Francisco Cândido Xavier - Evolução em Dois Mundos
- Corpo espiritual
Retrato do corpo mental
Para definirmos, de alguma sorte, o corpo espiritual, é preciso
considerar, antes de tudo, que ele não é reflexo do corpo físico,
porque, na realidade, é o corpo físico que o reflete, tanto quanto
ele próprio, o corpo espiritual, retrata em si o corpo mental 4 que
lhe preside a formação.
Do ponto de vista da constituição e função em que se caracteriza
na esfera imediata ao trabalho do homem, após a morte, é o
corpo espiritual o veículo físico por excelência, com sua estrutura
eletromagnética, algo modificado no que tange aos fenômenos
genésicos e nutritivos, de acordo, porém, com as aquisições da
mente que o maneja.
Todas as alterações que apresenta, depois do estágio berçotúmulo,
verificam-se na base da conduta espiritual da criatura que
se despede do arcabouço terrestre para continuar a jornada evolutiva
nos domínios da experiência.
Claro está, portanto, que é ele santuário vivo em que a consciência
imortal prossegue em manifestação incessante, além do
sepulcro, formação sutil, urdida em recursos dinâmicos, extremamente
porosa e plástica, em cuja tessitura as células, noutra faixa
vibratória, à face do sistema de permuta visceralmente renovado,
se distribuem mais ou menos à feição das partículas colóides, com
a respectiva carga elétrica, comportando-se no espaço segundo a
4 O corpo mental, assinalado experimentalmente por diversos estudiosos,
é o envoltório sutil da mente e que, por agora, não podemos definir
com mais amplitude de conceituação, além daquela em que tem sido
apresentado pelos pesquisadores encarnados, e isto por falta de terminologia
adequada no dicionário terrestre. (Nota do Autor espiritualsua condição específica e apresentando estados morfológicos
conforme o campo mental a que se ajusta.
Centros vitais
Estudado no plano em que nos encontramos, na posição de
criaturas desencarnadas, o corpo espiritual ou psicossoma é, assim,
o veículo físico, relativamente definido pela ciência humana,
com os centros vitais que essa mesma ciência, por enquanto, não
pode perquirir e reconhecer.
Nele possuímos todo o equipamento de recursos automáticos
que governam os bilhões de entidades microscópicas a serviço da
Inteligência, nos círculos de ação em que nos demoramos, recursos
esses adquiridos vagarosamente pelo ser, em milênios e milênios
de esforço e recapitulação, nos múltiplos setores da evolução
anímica.
É assim que, regendo a atividade funcional dos órgãos relacionados
pela fisiologia terrena, nele identificamos o centro coronário,
instalado na região central do cérebro, sede da mente, centro
que assimila os estímulos do Plano Superior e orienta a forma,
o movimento, a estabilidade, o metabolismo orgânico e a vida
consciencial da alma encarnada ou desencarnada, nas cintas de
aprendizado que lhe corresponde no abrigo planetário. O centro
coronário supervisiona, ainda, os outros centros vitais que lhe
obedecem ao impulso, procedente do Espírito, assim como as
peças secundinas de uma usina respondem ao comando da peçamotor
de que se serve o tirocínio do homem para concatená-las e
dirigi-las.
Desses centros secundários, entrelaçados no psicossoma e,
conseqüentemente, no corpo físico, por redes plexiformes, destacamos
o centro cerebral contíguo ao coronário, com influência
decisiva sobre os demais, governando o córtice encefálico na
sustentação dos sentidos, marcando a atividade das glândulas endocrínicas e administrando o sistema nervoso, em toda a sua
organização, coordenação, atividade e mecanismo, desde os neurônios
sensitivos até as células efetoras; o centro laríngeo, controlando
notadamente a respiração e a fonação; o centro cardíaco,
dirigindo a emotividade e a circulação das forças de base; o centro
esplênico, determinando todas as atividades em que se exprime o
sistema hemático, dentro das variações de meio e volume sangüíneo;
o centro gástrico, responsabilizando-se pela digestão e absorção
dos alimentos densos ou menos densos que, de qualquer
modo, representam concentrados fluídicos penetrando-nos a organização,
e o centro genésico, guiando a modelagem de novas
formas entre os homens ou o estabelecimento de estímulos criadores,
com vistas ao trabalho, à associação e à realização entre as
almas.
Centro coronário
Temos particularmente no centro coronário o ponto de interação
entre as forças determinantes do espírito e as forças fisiopsicossomáticas
organizadas.
Dele parte, desse modo, a corrente de energia vitalizante formada
de estímulos espirituais com ação difusível sobre a matéria
mental que o envolve, transmitindo aos demais centros da alma os
reflexos vivos de nossos sentimentos, idéias e ações, tanto quanto
esses mesmos centros, interdependentes entre si, imprimem semelhantes
reflexos nos órgãos e demais implementos de nossa constituição
particular, plasmando em nós próprios os efeitos agradáveis
ou desagradáveis de nossa influência e conduta.
A mente elabora as criações que lhe fluem da vontade, apropriando-
se dos elementos que a circundam, e o centro coronário
incumbe-se automaticamente de fixar a natureza da responsabilidade
que lhes diga respeito, marcando no próprio ser as conseFrancisco
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qüências felizes ou infelizes de sua movimentação consciencial no
campo do destino.
