A Caminho da Luz

quarta-feira, 7 de março de 2012

O Espírito e a matéria

O Espírito e a matéria
Estudos sobre a encarnação e sobre o homossexualismo


Allan Kardec pergunta, em O Livro dos Espíritos:

(141) Há alguma verdade na opinião dos que pensam que a alma é exterior e envolve o corpo?

– A alma não está aprisionada no corpo como um pássaro numa gaiola. Irradiante, ela brilha e se manifesta ao redor dele como a luz através de um globo de vidro ou como o som ao redor de um centro sonoro. É desse modo que se pode dizer que é exterior, mas não é o envoltório do corpo. A alma tem dois envoltórios ou corpos: um sutil e leve, que é o primeiro, chamado perispírito; o outro, grosseiro, material e pesado, que é o corpo carnal. A alma é o centro de todos esses envoltórios, como o germe o é numa semente, como já dissemos.

Esta questão nos leva a algumas reflexões.

Se “a alma não está aprisionada no corpo” e “brilha e se manifesta ao redor dele como a luz através de um globo de vidro” equivale dizer que, de certa forma, jamais deixamos o mundo dos Espíritos e que nossa manifestação no mundo físico é uma manifestação indireta, como afirmam os Espíritos – “É desse modo que se pode dizer que é exterior”.

O Espírito irradia ao redor do corpo, emitindo a este uma vontade constante que o faz obedecer as suas ordens através de um liame condutor que é o perispírito, assim como um homem manipula a sua marionete, dando-lhe a impressão de vida, embora ele não seja a marionete e nem tampouco a marionete seja dotada de vida.


NÃO TOCAMOS NA MATÉRIA

Sabe-se que o corpo, embora composto de matéria orgânica, é destituído de vida, assim como o perispírito que é fluido (ver em O Livro dos Espíritos, 257, Ensaio Teórico sobre a Sensação nos Espíritos); que a vida em si tem como único princípio o Espírito, que é o ser inteligente e dotado de vontade; que uma vez desligado do Espírito, o corpo deixa de funcionar e dá-se o fenômeno da morte.

Durante sua ligação, o Espírito entretém a vida do corpo pelo seu perispírito que é formado ao mesmo tempo de fluidos ambientais, fluido elétrico, magnético, nervoso e também de fluido vital (Ver O Livro dos Espíritos, Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, tópico II, Alma, Princípio Vital e Fluido Vital). É esse elemento – o perispírito – que dá vida ao corpo, ou, melhor dizendo, vitalidade, permitindo assim ao Espírito exercer sobre ele sua ação. Ora, se nós, Espíritos, somente podemos agir sobre o corpo físico através de uma ponte, que é o perispírito, compreende-se daí que nossa ação sobre a matéria é indireta e que de certo modo, não tocamos nela. Vejamos mais sobre isso em O Livro dos Espíritos:

(27) Haveria, assim, dois elementos gerais do universo: a matéria e o Espírito?

 – Sim, e acima de tudo Deus, o Criador, o Pai de todas as coisas. Deus, Espírito e matéria são o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas ao elemento material é preciso acrescentar o fluido universal, que faz o papel de intermediário entre o Espírito e a matéria propriamente dita, muito grosseira para que o Espírito possa ter uma ação sobre ela (...).

Como se vê, a matéria propriamente dita é “muito grosseira para que o Espírito possa ter uma ação sobre ela”, confirmando o fato de que nós, Espíritos, só agimos sobre ela de forma indireta, segundo o que nos ensinam os Espíritos na pergunta 141, acima citada. Assim, podemos crer que, de certa forma, nunca deixamos o mundo dos Espíritos e que só podemos nos expressar no mundo físico graças ao corpo perispiritual. A imagem de um garoto soltando pipa dá uma visão a respeito de nossa ação externa sobre o corpo. O garoto é o Espírito, a linha que sai do garoto à pipa é o perispírito e a pipa é o corpo que obedece a vontade do Espírito, transmitida pela linha. A pipa não é o garoto e o garoto não está dentro da pipa.

Outro exemplo que pode nos ajudar a compreender esta questão: no filme Avatar o personagem principal era um jovem que ao entrar em uma máquina era de certa forma transportado à nova realidade, assumindo o corpo do seu avatar e o manipulando como se fosse o seu, impondo-lhe direção e vontade. No entanto, o jovem que era o verdadeiro ser por detrás daquele avatar, não estava dentro do seu avatar, mas o manipulava de fora (se você não viu o filme, aí vai uma excelente sugestão).

Em resumo, nós, Espíritos encarnados na Terra, sofremos uma forte impressão das relações da vida física através do perispírito que nos mantém ligado ao corpo. Todas as impressões que o corpo sofre, são transmitidas ao Espírito através deste condutor e essa impressão é tão forte que cria em nós a ilusão de que estamos encerrados dentro de um corpo e muitas vezes que somos o próprio corpo. Daí a expressão inúmeras vezes falada e ouvida “o meu Espírito”.

