A Caminho da Luz

domingo, 18 de dezembro de 2011

Arquétipos à luz do Espiritismo.

Sócrates e Platão, filósofos da Grécia Antiga, foram sem margem para dúvida, dois precursores da filosofia espírita-cristã, porquanto, todos os diálogos platónicos são intemporais, pois para além de já anunciarem alguns dos princípios espíritas-cristãos, destacam-se pela busca incessante dos Ideais ou Arquétipos, pelo que é lícito afirmar-se que a filosofia socrático-platónica contém os germens, quer do Cristianismo, quer do Espiritismo, que a bem dizer constituem uma só Doutrina: a Espírita-Cristã; Sócrates e Platão foram assim dois pioneiros em busca dos Ideais ou Arquétipos Puros, que prepararam o caminho para a divina missão do Cristo, o Homem Arquetípico, ou seja, o Guia e Modelo de Perfeição Moral, que toda a Humanidade Terrestre deve seguir como exemplo de conduta, que por sua vez, preparou o caminho para o surgimento do Espiritismo, porquanto, ao prenunciar a vinda do Espírito da Verdade, Cristo referia-se ao advento do Espiritismo, que é o desenvolvimento natural e científico do Cristianismo.
A Filosofia Socrático-Platónica, o Cristianismo e o Espiritismo, têm assim em comum, para além dos princípios básicos da existência de Deus, da imortalidade da alma, da reencarnação, das penas e recompensas futuras, (…), o facto de se caracterizarem pela busca incessante dos Arquétipos de Verdade, Justiça, Beleza, Bondade, (...), ou seja, pela procura dos Ideais em si mesmos; note-se que ao falar aqui em Arquétipos, não me refiro às simples definições ou termos de comparação relativos, dos respectivos valores; refiro-me sim, aos Ideais Absolutos, Eternos e Imutáveis, ou seja, à Verdade, à Justiça, ao Belo, ao Bem, (…), em si e por si mesmos, ou seja, não sujeitos a qualquer mutação e isentos de toda e qualquer definição relativista, pois que são sempre iguais a si mesmos.

Será que estes Arquétipos a que me refiro existem de facto? Existem; e Deus, o Ser Divino, é quem Os possui; mas, será que só a Divindade é que é detentora de Arquétipos? Penso que não; e por isso, tentarei demonstrar, que para além destes Arquétipos Divinos, existem outros arquétipos, que designarei de arquétipos humano-espirituais, que por sua vez, serão inferiores aos Divinos, visto que é impossível alguém igualar-se a Deus. 
É sabido que Deus, o Ente Supremo, cria os espíritos, simples e ignorantes, ou seja, com todas as faculdades que lhes são inerentes em estado embrionário, se assim me posso exprimir, pois que por essa altura, não possuem quaisquer conhecimentos, nem qualquer desenvolvimento moral; é assim, através das sucessivas existências, que os espíritos vão desenvolvendo as respectivas faculdades morais e intelectuais. Segue-se que, para facilitar o caminho aos espíritos, ou seja, para nos facilitar o caminho, pois que todos somos espíritos, Deus, nos dotou com um roteiro, a que se dá o nome de consciência, e nessa mesma consciência espiritual, no acto da criação, deixou gravadas e escritas as Suas Leis, ou seja, as Leis Divinas, assim como, um artista assina a sua obra depois desta estar terminada; as Leis Divinas, constituem, se assim me posso exprimir, uma espécie de Assinatura Divina, ou seja, a marca de Deus, nas suas criações espirituais: os espíritos.
Se temos as Leis de Deus, gravadas na consciência, porque é que nem todos seguem o caminho do bem? Porque é que existe o mal? E, afinal de contas, como distinguir o bem do mal?
Nem todos seguem o caminho do bem e existe o mal, pois Deus, para além de nos dotar com este roteiro, que serve para distinguirmos o bem do mal, também nos criou dotados de livre arbítrio, ou seja, com tanta e igual liberdade, para seguirmos o caminho do bem, como o do mal; do contrário, pergunto eu: onde estaria o mérito, em fazer o bem e renunciar ao mal?

