Guarda
cuidado, nas horas de aflição, para que as tuas lágrimas de sofrimento não se
convertam em óleo de egoísmo, incandescido nas chamas do desespero, a
incendiar-te o caminho.
Lembra-te
dos que jornadearam na Terra antes de ti e recorda que outros viajarão amanhã no
sulco de teus passos para que a serenidade e a confiança te abençoem a
existência.
Nos
instantes de inconformação e de dor, lança breve olhar à retaguarda e reflete na
angústia dos que caminham, dentro da noite, sem esperança...
Observa
os que jazem na sombra da cegueira, os que se tresmalham nas trevas da loucura,
os que foram mutilados ao nascer...
Medita
naqueles que ainda hoje não dispuseram de pão para sossegar o estômago
atormentado, que não puderam conciliar o sono sob as garras da inquietação ou
que agonizam fora do lar, sequiosos da assistência e do afeto que lhes faltaram
à vida...
Não
te detenhas, na revolta ou no desânimo, já que possui cérebro para raciocinar
com segurança, olhos para enxergar a paisagem, verbo para tecer a caridade e o
consolo das mãos para auxiliar...
Não
olvides que as aflições irremediáveis emudecem o coração, impedindo, muitas
vezes, a própria palavra naqueles que lhes padecem o insulto.
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