Somos
por natureza confortáveis, ou por outra, adoramos a nossa zona de conforto. De
certa forma o novo incomoda, de vez que o mofo da inação é, para muitos, escolha
vinculada ao menor esforço:
Escolhemos
a via larga da ignorância premeditada para não errarmos. Afinal por mais que
acreditemos na reencarnação, pensamo-nos “os escolhidos” e de forma alguma
admitimos, para nós a hipótese da reencarnação, ainda que exteriormente
preguemos o contrário;
Escolhemos
a via larga da maledicência, ainda que exteriormente sejamos conciliadores de
almas em pugilato;
Escolhemos
a via larga da crítica mordaz, ainda que exteriormente aconselhemos a não
julgar;
Escolhemos
a via larga da dor premeditada, esquecendo-nos completamente que a dor real tem
o péssimo hábito de levar-nos a lágrimas duríssimas;
Escolhemos
a via larga da glutonaria, esquecendo que, conquanto comer seja benesse divina e
necessidade humana, a comida foi feita para o homem e não o homem para a
comida;
Escolhemos
a via larga da poligamia, ainda que saibamos que a monogamia é índice de
evolução espiritual;
Escolhemos
a via larga da ilusão da carne, esquecendo, quais cegos bisonhos, da nossa
necessidade evolutivo-espiritual;
Escolhemos
a via larga da vitória espiritual rápida, esquecendo-nos completamente de que as
conquistas do espírito são milenares;
Escolhemos
a via larga a inquisição moderna, esquecendo que, assim com a dolorosa
experiência inquisitorial que existiu ocorreu na terra, não sabemos de nossos
destinos no porvir, nem se lá seremos alvos destes mesmos mecanismos da Lei;
Escolhemos
a via larga da obstrução do progresso, material ou não, bem fazemos se
lembrarmos que, justo ou não, faremos parte dele, recebendo-lhes a benesses,
pelo amor ou pela dor;
Escolhemos,
se sem preparo, a via larga do poder, esquecendo-nos que junto ao ouro do cargo,
vêm os grilhões da responsabilidade, de vez que o poder de fato, significa, de
fato, servir ao outro;
Escolhemos
a via larga da vaidade, esquecendo-nos que, assim como “toda araruta tem seu dia
de mingau”, todo castelo construído com tijolos de pirita (01) um dia cai sob a
onda eficaz do ouro da verdade;
Escolhemos
a via larga de sermos pais modernos, concedendo demais a seres que necessitam,
também de freios, esquecendo-nos que filhos não são dotes a serem mostradas para
a sociedade, mas diamantes brutos que deveremos devolver, burilados, ao
criador.
E,
assim, como diria ilustre cineasta (02), “La nave vá”.
O
problema, convenhamos, não é da via em si, mas do conforto que ela nos
proporciona. Quanto mais larga, mais exeqüível é a queda. Seria justo aqui
lembrarmos a passagem em que Jesus no alerta, por Mateus 7:13, que deveríamos
entrar pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que
conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela.
Não
desejando ser por demais objetivo, mas não podendo contemporizar com a ilusão,
que entre a porta, a via e a viela, estamos ínsitos mais nesta, de vez que somos
tão criativos que não conseguimos espaço nem para respirar o ar efêmero da
paz.
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