A Caminho da Luz

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A viela

Somos por natureza confortáveis, ou por outra, adoramos a nossa zona de conforto. De certa forma o novo incomoda, de vez que o mofo da inação é, para muitos, escolha vinculada ao menor esforço:
Escolhemos a via larga da ignorância premeditada para não errarmos. Afinal por mais que acreditemos na reencarnação, pensamo-nos “os escolhidos” e de forma alguma admitimos, para nós a hipótese da reencarnação, ainda que exteriormente preguemos o contrário;
Escolhemos a via larga da maledicência, ainda que exteriormente sejamos conciliadores de almas em pugilato;
Escolhemos a via larga da crítica mordaz, ainda que exteriormente aconselhemos a não julgar;
Escolhemos a via larga da dor premeditada, esquecendo-nos completamente que a dor real tem o péssimo hábito de levar-nos a lágrimas duríssimas;
Escolhemos a via larga da glutonaria, esquecendo que, conquanto comer seja benesse divina e necessidade humana, a comida foi feita para o homem e não o homem para a comida;
Escolhemos a via larga da poligamia, ainda que saibamos que a monogamia é índice de evolução espiritual;
Escolhemos a via larga da ilusão da carne, esquecendo, quais cegos bisonhos, da nossa necessidade evolutivo-espiritual;
Escolhemos a via larga da vitória espiritual rápida, esquecendo-nos completamente de que as conquistas do espírito são milenares;
Escolhemos a via larga a inquisição moderna, esquecendo que, assim com a dolorosa experiência inquisitorial que existiu ocorreu na terra, não sabemos de nossos destinos no porvir, nem se lá seremos alvos destes mesmos mecanismos da Lei;
Escolhemos a via larga da obstrução do progresso, material ou não, bem fazemos se lembrarmos que, justo ou não, faremos parte dele, recebendo-lhes a benesses, pelo amor ou pela dor;
Escolhemos, se sem preparo, a via larga do poder, esquecendo-nos que junto ao ouro do cargo, vêm os grilhões da responsabilidade, de vez que o poder de fato, significa, de fato, servir ao outro;
Escolhemos a via larga da vaidade, esquecendo-nos que, assim como “toda araruta tem seu dia de mingau”, todo castelo construído com tijolos de pirita (01) um dia cai sob a onda eficaz do ouro da verdade;
Escolhemos a via larga de sermos pais modernos, concedendo demais a seres que necessitam, também de freios, esquecendo-nos que filhos não são dotes a serem mostradas para a sociedade, mas diamantes brutos que deveremos devolver, burilados, ao criador.
E, assim, como diria ilustre cineasta (02), “La nave vá”.
O problema, convenhamos, não é da via em si, mas do conforto que ela nos proporciona. Quanto mais larga, mais exeqüível é a queda. Seria justo aqui lembrarmos a passagem em que Jesus no alerta, por Mateus 7:13, que deveríamos entrar pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela.
Não desejando ser por demais objetivo, mas não podendo contemporizar com a ilusão, que entre a porta, a via e a viela, estamos ínsitos mais nesta, de vez que somos tão criativos que não conseguimos espaço nem para respirar o ar efêmero da paz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário