A Caminho da Luz

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Dividir com amor

Dividir  com  amor
        A miséria socioeconômica, que entulha as avenidas do mundo, mistura-se à de natureza moral, que atulha os edifícios e residências de luxo como os guetos da promiscuidade libertina.
        O que podes fazer, parece-te quase sem sentido ou significação, tão grande e volumoso é o problema. Apear disso, não te escuses de auxiliar.
        Se não consegues ir à causa do problema, minimiza-lhe os efeitos.
        Desde que não podes erradicar, de um golpe, a fome, a enfermidade, a ignorância, contribui com a tua quota de amor, por mínima que seja.
        Sempre podes dividir do que possuis, com aquele que nada tem.
        Quando repartes com amor, multiplicas a esperança, favorecendo a alegria.
        Menos tem, aquele que se nega a doar algo.
*
        Afirma-se que esse gesto de amor gera o paternalismo, promove o vício...
        Não têm razão, os que assim informam.
        Muitos males, e alguns crimes, são abordados quando uma atitude amor interrompe o passo do infeliz que padece fome, desespero e dor...
        Somente quem aprende a abrir a mão, descerra o bolso, terminando por oferecer o coração.
        Faze o que te esteja ao alcance, e a vida fará o resto


(De “Episódios diários”, de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis

AGORA, NÃO DEPOIS

AGORA, NÃO DEPOIS
Nem cedo, nem tarde.
O presente é hoje.
O passado está no arquivo.
O futuro é uma indagação.
Faze hoje mesmo o bem a que te determinaste.
Se tens alguma dádiva a fazer, entrega isso agora.
Se desejas apagar um erro que cometeste, consciente ou inconscientemente, procure sanar essa falha sem delongas.
Caso te sintas na obrigação de escrever uma carta, não relegues semelhante dever ao esquecimento.
Na hipótese de idealizares algum trabalho de utilidade geral, não retardes o teu esforço para trazê-lo à realização.
Se alguém te ofendeu, desculpa e esquece, para que não sigas adiante carregando sombras no coração.
Auxilia os outros, enquanto os dias te favorecem.
Faze o bem agora, pois, na maioria dos casos, "depois" significa "fora de tempo", ou tarde demais.


(De “Hora Certa”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel) 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Comunicação com os mortos !!

Comunicação com os mortos: fato escondido nas traduções
e exegeses bíblicas





Estávamos lendo o livro “Os 3 caminhos de Hécate”, do escritor espírita J. Herculano Pires (1914-1979), que, falando das manifestações de Espíritos na Bíblia, cita, entre outros, os seguintes passos: “Em Provérbios, 31:1-9, o Espírito da mãe de Lamuel aparece-lhe para lhe transmitir conselhos. Em Juízes, 13, um Espírito aparece a Manué e sua mulher” (p. 113).

Bem curioso e até ansioso pela nova informação, fomos imediatamente conferi-la. E foi aí que vimos a verdade dos fatos que fazem de tudo para esconder.

Vejamos o passo Pr. 31,1-9, do qual colocaremos apenas o versículo 1, já que é ele o que nos interessa:

Bíblia de Jerusalém: Palavras de Lamuel, rei de Massa, as quais lhe ensinou sua mãe. [...]

(Textos com mesmo sentido ao citado: Bíblia do Peregrino; Bíblia Sagrada – Santuário; Bíblia Sagrada – Vozes; Bíblia Sagrada – Ave Maria; Bíblia Shedd, Bíblia Sagrada – Pastoral e Bíblia Anotada – Mundo Cristão).

Bíblia Sagrada – Barsa: Palavras do rei Lamuel. Visão, pela qual o instruiu sua mãe. […]

(Texto com mesmo sentido ao citado: Bíblia Sagrada – Paulinas).

Novo Mundo: Palavras de Lemuel, o rei, a mensagem ponderosa que sua mãe lhe deu em correção: [...]

Bíblia Sagrada – SBB: Palavras do rei Lemuel: a profecia que lhe ensinou sua mãe. [...]

Infelizmente, percebemos que, na maioria das traduções bíblicas citadas, a passagem foi modificada (se o certo não for dizer adulterada ou corrompida?) para não deixar transparecer a realidade de que essas instruções, que Lamuel (ou Lemuel) recebe de sua mãe, e, pela sua redação, a impressão que se tem é que elas foram recebidas de uma morta, ou seja, a mensagem foi transmitida pelo Espírito de sua mãe. Apenas na narrativa de três delas podemos fazer uma análise e chegar à conclusão que se trata mesmo de uma aparição, oportunidade em que o Espírito transmitiu a sua mensagem.

Visão em êxtase ou noturna são os dois tipos de visões que aparecem na Bíblia. Fora as que se relacionam a eventos futuros, geralmente, são protagonizadas por seres espirituais. Algumas passagens do Antigo Testamento, inclusive, relatam pessoas tendo visões do Espírito de Deus, como se isso fosse um fato possível a um ser humano. E aí nos surge um questionamento: Por que Ele não aparece mais a ninguém nos dias de hoje?

Muitos dos antigos profetas eram videntes (1Sm. 9,9), como, por exemplo, Samuel e Ido, citados com essa faculdade; certamente que tinham visões dos Espíritos. Pedro, Tiago e João viram os Espíritos Moisés e Elias conversando com Jesus (Mt. 17,1-9). Zacarias vê o anjo Gabriel (Lc. 1,19), que também foi visto por Daniel, que disse ser ele um homem (Dn. 9,21).

Uma outra visão bem interessante é a de Paulo que vê um macedônio que lhe suplicava ir à sua cidade (At. 16,9); o fato é que no passo não se dá para concluir se esse macedônio era vivo ou morto. Não estranhe, caro leitor, os vivos também podem se manifestar, pelo fenômeno da emancipação da alma – na linguagem bíblica eles são tidos como “arrebatamentos em espírito”.

Leiamos, agora, a segunda passagem:

Jz. 13,2-25: Havia um homem de Saraá, do clã de Dã, que se chamava Manué. Sua mulher era estéril e não tinha filhos. O anjo de Javé apareceu à mulher e lhe disse: "Você é estéril e não tem filhos, mas ficará grávida e dará à luz um filho...”. A mulher foi falar assim ao marido: "Um homem de Deus veio me visitar. Pela sua aparência majestosa, parecia um anjo de Deus…". Então Manué rezou a Javé: "Eu te peço, Senhor: que o homem de Deus que enviaste volte e nos diga o que devemos fazer com o menino, quando ele nascer". Deus ouviu a oração de Manué, e o anjo de Deus apareceu outra vez à mulher, quando ela estava no campo. Seu marido Manué não estava com ela. A mulher foi correndo avisar o marido: "O homem que me visitou outro dia, voltou". Manué seguiu a mulher e foi perguntar ao homem: "Foi você quem falou com esta mulher?". Ele respondeu: "Sim. Fui eu mesmo". Manué disse: "Quando se realizar a sua palavra, como será o comportamento do menino? O que é que ele deve fazer?" O anjo de Javé respondeu a Manué: "A mulher não poderá fazer nada daquilo que lhe foi proibido:...". Manué disse ao anjo de Javé: "Fique conosco, que vamos preparar um cabrito para você". O anjo de Javé respondeu a Manué: "Mesmo que eu fique, não provarei a sua comida. Mas, se você quiser, prepare um holocausto e ofereça a Javé". Manué não tinha percebido que esse homem era o anjo de Javé. E Manué perguntou: "Qual é o seu nome, para que possamos agradecer a você, quando suas palavras se realizarem?". O anjo de Javé retrucou: "Por que você está querendo saber o meu nome? Ele é misterioso". Então Manué pegou o cabrito com a oferta, e ofereceu-o sobre a rocha em holocausto a Javé, que realiza coisas misteriosas. Manué e sua mulher ficaram observando. Quando a chama do altar subiu para o céu, o anjo de Javé também subiu na chama. Vendo isso, Manué e sua mulher caíram com o rosto no chão. O anjo de Javé não apareceu mais, nem para Manué nem para a sua mulher. Então Manué entendeu que era o anjo de Javé. Ele disse à sua mulher: "Certamente morreremos, porque vimos a Deus". A mulher respondeu: "Se Javé nos quisesse matar, não teria aceito o holocausto e a oferta, não nos teria mostrado tudo o que vimos, nem nos teria comunicado essas coisas"...

Para designar o mesmo ser que aparece a Manué e sua mulher, são utilizados estes termos para descrevê-lo: “anjo de Javé”, “um homem de Deus, que parecia um anjo de Deus”, “anjo de Deus”, “o homem” e “Deus”. Percebe-se a grande confusão que faziam diante das manifestações espirituais, não conseguindo, de fato, distinguir o que realmente viam.

Na verdade, o que viam eram anjos, que nada mais são que Espíritos desencarnados, razão pela qual eram confundidos com homens. Para corroborar isso, basta ler em Atos o que aconteceu com Pedro. Ele estava preso a mando de Herodes, que já havia mandado matar a Tiago, irmão de João, e pretendia fazer o mesmo com Pedro, uma vez que viu que isso agradava aos judeus (At. 12,1-3). Pedro, após ser solto por um anjo do Senhor, se dirige à casa de Maria, mãe de João, onde muitos estavam reunidos (At. 12,6-12), leiamos, na própria narrativa bíblica, o que se sucede em seguida:

Bateu à porta, e uma empregada, chamada Rosa, foi abrir. A empregada reconheceu a voz de Pedro, mas sua alegria foi tanta que, em vez de abrir a porta, entrou correndo para contar que Pedro estava ali, junto à porta. Os presentes disseram: 'Você está ficando louca!' Mas ela insistia. Eles disseram: 'Então deve ser o seu anjo!' Pedro, entretanto, continuava a bater. Por fim, eles abriram a porta: era Pedro mesmo. E eles ficaram sem palavras. (At 12, 13-16).

Diante da possibilidade de Pedro estar à porta e como o supunham já morto, concluíram que só poderia ser o anjo dele que estava ali; em outras palavras: Então deveria ser o seu espírito!





Referências bibliográficas:

CHAMPLIN, R. N., O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo, vol. 3, São Paulo: Hagnos, 2005.

PIRES, J. H. Os 3 caminhos de Hécate. São Paulo: Paideia, 2004.

A Bíblia Anotada. 8ª ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1994.

Bíblia de Jerusalém, nova edição. São Paulo: Paulus, 2002.

Bíblia do Peregrino. s/ed. São Paulo: Paulus, 2002.

Bíblia Sagrada, 37a. ed. São Paulo: Paulinas, 1980.

Bíblia Sagrada, 5ª ed. Aparecida-SP: Santuário, 1984.

Bíblia Sagrada, 8ª ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 1989.

Bíblia Sagrada, Edição Barsa. S/ed. Rio de Janeiro: Catholic Press, 1965.

Bíblia Sagrada, Edição Pastoral. 43ª imp. São Paulo: Paulus, 2001.

Bíblia Sagrada, s/ed. Brasília – DF: Sociedade Bíblica do Brasil 1969.

Bíblia Sagrada. 68ª ed. São Paulo: Ave Maria, 1989.

Bíblia Shedd. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova; Brasília: SBB, 2005.

Escrituras Sagradas, Tradução do Novo Mundo das. Cesário Lange, SP: STVBT, 1986.


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Comunicação com os mortos:




 
                 
Comunicação com os mortos: fato escondido nas traduções
e exegeses bíblicas





Estávamos lendo o livro “Os 3 caminhos de Hécate”, do escritor espírita J. Herculano Pires (1914-1979), que, falando das manifestações de Espíritos na Bíblia, cita, entre outros, os seguintes passos: “Em Provérbios, 31:1-9, o Espírito da mãe de Lamuel aparece-lhe para lhe transmitir conselhos. Em Juízes, 13, um Espírito aparece a Manué e sua mulher” (p. 113).

Bem curioso e até ansioso pela nova informação, fomos imediatamente conferi-la. E foi aí que vimos a verdade dos fatos que fazem de tudo para esconder.

Vejamos o passo Pr. 31,1-9, do qual colocaremos apenas o versículo 1, já que é ele o que nos interessa:

Bíblia de Jerusalém: Palavras de Lamuel, rei de Massa, as quais lhe ensinou sua mãe. [...]

(Textos com mesmo sentido ao citado: Bíblia do Peregrino; Bíblia Sagrada – Santuário; Bíblia Sagrada – Vozes; Bíblia Sagrada – Ave Maria; Bíblia Shedd, Bíblia Sagrada – Pastoral e Bíblia Anotada – Mundo Cristão).

Bíblia Sagrada – Barsa: Palavras do rei Lamuel. Visão, pela qual o instruiu sua mãe. […]

(Texto com mesmo sentido ao citado: Bíblia Sagrada – Paulinas).

Novo Mundo: Palavras de Lemuel, o rei, a mensagem ponderosa que sua mãe lhe deu em correção: [...]

Bíblia Sagrada – SBB: Palavras do rei Lemuel: a profecia que lhe ensinou sua mãe. [...]

Infelizmente, percebemos que, na maioria das traduções bíblicas citadas, a passagem foi modificada (se o certo não for dizer adulterada ou corrompida?) para não deixar transparecer a realidade de que essas instruções, que Lamuel (ou Lemuel) recebe de sua mãe, e, pela sua redação, a impressão que se tem é que elas foram recebidas de uma morta, ou seja, a mensagem foi transmitida pelo Espírito de sua mãe. Apenas na narrativa de três delas podemos fazer uma análise e chegar à conclusão que se trata mesmo de uma aparição, oportunidade em que o Espírito transmitiu a sua mensagem.

Visão em êxtase ou noturna são os dois tipos de visões que aparecem na Bíblia. Fora as que se relacionam a eventos futuros, geralmente, são protagonizadas por seres espirituais. Algumas passagens do Antigo Testamento, inclusive, relatam pessoas tendo visões do Espírito de Deus, como se isso fosse um fato possível a um ser humano. E aí nos surge um questionamento: Por que Ele não aparece mais a ninguém nos dias de hoje?

Muitos dos antigos profetas eram videntes (1Sm. 9,9), como, por exemplo, Samuel e Ido, citados com essa faculdade; certamente que tinham visões dos Espíritos. Pedro, Tiago e João viram os Espíritos Moisés e Elias conversando com Jesus (Mt. 17,1-9). Zacarias vê o anjo Gabriel (Lc. 1,19), que também foi visto por Daniel, que disse ser ele um homem (Dn. 9,21).

Uma outra visão bem interessante é a de Paulo que vê um macedônio que lhe suplicava ir à sua cidade (At. 16,9); o fato é que no passo não se dá para concluir se esse macedônio era vivo ou morto. Não estranhe, caro leitor, os vivos também podem se manifestar, pelo fenômeno da emancipação da alma – na linguagem bíblica eles são tidos como “arrebatamentos em espírito”.

Leiamos, agora, a segunda passagem:

Jz. 13,2-25: Havia um homem de Saraá, do clã de Dã, que se chamava Manué. Sua mulher era estéril e não tinha filhos. O anjo de Javé apareceu à mulher e lhe disse: "Você é estéril e não tem filhos, mas ficará grávida e dará à luz um filho...”. A mulher foi falar assim ao marido: "Um homem de Deus veio me visitar. Pela sua aparência majestosa, parecia um anjo de Deus…". Então Manué rezou a Javé: "Eu te peço, Senhor: que o homem de Deus que enviaste volte e nos diga o que devemos fazer com o menino, quando ele nascer". Deus ouviu a oração de Manué, e o anjo de Deus apareceu outra vez à mulher, quando ela estava no campo. Seu marido Manué não estava com ela. A mulher foi correndo avisar o marido: "O homem que me visitou outro dia, voltou". Manué seguiu a mulher e foi perguntar ao homem: "Foi você quem falou com esta mulher?". Ele respondeu: "Sim. Fui eu mesmo". Manué disse: "Quando se realizar a sua palavra, como será o comportamento do menino? O que é que ele deve fazer?" O anjo de Javé respondeu a Manué: "A mulher não poderá fazer nada daquilo que lhe foi proibido:...". Manué disse ao anjo de Javé: "Fique conosco, que vamos preparar um cabrito para você". O anjo de Javé respondeu a Manué: "Mesmo que eu fique, não provarei a sua comida. Mas, se você quiser, prepare um holocausto e ofereça a Javé". Manué não tinha percebido que esse homem era o anjo de Javé. E Manué perguntou: "Qual é o seu nome, para que possamos agradecer a você, quando suas palavras se realizarem?". O anjo de Javé retrucou: "Por que você está querendo saber o meu nome? Ele é misterioso". Então Manué pegou o cabrito com a oferta, e ofereceu-o sobre a rocha em holocausto a Javé, que realiza coisas misteriosas. Manué e sua mulher ficaram observando. Quando a chama do altar subiu para o céu, o anjo de Javé também subiu na chama. Vendo isso, Manué e sua mulher caíram com o rosto no chão. O anjo de Javé não apareceu mais, nem para Manué nem para a sua mulher. Então Manué entendeu que era o anjo de Javé. Ele disse à sua mulher: "Certamente morreremos, porque vimos a Deus". A mulher respondeu: "Se Javé nos quisesse matar, não teria aceito o holocausto e a oferta, não nos teria mostrado tudo o que vimos, nem nos teria comunicado essas coisas"...

Para designar o mesmo ser que aparece a Manué e sua mulher, são utilizados estes termos para descrevê-lo: “anjo de Javé”, “um homem de Deus, que parecia um anjo de Deus”, “anjo de Deus”, “o homem” e “Deus”. Percebe-se a grande confusão que faziam diante das manifestações espirituais, não conseguindo, de fato, distinguir o que realmente viam.

Na verdade, o que viam eram anjos, que nada mais são que Espíritos desencarnados, razão pela qual eram confundidos com homens. Para corroborar isso, basta ler em Atos o que aconteceu com Pedro. Ele estava preso a mando de Herodes, que já havia mandado matar a Tiago, irmão de João, e pretendia fazer o mesmo com Pedro, uma vez que viu que isso agradava aos judeus (At. 12,1-3). Pedro, após ser solto por um anjo do Senhor, se dirige à casa de Maria, mãe de João, onde muitos estavam reunidos (At. 12,6-12), leiamos, na própria narrativa bíblica, o que se sucede em seguida:

Bateu à porta, e uma empregada, chamada Rosa, foi abrir. A empregada reconheceu a voz de Pedro, mas sua alegria foi tanta que, em vez de abrir a porta, entrou correndo para contar que Pedro estava ali, junto à porta. Os presentes disseram: 'Você está ficando louca!' Mas ela insistia. Eles disseram: 'Então deve ser o seu anjo!' Pedro, entretanto, continuava a bater. Por fim, eles abriram a porta: era Pedro mesmo. E eles ficaram sem palavras. (At 12, 13-16).

Diante da possibilidade de Pedro estar à porta e como o supunham já morto, concluíram que só poderia ser o anjo dele que estava ali; em outras palavras: Então deveria ser o seu espírito!


Aspectos da vida dos recém-desencarnados




Aspectos da vida dos recém-desencarnados


"À proporção que se liberta, a alma encontra-se numa situação
comparável àquele que desperta de profundo sono. Bem diverso é,
contudo, esse despertar".
 Allan Kardec




Através das instruções de pesquisadores, dos conhecimentos auridos em diálogos com Espíritos desencarnados, que já alcançaram certo grau de independência e evolução, e da vivência frequente com Espíritos enfermos nas sessões mediúnicas de tratamento, podemos afirmar a existência de um princípio geral, que orienta a situação do Espírito, após seu retorno ao plano extrafísico: ao deixar a vida material, gravita automaticamente para a posição que lhe seja peculiar.

Evidentemente, o tempo em que isto ocorre é extremamente variável, dependendo dos fatores que influenciaram a desencarnação, do móvel moral/intelectual conquistado durante a experiência terrena que acabou de deixar, e do acervo remanescente das existências anteriores, referentes ao comprometimento com o automatismo da lei de causa e efeito.

A situação em que a alma se encontrará não lhe acrescentará poder, conhecimento ou liberdade, além do que já possua. Apenas uma certa agudez de percepção lhe fará sentir-se diferente da condição anterior de encarnada.

A invisibilidade e a intangibilidade serão as características comuns a todos os desencarnados, com relação aos que deixaram na retaguarda, passando a perceber, com nitidez, os também desencarnados que estejam na sua situação evolutiva, ou abaixo dela.
Quanto aos Espíritos de grau superior, somente são vistos ou percebidos, se assim o desejarem. O abalo da desencarnação, em muitos casos, não deixa o Espírito perceber a realidade da própria situação, isto é, não acredita que morreu, tal a identidade entre a aparência do corpo físico e a do espiritual, que é semelhante.

Como no mundo espiritual "o pensamento é tudo", o Espírito reforça a realidade físico-espiritual em que se encontra, consolidando a forma ideoplástica do próprio aspecto com que se sente exteriorizar na nova situação.

A vontade, que é a força modeladora do pensamento, dependendo de sua intensidade, promoverá a consecução dos objetivos que o Espírito pretenda alcançar. O retorno ao reduto doméstico, por exemplo, algumas vezes é conseguido pelo anseio forte que o desencarnado demonstre, embora ele não perceba como o conseguiu.

O pensamento, sendo a força por excelência na vida extrafísica, aqueles que se mantenham preocupados com os assuntos e bens da vida material recém-abandonada conservam-se presos a eles, o que lhes dificulta sobremaneira a ascensão a patamares espirituais mais elevados.

