A Caminho da Luz

terça-feira, 15 de maio de 2012

CAPÍTULO VIII - O CORPO - BIOPLÁSMICO




CAPÍTULO VIII - O CORPO - BIOPLÁSMICO
J. HERCULANO PIRES


Quando falei pela primeira vez do corpo-bioplásmico na televisão, uma senhora estrangeira telefonou ao estúdio do Canal 13 (São Paulo) para me fazer uma advertência. Achava que a descoberta desse corpo do homem, dos animais e das plantas, feita por físicos e biólogos soviéticos, não passava de uma nova armadilha dos materialistas russos na luta contra a religião, com objetivos certamente políticos. Dizia que conhecera de perto a manha dos soviéticos, sofrera na pele a sua crueldade e não queria me ver enganado por eles, servindo como inocente útil para propagar as suas mentiras no Brasil. Respondi-lhe tentando explicar que se tratava de um problema científico e não político, que por sinal nos chegava através de informações universitárias procedentes dos Estados Unidos. Procurei mostrar-lhe que uma manobra dessa espécie seria hoje impossível, diante da dinâmica atual da comunicação e da possibilidade de comprovações ou desmentidos de meios universitários de todo o mundo. Nada disso convenceu a senhora, que insistiu de maneira angustiosa na sua advertência. Depois dela, vá-rios outros telespectadores, na maioria estrangeiros, telefonaram-me e procuraram-me pessoalmente para fazer advertências semelhantes. Isso equivale a uma demonstração da falência cultural do nosso tempo. Não obstante todo o nosso avanço científico e tecnológico, a praga da mentira na religião, na política, na administração e em todos os setores de atividades públicas leva as pessoas a duvidarem de tudo, a verem por toda parte o perigo de manobras com intenções ocultas.
No programa de televisão que deu origem a este livro, no mesmo Canal 13, a apresentadora Xênia insistiu na necessidade de sermos francos ao tratar dos assuntos em pauta. Chegou mesmo a declarar que alguém ali devia ter a coragem de dizer a verdade sabre o motivo da crise religiosa dos nossos dias. Segundo pensava, essa crise decorria simplesmente da mentira, como explicou num programa posterior. Na verdade, a mentira é um dos motivos da crise, mas não o motivo básico. Se eu pensasse assim, não teria ne-nhuma razão para contornar a situação. E que as mentiras pregadas pelas religiões nem sempre são mentiras, mas enganos decorrentes de falta de compreensão dos problemas essenciais do homem. Seria levar muito longe a desconfiança na natureza humana, acreditar que pessoas crentes em Deus organizassem as religiões com a finalidade de embair o povo. Mas essa é também uma prova do clima de desconfiança da nossa época. Encontramos nas religiões muitas pessoas cultas, inteligentes, honestas, que acreditam piamente nas coisas mais absurdas par aceitarem a infalibilidade dos dogmas e das interpretações escriturísticas.
O problema da descoberta do corpo - bioplásmico situa-se de tal maneira no quadro dos avanços atuais da Ciência, representando mesmo uma conseqüência lógica desses progressos, que não poderia suscitar dúvidas em ninguém medianamente informado. A descoberta da antimatéria, as pesquisas parapsicológicas, o desenvolvimento da medicina psicossomática, as sondagens cósmicas da astronáutica e outras prodigiosas conquistas do nosso tempo conduziam naturalmente o homem à descoberta da sua própria natureza. Ima-gine-se um mundo em que a Ciência houvesse provado a indestrutibilidade de todas as coisas mas continuasse aceitando o dogma materialista da destruição total e absoluta do homem pela morte, Imagine-se a cultura aberta desse mundo endossando o pessimismo doentio de Sartre que prega a nadificação do homem, a sua frustração total na morte e considera a doutrina da evolução, do pensamento de Heidegger, coma uma queda no misticismo vulgar. O espetáculo do pensamento sartreano, tão rico em intuições filosóficas etão decepcionante na sua conclusão ontológica, esse espetáculo desnorteante da cultura contemporânea seria um pingo dágua ante esse possível absurdo de âmbito universal.
