O Caminho e a Queda
O caminho que o homem deve percorrer na estrada ascensional é longo, milenar, árduo, mas cheio de esperanças para aqueles que perseveram na bonança e na disciplina.
Não há como ascender à montanha da eternidade sem entender o passo a passo de nossa finitude perante o grande todo.
Na nau da harmonia do dia-a-dia somos nós com nosso pensamento intimista, que construímos nossos momentos de alegria ou de tristeza, esta, às vezes, por total inapetência nossa em entender o que vem a ser a nossa necessidade.
Subir rápido na escala de valores divinos é o alvo de todos nós. Queremos ser, rapidamente, anjos, esquecendo-nos de que ao nosso lado existem anjos padecentes da desilusão, nos clamando auxílio.
Queremos galgar a escada ao infinito, mas a matéria ainda nos cobra compreensão enquanto filhos do mesmo Pai, de nossa dimensão molecular, ínsita no mecanismo uníssono e harmonioso do universo.
Para se ver o sol, põe-se necessário cultivar interiormente o brilho das estrelas, esquecendo-nos completamente, fazendo crescer em nossos espíritos os valores crísticos.
Todos aqueles que tenta vivenciar o sol com raízes ficadas no lodo da terra, corre o risco de ter queda insofismável em direção à anti-luz do egoísmo.
A procura do sol perene cobra-nos caminho disciplinado, inteligente, obediente, silente, compreensivo, compassivo, fraterno, despretensioso, humilde e liberto dos valores ominais vinculados aos grilhões da terra.
O sol nos queima, dada a fragilidade da matéria. O espírito é imortal, intocado. A matéria, vinculada a espírito fisificado, sujeita-se a quedas eventuais. A matéria, morada de espírito sublimado na compreensão do bem maior, encontra em si mesmo e, na fé naquele que É, forças para desviar dos precipícios das desilusões.
O caminho largo desorienta-nos a caminhada, pelo excesso de opções e distrações, levando-nos a quedas infantis. O caminho estreito concita-nos ao trabalho, a obediência e à paz.
O caminho largo é simulacro da caridade, arremedo do amor. Muitos o seguem pensando estar amando. O caminho estreito concita-nos ao exercício constante de abandono de nós mesmo, para a vitória do Cristo em nós.
Sejamos apenas aquilo que damos conta. Bem além, guarda-nos e aguardando-nos, entes queridos, torcendo que voltemos para nosso lar definitivo menos materializados, iludidos, enfim, um pouco mais lucificados, destituídos de materialidade mórbida. Sofrem com nossas quedas. Sorriem com nossas vitórias.
Assim, respeitemos a dor e honremos cada sorriso dos que nos amam no templo da eternidade. Façamos de nosso caminho roseiral bendito de luz e, de nossas quedas escola perene ao não erro, referência para nós e para aqueles que tanto amamos.
Seja nosso caminho, trilha exemplar para aqueles que nos seguem as pegadas. Por muito longe estejamos do Cristo, ainda assim, sejamos divulgadores de seus exemplos para minorar a dor daqueles que tanto amamos, mesmo que o véu do esquecimento faça-nos parecer estranhos completos, aos nossos tão combalidos e viciados olhos.
Caminhemos intimoratos nossos caminhos, levando sempre que possível a rede do acolhimento daqueles que porventura encontrarmos em queda pelo caminho. Façamos de nossos caminhos “Lagos de Genesaré”, pescando, sempre que possível almas feridas pelas desilusões das lutas na terra.
Que Deus nos abençoe
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