Verdadeiramente amar é nunca ter que perdoar, pois quem ama não se
sente agredido por qualquer atitude do outro. O amor, dessa forma, perdoa
sempre, compreendendo o nível de evolução do outro.
As agressões que porventura recebamos daqueles a quem mais dedicamos amor e que nos ferem a alma, são oportunidades de testar o nosso sentimento, conhecendo-lhe a natureza. Perdoar não é esquecer por esquecer. É compreender e colocar-se no lugar do outro.
O amor para existir, diante da agressão a nós por parte de alguém que
amamos, deve, antes de tudo, compreender, isto é, colocar-se também como alguém
que poderia, nas mesmas circunstâncias, cometer o mesmo
equívoco.
Ser perdoado, diante de nossas faltas para com o próximo, sem que ele nada exija, é oportunidade de aprender com o outro, como amar e viver em paz consigo mesmo.
A indignação é sentimento que, às vezes, se torna necessário diante da
atitude descabida de alguém. Tal indignação não deve assumir, porém, o caráter
da agressão nem do revide, devendo portanto ser manifestada para que o outro
perceba as consequências de seus atos.
Às vezes, por gostar de alguém de forma exagerada, perdoamos suas atitudes inadequadas para conosco e com outros, confundindo os sentimentos e desculpando quando cabia a repreensão necessária.
Perdão não significa conivência com o mal. Atitudes como essas, isto
é, perdoar e desculpar sem limites, incita o outro à prática do mesmo ato
reprovável. Isto não é amor, mas, submissão.
O exercício do perdão leva-nos à compreensão da qualidade do sentimento que temos para com alguém.
Quem perdoa está a um passo do amor ao outro.
Sua constância levará o indivíduo ao caminho da compreensão dos atos
humanos e das relações interpessoais.
Nos processos obsessivos, onde os sentimentos se encontram desestabilizados, o perdão é instrumento fundamental àqueles que ainda não sentiram o amor em seus corações.
O perdão da vítima ao algoz, coloca-os em condições de compartilharem
os sentimentos nobres do amor fraternal.
Se alguém se interpõe em nosso caminho exigindonos atitudes contra nossa vontade, o melhor a fazer é seguir adiante, sem sintonizar com imposições descabidas.
O amor nos coloca entre aqueles aos quais cabe perdoar.
O componente da família que conosco se relaciona e com o qual não temos
afinidade ou mesmo que sentimos certa aversão, é sempre alguém a quem temos que
perdoar e amar em nosso próprio benefício.
Sua presença em nossa vida é oportunidade de aprendizagem do amor e do
perdão.
As atitudes de alguém, que nos merece o perdão, quando não nos sentimos inclinados a dá-lo, se reinterpretadas, nos ensinarão sobre nossas responsabilidades em suas causas.
Amar é atitude que nos ensina a perdoar a nós próprios. Não nos culpemos em demasia.
Assumamos as responsabilidades sobre nossos atos, sem receio dos
processos educativos que enfrentaremos. Antes do efeito que sucede à causa, há a
misericórdia divina em favor de todos nós.
Ela é o amor de Deus intercedendo em nosso favor.
A compreensão dos atos humanos requer percepção de nós mesmos. Nada nem ninguém age fora dos limites de Deus. Ele é amor para sempre. Perdoar setenta vezes sete vezes cada tipo de falta cometida é exercício para a instalação do amor em definitivo em nós.
Necessitar do perdão divino para nossas faltas é assumir antecipadamente a culpa. O perdão esperado é alcançado com o trabalho redentor em favor de si mesmo e da vida, amando sempre e construindo um mundo melhor.
O Cristo ensinou-nos o perdão ao compreender a atitude de quem O traiu, amparando-O e auxiliando para Seu soerguimento na Vida Maior.
************************
Adenáuer Novaes
Nenhum comentário:
Postar um comentário