A Caminho da Luz

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Ampliando a capacidade de discernimento


               Ampliando a capacidade de discernimento



Discernimento é definido pelo dicionário Houaiss como a capacidade de compreender situações e de separar o
certo do errado


Os Espíritos que guiam a humanidade terrena têm sistematicamente enfatizado que o progresso espiritual – objetivo fundamental do nosso retorno à vida corporal – só é alcançado se nós nos desenvolvermos em várias dimensões, virtudes e capacidades. No presente artigo vamos discorrer sobre o discernimento, já que a falta dele, não raro, leva a graves consequências para o bem-estar espiritual do indivíduo.

Posto isto, cumpre inicialmente destacar que o substantivo discernimento é definido pelo dicionário Houaiss como a capacidade de compreender situações e de separar o certo do errado. Pressupõe igualmente a habilidade que um indivíduo tem de avaliar as coisas com bom senso e clareza, juízo e tino. É também considerado sinônimo de inteligência e perspicácia e, em decorrência, antônimo de indiscernimento e inépcia. Assim sendo, logo se vê que se trata de uma capacidade inegavelmente básica. No entanto, seria um despautério afirmar que ela seja encontrada em abundância no mundo onde vivemos. 

Esclarece o cientista social Warren S. Brown que discernimento é a forma de sabedoria em ver uma questão através de uma perspectiva singularmente inteligente, e que tem o potencial de levar à solução de um problema concreto ou de enquadrá-lo de uma maneira tal que conduza à clareza da questão.1

Por sua vez, o pesquisador Hazel C. V. Traüffer propõe que discernimento é a regulação do pensamento de um indivíduo na busca de “aquisição e aplicação de conhecimento na tomada de decisões que sejam corretas, justas, e dignas”.2 A propósito, Traüffer e seus colegas acreditam que, de uma perspectiva acadêmica, discernimento está inserido dentro da disciplina de espiritualidade.3 E tal afirmação nos dá mais tranquilidade para abordar o tema em questão sob as lentes da Doutrina Espírita.

Aliás, a capacidade de discernimento tem sido associada ao lendário rei de Israel, Salomão, que, baseado na sua admirável habilidade de fazer o certo, justo e de tomar decisões corretas, tem sido reverenciado, pelo menos por alguns pesquisadores, como o homem mais sábio que já viveu neste mundo.4

Cultura intelectual e aprimoramento moral são, segundo Emmanuel, imperativos da vida

Entretanto, cabe destacar que embora tivesse sido um líder com acentuada capacidade de julgamento, Salomão não era perfeito. Mas voltando à ligação de discernimento com o campo religioso, que nos interessa examinar mais particularmente, o apóstolo Paulo foi enfático ao nos conclamar o seguinte: “E peço isto: que o vosso amor cresça mais e mais em ciência e em todo o conhecimento”.5 Ora, não fica difícil depreender que o importante missionário de Deus nos concitava a desenvolvermos o amor esclarecido, sadio e equilibrado.

O Espírito Emmanuel, de maneira similar, argumenta que “Cultura intelectual e aprimoramento moral são imperativos da vida, possibilitando-nos a manifestação do amor, no império da sublimação que nos aproxima de Deus”.6 Afinal de contas, como ele bem pondera: “... o semeador do Céu ausentou-se da grandeza a que se acolhe e veio até nós, espalhando as claridades da Revelação e aumentando-nos a visão e o discernimento [...]”.7 Assim sendo, “Aceitar os problemas do mundo e superá-los, à força de nosso trabalho e de nossa serenidade, é a fórmula justa de aquisição do discernimento”.8

Portanto, em que aspectos (problemas) podemos colocar em prática essa capacidade? Allan Kardec nos dá uma pista importante quando ele indagou aos mentores espirituais o seguinte: “Como distinguirmos se um pensamento sugerido procede de um bom Espírito ou de um Espírito mau?” Ao que eles prontamente lhe esclareceram: “Estudai o caso. Os bons Espíritos só para o bem aconselham. Compete-vos discernir”.9 A Doutrina Espírita nos esclarece que vivemos em constante permuta mental com as entidades desencarnadas. Ao analisar a natureza da sugestão que nos acorre à mente poderemos saber a polaridade espiritual do emissor invisível. 

Mas podemos incluir ações inteligentes ou capacitação para, por exemplo, enxergar a realidade tal qual ela é. Nesse sentido, basta observarmos as catástrofes e tragédias que assolam o nosso mundo na atualidade para concluirmos que algo muito sério está em curso. 

Nossa opaca visão nos impede, muitas vezes, de enxergarmos as coisas que desafiam o bom senso

Basta repararmos na pletora de falsos profetas imiscuídos no seio das religiões, de modo geral, barganhando a fé, desvirtuando as almas incautas, entre outros descalabros. É também digna de nota a miríade de pseudoterapeutas – verdadeiros lobos humanos – que exploram a ingenuidade humana prometendo o que não podem entregar.

Vale acrescentar igualmente a treva que há em nós mesmos – algo sempre muito duro de admitirmos. Aliás, o Espírito Emmanuel observa com sabedoria que: “O comprimido ajuda, a injeção melhora, entretanto, nunca te esqueças de que os verdadeiros males procedem do coração”.10 No entanto, a nossa opaca visão nos impede – muitas vezes – de enxergarmos as coisas que desafiam o bom senso. E isto é tão grave que, não raro, abarca até mesmo as nações como um todo. Um fato recente que reforça essa percepção diz respeito à prevalência da lei do Talião na execução do conhecido terrorista Osama Bin Laden. O triste desfecho dessa história – totalmente divorciada de qualquer ideal cristão – provavelmente redundará em mais violência e destruição de vidas. 

Discernimento tem uma ligação – no sentido transcendente que nos propomos examinar aqui – com a iniciativa de procurar entender a sabedoria divina. Posto isto, o referido mentor nos recomenda que busquemos a nossa intimidade com sabedoria por meio do estudo e da meditação de modo a podermos captar os alvitres de Deus.11 Nesse particular, vale ressaltar que o evangelho é o remédio vital para que a nossa saúde espiritual seja preservada. Com efeito, Jesus nos advertiu que, se quiséssemos segui-lo – e ele foi o que mais perfeitamente captou o pensamento divino –, que renunciássemos a nós mesmos. Tal recomendação claramente sugere qual é o caminho para nos alinharmos a Deus.

Por extensão, também não conseguiremos progredir em nossa capacidade discernitiva se não combatermos o egocentrismo que geralmente ressuma de nós. Relata Lucas (17:15) que Jesus curou em determinada aldeia dez leprosos ávidos pelos seus poderes miraculosos em sua viagem rumo a Jerusalém. No entanto, apenas um voltou para agradecer a graça recebida


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