O equívoco marxista do materialismo já foi ultrapassado pelo desenvolvimento científico e filosófico de nosso tempo. Não há mais lugar, na cultura atual, para os dogmas religiosos e os dogmas materialistas. Entre os cientistas soviéticos é evidente a existência de muitos dissidentes do oficialismo tipo século XIX. C) interesse atual da URSS pelas pesquisas parapsicológicas é um indício claro, indício que a China Vermelha se incumbe de confirmar ao reagir violentamente contra ele. Todos sabemos que o Prof. Raikov e outros pes-quisadores soviéticos, na Universidade de Moscou e em muitas outras da URSS, entregam-se à pesquisa científica da reencarnação, embora disfarçando-a em anomalia mental que tem de ser esclarecida no campo psiquiátrico. A verdade se revela em toda parte e, mais hoje, mais amanhã, tornar-se-á evidente.
As câmaras kirlian, de fotografias sabre campos imantados de alta freqüência elétrica, foram descobertas por acaso pelo casal Kirlian, e os cientistas soviéticos mais atilados logo perceberam o seu alcance. Adaptando-a a poderosos microscópios eletrônicos conseguiram descobrir, no interior dos corpos vivos de vegetais, animais, e homens, uma estrutura de plasma físico, constituída de partículas atômicas, que se apresentava coma um corpo básico e sustentador da vida e das atividades vitais e psíquicas do corpo material. A importância dessa descoberta é de tal alcance que não poderia ser negligenciada, pois representa uma verdadeira revolução copérnica na Física, na Biologia e na Antropologia, para só ficarmos nesses três campos fundamentais. Mas é bom lembrarmos de passagem o que ela representará para a Psicologia, a Medicina, a Psiquiatria e a Psicoterapêutica em geral. Basta dizer que os soviéticos já chegaram a descobrir que o corpo bioplásmico fornece elementos para a verificação do estado geral de saúde do corpo físico, permitindo também a prevenção de doenças e distúrbios nos seres vivos de qualquer natureza. Por outro lado, as pesquisas realizadas nos Estados Unidos confirmam a descoberta soviética.
Desde o século passado, vários cientistas se empenharam na descoberta de meios para provar a existência no homem do chamado corpo espiritual ou duplo-etéreo. Em 1943 Raoul Montandon publicou na Suíça. um curioso livro intitulado De la Bête a l'Homme (Do Animal ao Homem) relatando pesquisas psicológicas que mostram semelhanças significativas entre o reino animal e o hominal e pesquisas científicas que provavam a existência nos animais de um carpo energético. Essas pesquisas são relatadas no capítulo intitulado Sobrevivência. animal. Várias fotografias batidas com filmes sensíveis à luz infravermelha, de grupos de gafanhotos e insetos mortos com éter, revelavam ao lado dos animais mortos uma sombra semelhante ao corpo morto, enquanto ao lado dos que não haviam morrido, mas estavam em estado letárgico, não aparecia a mesma sombra. No capitulo das fotografias psíquicas, batidas ocasionalmente ou em sessões mediúnicas experimentais, os anais espíritas apresentam impressionante volume de casos significativos, cercados de todos os recursos de garantia da autenticidade do fenômeno.
No caso atual das pesquisas soviéticas, com aparelhagem técnica de precisão, a demonstração da existência desse corpo extrafísico (para usarmos a expressão parapsicológica atual) foi decisiva. Os soviéticos, operando em comissão científica oficial, na Universidade de Alma-Ata, no Casaquestão, fizeram experiências com moribundos e conseguiram verificar a retirada total do corpo - bioplásmico dos mortos, cujos corpos materiais só então se cadaverizavam. Não tendo sido possível fotografar esse corpo depois do seu desprendimento do cadáver, empregaram a técnica de pesquisa por meio de detectores de pulsações biológicas e verificaram, surpreendidos, que as pulsações captadas indicavam a presença do corpo -- bioplásmico no ambiente.
Bastam esses dados sumários ao objetivo deste livro. Dados mais completos e minuciosos já foram divulgados entre nós com a edição da tradução do livro de Sheila Ostrander e LynnSchroeder, pesquisadoras norte-americanas que entrevistaram os cientistas soviéticos na URSS, e cujo trabalho foi editado pela imprensa da Universidade de Prentice Hall (USA) e posteriormente pela editora Bantam Books, de Nova torque. A descoberta do corpo-bioplásmico constitui uma confirmação científica, proveniente do campo materialista, da teoria do perispírito. Segundo o Espiritismo, o perispírito é o corpo espiritual de que tratou o Apóstolo Paulo na I Epistola aos Corintos. Sua função é servir ao espírito como instrumento para a sua manifestação