Tales de Mileto (624 a.C. – 546 a.C)
Busca por conhecimento
Não se sabe quais os motivos levaram Tales a viajar para o Oriente. Ele visitou o Egito e conviveu por muito tempo com sacerdotes locais de Mênfis e Heliópolis, onde recebeu a iniciação nos Mistérios da religião egípcia. Também aproveitou a viagem para ampliar seus conhecimentos em geometria, matemática, astronomia e metafísica.
Um fato histórico da viagem de Tales ao Egito é a medição da altura da pirâmide de Quéops sem precisar escalá-la. Para isso, ele utilizou apenas um bastão de madeira fincado na areia e, quando o Sol alcançou a posição desejada, ele conseguiu obter a resposta analisando geometricamente as sombras da pirâmide e do bastão projetadas no solo.
Segundo Proclo, a geometria originou-se no Egito e foi introduzida na Grécia por Tales após retornar de sua longa viagem. Ao chegar em território grego, Tales tratou de propagar os ensinamentos que havia aprendido em terras orientais.
O passeio de Tales pelo Oriente continuou até a Babilônia. Chegando lá, visitou os observatórios babilônicos e teve o privilégio de estudar os arquivos astronômicos que eles haviam acumulado ao longo de séculos observando fenômenos celestes.
Tales obteve acesso a uma enorme quantidade de registros astronômicos gravados em tabuinhas de argila que pertenciam ao tempo de Nabonassar – antigo rei da Babilônia que governou entre 747 e 734 a.C. – e que depois foram utilizados por Ptolomeu.
Cosmologia
Tales de Mileto não reconhecia os deuses como instigadores e controladores dos fenômenos observados no planeta e no universo. Para ele, todos os fenômenos possuíam causas naturais e eram passíveis de explicação lógica.
Tales afirma que o Universo foi gerado e é constituído por apenas um único elemento. Essa substância primordial é aquela da qual derivam e em que se resolvem todas as coisas, permanecendo imutável nas várias formas que possa vir a assumir. Daí surgiu o termo ‘physis’, que na nossa língua significa ‘natureza’, no sentido de realidade primordial.
Milênios antes de Charles Darwin, Tales já acreditava que a água era a origem de todas as coisas e carregava as potencialidades necessárias para nutrir e gerar todo o Universo. Para ele, a Água seria a substância primordial, isto é, o princípio único, devido ao seu aspecto generativo, nutritivo, congregante e vivificante.
Essa teoria ainda não é bastante incompreendida pela maioria das pessoas, o que gera interpretação equivocadas. Encontramos até algumas fontes que o intitulam erroneamente como “materialista”.
Não se deve entender a Água proposta por Tales apenas como o elemento físico-químico, composto de hidrogênio e oxigênio, que conhecemos. Ela deve ser compreendida como o princípio único do qual TUDO tem origem. A Água retratada por Tales de Mileto é dotada de uma conotação divina e responsável por introduzir uma nova concepção de Deus baseada na razão.
Imortalidade do Espírito
Esse mesmo pensador que deu início as investigações filosóficas a respeito dos fenômenos naturais, foi também o primeiro a proclamar a imortalidade do espírito, pois o concebia como um elemento intrínseco a matéria.
Aristóteles já dizia sobre as ideias de Tales:
“É deste modo, que os filósofos, dos quais tratamos, asseveram que nenhuma das outras coisas, nem nasce, e nem morre, porque deve haver ali uma qualquer realidade, seja uma, ou seja múltipla, a partir do que todo o resto é engendrado, mas que ela mesma é conservada”.
Tales dizia que a capacidade de pensar e o poder de se mover eram funcionalidades do espírito. A matéria primordial e o espírito são inseparáveis. Por isso, um de seus ensinamentos mais recordados é o de que “todas as coisas estão cheias de deuses”.
Pai da Filosofia
As teorias de Tales de Mileto eram novas, sólidas, excitantes e de possível explicação. Ele foi o primeiro ocidental a propor explicações materiais para fenômenos naturais ao invés de creditar todos os acontecimentos a causas mitológicas e teológicas.
Para Aristóteles, as teorias de Tales destacavam-se das outras por serem tão diferente de tudo o que tinha vindo antes. As suas ideias deram origem a uma nova forma de pensar baseada na razão e na ciência. Por isso, ele reconheceu Tales como o primeiro filósofo e criticou suas hipóteses de uma forma científica, sem menosprezar o estudo deixado pelo milesiano.
Tales foi estimado em sua época como um pensador original. Não como alguém que se apoiava em mitologias pré-existentes, mas como aquele que rompia com a tradição. Sua fama se expandiu por toda a Grécia após a previsão do eclipse solar. Muitas pessoas acreditavam que ele teria influenciado a ocorrência do fenômeno. Por esses e outros motivos, Tales de Mileto foi considerado o primeiro dos setes sábios da Grécia Antiga.
Legado
Mesmo havendo falecido antes da atribuição desse título, Tales é considerado o fundador da escola Jônica de filosofia. Seus dois companheiros de Mileto que também se engajaram na nova abordagem de questionamento para a compreensão do universo foram Anaximandro – seu discípulo – e Anaxímenes – discípulo de Anaximandro. Os três focaram seus estudos em problemas similares, mas cada um chegou a sua própria conclusão sobre o princípio único que originou o Universo.
Tales também teve a oportunidade de transmitir seus ensinamentos ao jovem Pitágoras. Foi por forte influência dele que Pitágoras viajou para Egito com a intenção de estudar e receber os conhecimentos místicos dos sacerdotes egípcios.
Máximas e preceitos
Conhece-te a ti mesmo
A ignorância é incômoda
Espera receber de teus filhos, quando fores velho, o mesmo tratamento que dispensaste a teus pais
Evita as palavras que possam ferir os amigos
Evita enriquecer por vias desonestas
Evita os adornos exteriores e procura os interiores
Perto ou longe, importa lembrar os amigos
Quem promete, falta.
Se és chefe, começa por saber dominar-te
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