A proposta do espiritismo
é a mesma de Jesus: resgatar os homens de sua imersão profunda nas
espessas sombras do mal, através da prática corajosa e assídua do bem
O
que caracteriza a Doutrina Espírita e a torna facilmente assimilável é a
sua objetividade. Pode-se dizer que o Espiritismo é uma doutrina de
síntese. Avessa à elocubrações teólogo-filosóficas estéreis, ela vai
direto ao coração através do raciocínio e do bom senso. Sua mensagem é
convincente, satisfaz os mais básicos anseios existenciais do ser
humano.
Para os espíritos superiores não há como abordar a
questão do bem e do mal sem enfatizar a moral, que é a regra da boa
conduta e, portanto, da distinção entre o bem e o mal. Por sua vez, a
moral funda-se na observação da lei de Deus. O homem se conduz bem
quando faz tudo tendo em vista o bem e para o bem de todos, porque então
observa a lei de Deus, ensinam eles.
Assim, a tão complicada questão
do bem e do mal, que tantas controvérsias interpretativas ainda traz,
sobretudo às esferas da religião e da filosofia, perde seu sentido
paradoxal na clareza do ensinamento dos espíritos superiores. O bem é
tudo o que está de acordo com a lei de Deus, e o mal é tudo o que dela
se afasta. Assim, fazer o bem é se conformar à lei de Deus; fazer o mal é
infringir essa lei, ensinam os espíritos a Allan Kardec.
Não há margem para dubiedade: Jesus vos disse: vede o que quereríeis que vos fizessem ou não; tudo se resume nisso.
Assim
não vos enganareis — enfatizam. E com isso, alicerçam o fundamental
conceito espírita de ação e reação, o que nos possibilita compreender o
funcionamento das leis de justiça divina. Para o espiritismo a criatura
não é punida nem é recompensada por Deus, mas sim, colhe aquilo que
espontaneamente semeou, através de sua conduta e suas obras, conforme
muito bem explicou Jesus.
Por que o mal se encontra na natureza das coisas?
Pergunta
profundamente filosófica esta de Kardec aos espíritos que o
assessoravam durante a compilação de O Livro dos Espíritos. E eles
respondem: Já te dissemos: os espíritos foram criados simples e
ignorantes. Deus deixa ao homem a escolha do caminho: tanto pior para
ele se seguir o mal; sua peregrinação será mais longa. Se não existissem
montanhas, não poderia o homem compreender que se pode subir e descer; e
se não existissem rochas, não compreenderia que há corpos duros. É
necessário que o espírito adquira experiência e para isto é necessário
que ele conheça o bem e o mal; eis porque existe a união do espírito e
do corpo.
Os espíritos ainda esclarecem que o mal depende,
sobretudo, da vontade que se tenha em fazê-lo e que o homem é tanto mais
culpado quanto melhor sabe o que faz.
Não basta não fazer o mal; é preciso fazer o bem
Outro
conceito importante, na questão do bem e do mal, é a de que não é
suficiente apenas deixarmos de fazer o mal para nos mostrarmos
agradáveis a Deus, tentando assegurar uma situação futura. É preciso
fazer o bem, no limite das próprias forças, pois cada um responderá por
todo o mal que tiver ocorrido por causa do bem que deixou de fazer.
Mas
este conceito ainda vai além, como um roteiro seguro para a nossa
jornada evolutiva na Terra. Enfatizam os espíritos: Não há ninguém que
não possa fazer o bem; somente o egoísta não encontra jamais ocasião de
praticá-lo. É suficiente estar em relação com outros homens para se
fazer o bem e cada dia da vida oferece essa possibilidade a quem não
estiver cego pelo egoísmo, porque fazer o bem não é apenas ser caridoso,
mas ser útil na medida do possível, sempre que o auxílio se faça
necessário.
Portanto, a proposta do espiritismo é a mesma
de Jesus: resgatar os homens de sua imersão profunda nas espessas
sombras do mal, através da prática corajosa e assídua do bem.
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