ESPIRITISMO E RELIGIÃO
Muito se tem comentado a respeito de ser ou não ser o Espiritismo uma religião. Contribuindo para iluminar um pouquinho mais as sendas do estudo doutrinário, eis um trecho bibliográfico, a respeito do assunto:
"A prova das razões por que Kardec evitou a palavra religião, para definir o Espiritismo, nos é dada pela sua própria confissão, no discurso que pronunciou na Sociedade Espírita de Paris, a primeiro de novembro de 1868: Por que então declaramos que o Espiritismo não é uma religião? Porque só temos uma palavra para exprimir duas ideias diferentes, e porque, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da palavra culto: revela exclusivamente uma idéia de forma, e o Espiritismo não é isso. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público só veria nele uma nova edição, uma variante, se assim nos quisermos expressar, dos princípios absolutos em matéria de fé, uma classe sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; o público não o separaria das ideias de misticismo e dos abusos contra os quais sua opinião se tem levantado tantas vezes.
Essas palavras de Kardec, ao mesmo tempo afirmam a natureza religiosa do Espiritismo, já implícita na própria Codificação, e negam a possibilidade de sua transformação em seita formalista.... daí a afirmação de Kardec, feita em O LIVRO DOS ESPÍRITOS e repetida em outras obras, particularmente em O QUE É O ESPIRITISMO, de que este, na verdade, é o maior auxiliar das religiões... sua finalidade não é combater, contrariar, negar ou destruir as religiões, mas auxiliá-las....justamente por isso, o Espiritismo se apresenta, aos espíritos formalistas e sectários, como um adversário perigoso, que parece querer infiltrar-se nas estruturas religiosas e miná-las, para destruí-las. Era o que parecia o Cristianismo primitivo para os judeus, gregos e romanos..."
(De “O Espírito e o Tempo”, de J. Herculano Pires
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