DIVALDO E O PADRE...
CONFISSÕES DE DIVALDO FRANCO AO PADRE:
Certa vez,
fui a um padre confessar (antes de tornar-me espírita).
Contei-lhe sobre
minhas comunicações com os mortos. Para ele eram
forças demoníacas tentando
me afastar da Igreja. Veio-me uma mágoa de
Deus e comecei a questionar:
-
Sou um bom católico, bom sacristão, adoro a Igreja, faço jejum,
passo a
semana da Páscoa sem comer até o meio-dia. Se Deus não pode
com o diabo, eu
vou agüentar? O diabo vai me vencer. Como um garoto de
17 anos, do interior,
ingênuo, pode vencer o diabo se nem Deus
consegue?
Entrei em depressão e
fiquei com mágoa de Deus. Confessei-me ao padre:
- Eu vou me matar. Nossa
Senhora do Carmo vai ter pena de mim, vai me
colocar o escapulário e me tirar
do inferno.
Ele me olhou demoradamente e respondeu:
- Não tome nenhuma
atitude agora. O demônio às vezes nos perturba para
testar a nossa fé; quando
não consegue, abandona. Volte para a Igreja.
Era um homem honesto, acreditava
piamente em suas idéias.
Um dia, ao confessar-me a ele, vi aproximar-se um
Espírito. Tive outro conflito:
- Como pode o diabo entrar na
sacristia?
Aliás eu via sempre os Espíritos. no momento da eucaristia a
hóstia
tornava-se luminosa quando colocada na minha boca. Às vezes, em
Feira
de Santana, via o cônego Mário Pessoa aureolado. No meu
entendimento
(católico), ele era um santo. As pessoas na hora da fé se
iluminavam e
eu julgava tudo alucinação.
Quando o Espírito entrou,
exclamei:
- Olha, o diabo está vindo, e é mulher!
- Você vê algum sinal
particular no rosto dela? - indagou-me o padre.
- Vejo uma verruga acima do
lábio.
- E o que mais?
- O cabelo está partido ao meio, penteado com um
coque atrás.
- E o que mais?
- Vejo um xale sobre os ombros, com pontas,
um xale negro de xadrez.
- Pode ficar tranqüilo, é mamãe.
Ela "incorporou"
e conversou com o padre. Quando despertei, ele me esclareceu:
- Divaldo,
mamãe veio me alertar. A sua missão não é aqui, vá seguir a
tarefa que Deus
lhe confiou, porque o bem está em todo lugar.
Fiquei mais tumultuado, porque
eu não era espírita, tinha medo,
sentia-me de certo modo alijado da Igreja,
mas continuava a
frequentá-la e ao Centro Espírita.
Tinha conflitos de fé,
principalmente quando morreu minha irmã, por
suicídio. Mamãe foi encomendar
missa a esse mesmo sacerdote, um homem
bom, e ouviu dele:
- Dona Ana, não
posso celebrar, porque o suicida está no inferno e
Deus não o tira de
lá.
Foi quando aprendi a primeira lição de lógica e de psiquiatria,
com
uma mulher iletrada - a minha mãe:
- Padre, então eu renego o seu
Deus. Se Ele não é capaz de perdoar não
é digno de ser Deus. Sou lavadeira
modesta e analfabeta, mas a filha
que perdi, eu a perdôo; como é que Deus,
que a tem, não a perdoa? Digo
mais, quem se mata não está no seu
juízo.
Mais tarde eu viria saber que muitos portadores de
psicose
maníoco-depressiva PMD, vão ao suicídio.
Aprendi muito com esse
homem, com mamãe, e quando eu lhe disse que não
iria mais à igreja, ela me
respondeu:
- Deus está em todo lugar. Se você for justo e agir com retidão,
Ele
estará com você. Faça o bem, meu filho, porque a verdadeira religião
é
aliviar o sofrimento alheio.
A partir desse acontecimento integrei-me
lentamente ao Espiritismo.
(Divaldo Franco)
"Mas se sua visão for
para Eternidade plante idéias..."!!
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