Uma expressiva quantidade de recém-libertos do corpo se compraz em manter-se ligada às sensações da vida física, na ilusão de que assim prolongariam a condição de "vivos". Para conseguir tais sensações, alimentam-se das energias sugadas dos encarnados, que se lhes assemelham, moral e intelectualmente.

 Esses encarnados funcionam como "pontes vivas". Os que se viciaram no álcool, nas drogas ou nos desvios da sensualidade conseguem justapor-se aos seus "hospedeiros", sugando-lhes as energias encharcadas daquele estado vibratório que os satisfaz.

Ao desencarnar, os órgãos permanecem existindo no corpo espiritual, arrastando consigo as necessidades próprias de cada um. Com a natural evolução da alma, a satisfação das necessidades exigidas por eles vai desaparecendo, com tempo muito variável, de um Espírito para outro, até extinguir-se, já que o Espírito se mantém com outros recursos de alimentação energética, como a respiração e a absorção pranaiama.

Os desencarnados que fazem a passagem em elevado estado de debilidade são recolhidos a hospitais espirituais existentes nas regiões próximas à Crosta, onde são tratados quase como se encarnados fossem, e alimentados normalmente com caldos, sucos, etc. Na verdade, a necessidade desses recursos existe mais por causa do estado mental dos pacientes do que por exigência do corpo espiritual.

Não é imediatamente que o Espírito se liberta da escravidão dos sentidos. Somente à proporção que o domínio mental se vai ampliando e intensificando é que ele vai se inteirando da nova realidade, e eles, os sentidos, irão deixando de atuar como necessidade imperiosa. 


O Casamento!

Naquela noite, enquanto minha esposa servia o jantar, eu segurei sua
mão e disse: "Tenho algo importante para te dizer". Ela se sentou e
jantou sem dizer uma palavra. Pude ver sofrimento em seus olhos.

De repente, eu também fiquei sem palavras. No entanto, eu tinha que
dizer a ela o que estava pensando. Eu queria o divórcio. E abordei o
assunto calmamente.

Ela não parecia irritada pelas minhas palavras e simplesmente
perguntou em voz baixa: "Por quê?"
Eu evitei respondê-la, o que a deixou muito brava. Ela jogou os
talheres longe e gritou "você não é homem!" Naquela noite, nós não
conversamos mais. Pude ouví-la chorando. Eu sabia que ela queria um
motivo para o fim do nosso casamento. Mas eu não tinha uma resposta
satisfatória para esta pergunta. O meu coração não pertencia a ela
mais e sim  a Jane. Eu simplesmente não a amava mais, sentia pena
dela.
Me sentindo muito culpado, rascunhei um acordo de divórcio, deixando
para ela a casa, nosso carro e 30% das ações da minha empresa.

Ela tomou o papel da minha mão e o rasgou violentamente. A mulher com
quem vivi pelos últimos 10 anos se tornou uma estranha para mim. Eu
fiquei com dó deste desperdício de tempo e energia mas eu não voltaria
atrás do que disse, pois amava a Jane profundamente. Finalmente ela
começou a chorar alto na minha frente, o que já era esperado. Eu me
senti libertado enquanto ela chorava. A minha obsessão por divórcio
nas últimas semanas finalmente se materializava e o fim estava mais
perto agora.

No dia seguinte, eu cheguei em casa tarde e a encontrei sentada na
mesa escrevendo. Eu não jantei, fui direto para a cama e dormi
imediatamente, pois estava cansado depois de ter passado o dia com a
Jane.

Quando acordei no meio da noite, ela ainda estava sentada à mesa,
escrevendo. Eu a ignorei e voltei a dormir.

Na manhã seguinte, ela me apresentou suas condições: ela não queria
nada meu, mas pedia um mês de prazo para conceder o divórcio. Ela
pediu que durante os próximos 30 dias a gente tentasse viver juntos de
forma mais natural possivel. As suas razões eram simples: o nosso
filho faria seus exames no próximo mês e precisava de um ambiente
propício para prepar-se bem, sem os problemas de ter que lidar com o
rompimento de seus pais.

Isso me pareceu razoável, mas ela acrescentou algo mais. Ela me
lembrou do momento em que eu a carreguei para dentro da nossa casa no
dia em que nos casamos e me pediu que durante os próximos 30 dias eu a
carregasse para fora da casa todas as manhãs. Eu então percebi que ela
estava completamente louca mas aceitei sua proposta para não tornar
meus próximos dias ainda mais intoleráveis.

Eu contei para a Jane sobre o pedido da minha esposa e ela riu muito e
achou a idéia totalmente absurda. "Ela pensa que impondo condições
assim vai mudar alguma coisa; melhor ela encarar a situação e aceitar
o divórcio" ,disse  Jane em tom de gozação.
Minha esposa e eu não tínhamos nenhum contato físico havia muito
tempo, então quando eu a carreguei para fora da casa no primeiro dia,
foi totalmente estranho. Nosso filho nos aplaudiu dizendo "O papai
está carregando a mamãe no colo!" Suas palavras me causaram
constrangimento. Do quarto para a sala, da sala para a porta de
entrada da casa, eu devo ter caminhado uns 10 metros carregando minha
esposa no colo. Ela fechou os olhos e disse baixinho "Não conte para o
nosso filho sobre o divórcio" Eu balancei a cabeça mesmo discordando e
então a coloquei no chão assim que atravessamos a porta de entrada da
casa. Ela foi pegar o ônibus para o trabalho e eu dirigi para o
escritório.

No segundo dia, foi mais fácil para nós dois. Ela se apoiou no meu
peito, eu senti o cheiro do perfume que ela usava. Eu então percebi
que há muito tempo não prestava atenção a essa mulher. Ela certamente
tinha envelhecido nestes últimos 10 anos, havia rugas no seu rosto,
seu cabelo estava ficando fino e grisalho. O nosso casamento teve
muito impacto nela. Por uns segundos, cheguei a pensar no que havia
feito para ela estar neste estado.

No quarto dia, quando eu a levantei, senti uma certa intimidade maior
com o corpo dela. Esta mulher havia dedicado 10 anos da vida dela a
mim.

No quinto dia, a mesma coisa. Eu não disse nada a Jane, mas ficava a
cada dia mais fácil carregá-la do nosso quarto à porta da casa. Talvez
meus músculos estejam mais firmes com o exercício, pensei.

Certa manhã, ela estava tentando escolher um vestido. Ela experimentou
uma série deles mas não conseguia achar um que servisse. Com um
suspiro, ela disse " Todos os meus vestidos estão grandes para mim".
Eu então percebi que ela realmente havia emagrecido bastante, daí a
facilidade em carregá-la nos últimos dias.

A realidade caiu sobre mim com uma ponta de remorso... ela carrega
tanta dor e tristeza em seu coração..... Instintivamente, eu estiquei
o braço e toquei seus cabelos.

Nosso filho entrou no quarto neste momento e disse "Pai, está na hora
de você carregar a mamãe". Para ele, ver seu pai carregando sua mãe
todas as manhãs tornou-se parte da rotina da casa. Minha esposa
abraçou nosso filho e o segurou em seus braços por alguns longos
segundos. Eu tive que sair de perto, temendo mudar de idéia agora que
estava tão perto do meu objetivo. Em seguida, eu a carreguei em meus
braços, do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da
casa. Sua mão repousava em meu pescoço. Eu a segurei firme contra o
meu corpo. Lembrei-me do dia do nosso casamento.

