A Caminho da Luz

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Humildade é o Esteio da Evolução Espiritual


Humildade é o Esteio da Evolução Espiritual


 
A verdadeira humildade é aquela que faz as pessoas enxergarem as próprias potencialidades e limitações, dando a medida exata de ambos. A verdadeira humildade auxilia as pessoas a tomarem consciência das suas limitações, alertando-as a tomar sempre o caminho do meio, da ponderação e do justo procedimento. Embora muitas pessoas confundam humildade com poucos recursos financeiros, humildade significa simplicidade espiritual e, portanto, independe de classe social ou grau de inteligência. “O humilde não se deixa lisonjear pelos elogios ou pela situação de destaque em que se encontre. Todo sábio é humilde, porque sabe que sabe pouco do muito que deveria saber”,
Leia abaixo a entrevista de Sergio  Biagi à Revista Bem-Estar.

 - Por que a humildade é o fundamento de todas as virtudes?
Sérgio Biagi Gregório - Virtude é uma disposição adquirida voluntária, que consiste na conduta racional de um ser humano ponderado. De acordo com Aristóteles, a virtude é a média entre duas extremidades, uma por excesso, a outra por falta. Ela se situa no ponto mais elevado no que se refere ao bem e à perfeição. É o justo meio. A humildade auxilia-nos a encontrar esse ponto médio, esse justo meio.

 - O que é a verdadeira humildade?
Biagi - A verdadeira humildade é aquela que nos faz ver as nossas potencialidades e as nossas limitações, dando-nos a medida exata de ambos. Ela nos auxilia a tomar consciência de nossas limitações, alertando-nos a tomar sempre o caminho do meio, da ponderação, do justo procedimento. Os nossos desejos são infinitos; atendendo-os, podemos nos tornar prepotentes. A humildade ensina-nos a administrá-los de acordo com os nossos recursos pessoais, para não darmos o passo maior do que a perna.

 - Como podemos nos tornar verdadeiramente humildes?
Biagi - Jesus Cristo nos deixou a boa-nova, os ensinamentos evangélicos, as bem-aventuranças. Se seguirmos os seus exemplos, as suas diretrizes, com certeza nos tornaremos verdadeiros humildes. A sua vida, desde o nascimento numa estrebaria até a morte na cruz, foi uma vida dedicada a atender a vontade do Pai e não a sua. Observe que toda a moral do Cristo se resumiu na caridade e na humildade, mostrando-nos que essas virtudes são os verdadeiros caminhos para a felicidade eterna.

 - Por que o verdadeiro humilde geralmente não sabe que o é?
Biagi - A humildade faz parte do indivíduo, sem que ele a perceba. É uma espécie de reflexo congênito. O verdadeiro humilde pratica o bem sem outro móvel que o próprio bem. Não está preocupado sobre o que os outros pensam dele. Em contrapartida, tão logo nos dizemos humildes, já não o somos mais, porque este pensamento fez-nos despertar o seu oposto, que é o orgulho, o orgulho de ser humilde.

 - A humildade é fundamental para a nossa evolução?
Biagi - Evolução é a atualização das virtualidades inscritas em nossa consciência. Se não formos humildes, como vamos detectar com clareza essas virtualidades? Observe o orgulhoso: ele geralmente se acha mais merecedor de elogios, de cuidados, do que os outros. Com isso, dificulta o verdadeiro conhecimento de si mesmo. Falta-lhe a autenticidade, ou seja, ver as coisas como realmente elas são.

 - A humildade faz com que reconheçamos os nossos próprios erros? Por quê?
Biagi - Sim, porque a pessoa humilde aceita pacientemente as críticas e as observações que lhe são dirigidas. Ela não tem receio de uma reprimenda, de um vexame público, pois sabe tirar proveito das coisas contrárias. Tem plena consciência de que aprendizado vem pelo erro e aplica a frase latina errando “corrigitur error” (errando, corrige-se o erro), com maestria.

 - É verdade que nosso objetivo de vida na Terra só será atingido com humildade? Por quê?
Biagi - A humildade é um dos esteios de nossa evolução espiritual. Há, porém, outros fatores a serem considerados, como, por exemplo, a caridade. Tanto é verdade que os Espíritos de Luz costumam dizer que a caridade e a humildade são as virtudes por excelência, por serem os opostos do egoísmo e do orgulho.

