Emmanuel
fala sobre o Carnaval
Nenhum
espírito equilibrado em face do bom senso, que deve presidir a existência das
criaturas, pode fazer a apologia da loucura generalizada que adormece as
consciências, nas festas carnavalescas.
É
lamentável que, na época atual, quando os conhecimentos novos felicitam a
mentalidade humana, fornecendo-lhe a chave maravilhosa dos seus elevados
destinos, descerrando-lhe as belezas e os objetivos sagrados da Vida, se
verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se pavoneiam com o
título de civilização. Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas, geralmente
incompreendidos pelos homens, lhes burilam o caráter e os sentimentos,
prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis do progresso espiritual, a
licenciosidade desses dias prejudiciais opera, nas almas indecisas e
necessitadas do amparo moral dos outros espíritos mais esclarecidos, a
revivescência de animalidades que só os longos aprendizados fazem
desaparecer.
Há
nesses momentos de indisciplina sentimental o largo acesso das forças da treva
nos corações e, às vezes, toda uma existência não basta para realizar os reparos
precisos de uma hora de insânia e de esquecimento do dever.
Enquanto
há miseráveis que estendem as mãos súplices, cheios de necessidade e de fome,
sobram as fartas contribuições para que os salões se enfeitem e se intensifiquem
o olvido de obrigações sagradas por parte das almas cuja evolução depende do
cumprimento austero dos deveres sociais e divinos.
Ação
altamente meritória seria a de empregar todas as verbas consumidas em
semelhantes festejos, na assistência social aos necessitados de um pão e de um
carinho.
Ao
lado dos mascarados da pseudo-alegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças
abandonadas, as mães aflitas e sofredoras. Por que protelar essa ação necessária
das forças conjuntas dos que se preocupam com os problemas nobres da vida, a fim
de que se transforme o supérfluo na migalha abençoada de pão e de carinho que
será a esperança dos que choram e sofrem? Que os nossos irmãos espíritas
compreendam semelhantes objetivos de nossas despretensiosas opiniões,
colaborando conosco, dentro das suas possibilidades, para que possamos
reconstruir e reedificar os costumes para o bem de todas as
almas.
É
incontestável que a sociedade pode, com o seu livre-arbítrio coletivo, exibir
superfluidades e luxos nababescos, mas, enquanto houver um mendigo abandonado
junto de seu fastígio e de sua grandeza, ela só poderá fornecer com isso um
eloqüente atestado de sua miséria moral.
Emmanuel
Psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier em Julho de
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