Mas o seu corpo tão magro me deixou triste. No último dia, quando eu a
segurei em meus braços, por algum motivo não conseguia mover minhas
pernas. Nosso filho já tinha ido para a escola e eu me vi pronunciando
estas palavras: "Eu não percebi o quanto perdemos a nossa intimidade
com o tempo".

Eu não consegui dirigir para o trabalho.... fui até o meu novo futuro
endereço, saí do carro apressadamente, com medo de mudar de
idéia...Subi as escadas e bati na porta do quarto. A Jane abriu a
porta e eu disse a ela "Desculpe, Jane. Eu não quero mais me
divorciar".

Ela olhou para mim sem acreditar e tocou na minha testa "Você está com
febre?" Eu tirei sua mão da minha testa e repeti "Desculpe, Jane. Eu
não vou me divorciar. Meu casamento ficou chato porque nós não
soubemos valorizar os pequenos detalhes da nossa vida e não por falta
de amor. Agora eu percebi que desde o dia em que carreguei minha
esposa no dia do nosso casamento para nossa casa, eu devo segurá-la
até que a morte nos separe.

A Jane então percebeu que era sério. Me deu um tapa no rosto, bateu a
porta na minha cara e pude ouví-la chorando compulsivamente. Eu voltei
para o carro e fui trabalhar.

Na loja de flores, no caminho de volta para casa, eu comprei um buquê
de rosas para minha esposa. A atendente me perguntou o que eu gostaria
de escrever no cartão. Eu sorri e escrevi:  "Eu te carregarei em meus
braços todas as manhãs até que a morte nos separe".

Naquela noite, quando cheguei em casa, com um buquê de flores na mão e
um grande sorriso no rosto, fui direto para o nosso quarto onde
encontrei minha esposa deitada na cama - morta.
Minha esposa estava com câncer e vinha se tratando a vários meses, mas
eu estava muito ocupado com a Jane para perceber que havia algo errado
com ela. Ela sabia que morreria em breve e quis poupar nosso filho dos
efeitos de um divórcio - e prolongou a nossa vida juntos
proporcionando ao nosso filho a imagem de nós dois juntos toda manhã.
Pelo menos aos olhos do meu filho, eu sou um marido carinhoso.

Os pequenos detalhes de nossa vida são o que realmente contam num
relacionamento. Não é a mansão, o carro, as propriedades, o dinheiro
no banco. Estes bens criam um ambiente propício a felicidade mas não
proporcionam mais do que conforto. Portanto, encontre tempo para ser
amigo de sua esposa, faça pequenas coisas um para o outro para
mantê-los próximos e íntimos. Tenham um casamento real e feliz!


Estudo sobre Casamento & Divórcio








Estudo  sobre  Casamento  &  Divórcio




A. O Casamento


1. Conceito - Não há, em todo o direito privado, instituto mais discutido que o casamento. LINTON o define como sendo a união socialmente reconhecida entre pessoas de sexo diferente. LAURENT o chama de "fundamento da sociedade, base da moralidade pública e privada". GOETHE entende que o matrimônio é a base e o coroamento de toda cultura e LESSING diz ser o casamento "a grande escola fundada pelo próprio Deus para a educação do gênero humano", havendo, no entanto, entre filósofos e literatos os seus detratores, como SCHOPENHAUER que afirma: "em nosso hemisfério monógamo, casar é perder metade de seus direitos e duplicar seus deveres". E' conhecido no anedotário nacional o ditado que equipara o casamento a uma fórmula matemática: o casamento é uma soma de preocupações, uma subtração da liberdade, uma multiplicação de filhos e uma divisão de bens. No campo do direito civil, conceitua-se o matrimônio como a união permanente entre o homem e a mulher, de acordo com a lei, a fim de se reproduzirem, de se ajudarem mutuamente e de criarem os seus filhos.

2. Origem - Historicamente, o casamento começou a receber atenção na Roma antiga, onde se achava perfeitamente organizado. Inicialmente havia a confarreatio, casamento da classe patrícia, correspondendo ao casamento religioso. Dentre outros traços, caracterizava-se pela oferta aos deuses de um pão de trigo, costume que, modificado, sobrevive até os nossos dias, com o tradicional bolo de noiva. A confarreatio não tardou a cair em desuso e era rara já ao tempo de Augusto. A coemptio era o matrimônio da plebe, constituindo o casamento civil. Finalmente, havia o usus, aquisição da mulher pela posse, equivalendo assim a uma espécie de usucapião. O casamento religioso só foi regulamentado pela Igreja no Concílio de Trento (1545-1563). Com o tempo, em virtude de inúmeros fatores, inclusive a Reforma protestante, os Estados puseram à margem o casamento religioso e o primeiro país a dar esse passo foi a Inglaterra, ao tempo de Cromwell.

3. Formas - Historicamente, pode-se dizer que quatro formas fundamentais de casamento existiram no mundo: 1) casamento por rapto ou captura, muito comum entre as tribos que guerreavam entre si e nas civilizações antigas, embora MALINOWSKI entenda que esse tipo de casamento tenha existido mais na teoria do que na prática; 2) casamento por compra ou troca, comum entre os zulus da África, os índios americanos e os germanos; 3) casamento por determinação paterna, cultivado sobretudo pelos povos islâmicos e na China; e, por fim, 4) casamento por consentimento mútuo, em que é dispensável a autorização dos pais, salvo se os contraentes são menores.

4. Aspectos jurídicos - ROUAST entende que o matrimônio é ato complexo, ao mesmo tempo contrato e instituição. Claro que ele é mais que um contrato, mas não deixa de ser também um contrato. No Brasil, somente em 11/9/1861 foi regulado por Lei o casamento dos acatólicos, que poderia celebrar-se segundo o rito religioso dos próprios nubentes. Mas foi somente com a proclamação da República que o casamento perderia seu caráter confessional, instituindo-se no país, em 24/1/1890, com o Decreto no 181, o casamento civil. O casamento é desde então um ato solene em que três elementos são essenciais, sob pena de ser considerado inexistente: sexos diferentes, consentimento dos contraentes e celebração na forma dos arts. 192 a 194 do Código Civil. O casamento entre Nero e Sporus, mencionado por Suetônio, seria no Brasil um ato inexistente, porque é condição vital do matrimônio a diversidade de sexos dos nubentes.

5. Visão espírita do casamento - ALLAN KARDEC propôs aos Espíritos a seguinte questão: - "Será contrário à lei da Natureza o casamento?" Resposta: "E' um progresso na marcha da Humanidade". A abolição do casamento seria regredir à infância da Humanidade e colocaria o homem abaixo mesmo de certos animais que lhe dão o exemplo de uniões constantes. "A poligamia é lei humana cuja abolição marca um progresso social. O casamento, segundo as vistas de Deus, tem que se fundar na afeição dos seres que se unem. Na poligamia não há afeição real: há apenas sensualidade" (O Livro dos Espíritos, 695, 696 e 701). 