 - A vida nos dá oportunidades para alcançarmos a humildade? Como podemos reconhecê-las?
Biagi - Toda situação contrária aos nossos desejos é uma ótima oportunidade para exercitarmos a humildade. Quantas vezes não somos incompreendidos? Por um mal-entendido, recebemos repreensão deste, admoestação do outro. Qual a nossa reação? Nos rebelarmos ou assumirmos uma atitude de humildade? Se optarmos pela humildade, poderemos nos silenciar, fazer uma prece pelo ocorrido e esperar pela atuação dos bons Espíritos de Luz.

 - Como o senhor define um falso humilde?
Biagi - O falso humilde é aquele que não conhece a si mesmo. Ele está sempre pronto a mudar de ideia frente a uma observação contrária. Se alguém faz um elogio ao seu trabalho, ele diz que foi o outro que fez aquele trabalho; se alguém elogia a sua roupa, a sua pessoa, acha sempre uma desculpa para não assumir aquilo que é. Nós não precisamos cultuar o egocentrismo, mas quando a observação mostra aquilo que realmente somos, devemos aceitá-la naturalmente, sem subterfúgios.

 - Ser humilde não significa ser pobre?
Biagi - É um dos principais equívocos acerca da humildade. Confundimos simplicidade, humildade com pobreza, com parcos recursos materiais. Ouvimos dizer: “Ela é um pessoa simples, ela é uma pessoa humilde”, referindo-se ao ser humano de poucos recursos materiais. A humildade, porém, é algo inerente ao Espírito encarnado, independe de ser pobre ou rico, inteligente ou não.

 - É somente o orgulho que nos impede de sermos humildes?
Biagi - O orgulho, que é o seu oposto, é um dos principais empecilhos. Contudo, podemos acrescentar também o egoísmo que, segundo Allan Kardec, é o maior cancro da sociedade. Se cada um de nós aplicasse a “lei áurea” (fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem), com certeza teríamos uma sociedade mais justa e mais igualitária.

 - Qual é a relação entre humildade e fé?
Biagi - A fé é um sentimento inato do ser humano. Este sentimento pode ter um desfecho dogmático ou racional. Segundo Allan Kardec, deveríamos praticar a fé raciocinada. Para que possamos raciocinar a fé, há necessidade da humildade, porque a humildade estimula a pureza de nossa alma, desviando-nos de tudo aquilo que pudesse atrapalhar a busca do sumo bem.

 - Qual é a relação entre humildade e amor?
Biagi - O amor pode ser analisado na mesma linha da fé. O amor é uma palavra que basta a si mesma. Ela não precisa dos complementos que normalmente usamos, ou seja, “amor é renúncia”, “amor é perdão.” A pessoa que realmente ama não precisa perdoar, não precisa renunciar. A sua vida é uma vida de doação. Nesse sentido, quanto mais humilde alguém for, mais condição terá de alcançar esse amor maior, que é o amor incondicional, ensinado pelo mestre Jesus.

 - Qual é a grande lição que os Espíritos Benfeitores nos trazem?
Biagi - O capítulo VII – “Bem-Aventurados os Pobres pelo Espírito”, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, traz-nos diversas lições para a compreensão pormenorizada deste tema. De início, esclarece-nos que os pobres pelo Espírito não são as pessoas pobres, mas as pessoas humildes, que também podem ser os pobres. A grande lição é o combate ao orgulho, alertando-nos para os diversos tentáculos desse sentimento, que corrói todo o nosso ser, dificultando-nos a prática da humildade.

 - O “Reino dos Céus” é um estado de espírito? Podemos alcançá-lo nesta existência? Como?
Biagi - O Reino dos Céus não é um lugar circunscrito, nem governo ou Estado; é o governo de cada um pela obediência às leis naturais, inscritas por Deus em nossa consciência. Todas as vezes que obedecemos à Lei Natural estamos construindo esse reino de Deus. É uma construção ininterrupta, tal qual o conhecimento, cujo horizonte nos foge sempre, a ponto de Sócrates dizer que ele foi considerado o mais sábio, porque ele era o único que sabia que não sabia nada.

 - Outras informações que considerar importante.
Biagi - O termo humildade vem de húmus, palavra de origem latina que quer dizer terra fértil, rica em nutrientes e preparada para receber a semente. Nesse sentido, uma pessoa humilde está sempre disposta a aprender e a deixar brotar em sua alma, a boa semente. Na Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo, é a virtude que conduz o indivíduo à consciência das suas limitações. O humilde não se deixa lisonjear pelos elogios ou pela situação de destaque em que se encontre. Todo sábio é humilde, porque sabe que só sabe pouco do muito que deveria saber.
abraço apertado!


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