PODER E
VIDA
A
simplicidade do Médium Divino desarticulava a arrogância dos presunçosos, que se
atribuíam direitos a privilégios e considerações.
Ele amava o povo, que lhe constituía a razão de haver mergulhado no corpo, a fim
de o erguer à Realidade Última.
Este amor era luz e a luz era Ele.
Terminando de espraiar-se em ondas de ternura nos corações ávidos de consolo,
Dele se aproximou um triunfador terreno e exorou:
—
Que é o poder? Qual o verdadeiro, que projeta o homem na direção da sua
plenitude?
Havia um honesto interesse na indagação. Graças a isto, o Libertador
respondeu:
“ — O
verdadeiro poder é aquele que se irradia em vibrações de paz, irrigando a vida
com amor. O que se caracteriza pela suavidade da
sua força;
que se deixa conduzir por toda parte sem causar preocupação nem temor; que
oferece confiança e concede proteção; que está
presente e
não ostentação; é natural, porque se conhece, resistindo a todas as investidas
do mal através da não-violência.
No
mundo, o poder corrompe vidas, envenena almas, dilacera sentimentos, entorpece o
caráter, macula as virtudes.
Quando atinge, contamina, terminando por vitimar aquele que o utiliza, quase
sempre desordenadamente.
Apresenta-se no disfarce da beleza, da fortuna, da sociedade, da política, da
cultura vaidosa, da religião temerária.
Com a facilidade que alça ao pináculo da glória, da fama, da dominação, conduz
ao corredor sombrio e estreito da loucura, do abandono,
do crime e
da morte.
O
poder humano, considerado e temido, é névoa que o calor do tempo dilui. Consiste
em um empréstimo-provação das Soberanas
Leis, para
ser usado de forma edificante na construção do progresso e na sustentação das
vidas.
Os
seus usuários, entretanto, raramente utilizam-no com sabedoria, sucumbindo sob a
sua tormentosa constrição.
O
homem que realmente pode, é aquele que se domina, sem aos outros submeter; que
se supera, sem aos demais vencer; que se liberta,
a todos
oferecendo campo para a própria ventura.
O
único poder real é Deus. Transitórios, são todos os demais, que resultam da
ilusão de amealhar, de dispor de servidores e áulicos, de
soldados e
bajuladores, pois que a morte a todos vencerá, igualando-os na horizontal do
túmulo.
O
poder do Espírito sobre si mesmo, haurido na meditação, na prece, na ação do
bem, na auto-eliminação, é o que nunca se perde,
nem se
decompõe, nem aflige.
O
poder moral, este sim, fomenta Vida.”
(De “A UM
PASSO DA IMORTALIDADE”, de Divaldo P. Franco, pelo Espírito
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