6. Objetivo dos laços de família - "Há no homem alguma coisa mais, além das necessidades físicas: há a necessidade de progredir. Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família mais apertados tornam os primeiros. Eis por que os segundos constituem uma lei da Natureza. Quis Deus que, por essa forma, os homens aprendessem a amar-se como irmãos." Qual seria, para a sociedade, o resultado do relaxamento dos laços de família? R.: "Uma recrudescência do egoísmo" (O Livro dos Espíritos, 774 e 775). ALLAN KARDEC assim se refere ao tema: "Na união dos sexos, de par com a lei material e divina, comum a todos os seres viventes, há outra lei divina, imutável como todas as leis de Deus, exclusivamente moral -- a Lei do amor. Quis Deus que os seres se unissem, não só pelos laços carnais, como pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se transmitisse aos filhos, e que fossem dois, em vez de um, a amá-los, cuidar deles e auxiliá-los no progresso" (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 22:3).

7. Antecedentes espirituais: a escolha das provas - No estado errante, o Espírito "mesmo escolhe o gênero de provas que deseja sofrer; nisto consiste o seu livre arbítrio" (O Livro dos Espíritos, 258, 851 e 866). O acaso, propriamente considerado, não pode entrar nas cogitações do sincero discípulo do Evangelho (Emmanuel, O Consolador, pergunta 186). Observe-se, entretanto, que o Espírito escolhe "o gênero de provas"; os detalhes são conseqüência da posição escolhida e freqüentemente de suas próprias ações. "Somente os grandes acontecimentos, que influem no destino, estão previstos" (O Livro dos Espíritos, 259). Além disso há duas clássicas exceções à regra geral de escolha das provas: 1) quando o Espírito é simples, ignorante e sem experiência, "Deus supre a sua inexperiência, traçando-lhe o caminho que deve seguir" (O Livro dos Espíritos, 262). 2) quando possuído pela má vontade ou sendo ainda muito atrasado, Deus pode impor-lhe uma existência que sabe lhe será útil ao progresso; mas "Deus sabe esperar: não precipita a expiação" (O Livro dos Espíritos, 262-A e 337).

8. A organização da família - A dúvida relativamente à planificação espiritual do casamento pode ser desfeita com os ensinamentos seguintes, transmitidos por EMMANUEL, mentor espiritual de Chico Xavier: (1) Habitualmente somos nós mesmos quem planifica a formação da família, antes do renascimento terrestre, com o amparo e a supervisão dos instrutores beneméritos. Comumente chamamos a nós antigos companheiros de aventuras infelizes, programando-lhes a volta em nosso convívio, a prometer-lhes socorro e oportunidade, em que se lhes reedifique a esperança de elevação e resgate, burilamento e melhoria. De todos os institutos sociais existentes na Terra, a família é o mais importante, do ponto de vista dos alicerces morais que regem a vida (Emmanuel, Vida e Sexo, cap. 17). (2) O colégio familiar tem suas origens sagradas na esfera espiritual. Em seus laços, reúnem-se todos aqueles que se comprometeram, no Além, a desenvolver na Terra uma tarefa construtiva de fraternidade real e definitiva (Emmanuel, O Consolador, pergunta 175). (3) O matrimônio na Terra é sempre uma resultante de determinadas resoluções tomadas na vida do Infinito, antes da reencarnação dos Espíritos, razão pela qual os consórcios humanos estão previstos na existência dos indivíduos, no quadro escuro das provas expiatórias ou no acervo de valores das missões que regeneram e santificam (Emmanuel, O Consolador, pergunta 179). (4) E para que possam bem cumprir seus deveres, faz-se mister a mais entranhada fé em Deus, visto que na prece e na vigilância espiritual encontrarão sempre as melhores defesas (Emmanuel, O Consolador, pergunta 188). (5) Quase sempre, Espíritos vinculados ao casal interessam-se na Vida Maior pela constituição da família, à face das próprias necessidades de aprimoramento e resgate, progresso e autocorrigenda. Em vista disso, cooperam, em ação decisiva, na aproximação dos futuros pais, aportando em casa, pelos processos da gravidez e do berço, reclamando naturalmente a quota de carinho e atenção que lhes é devida (Emmanuel, Vida e Sexo, cap. 11).

9. Tipos de casamento na Terra - Diz-nos André Luiz que quatro são os tipos de casamento na Terra: há uniões marcadas pelo amor; há casamentos em que a fraternidade é o sentimento dominante; existem uniões de provação e há, por fim, os casamentos criados pelo dever. O matrimônio espiritual realiza-se alma com alma. "Os demais representam simples conciliações para a solução de processos retificadores" ("Nosso Lar", psicografado por Francisco Cândido Xavier, cap. 38, pág. 212). Ainda no mesmo livro, o autor transmite-nos a informação de que "na fase atual evolutiva do planeta, existem na esfera carnal raríssimas uniões de almas gêmeas, reduzidos matrimônios de almas irmãs ou afins, e esmagadora porcentagem de ligações de resgate. O maior número de casais humanos é constituído de verdadeiros forçados, sob algemas" ("Nosso Lar", cap. 20, pág. 113). E foi por essa ocasião que ANDRÉ LUIZ tomou conhecimento da experiência de seu amigo Lísias, que se noivou no plano espiritual, preparando seu retorno à Terra, em nova encarnação. Ele ignorava até então que as bases do casamento terrestre se encontram na vida espiritual, mas sua maior surpresa foi saber que Lísias e sua noiva já haviam acumulado vários fracassos na experiência do matrimônio na Terra, em virtude da imprevidência e da falta de autodomínio, razões de sua perdição no pretérito ("O Imortal", pág. 15, abril de 1989). 


Problemas propostos

Questão no. 1 - Como podemos conceituar o casamento à luz do Direito e do Espiritismo?
Questão no. 2 - Existe um planejamento espiritual acerca do casamento na Terra?

Questão no. 3 - Quantos tipos de casamento existem neste planeta de provas e expiações?



B. O Divórcio

1. Instabilidade do Casamento - A instabilidade do casamento atribui-se a fatores diversos, especialmente de natureza econômica e profissional. Radbruch afirma que, com a progressiva emancipação econômica da mulher, existe um novo direito de família, diferente do direito clássico. A princípio, desintegra-se a família operária pela corrida da mulher às fábricas. Mais tarde, o mesmo fenômeno ocorreria com a família pequeno-burguesa, pelas necessidades advindas do trabalho e de subsistência, em virtude das crescentes dificuldades econômicas. A ausência da mulher no lar, passando para a fábrica ou escritório, tem sido reputada como uma das causas fundamentais da instabilidade presente na sociedade doméstica em diversos países e, por consequência, do divórcio. 

2. Conceito - - Em sua acepção ampla, o divórcio pode ser definido como a dissolução do vínculo conjugal, habilitando as partes a novas núpcias. No Brasil, o divórcio foi introduzido pela Lei no 6.515, de 26/12/77, cujo art. 24 diz que o divórcio põe termo ao casamento e aos efeitos civis do matrimônio religioso.

