A PRECE
A
oração não será um processo de fuga do caminho que nos cabe percorrer, mas
constituirá uma abençoada luz em nossas mãos, clareando-nos a
marcha.
Não representará uma porta de escape ao sofrimento regenerativo de que ainda
carecemos, mas expressará um bordão de arrimo, com o auxílio do qual superamos a
ventania da adversidade, no rumo da bonança.
Não será um privilégio que nos exonere da enfermidade retificadora, ambientada
em nosso próprio templo orgânico pela nossa incúria e pela nossa irreflexão, no
abuso dos bens do mundo, entretanto, comparecerá por remédio balsamisante e
salutar, que nos remove as energias, em favor de nossa cura.
Não será uma prerrogativa indébita que nos isente da luta humana, imprescindível
ao nosso aperfeiçoamento individual, todavia, brilhará em nosso experiência por
sublime posto de reabastecimento espiritual, susceptível de garantir-nos a
resistência e o valor na tarefa de renunciação e sacrifício em que nos cabe
perseverar.
Não será uma outorga de recursos para que os nossos caprichos pessoais sejam
atendidos, no jardim de nossas predileções afetivas, contudo, será uma
dispensação de forças para que possamos tolerar galhardamente as situações mais
difíceis, diante daqueles que nos desagradam, em sociedade ou em família,
ajudando-nos, pouco a pouco, a edificar o santuário da verdadeira fraternidade,
no próprio coração, em cujos altares amealharemos o tesouro da paz e do
discernimento.
Ainda mesmo que te encontres no labirinto quase inextrincável das provações
inflexíveis, ainda mesmo que a tua jornada se alongue sob o granizo da discórdia
e da incompreensão, em plena sombra, cultiva a prece, com a mesma persistência a
que te induzas na procura da água para a sede e do pão para a fome do
corpo.
Na
dor, ser-te-á divino consolo, na perturbação constituirá tua
bússola.
Não olvides que a permanência na Terra é uma simples viagem educativa de nossa
alma, no espaço e no tempo, e não te esqueças de que somente pela oração,
descobriremos, cada dia, o rumo que nos conduzirá de retorno aos braços amorosos
de Deus.
Emmanuel
(De “À luz
da oração”, de Francisco Cândido Xavier
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