Estrutura mental das células
É importante considerar, todavia, que nós, os desencarnados,
na esfera que nos é própria, estudamos, presentemente, a estrutura
mental das células, de modo a iniciarmo-nos em aprendizado
superior, com mais amplitude de conhecimento, acerca dos fluídos
que nos integram o clima de manifestação, todos eles de
origem mental e todos entretecidos na essência da matéria primária,
ou Hausto Corpuscular de Deus, de que se compõe a base do
Universo Infinito.
Centros vitais e células
São os centros vitais fulcros energéticos que, sob a direção
automática da alma, imprimem às células a especialização extrema,
pela qual o homem possui no corpo denso, e detemos todos
no corpo espiritual em recursos equivalentes, as células que produzem
fosfato e carbonato de cálcio para a construção dos ossos,
as que se distendem para a recobertura do intestino, as que desempenham
complexas funções químicas no fígado, as que se
transformam em filtros do sangue na intimidade dos rins e outras
tantas que se ocupam do fabrico de substâncias indispensáveis à
conservação e defesa da vida nas glândulas, nos tecidos e nos
órgãos que nos constituem o cosmo vivo de manifestação.
Essas células que obedecem às ordens do Espírito, diferenciando-
se e adaptando-se às condições por ele criadas, procedem do
elemento primitivo, comum, de que todos provimos em laboriosa
marcha no decurso dos milênios, desde o seio tépido do oceano,
quando as formações protoplásmicas nos lastrearam as manifestações
primeiras.
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Tanto quanto a célula individual, a personalizar-se na ameba,
ser unicelular que reclama ambiente próprio e nutrição adequada
para crescer e reproduzir-se, garantindo a sobrevivência da espécie
no oceano em que respira, os bilhões de células que nos servem
ao veículo de expressão, agora domesticadas, na sua quase
totalidade em funções exclusivas, necessitam de substâncias
especiais, água, oxigênio e canais de exoneração excretória para
se multiplicarem no trabalho específico que nosso espírito lhes
traça, encontrando, porém, esse clima, que lhes é indispensável,
na estrutura aquosa de nossa constituição fisiopsicossomática, a
expressar-se nos líquidos extracelulares, formados pelo líquido
intersticial e pelo plasma sangüíneo.
Exteriorização dos centros vitais
Observando o corpo espiritual ou psicossoma, desse modo em
nossa rápida síntese, como veículo eletromagnético, qual o próprio
corpo físico vulgar, reconheceremos facilmente que, como
acontece na exteriorização da sensibilidade dos encarnados, operada
pelos magnetizadores comuns, os centros vitais a que nos
referimos são também exteriorizáveis, quando a criatura se encontre
no campo da encarnação, fenômeno esse a que atendem habitualmente
os médicos e enfermeiros desencarnados, durante o
sono vulgar, no auxílio a doentes físicos de todas as latitudes da
Terra, plasmando renovações e transformações no comportamento
celular, mediante intervenções no corpo espiritual, segundo a lei
do merecimento, recursos esses que se popularizarão na medicina
terrestre do grande futuro.
Corpo espiritual depois da morte
Em suma, o psicossoma é ainda corpo de duração variável,
segundo o equilíbrio emotivo e o avanço cultural daqueles que o
governam, além do carro fisiológico, apresentando algumas transformações
fundamentais, depois da morte carnal, principalmente
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no centro gástrico, pela diferenciação dos alimentos de que se
provê, e no centro genésico, quando há sublimação do amor, na
comunhão das almas que se reúnem no matrimônio divino das
próprias forças, gerando novas fórmulas de aperfeiçoamento e
progresso para o reino do Espírito.
Esse corpo que evolve e se aprimora nas experiências de ação
e reação, no plano terrestre e nas regiões espirituais que lhe são
fronteiriças, é suscetível de sofrer alterações múltiplas, com alicerces
na adinamia proveniente da nossa queda mental no remorso,
ou na hiperdinamia imposta pelos delírios da imaginação, a se
responsabilizarem por disfunções inúmeras da alma, nascidas do
estado de hipo e hipertensão no movimento circulatório das forças
que lhe mantém o organismo sutil, e pode também desgastar-se,
na esfera imediata à esfera física, para nela se refazer, através do
renascimento, segundo o molde mental preexistente, ou ainda
restringir-se a fim de se reconstituir de novo, no vaso uterino, para
a recapitulação dos ensinamentos e experiências de que se mostre
necessitado, de acordo com as falhas da consciência perante a Lei.
Outros aspectos do psicossoma examinaremos quando as circunstâncias
nos induzam a apreciar-lhe o comportamento nas
regiões espirituais vizinhas da Terra, dentro das sociedades afins,
em que as almas se reúnem conforme os ideais e as tarefas nobres
que abraçam, ou segundo as culpas dilacerantes ou tendências
inferiores em que se sintonizam, geralmente preparando novos
eventos, alusivos às necessidades e problemas que lhes são peculiares
nos domínios da reencarnação imprescindível.
Pedro Leopoldo, 19/1/58.
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