3. Origens - Desde a sociedade mais antiga, o divórcio tem sido uma viva frequência nos costumes. Na China antiga, por exemplo, admitia-se a separação, mas o marido que abandonasse a esposa, sem justa causa, recebia 8 chibatadas. Na índia, o Código de Manu permitia o repúdio da mulher pelo marido, desde que ela sofresse de moléstia incurável ou fosse viciada no uso de licores inebriantes, assim como no caso de esterilidade, depois de oito anos de casamento, e quando os filhos se perdessem, após dez anos de união conjugal. O Código de Manu declara: "A mulher, durante a infância, depende do pai; durante a mocidade, de seu marido; morto o marido, dos filhos ou, na falta destes, dos parentes próximos do marido, pois uma mulher nunca deve governar-se por si só".

4. O divórcio no tempo - Na Grécia antiga já se admitia o divórcio. Em Roma, havia o divortium, em que deveria haver mútuo consentimento, e o repudium, de iniciativa apenas do marido, sem necessidade de motivo, mas neste caso ele era obrigado a pagar uma multa. No final do Império romano era frequente o costume do divórcio e os imperadores cristãos de Roma o permitiam. Na verdade, o divórcio exagerado e a poligamia concorreram para desintegrar profundamente o estatuto da família na Roma imperial. Ozanam relata: "Havia o divórcio dos homens de bem, o divórcio por cansaço, o divórcio dos que mudavam de esposa por ano. Havia o divórcio por cálculo, como o prova Cícero, que repudiou Terência, não porque lhe houvesse esta contristado a alma, mas porque ele precisava de novo dote para satisfazer os credores. Havia o divórcio por generosidade, como o de Catão, que, verificando que sua mulher Márcia agradava a seu amigo Hortênsio, deu-lha a título de esposa".

5. Opositores do Divórcio - A Igreja passou a proibir o divórcio especialmente após o Concílio de Trento, realizado na Idade Média. Em 1930, a encíclica papal Casti Connubii reafirmou a tese da indissolubilidade do casamento, visando assim proteger os filhos. Clóvis Beviláqua diz que o divórcio "avassala os espíritos e acaba destruindo as energias psíquicas mais úteis ao progresso moral da humanidade". Durkheim, em seu famoso livro "O Suicídio", mostra com dados estatísticos que o divórcio favorece o suicídio. De fato, uma pesquisa feita na Califórnia diz que 42% dos suicidas eram, no início dos anos 50, divorciados. Outros estudiosos afirmam que o divórcio é fator de loucura. Na Baviera, levantamento feito na mesma época revelou que 67% dos loucos eram divorciados.

6. Efeitos do Divórcio sobre os filhos - Poucos se lembram de que no lar há, muitas vezes, filhos e que existe muita diferença entre o que eles sentem e o que os pais costumam pensar, relativamente a questões objetivas decorrentes do divórcio. A psicóloga Marisa Silva, terapeuta de família em Curitiba, diz que há onze anos atrás, quando abriu sua clínica, era procurada apenas por casais interessados em salvar o primeiro casamento. Hoje, o quadro é completamente diferente: cerca de 70% das terapias são feitas por parceiros que estão tentando acertar o passo do segundo ou terceiro casamento. São as chamadas famílias reconstituídas, montadas a partir dos pedaços de famílias anteriores. O fenômeno ocorre em todo o país e ocupou boa parte do 1o Congresso Brasileiro de Terapia Familiar realizado recentemente em São Paulo. Os especialistas estão surpresos, porque, segundo observações dos psicólogos, os rearranjos matrimoniais costumam durar menos que os originais. Há pessoas, informam os especialistas, que já estão em seu terceiro ou quarto casamento. E os filhos são os que mais sofrem com essa situação, porque a lealdade aos pais de origem é uma das questões mais dramáticas existentes no processo de reconstrução de famílias, e que se agrava quando um dos pais tenta denegrir a imagem do outro, do qual se separou ("O Estado de S. Paulo", pág. A12, de 8/8/94).

7. Os conflitos entre pais e filhos - As divergências entre as ideias dos adultos e das crianças podem ser sintetizadas nas quatro seguintes situações decorrentes de rearranjos matrimoniais, conforme foi mostrado no 1o Congresso Brasileiro de Terapia Familiar: (1) O adulto pensa que um novo marido ou uma nova esposa será sempre um presente para o filho do primeiro casamento. As crianças nem sempre sentem por que devem dividir o amor da mãe ou do pai com uma pessoa que não conhecem direito; (2) O adulto julga que os irmãos "postiços" também são um presente, uma companhia para o filho. A criança, muitas vezes,  sente dificuldade em dividir um quarto, que antes era só seu, com pessoas que não fazem parte de sua história; (3) O adulto acha que o novo cônjuge deve substituir o pai ou a mãe de origem. As crianças sentem que devem lealdade aos pais de origem e podem tornar-se hostis com quem tenta substituí-los; (4) O adulto às vezes imagina que não existe problema em deixar claro para o filho que o pai ou a mãe de origem não presta e não liga para ele. A criança sente que, embora o pai ou a mãe tenha mil restrições ao "ex", para ela ainda é uma pessoa amada e um modelo ("O Estado de S. Paulo", pág. A12, de 8/8/94).

8. O divórcio na concepção espírita - Allan Kardec indagou aos Espíritos se está na lei da Natureza a indissolubilidade absoluta do casamento. A resposta: "E' uma lei humana muito contrária à da Natureza. Mas os homens podem modificar suas leis; só as da Natureza são imutáveis" (O Livro dos Espíritos, 697). JESUS, tratando do assunto, asseverou: "Eu vos declaro que todo aquele que repudiar sua mulher, se não é por causa de adultério, e casar com outra, comete adultério, e o que se casar com a que outro repudiou, comete adultério." (Evangelho de Mateus, cap. 19:3 a 9). O Codificador do Espiritismo escreveu: "Dia virá em que se perguntará se é mais humano, mais caridoso, mais moralizador reter entre si os seres que não podem viver juntos, do que lhes conceder a liberdade, e se a perspectiva de uma cadeia indissolúvel não aumentará os número das uniões irregulares" (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 22:4). E, examinando diretamente o divórcio, asseverou: "O divórcio é uma lei humana, que tem por objeto separar legalmente o que já o estava de fato, e não vai de encontro à lei de Deus, por não reformar o que os homens fizeram, nem se aplicar senão quando a lei divina não fora levada em conta. (...) Mesmo Jesus não sancionou a indissolubilidade absoluta do casamento... Jesus vai mais longe, especificando o caso em que o abandono pode ter lugar, que é o adultério. Mas onde exista uma amizade recíproca e sincera não ronda o adultério" (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 22:5).



Resumo


Casamento e Divórcio


* O casamento é considerado no Espiritismo um avanço na marcha da civilização.
* O divórcio só deve ser realizado em último caso, quando não existe nenhum clima de convivência entre os cônjuges.
* Separar-se por causa de filhos, ou de problemas familiares, eis um erro lamentável, que muito sofrimento imporá aos desertores.
* É lógico que o Espiritismo aceita o divórcio quando os cônjuges já se encontram irremediavelmente separados. A lei do divórcio é então uma forma jurídica de legalizar-se o que de fato já se consumou.
* Os Espíritos benfeitores sugerem-nos, contudo, que ninguém deve dar, nesse particular, o primeiro passo. Divórcio, na feliz expressão de André Luiz, é compromisso adiado, saldo a pagar na contabilidade de nossas vidas.
* Todos os problemas gerados a partir da separação conjugal pesarão na folha daquele que lhe foi a causa.