Sobre isso, vejamos o que nos ensina Allan Kardec em O Livro dos Espíritos:

(22 a) Que definição podeis dar da matéria?
– A matéria é o laço que prende o Espírito; é o instrumento de que ele se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação.

“De acordo com essa ideia, pode-se dizer que a matéria é o agente, o intermediário, com a ajuda do qual, e sobre o qual, atua o Espírito.”

A ligação entre Espírito e corpo é por vezes tão forte que gera uma verdadeira inversão de valores, fazendo com que muitos Espíritos, quando encarnados, acreditem que a matéria é tudo o que existe e que após a morte, virá o nada. Alguns, ao desencarnar, percebem quase de imediato o erro no qual mergulharam durante a vida, mas há aqueles que, mesmo depois da morte, conservam a impressão deixada pelo corpo e mantêm-se materialistas, mesmo no mundo dos Espíritos. Essa perturbação dura um tempo maior ou menor, de acordo com o maior ou menor apego que o Espírito possui em torno das questões materiais (ver questões 163 em diante de O Livro dos Espíritos).

Vamos agora debater outra teoria com base na pergunta 141, a respeito de nossa sexualidade, enquanto na Terra. Para isso, mais uma vez recorremos a O Livro dos Espíritos:


SEXO NOS ESPÍRITOS, HOMOSSEXUALIDADE

(200) Os Espíritos têm sexo?

– Não como o entendeis, porque o sexo depende do organismo físico. Existe entre eles amor e simpatia, mas fundados na identidade dos sentimentos.

(201) O Espírito que animou o corpo de um homem pode, em uma nova existência, animar o de uma mulher e vice-versa?

– Sim, são os mesmos Espíritos que animam os homens e as mulheres.

(202) Quando está na erraticidade, o Espírito prefere encarnar no corpo de um homem ou de uma mulher?

– Isso pouco importa ao Espírito. Depende das provas que deve suportar.

“Os Espíritos encarnam como homens ou mulheres, porque não têm sexo. Como devem progredir em tudo, cada sexo, assim como cada posição social, lhes oferece provas, deveres especiais e a ocasião de adquirir experiência. Aquele que encarnasse sempre como homem apenas saberia o que sabem os homens.”

Onde queremos chegar?

É comum ouvirmos a seguinte explicação para os casos de homossexualidade: um Espírito viveu inúmeras vezes como mulher. Ao reencarnar como homem, conserva o psiquismo feminino devido às inúmeras experiências de outrora e por isso, pouco adaptado à nova realidade masculina, despeja por assim dizer sobre o corpo masculino o psiquismo feminino conservado e torna-se homossexual. A nosso ver, essa teoria, caso seja admitida como regra geral e absoluta, pode dar a impressão de que se o Espírito viver várias existências como homem ou mulher, será “por isso” homossexual.



O QUE ENSINA ALLAN KARDEC?

Allan Kardec, na Revista Espírita, Janeiro de 1866, confirma a teoria acima no artigo “As mulheres têm Alma?” e desse modo, apresentamo-la como um dos motivos que podem levar ao homossexualismo. O erro ocorre quando a usamos como absolutismo ou quando tentamos justificar o homossexualismo por meio de ideias punitivas, atreladas invariavelmente a deslizes do passado, o que geralmente caracteriza preconceito. Abaixo, colamos parte das explicações de Kardec a respeito e a fonte, para aqueles que desejam aprofundar o estudo:

“Numa nova encarnação, ele trará o caráter e as inclinações que tinha como Espírito; se for avançado, fará um homem avançado; se for atrasado, fará um homem atrasado. Mudando de sexo, poderá, pois, sob essa impressão e em sua nova encarnação, conservar os gostos, as tendências e o caráter inerentes ao sexo que acaba de deixar. Assim se explicam certas anomalias aparentes que se notam no caráter de certos homens e de certas mulheres” (RE, Jan. 1866).

Vemos aí que o Espírito pode conservar traços das experiências passadas e apresenta-los na vida atual. Desse modo, um Espírito que tenha vivido como mulher, pode conservar os traços femininos e ao encarnar em um corpo masculino, despejar sobre o mesmo “as tendências e o caráter inerentes ao sexo que acaba de deixar”. Em decorrência disso, o corpo que é o instrumento do Espírito, ao receber tais impressões, passa a assumir comportamentos opostos ao seu gênero sexual, podendo ainda sofrer alterações químicas hormonais devido ao psiquismo do Espírito sobre ele.

Como vimos nas perguntas 200 em diante, os Espíritos afirmam que o sexo “pouco importa” aos Espíritos, tendo em vista que os Espíritos “não tem sexo”. Se o Espírito não tem sexo, equivale dizer que, mesmo tendo encarnado inúmeras vezes como mulher, não irá conversar disso senão experiências ou aparências.



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