Se assim não fosse, seríamos apenas simples máquinas orgânicas mais ou menos pré-destinadas, com uma liberdade muito limitada, e sem responsabilidade, a nível de pensamentos e sentimentos; com o livre arbítrio, somos livres, para pensar e sentir, o que bem entendermos, mas, como somos responsáveis pelo que pensamos e sentimos, sofremos a todo o momento, as consequências boas ou más, desses mesmos pensamentos e sentimentos, consoante eles sejam bons ou maus, respectivamente; afinal, o que é mais justo, mais sensato e mais lógico? Ser uma máquina pré-destinada ou ser um espírito dotado de livre arbítrio?
Como distinguir então o bem do mal? Eis, a última das questões supramencionadas; primeiro, direi que o bem, conceptualmente falando, é tudo o que está de acordo com as Leis de Deus, logo, fazer o bem, é agir de acordo com essas mesmas Leis; por sua vez, o mal, resulta da transgressão das respectivas Leis Divinas, de onde se conclui, muito facilmente, que o criador do mal é o ser humano e não Deus; porquanto, é o ser humano, que através do livre arbítrio, opta por transgredir as Leis de Deus, contrariando assim a própria consciência, e originando aquilo que vulgarmente se designa de mal.
É por isso, que quando fazemos o mal, sentimos aquilo que comummente se apelida de peso na consciência, que é o resultado da transgressão às Leis, que temos gravadas na consciência, originando-se o respectivo mal-estar moral interior; já, quando fazemos o bem, sentimos o respectivo bem-estar moral interior, pois que estamos a agir em conformidade com a nossa própria consciência.
À medida, então, que evoluímos, quer moral, quer intelectualmente, vamo-nos consciencializando cada vez mais, desses arquétipos espirituais, que temos gravados na consciência, que constituem as Leis Divinas; senão vejamos: a que seres humanos dotados de bom senso, não lhes repugna somente a ideia, dos actos bárbaros, que narra a história, há séculos e séculos atrás? Não é isto o reflexo e resultado da evolução moral e intelectual dos espíritos humanos?

 Portanto, distinguir o bem do mal, não é assim tarefa tão difícil, quanto possa parecer à primeira vista, isto se, seguirmos o guia infalível da consciência, e as máximas morais, preconizadas por Cristo, que nos dizem, que o bem, conceptualmente falando, consiste em não fazermos aos outros, o que não queremos que os outros nos façam, e, em fazermos aos outros, o que queremos que os outros nos façam; e, que o mal, por sua vez, resulta da transgressão destas respectivas máximas morais; porquanto, da consciência arquetípica de Cristo, já resplandeciam os arquétipos espirituais da humildade, verdade, justiça, bondade, (…), pois que a mesma, já não se encontrava obscurecida pelo orgulho, egoísmo e restantes imperfeições humanas, que daí se originam.
Ora, se estes arquétipos espirituais a que me refiro não existissem, onde estaria então o fundamento das definições e expressões relativistas, que todos nós usamos diariamente, ao dizermos por exemplo que determinadas coisas ou acções, são justas, verdadeiras, belas, bondosas, (…), ou, injustas, falsas, feias, maldosas? (…); não constitui este facto, a prova evidente de que os arquétipos existem de facto? Eis, que seguindo a regra axiomática de que todo o efeito tem uma causa, é possível provar que os ideais ou arquétipos de justiça, verdade, beleza, bondade, (…), não constituem uma utopia, como muitos possam pensar, pois que é pela busca incessante dos mesmos, que os seres humanos, vão construindo as respectivas definições relativas, mais ou menos imperfeitas, acerca dos respectivos arquétipos; e, é exactamente por este motivo, que as noções actuais de justiça e bondade, se bem que ainda imperfeitas, estão mais aperfeiçoadas, se comparadas com as definições acerca da justiça e bondade, dos tempos bárbaros, logo, estão mais próximas da Justiça e do Bem Arquetípicos; porquanto, à medida que os espíritos humanos progridem em ciência, arte e moralidade, através das sucessivas encarnações, vão-se depurando, cultivando as virtudes e eliminando os defeitos, ou seja, vão-se dando conta dos arquétipos espirituais que estão contidos na própria consciência; daí as definições divergentes, relativas e mais ou menos imperfeitas, que cada ser humano atribui aos respectivos ideais, pois que não nos encontramos todos no mesmo nível moral e intelectual; isto significa, que quanto mais obscurecida, por assim dizer, estiver a consciência arquetípica, com os mais variados defeitos e vícios humanos, mais deficitárias serão as respectivas definições relativas acerca dos arquétipos espirituais. Segue-se daí, que quanto mais trabalharmos no nosso próprio aperfeiçoamento moral e intelectual, cultivando as virtudes e eliminando os defeitos, tão mais depressa, alcançaremos o nosso objectivo final, que é a Pureza Espiritual; nessa altura, saberemos então o que são em si mesmos, os Arquétipos Espirituais, porquanto, a nossa consciência arquetípica, já não se encontrará obscurecida, por nenhuma imperfeição humana.

 

  


Nenhum comentário:

Postar um comentário