Problemas propostos

Questão no. 1 - Podemos afirmar que o divórcio é sempre o descumprimento de um programa traçado pelos cônjuges na vida espiritual, antes de seu retorno ao corpo?

Questão no. 2 - Em face do que o Espiritismo nos ensina sobre a finalidade do casamento, qual deve ser a atitude de um casal diante de um matrimônio que não caminha como se deseja?




Respostas


Posição de Emmanuel (Espírito):

"Ergueste o lar por amor e tão-só pelo amor conseguirás conservá-lo.

"Não será exigindo tiranicamente isso ou aquilo de quem te compartilha o teto e a existência que te desincumbirás dos compromissos a que te empenhaste.

"Unicamente doando a ti mesmo em apoio da esposa ou do esposo é que assegurarás a estabilidade da união em que investiste os melhores sentimentos.

"Se sabes que a tolerância e a bondade resolvem os problemas em pauta, a ti cabe o primeiro passo a fim de patenteá-las na vivência comum, garantindo a harmonia doméstica.

"Inegavelmente não se te nega o direito de adiar realizações ou dilatar o prazo destinado ao resgate de certos débitos, de vez que ninguém pode aceitar a criminalidade em nome do amor. Entretanto, nos dias difíceis do lar recorda que o divórcio é justo, mas na condição de medida articulada em última instância. E nem te esqueças de que casar-se é tarefa para todos os dias, porquanto somente da comunhão espiritual gradativa e profunda é que surgirá a integração dos cônjuges na vida permutada, de coração para coração, na qual o casamento se lança sempre para o Mais Alto, em plenitude de amor eterno." ("Na Era do Espírito", cap. 11, psicografado por Francisco Cândido Xavier.)




Posição de J. Herculano Pires:

"Entre os interesses que podem influir na determinação do casamento figuram também a vaidade e a atração sexual, ambos elementos estranhos ao amor e por isso mesmo de natureza efêmera. Em casos dessa natureza, como em vários outros, a separação se torna inevitável e o divórcio aparece então como a lei civil que serve de remédio à separação dos casais, permitindo aos pares frustrados a reconstrução do lar em bases legítimas com outros cônjuges. (...) Mas quando o lar se formou com base no amor as decepções que podem surgir têm o remédio no próprio amor. Quem ama sabe tolerar e perdoar. As dificuldades serão superadas dia a dia pelo cultivo do amor. Basta que cada cônjuge se lembre de que as frustrações são recíprocas. O mesmo acontece com o artista na realização de sua obra. O ideal está sempre acima do real. Mas o verdadeiro artista sabe disso e procura superar a sua frustração pelo esforço constante de aperfeiçoamento. O cultivo do amor é como o cultivo da arte. E quem romper um casamento de amor, por simples intolerância, não encontrará mais remédio para a sua solidão." ("Na Era do Espírito", cap. 11.)



Posição de André Luiz (Espírito):

"Divórcio, edificação adiada, resto a pagar no balanço do espírito devedor. Isso geralmente porque um dos cônjuges, sócio na firma do casamento, veio a esquecer que os direitos na instituição doméstica somam deveres iguais.

"A Doutrina Espírita elucida claramente o problema do lar, definindo responsabilidades e entremostrando os remanescentes do trabalho a fazer, segundo os compromissos anteriores em que marido e mulher assinaram contrato de serviço, antes da reencarnação.

"Dois espíritos sob o aguilhão do remorso ou tangidos pelas experiências da evolução, ambos portando necessidades e débitos, combinam encontro ou reencontro no matrimônio, convencidos de que união esponsalícia é, sobretudo, programa de obrigações regenerativas.

"Reincorporados, porém, na veste física, se deixam embair pelas ilusões de antigos preconceitos da convenção social humana ou pelas hipnoses do desejo e passam ao território da responsabilidade matrimonial, quais sonâmbulos sorridentes, acreditando em felicidade de fantasia como as crianças admitem a solidez dos pequeninos castelos de papelão.

"Surgem, no entanto, as realidades que sacodem a consciência.

(...) "Descobrem, por fim, que amar não é apenas fantasiar, mas, acima de tudo, construir. E construir pede não somente plano e esperança, mas também suor e por vezes aflição e lágrimas.

"Auxiliemos, na Terra, a compreensão do casamento como sendo um consórcio de realizações e concessões mútuas, cuja falência é preciso evitar. Divulguemos o princípio da reencarnação e da responsabilidade individual para que os lares formados atendam à missão a que se destinam.

"Compreendamos os irmãos que não puderem evitar o divórcio porquanto ignoramos qual seria a nossa conduta em lugar deles, nos obstáculos e sofrimentos com que foram defrontados, mas interpretemos o matrimônio por sociedade venerável de interesses da alma perante Deus." ("Sol nas Almas", cap. 10, psicografado por Waldo Vieira.)


Posição de Divaldo Pereira Franco:


"Digamos que há uns casamentos programados e outros que a precipitação programou. A inexperiência do jovem, a prevalência da natureza animal sobre a natureza espiritual do homem faz com que ele assuma compromissos que não estavam adredemente estabelecidos e que, ao se dar conta do engano, queira regularizar a situação. Portanto, para o mal existente, um remédio. O divórcio é uma medicação para minorar o mal, que é a desinteligência entre os cônjuges.

"Faltando a estes a elevação moral para renunciar-se em benefício da família ou para ceder a favor do seu companheiro, o divórcio vem legalizar o que moralmente já aconteceu, porque já se separaram emocionalmente ou fisicamente. Desde que acabou o amor, desfez-se o vínculo, o que não quer dizer que acabou o compromisso, porque esse pode ser postergado para uma condição de reabilitação que virá depois.

"Naqueles matrimônios que foram programados antes do renascimento, o divórcio seria um agravamento de responsabilidades. Mas, se indagará: como saber-se se tal foi um matrimônio programado antes ou se foi um matrimônio precipitado? Pela capacidade de amor e resistência dos nubentes, pode-se sabê-lo.

"O ideal seria que se chegasse até ao termo da vida com o companheiro que se elegeu; porém, na falta de valores ético-morais e espirituais para saber-se conduzir nas horas difíceis, evitando-se ligações sem amor e sem licitude, evitando-se problemas de uxoricídio e de crimes outros, melhor será legalizar a situação equívoca do que existir numa situação que se pode tornar calamitosa.

"A Doutrina Espírita vê como um `mal necessário' a solução pelo divórcio. Chegará o dia em que o homem melhor escolherá o seu companheiro, com maturidade e amor e, como conseqüência, suportará mais as vicissitudes que advenham dessa escolha, liberando-se daquilo que lhe constitui uma carga aflitiva, porque ele tem os olhos postos na vida espiritual, que é a verdadeira." (Entrevista ao jornal O IMORTAL, págs. 6 e 7, junho de 1984.)


   (Relato da lenda árabe sobre o homem que queria casar-se apenas com uma mulher perfeita. Ele saíra pelo mundo à busca de sua eleita. Trinta anos depois, sem conseguir o seu intento, velho e cansado, retornou à terra natal. Um amigo o admoestou: "Então, tu viajaste trinta anos em vão! Afinal, não encontraste a mulher perfeita!  Ele respondeu-lhe: "Tu te enganas, meu amigo. Eu a encontrei, sim, mas ela também estava à busca de um homem perfeito...")