J. HERCULANO PIRES
Trechos do livro AGONIA DAS
RELIGIÕES
Em anexo, na íntegra para você conferir
!
O ponto crucial do problema religioso
chama-se hipocrisia.
E a hipocrisia resulta
das atitudes egoístas, da falta de compreensão do verdadeiro
sentido da Religião, que é caminho e não ponto de chegada da
espiritualização do homem.
Os religiosos que pretendem atingir
a santidade do dia para a noite, que se revestem de pureza
exterior, encobrindo a podridão interior, são as hipócritas
condenados veementemente no Evangelho.
A solução desse
grave problema, que responde pela morte cíclica das civilizações,
está na compreensão da verdadeira natureza do homem, do processo
natural do seu desenvolvimento espiritual.
Os artifícios purificadores
só servem para mascarar as indivíduos pretensiosos.
As práticas ascéticas não
podem ser forçadas.
As paixões e os instintos do homem são
manifestações de forças vitais que, sob o controle da razão e do
sentimento, podem e devem guiar o espírito nos rumos da
transcendência.
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O poder das Religiões não é
mais religioso, mas simplesmente
econômico, político e
social.
As igrejas se esvaziam, os seminários se
fecham, a vocação
sacerdotal desaparece, o clero de todas
elas recorre no mundo inteiro aos mais variados
expedientes para manter seus rebanhos,
fazendo-lhes concessões perigosas.
Mas todos os
expedientes mostram-se incapazes de
restabelecer o prestígio e o poder religiosos, servindo
apenas de remendos de pano novo em roupa
velha, segundo a expressão evangélica.
Começam então a aparecer os
sucedâneos, milhares de seitas forjadas por videntes e
profetas da última hora, na maioria
leigos que se apresentam como missionários, taumaturgos populares, místicos
improvisados e de olhos mais voltados para os bens
terrenos do que para os tesouros do
Reino dos Céus.
Esses bastardos do espírito,
que pululam por toda parte, caracterizam o fenômeno sócio cultural da morte das
Religiões.
O fato é bem conhecido dos
que estudam a Sociologia da
Cultura.
Quando um sistema
institucional esvazia-se no tempo, tragado na voragem das
mudanças culturais, os aproveitadores
invadem os domínios abandonados e socorrem a seu
modo os órfãos em
desespero.
As grandes revoluções
políticas e sociais mostram-nos como
as tiranetes do populacho assumem as
funções dos nobres decaídos, substituindo a
autoridade tradicional pelo mandonismo
dos clãs ressuscitados.
Podemos aplicar ao
caso
uma paródia da explicação metafísica do
horror ao vácuo, dizendo que as sociedades têm
horror ao caos e preenchem a falta de
autoridade legítima (ou pelo menos legitimada) pelo
autoritarismo dos
sátrapas.
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Não seria mais certo
tentarmos a revisão dos conceitos religiosos que nos deram a
herança de tantos fracassos e tão
espantosa expansão do materialismo e do ateísmo no
mundo?
T
odas as grandes religiões afirmam a
onipresença de Deus no Universo.
Não
obstante, todas consideram o mundo
(criado por Deus) como profano, região em que as
trevas dominam e o Diabo faz
a incessante caçada das almas de Deus.
E curioso lembrar que
nos tempos mitológicos o mundo era
considerado sagrado, a vida uma bênção, os prazeres
naturais e as leis da procriação eram
graças concedidas pelos deuses aos homens.
Se Deus está presente num grão
de
areia, numa folha de relva, num fio dos
nossos cabelos e numa pena das asas de um
pássaro, como, apesar dessa impregnação
divina, o homem se defronta com a impureza do
mundo?
Por que estranho motivo necessitamos de
ritos especiais para purificar a inocência
de uma criança, se Deus está presente no
seu olhar puro e límpido, no seu choro, na
meiguice do seu rostinho ainda não
marcado pelo fogo das paixões terrenas?
E porque
precisa o cadáver de recomendação, com
aspersão de água benta, se a ressurreição dos
mortos se faz, como ensina o
Apóstolo Paulo na I Epistola aos Coríntios e como Jesus
exemplificou na sua própria
morte, no corpo espiritual e não no corpo material?
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A violência do homem civilizado tem as suas
raízes profundas e vigorosas na selva.
O
homo brutalis tem as suas leis:
subjugar, humilhar, torturar, matar.
O seu valor
está
sempre acima do valor dos
outros.
A sua crença é a única
válida.
O seu modo de ver
o
mundo e os homens é o único
certo.
O seu deus é o único
verdadeiro.
Só o que é bom
para
ele é bom para a
comunidade.
Os que se opõem aos seus desígnios
devem ser eliminados
pelo bem de
todos.
A violência é o seu método de ação,
justificado pelo seu valor pessoal,
pela sua capacidade única de
julgar.
Tece ele mesmo a trama de fogo do seu
futuro nas
encarnações dolorosas que terá de
enfrentar.
As religiões da violência fizeram de
Deus uma
divindade implacável e os livros
básicos de suas revelações estão cheios de homicídios e
genocídios em nome de
Deus.
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Para as camadas pobres da população e a gente
simples dos bairros elegantes, onde a
ignorância anda sobre tapetes de luxo, o
Espiritismo não é mais do que uma seita de
terapeutas obscuros, de curandeiros
broncos.
Acredita-se que a única finalidade
do
Espiritismo é curar por meio de
processos mágicos.
Mas a cura divina não é privilégio
de
ninguém.
Encontramo-la em todas as religiões e
seitas religiosas do passado e do presente.
E mais ainda a encontraremos no futuro, mas
então já reconhecida como um processo cientificamente explicável e não mais
sujeito à exploração dos missionários por conta
própria que hoje, nas grandes cidades,
enriquecem-se á sombra da ignorância ilustrada e da
miséria analfabeta, tendo por patrono o
orgulho botocudo da alta medicina e o comodismo
criminoso da burocracia dos órgãos
oficiais de assistência social.
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J. HERCULANO
PIRES
Trechos do livro AGONIA DAS
RELIGIÕES
E por aí vai...Imperdível!
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