MÉTODOS CONTRACEPTIVOS, UMA REFLEXÃO ESPÍRITA
Ao realizar a
vasectomia em comum acordo com a esposa, tendo dois filhos e sem
projetos para outros e considerando que a consorte, por recomendações
médicas, não pode tomar pílula anticoncepcional, perguntou-nos certo
leitor, se ele lesaria o perispírito? Dissemos que a questão é complexa e
deve ser analisada conforme cada caso. Explicamos que não se pode ter
uma visão simplista do assunto, até porque as situações e casos devem
ser abordados em particular e individualmente, por pessoas preparadas e
com conhecimento desses tópicos para melhor orientar os envolvidos.
Todavia,
em face da insistência do nobre leitor para que opinássemos, dissemos a
ele que temos o direito de fazer o nosso planejamento familiar e essa
decisão está atrelada ao livre arbítrio dos casais. Sem colidir com a
coerência doutrinária, explicamos que a prole é programada no mundo dos
Espíritos, considerando as determinações de crédito e débito, oriundas
das vidas pregressas, antes da incursão no corpo físico. Portando,
“planificamos a formação da família antes do renascimento terrestre, com
o amparo e a supervisão de instrutores beneméritos.”.(1)
Há escolhas
que antecederam o planejamento reencarnatório, bem como aquelas no
decorrer da encarnação – são conhecidas como momentos de decisão. Será
então que “podemos proceder à escolha de nossas provas, enquanto
encarnados? Sim, é possível. Mesmo na vida material, há sempre momentos
em que nos tornamos independentes da matéria que serve-nos de
habitação.”.(2)
Os filhos derivam de pactos asilados antes do
processo reencarnatório pelos futuros pais, visando erguerem a família
de que carecem para a inevitável evolução. Mas é de boa lembrança não
deixar as coisas por conta da natureza – pode ser insensatez e
imprudência. O Criador nos deu o uso do raciocínio no bom emprego das
leis naturais. Não fosse assim, em que pese os prévios compromissos
pactuados no “além”, teríamos que procriar indefinidamente, durante toda
a existência física, o que obviamente não seria uma atitude racional.
Na
literatura básica do Espiritismo não há referência específica sobre os
métodos contraceptivos da vasectomia e da laqueadura de trompas. Não
obstante, analisando O Livro dos Espíritos, no capítulo sobre a “Lei de
Reprodução”, encontramos alguns subsídios importantes para discutir o
tema. Aprendemos com os Espíritos que se pode controlar a natalidade,
sem abusos. Porém, advertem-nos os Benfeitores que se o objetivo for a
sensualidade, onde a predominância do lado animal esmague os anseios do
espírito, acarretará gravíssimas conseqüências morais. E quanto mais nos
sentimos culpados por alguma coisa, igualmente isto nos afeta o campo
emocional.
Há os que fazem vasectomia ou a laqueadura de trompas
apenas para evitar as complicações oriundas de uma gravidez indesejada.
Todavia, permanecem abusando da sensualidade. Estes, naturalmente, terão
na mente culpada os reflexos perversos, acicatando a consciência. A
culpabilidade é de contínuo uma nesga de sombra eclipsando-nos a visão. O
sentimento de Culpa é sempre um colapso da consciência e, através dele,
sombrias forças do mal se insinuam.
O controle da natalidade precisa
ser verificado à luz da finalidade de quem o pratique. Se o intuito for
de levar a cabo um planejamento familiar que se ajuste às realidades do
casal, sobretudo de ordem financeira, nada encontramos nas orientações
kardecianas que o desaprove. Se contudo a finalidade é puramente física,
de nutrir a sensualidade, de ter uma atividade sexual voltada
precipuamente para o prazer, aí a circunstância muda de silhueta. Neste
caso, estará sendo contrariada a Lei Natural e a implicação será a
obrigatória retificação numa reencarnação subsequente, de forma bastante
dolorosa.
Existindo motivo genuinamente justo, podemos limitar nossa
prole, principalmente se já possuímos filhos e não desejamos ter
outros. Percebemos nessa suposição corretamente admissível que podemos
evitar a concepção. Se alguém escolhe fazer vasectomia ou laqueadura de
trompas apenas como forma preventiva de se livrar de filhos e se
despreocupar para ter uma vida sexual intensa e inconsequente, a
conotação e a implicação serão uma. Se, ao contrário, em razão de uma
patologia grave pela qual seria arriscado gerar filhos sob pena de vir a
mãe desencarnar, a consequência será outra. A rigor, o que vai definir
se haverá ou não transgressão às Leis Naturais será a intenção que
motivou a decisão de fazer a cirurgia.
Chico Xavier, que não era
avesso aos anticoncepcionais, disse: “acreditamos que o anticoncepcional
é um recurso que nos foi concedido na Terra pela Divina Providência
para que a delinquência do aborto seja sustada, uma vez que a criatura
humana, por necessidade de revitalização de suas próprias forças
orgânicas, naturalmente precisará do relacionamento sexual entre os
parceiros que estão compromissados no assunto, mas usarão esse agente
anticoncepcional para que o crime do aborto seja devidamente evitado em
qualquer parte do mundo.”.(3) O “Mineiro do Século” afirmou que “os
anticoncepcionais não estarão invadindo a Terra sem finalidade justa.
Pessoalmente, acreditamos que o casal tem direito de pedir a Deus
inspiração para que não venha a cair em compromissos nos quais eles, os
cônjuges, permaneçam
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