nos planos materiais. E através dele que o espírito se liga à matéria no processo da encarnação. Durante a Vida terrena ele é o agente das atividades orgânicas. Mantém a vida do corpo e serve de campo padronizador durante o desenvolvimento deste, a partir da fecundação, regendo a formação do embrião. Na morte, o perispírito se desliga progressivamente do corpo material, que só se cadaveriza com o seu desligamento total. Na maioria das pessoas o perispírito, após a morte, permanece nas proximidades do cadáver por tempo mais ou menos longo, em virtude da atracão que os despojos exercem ainda sobre o espírito. Esse corpo é considerado na doutrina espirita como semi-material, constituído de energias materiais e espirituais em integração. É o corpo da ressurreição, conforme já afirmava o Apóstolo Paulo.
Todas essas características do perispírito são confirmadas pelas observações dos cientistas soviéticos, que consideraram esse corpo como material, constituído por um plasma físico formado de partículas atômicas. Mas um fato intrigante aparece nas pesquisas soviéticas: esse corpo só pode ser visto e fotografado enquanto está ligado ao corpo material. Uma vez desprendido, não está mais ao alcance das câmaras kirlian. Somente os detectores de pulsações biológicas podem constatar a sua presença no ambiente. As câmaras kirlian, coma já vimos, só podem agir sabre campos materiais imantados por correntes elétricas de alta freqüência. Desligado do corpo material, o corpo-bioplásmico ou perispírito não oferece condições para isso. Parece-me evidente o motivo por que ele, então se torna inacessível. Não está mais revestido de um campo material, embora contenha em sua própria estrutura energias materiais. O próprio nome cientifico dado a esse corpo --- bioplásmico, mostra a sua função vital e a sua natureza plásmica. Esse problema entretanto, não é somente fisico. Na proporção em que o espírito, liberto da matéria, vai se integrando no mundo espiritual, seu perispírito vai se libertando dos elementos materiais.
A descoberta desse corpo pelos materialistas representa a maior vitória do Espiritismo e ao mesmo tempo a conquista mais importante da nossa era cientifica, pois com ela a Ciência terrena dá o primeiro passo para a sua futura fusão com a Ciência espiritual. Este é o mais significativo sinal de que estamos entrando na Era do Espírito. Oliver Lodge referiu-se ao túnel mediúnico, uma via de ligação do mundo material com o mundo espiritual, acentuando que esse túnel vem sendo cavado dos dois lados pelos homens e pelos espíritos. Quando os trabalhadores daqui e do além se encontrarem, o túnel estará aberto e a comunicação entre os dois planos se tornará tão fácil como as comunicações entre as várias regiões da Terra. Até agora somente os espíritas trabalhavam do lado de cá. De agora por diante, os cientistas também darão a sua cota de serviço.
A descoberta do corpo-bioplásmico e os estudos sobre as suas funções e a sua estrutura vêm também contribuir para que os enganos das religiões cristãs sejam corrigidos. Pouco a pouco a verdade se impõe e a mentira vai sendo afastada. A Religião, que constitui, como a Filosofia e a Ciência, uma das grandes províncias do Conhecimento, está prestes a retomar o seu lugar no plano cultural. Mas para isso as religiões sectárias deverão seguir aquela advertência de Jesus: perder a sua vida individual para fundir-se na vida coletiva, num processo livre de religiosidade universal que nos dará a Religião em Espírito e Verdade. Foi essa a profecia de Jesus à mulher samaritana.
Não há nenhuma outra saída para a crise religiosa do nosso tempo. As teologias artificiais, coma a da Morte de Deus, são ensaios de vôo cego num céu vazio, nublado pela dúvida. A realidade é uma só. A confirmação positiva da existência do espírito, através da Ciência em desenvolvimento acelerado, porá um ponto final nas especulações religiosas. E não há nenhuma outra plataforma, na Terra, para a execução dessa reintegração da Religião no campo cultural, além da obra de Kardec. Os homens do futuro ficarão estarrecidos ao verem que tivemos todos os dados nas mãos para fazer essa integração em nosso tempo e não conseguimos fazê-la. Perguntarão a si mesmos o que nos faltou e talvez alguém lhes diga: humildade.

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