O capítulo V de O Evangelho segundo o Espiritismo “Bem Aventurados os Aflitos”, é magnífico, um convite à reflexão, principalmente quando chegamos nessa época de final de ano, em que nos vemos envidados a fazer um balanço existencial. E neste mesmo capítulo está o tópico “Esquecimento do passado”, de onde retirei um parágrafo para motivo de nossos estudos.
“Deus nos deu para melhorarmos, justamente o que necessitamos e
nos é suficiente: a voz da consciência e as tendências instintivas; e
nos tira o que poderia prejudicar-nos”.
Como lemos no parágrafo acima, a bondade divina atende perfeitamente
nossas necessidades. Deus, em sua infinita misericórdia deixa o
necessário para nosso adiantamento e nos faz esquecer temporariamente o
que poderia nos prejudicar. Portanto, não há razões para nos debatermos
em um passado que nos traria constrangimentos, diminuindo nossa estima
ou exaltando nosso orgulho. Deus é o divino educador e prima por nos
ensinar a viver, por isso não precisa nos torturar fazendo-nos lembrar
de nossos desvarios para que aprendamos. Não necessitamos lembrar de um
passado repleto de lixos emocionais, de mágoas, tristezas e rebeldias
que tanto nos fizeram sofrer.Deus apaga temporariamente o passado tortuoso, mas não apaga de nossa consciência o passado saudável, o passado de amor, de amizade e de boa convivência, aliás, este passado deve ser cultivado em nosso coração. Deus não apaga a lembrança dos amigos de infância, da primeira professora que tanto bem nos fez, do primeiro amor que tanta emoção nos causou...
O esquecimento é para o passado sinistro e tenebroso de equívocos perpetrados, de desesperança e dor. Este passado devemos temporariamente esquecer. Mas o passado das boas lembranças permanecem. Ainda bem! E como é bom voltar ao passado e viajar no tempo das doces recordações. É com carinho que me lembro de minha mãe que tão nova se mudou para a pátria espiritual, não posso esquecer os amigos da época da escola, da faculdade, das empresas por onde passei, todos trazem alegres lembranças, doces recordações. Tenho certeza que você, caro leitor e leitora, também estão puxando na memória os amigos, os acontecimentos felizes, as eternas lembranças dos afetos queridos. Este passado a bondade divina não apaga. Alguns poderão questionar:
Mas tive um passado de dor, desilusão e sofrimento, como esquecê-lo? Como esquecer aqueles que me fizeram sofrer? Como esquecer ocorrências que tanto mal me causaram? A você, caro leitor e leitora, podemos afirmar que dói muito mais fazer sofrer do que sofrer. Quem fez sofrer habilita-se ao pagamento, no entanto, quem sofreu pode seguir em frente, renovando as idéias, a vida e construindo um novo futuro. A propósito, o findar do ano é propício para duas coisas: lembrar dos acontecimentos felizes e esquecer as passagens infelizes. Enfim, o findar do ano é tempo de refletir e recomeçar. Se a mágoa o visitou. Perdoe. Feriram seu coração? Perdoe. Causaram-lhe prejuízos? Perdoe. Perdoe sempre, esqueça o mal e lembre-se:
Viver bem é questão de escolha e recomeçar é um direito de todos. Deus nos quer felizes, por isso, ano novo, novos projetos e fé na vida!
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