A Caminho da Luz

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O Anúncio dos nascimentos de João Batista

O Anúncio dos nascimentos de João Batista e de Jesus

Vejamos a grandeza da Mãe de nosso Senhor e a segurança com que agia analisando seu comportamento num momento que seria de tensão para qualquer um, o anúncio de que seria a mãe do Filho do Altíssimo.
Um anjo fez esta revelação para Maria, ela seria mãe do Messias. Só isto já bastaria para deixar qualquer um apreensivo.
O povo hebreu esperava um Messias há muitos séculos, ele seria o libertador dos seguidores de Moisés, reunificaria as doze tribos e faria de Israel a maior entre todas as nações.
Vivia-se um período de conflitos, o império romano dominava a nação judaica, e o povo de Israel desejava ardentemente alguém que revertesse esta situação. Muitos àquele tempo diziam ser o Messias, ele era aguardado ansiosamente…
Por que ser ele filho de uma mulher tão simples? Deve ter pensado, Ele poderia ser filho de um sumo sacerdote, de um rei, de alguém realmente preparado para lhe dar melhores condições. Ela deve ter tido vários conflitos a respeito. Deve ter perdido várias noites de sono se perguntando como educar o menino, um verdadeiro Filho de Deus. E se ela falhasse, atrapalharia os planos do Todo Poderoso? Deus tem seus mistérios e Maria tudo refletia em seu coração.
Nós gostaríamos de analisar dois aspectos na passagem do anúncio do anjo a Maria, comparando–a a um anúncio semelhante feito pela mesma entidade espiritual a Zacarias, aquele que seria o pai de João Batista. Quem narra é Lucas:
Anúncio a Zacarias
Existiu, no tempo de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da ordem de Abias, e cuja mulher era das filhas de Arão; e o seu nome era Isabel. 6 E eram ambos justos perante Deus, andando sem repreensão em todos os mandamentos e preceitos do Senhor. 7 E não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e ambos eram avançados em idade. 8 E aconteceu que, exercendo ele o sacerdócio diante de Deus, na ordem da sua turma, 9 Segundo o costume sacerdotal, coube-lhe em sorte entrar no templo do Senhor para oferecer o incenso. 10 E toda a multidão do povo estava fora, orando, à hora do incenso. 11 E um anjo do Senhor lhe apareceu, posto em pé, à direita do altar do incenso. 12 E Zacarias, vendo-o, turbou-se, e caiu temor sobre ele. 13 Mas o anjo lhe disse: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João. 14 E terás prazer e alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento, 15 Porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe. 16 E converterá muitos dos filhos de Israel ao SENHOR seu Deus, 17 E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto. 18 Disse então Zacarias ao anjo: Como saberei isto? pois eu já sou velho, e minha mulher avançada em idade. 19 E, respondendo o anjo, disse-lhe: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado a falar-te e dar-te estas alegres novas.1
O Anúncio a Maria
No sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado, da parte de Deus, para uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, 27 a uma virgem desposada com certo homem da casa de Davi, cujo nome era José; a virgem chamava-se Maria. 28 E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Alegra-te, cheia de graça! O Senhor é contigo. 29 Ela, porém, ao ouvir esta palavra, perturbou-se muito e pôs-se a pensar no que significaria esta saudação. 30 Mas o anjo lhe disse: Maria, não temas; porque achaste graça diante de Deus. 31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus. 32 Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; 33 ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim. 34 Então, disse Maria ao anjo: Como será isto, se eu não conheço homem algum?2
É nas reações que percebemos o estágio evolutivo de um Espírito, assim vamos analisar apenas as reações de nossos personagens:
Ao ser abordado pelo anjo, narra o evangelista que Zacarias turbou-se, e caiu temor sobre ele. E após Gabriel, o anjo, lhe falar sobre a gravidez de Isabel, sua esposa, e sobre a evolução do Espírito que viria ao mundo como enviado de Deus, através deles, Zacarias inquiriu: Como saberei isto? pois eu já sou velho, e minha mulher avançada em idade.
Com Maria se deu um pouco diferente.
