Asserena, tu
Asserena tu, meu amigo, se te cala a alma a ofensa alheia. Teu verbo
também lacera corações em momentos de destempero.
Asserena tu, meu amigo, se a alegria te aporta o caminhar. Se for teu
mérito, bom será se partilhares tuas dádivas com teu próximo. Se for por
caminhos tortos, endireite teu proceder perante tua consciência. A
ninguém deves os óbices derivados de teus erros; somente a ti mesmo.
Asserena tu, meu amigo, se a impaciência é fruto da língua viperina
alheia. Nada nos fere os utrículos da alma, sem merecimento prévio.
Calar, por vezes, se faz necessário e, nestas oras, visitemos nossos
cárceres existenciais, buscando substratos para nosso próprio
crescimento.
Asserena tu, nobre amigo, se infelicidade lhe bater à porta. Poderias
estar afastado do mundo que te acolhe, mesmo estando vivendo em
megalópoles plenas de ilusão. Pensemos, sinceramente, que a infelicidade
é tão somente uma felicidade adiada, momento no qual nossa emoção se
alinhará com nossa razão.
Asserena tu, nobre anfitrião da harmonia, se tal ou qual nota
desarmonizar teu dia-a-dia. Quisera tu, paz perene em tua vida, deverias
plantar no ontem notas de justiça e labor ético, aplanando teu incerto
porvir. Acalma em teu peito a chama da injustiça contra ti, de vez que
nunca sabemos a extensão dos escrínios idos, de nossos engodos na terra.
Asserena tu, que reviras túmulos imemoriais. Quem revira as catacumbas
das lâminas milenares da dor, por certo encontrará vales profundos com
rios de sangue alteros. O que foi feito no passado, passado é. O que
importa ao ser que quer crescer é o futuro, fruto certo de nosso
mal-feito no passado, com nossas construções no hoje.
Ora, somos filhos de Deus.
Às vezes a dor nos visita bem como momentos de ilusão.
A alegria, tanto quanto a tristeza sem par, são doentios quanto
qualquer dano somático.
A emoção, se bem equilibrada, é remédio bendito, mas em distonia com
nosso meio denota, no ser, instâncias de EGO imaturo.
A razão por outro lado, ao mesmo tempo que deva nortear as atitudes do
ser em maturidade, não deve relegar o ser ao automatismo robótico
hodierno.
Labaredas de fogo e flocos de neve deverão nortear nosso caminho
enquanto não somos trilheiros no caminho de meio.
Viver entre lobos e cordeiros é caminho seguro para assenerarmos nossos
corações, de vez que vira e mexe alternamos nossas pegadas corajosas e
altaneiras, entre protagonistas cordeiros- e, antagonistas lobos -
da vida.
Se de todo, a realidade não nos abrir o coração para a luz, em nosso
socorro vem o Cristo a dizer: pois que se preocupam com o dia de
amanhã; Considerai os lírios, como eles crescem; não trabalham, nem
fiam; digo-vos que nem ainda Salomão, em toda a sua glória, se vestiu
como um deles. Lucas 12:27
Nenhum comentário:
Postar um comentário