A Vontade
O ser humano é o único ser deste planeta Terra, que tem a capacidade de conhecer sua própria saga, sua própria história de evolução.
Este conhecimento lhe dá a certeza , a visão clara de que existe um fio condutor, uma unidade existente entre tudo e todos.
Quando observado o instinto de sobrevivência, é que se tem a certeza que já ali se manifesta o prelúdio do que é chamado: vontade.
No livro, Os Poderes da Mente¹, Suely Caldas Schubert cita o neurologista Dr.António Damásio que diz que a ameba, organismo unicelular, sem cérebro e sem mente, “não somente vive, mas se empenha em manter o equilíbrio de sua composição química interna para enfrentar o desequilíbrio externo, e se manter vivo”. É fantástico observar que no instinto de sobrevivência já se revela uma intenção de vontade.
Conforme o dicionário, “vontade é a faculdade de representar mentalmente um ato que pode ou não ser praticado em obediência a um impulso ou a motivos ditados pela razão”. Pode-se precisar que a vontade é a faculdade, que nos incentiva, ou nos impele para algo.
Ao analisar a frase de Emmanuel² “A Divina Providência concedeu-a por auréola luminosa à razão, depois de laboriosa e multimilenária viagem do ser pelas províncias obscuras do instinto”, se verifica o acerto do Dr. Damásio, além da certeza de que a vontade não é privilégio de ninguém. Dada a todos os humanos como comandante da razão, é a faculdade que gerencia todos os setores da atuação mental.
É neste sentido que se lê em Léon Dennis³: “A vontade é a maior de todas as potências” ou ainda: “O princípio superior, o motor da existência é a vontade”.
Importante, portanto, pensar como esta força extraordinária é usada.
Como o ser humano a tem numa variação muito grande, e numa mobilidade intensa, a vontade é expressa numa insatisfação grande, sem certo direcionamento, o que, não só dificulta o acesso do mundo espiritual superior para a criatura, mas também, faz com que ela, sabendo muito consegue pouco, ou , não age conforme o que sabe.
Torna-se necessário o direcionamento sadio da vontade. Para este fim o essencial é o desejo de querer. Querer significa tentar tantas vezes quanto necessárias, sem se acomodar num comportamento comodista, de desânimo ou preguiça.
Como outro ponto deve-se ter claro o objetivo a alcançar, que uma vez estabelecido requer então a paciência e a perseverança. Tudo para manter-se firme a decisão mesmo diante de desafios. Esta atitude acaba criando um condicionamento para acalmar a alma.
Exercitando a vontade com a devida disciplina, consegue-se acordar a autoconfiança.
Conforme Joanna de Angelis, a autoconfiança “trabalha a criança psicológica que quer ser acalentada, e cede lugar ao adulto de vontade firme e confiante”, isto significa que se é capaz de trabalhar o amadurecimento das emoções.
Sendo senhor de sua emoção, e não seu escravo, o ser humano percebe-se como ser único, não se comparando mais com os outros, mas tentando triunfar sobre suas próprias fragilidades.
Não quer mais ser como um ídolo dos outros, mas entende que precisa conquistar-se interiormente, redirecionando comportamentos equivocados, e, modificando os não aceitáveis por uma moral sadia.
Todo este trabalho de autoconscientização, de disciplina, de autoconhecimento, é resultado de uma vontade disciplinada. É o êxito de uma encarnação, pois, leva a criatura ao equilíbrio e ao entendimento do que o Mestre quis dizer: “o Reino de Deus está em vós” ou “Vós sois deuses”, ou também ainda o que lemos nos Vedas: “Tu trazes em ti um amigo sublime que não conheces”.
Reconhecendo-se com filiação divina, a vontade se faz firme e, nada pode deter o avanço e o progresso da criatura.
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