O mesmo Espírito, Gabriel, lhe apareceu e saudou-a. Conta-nos Lucas que ela ao ouvir a saudação, perturbou-se muito e pôs-se a pensar no que significaria esta saudação. Do mesmo modo que com Zacarias, ele explicou que ela iria dar à luz um filho e que ele seria chamado Filho do Altíssimo e ainda comentou sobre os prodígios que ele faria. Ela reagiu dizendo: Como será isto, se eu não conheço homem algum?
Antes de entrar propriamente na análise do comportamento dos dois, é importante saber um pouco sobre quem eram e em qual ambiente receberam a mensagem da Espiritualidade Superior.
Zacarias era um sacerdote, ou seja, trabalhava no templo, era pessoa que cultivava as questões espirituais e estudava a Torah. E não só isso, segundo o texto evangélico era considerado um justo, e além de estudar, seguia de modo irrepreensível os mandamentos e estatutos de Deus. Informa-nos ainda Lucas, que era de idade avançada, o que significa que tinha amadurecimento.
Em que ambiente estava quando recebeu a mensagem? No templo, no Santuário do Senhor; realizava o ofício de queimar o incenso. Podemos dizer em linguagem moderna e espírita, que estava num serviço espiritual em comunhão com os Espíritos e diz o texto evangélico que as pessoas que o aguardavam do lado de fora estavam em oração. É como se ele estivesse numa mesa mediúnica, e os que estavam na assistência orassem mantendo a vibração e auxiliando-o em seus trabalhos.
Neste ambiente de vibrações elevadas, e sendo ele já experiente no serviço e de moral elevada, seria muito natural uma manifestação espiritual como a que aconteceu, mesmo assim, apesar de todo o seu preparo e também do ambiente, quando a manifestação aconteceu ele teve medo: caiu temor sobre ele. E teve mais, ele ficou cético, não acreditou no que o anjo lhe falava e pediu um sinal, uma prova: Como saberei isto?
Maria por sua vez era uma adolescente. Não sabemos bem a sua idade, mas muito provavelmente tinha entre doze e quatorze anos. Ou seja, pelo menos em matéria de idade não tinha grande amadurecimento e preparo. O evangelista não diz onde ela estava, mas provavelmente estava em casa, onde habitualmente não é comum a manifestação de Espíritos. Mesmo assim o anjo se manifesta, era natural que ela também se perturbasse, e foi o que aconteceu. Entretanto, o redator bíblico nos informa que ela pôs-se a pensar no que significaria esta saudação, o que podemos depreender que apesar da perturbação ter sido grande, diz o texto que perturbou-se muito, ela equilibrou-se rápido pois exerceu uma ação que só quem está senhor de si assim faz, pôs-se a pensar. No momento do susto, quem está sob o impacto do medo não pensa, reage simplesmente. Ela teve tranquilidade, oxigenou o cérebro, e buscou compreender o porquê daquela saudação. Como era natural, o anjo a orientou que não temesse, o mesmo já havia acontecido com o marido de sua prima, todavia ela surpreendeu até mesmo o Mensageiro do Senhor, pois o texto não fala que ela temeu, e após a exposição de Gabriel sobre a gravidez maravilhosa por que ela passaria, o que seria mais um motivo de apreensão, ela ao contrário de Zacarias, creu imediatamente, e se inquiriu o anjo a respeito não foi pedindo-lhe provas, mas buscando entender como se daria o processo já que não tivera relações com nenhum homem.
O texto é claro: Como será isto, se eu não conheço homem algum? A partir do momento em que ela pergunta como será isto…? É porque já admitia o fato, sua fé já lhe abastecera, porém ela quis saber mais já que não tivera contato sexual com seu noivo. Podemos com segurança dizer que o que Maria teve foi muita lucidez e naquele momento ela praticou o que Kardec dezenove séculos depois chamaria de fé raciocinada, ela não creu de forma cega, mas tendo a confiança superior, raciocinou, inquiriu e aprofundou seu estado intuitivo. Mostrou que já tinha vindo preparada para sua missão e que era um Espírito superior, acima da média, até mesmo de Zacarias que também fora preparado no plano espiritual, que também era de boa condição moral, mas em quem o nível de esquecimento era maior devido sua menor condição em relação a Maria.
E consumando sua atitude de fé, pois como falaria mais tarde Tiago, a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma3., pôs-se a serviço em nome de Deus dando para todos nós significativo exemplo: Eu sou a serva do Senhor; faça em mim segundo a tua palavra.4

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