O amor resume toda a Doutrina do Mestre
Jesus. Em resposta à pergunta dos fariseus, sobre qual era o maior
mandamento, ensinou que o amor a Deus e ao próximo como a nós mesmos resumia
toda a Lei. Mas quem será o próximo? Será apenas aquele que nos
ama? Em outra passagem do Evangelho, o Rabi nos recomenda que amemos
nossos inimigos, que façamos o bem a quem nos odeia e que oremos pelos que nos
perseguem e caluniam. O Mestre nos fala que nenhum mérito teremos em
amar somente quem nos ama ou fazermos o bem somente a quem nos faz o
bem. Amar quem nos ama, quem nos trata bem, quem para nós só tem
pensamentos bons não nos exige qualquer esforço, é natural de nossa parte.
Sorrir a quem nos sorri, ser amável a quem é amável para conosco é
fácil. O que ocorre, no entanto, é que costumamos amar somente quem tem
atitudes amáveis para conosco. Poucos agimos com amor para com aqueles
que não conseguem nos amar. A ideia de amar quem nos prejudica, quem
para nós só tem pensamentos negativos, pode nos parecer um tanto
absurda. No entanto, é preciso entendamos o que o Mestre nos quis
transmitir. Ele não quis nos dizer que tenhamos para com nosso inimigo a
ternura que dispensamos aos nossos amigos e irmãos, pois a ternura pressupõe
confiança. Não se tem confiança verdadeira em quem nos dirige
pensamentos negativos, pois os pensamentos criam uma corrente de fluidos e, se
esses são impregnados negativamente, não há como inspirar bons
sentimentos. Mas não devemos, em troca, emitir o mesmo padrão de
pensamentos. Ou ter o mesmo tipo de atitudes de quem nos prejudica, pois assim
nos igualamos a eles. Amar os inimigos não é, portanto, ter para com
eles uma afeição que não é compatível com os sentimentos negativos que deles
emanam e aos quais não somos indiferentes. Mas é não guardar ódio ou rancor ou
desejo de vingança. Amar os inimigos é perdoar-lhes, sem pensamento
oculto e sem quaisquer condições impostas, o mal que nos tenham
causado. É não opor nenhuma restrição à reconciliação com eles, é
desejar-lhes o bem e não o mal, é experimentar alegria com o bem que lhes
aconteça, é ajudá-los, se possível. É, por fim, jamais emitir
pensamentos ruins e, muito menos ter atitudes negativas para com eles,
abstendo-se por palavras ou por atos, de tudo aquilo que os possa
prejudicar. Como Jesus nos recomendou, é oferecer a outra face, a face
da benevolência e do perdão, frente alguma agressão moral, física ou
material. É agir com caridade, pois, se amar o próximo constitui o
princípio da caridade, amar os inimigos é a mais sublime aplicação deste
princípio, e tal virtude representa uma das maiores vitórias contra o egoísmo e
o orgulho.
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