, por motivos fúteis, e tão somente em nome
de um discutível prazer do paladar. Jamais desfrutareis da paz
sonhada para o planeta enquanto ele permanecer encharcado
do sangue inocente daqueles que o Pai vos enviou para cuidar
e proteger. Só uma divindade injusta e cruel aceitaria conceder
a bênção a uns em troca do holocausto de outros. Ou será que
ainda embalais a ilusão de que sois a única espécie merecedora
do céu?
Espíritos lúcidos de todas as épocas já vos deram o exemplo
de existências de sabedoria e equilíbrio, saúde e nobreza,
distantes da ingestão de corpos animais.
Sábios médicos e nutricionistas conscientes já vos têm
apontado o caminho da saúde e da libertação de um cortejo de males através da alimentação vegetariana, padroeira maior do
equilíbrio e do bem-estar físico e psíquico do ser humano.
Generosos batalhadores da causa animal, vanguardistas de
uma nova consciência planetária fundamentada no respeito e
amor incondicional a todas as vidas, estão passando à frente
dos espíritas, adotando um modo de viver condizente com os
postulados da Lei Evolutiva — espinha dorsal da doutrina
espírita.
E vós, meus irmãos? Que fazeis, sentados à mesa diante
dos despojos sangrentos de vossos companheiros planetários,
mortos cruelmente para obedecer a hábitos ancestrais repetidos
sem avaliação? A quem pensais enganar nessa contemporização
com um código ultrapassado de viver? À vossa consciência
adormecida, aos espíritos dirigentes do planeta, ao Mestre a
quem dizeis seguir, à Divindade que nos criou a todos iguais
para a fraternidade, não para o exercício da lei da selva?
A ninguém mais deveis satisfação que à vossa consciência,
em tudo que fizerdes; mas temei-a quando vos cobrar, sem
apelação, a coerência que vos falta, entre os postulados de
compaixão, renúncia e solidariedade de vossa doutrina, e o
prazer mórbido que vos acorrenta a devorar vossos irmãos da
escola terrestre.
O espírita deveria ser o primeiro, e não o último, a preservar
a qualquer custo o equilíbrio planetário. Informai-vos bem para
vos conscientizar de que a manutenção dos rebanhos para
o consumo humano, além do espetáculo da crueldade e da
indústria da doença que representam, são os patrocinadores da
fome de milhões, da devastação e do desequilíbrio da natureza
planetária. Ser um consumidor dos irmãos menores carreia
ainda consigo a condição de depredador do planeta e conivente
com a fome do mundo.
É um triste papel que não cabe, não deveria caber, aos
seguidores da doutrina que veio para melhorar o mundo e
auxiliar a redenção da humanidade, e não a sua infelicidade.
O hábito, o prazer e a fraqueza são as justificativas que
sempre nos oferecemos ante a dificuldade de mudar para
melhor.
Elas não nos livram de sofrer as conseqüências do pior que
cultivamos.Tampouco nos credenciam para dar os passos decisivos à
nossa ascensão interior.
O sangue derramado das espécies animais, em proporção
sempre crescente, está transformando o planeta num gigantesco
matadouro ambulante, que orbita no sistema fazendo ecoar os
gritos de dor dos milhões de seres sacrificados diariamente à
gula e à ganância humana.
Essa energia de terrível virulência, numa freqüência
vibratória abominável, veste de um manto sanguinolento
o belo planeta azul que o Pai vos permitiu habitar. O seu
diapasão mórbido contamina os planos invisíveis adjacentes
à crosta, e fornece alimento vibratório não só para as almas
tristes que vampirizam os encarnados invigilantes, como
para a materialização de morbos psíquicos que eclodem na
forma de vírus e bactérias estranhos, que se disseminam
como enfermidades no plano físico. Eles deverão aumentar de
virulência e intensidade em proporção a vossos abusos contra
a vida. Não há criaturas privilegiadas dentro do cosmo, e a
toda ação segue-se uma reação; mas vós, justamente os que isso
pregais, agis como se a afronta à lei do amor universal fosse
passar desapercebida e sem conseqüências exclusivamente para
vossa espécie.
Espíritas: o conhecimento acentua a responsabilidade. Vós,
exatamente, sois os que não podeis alegar o desconhecimento
da Lei Maior Evolutiva e de suas implicações. Não podeis
negar vossa irmandade com as espécies animais, claramente
demonstrada desde as origens da doutrina.
Quando o comportamento contradiz a crença da criatura,
um dos dois deve ser mudado, a bem da verdade.
Que o Supremo Criador de todas as vidas vos clareie a visão
para vislumbrar os caminhos evolutivos que já percorrestes, vos
proporcionando a coragem de identificar, no animal de hoje, o
ser humano de amanhã, e no homem racional de hoje o irracional
que inquestionavelmente foi, no ontem nem tão distante. E em
conseqüência, vos ilumine para fazer a eles o que gostaríeis que
vos tivessem feito quando éreis exatamente iguais.
Um Espírito amigo da Grécia antiga

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