A senda do médium
O que vou comentar aqui não é pretendido como mensagem de pessimismo e desânimo aos que, como eu, trabalham em parceria com a Espiritualidade em prol da felicidade no coração das pessoas; mas sim, e antes, aviso de perseverança e otimismo, e de que jamais nos veremos apartados do amparo daqueles que nos assistem do invisível, desde que saibamos cerrar defesas, sem descambar irreversivelmente para um estado depressivo crônico, toda vez que a vida nos colher, a nós, médiuns, que possuímos um tipo de sensibilidade "diferente" e mais exacerbada, com imprevistos e com contrariedades.
A missão daquele que se comprometeu, anteriormente à reencarnação, com este tipo de trabalho peculiar, costuma ser melindrosa, e cheia de nuances de molde a colher em cheio os próprios médiuns, em qualquer instante em que se ache desprevenido. E, creiam, é mais do que comum, por mais preparado que se encontre, tendo em vista os sobressaltos e o stress das múltiplas tarefas cotidianas na vida moderna.
Ocorre que, dado este mesmo estado de turbulência da fase evolutiva atual na face do orbe, o trabalho do médium desagrada a muitos - de ambos os lados da vida - e se faz imperativo que este se ponha de guarda contra as emissões de negatividade que o vão atingir maciçamente, no decorrer do seu desempenho, tão logo se veja disposto, decididamente, a pôr "mãos à obra", na grata, porém séria, missão de servir de instrumento, para que a Espiritualidade empenhada no auxílio ao avanço evolutivo dos seres manifeste sua palavra de inestimável valor.
Hostes do invisível, engajadas na obscuridade espiritual da humanidade, visando à manutenção do poder tacanho que rege a materialidade mais grosseira, se levantam em massa contra os que se empenham neste labor. Com tanto mais vantagem em termos de ação, exatamente por agirem do invisível.
Ora, ocorre que há médiuns e médiuns; mais ou menos imunes à influência direta do astral mais denso, quanto mais ou menos se empenhem em afinizar suas próprias vibrações espirituais com a faixa mais seletiva da esfera invisível, por meio do próprio burilamento íntimo, no esforço contínuo de realizar e trilhar na matéria o excelso caminho que tantos sábios do passado nos legaram como bússola inigualável, a exemplo do próprio Jesus.
Quanto mais se mantenha o médium imune a estes ataques, pelo sucesso da sua compatibilidade com as áreas mais seletas da espiritualidade, no entanto, mais se lhe exigirá cautela: um estado de alerta constante para consigo mesmo, pois que, muitas vezes não alcançando atingi-lo diretamente, pelo preparo interior de que dispõe, combinado com o amparo e a defesa dos guias e dos mentores, estes irmãos espirituais menos felizes buscarão acertá-lo "por tabela", usando de medidas paralelas que alcancem minar-lhe o ânimo no trabalho realizado; tentando enfraquecer-lhe a fé naquilo que realiza, e, por vezes, comprometer-lhe a credibilidade perante sua própria consciência e perante o próximo.
E como isto se dá? No uso de terceiros, como armas de tiro indireto.
Na nossa convivência diária com uma enorme variedade de pessoas, existem muitos que pouco se dão conta destas coisas, ou que, se algo percebem, nem que intuitivamente, não lhe atribuem o devido peso, descurando de si mesmos e da qualidade de seu estado espiritual, e mantendo, com isso, portas abertas a todo tipo de influência do astral por intermédio de aborrecimentos por coisas menores; ódios; desavenças; malícia descuidada e chucra; maledicência, e todo um cortejo de estados íntimos indesejáveis que baqueiam drasticamente a nossa condição vibratória, proporcionando lamentável acasalamento de energias com estes seres da invisibilidade que, assim, encontram situação ideal para usarem um sem-número de criaturas desavisadas como "massa de manobra", a fim de atingirem aqueles que, mais despertos, e de antemão comprometidos com o serviço de saneamento evolutivo do mundo, oferecem maior resistência em desertar e mergulhar nas condições lamentáveis que dominam na atmosfera espiritual terrena nos dias de hoje.
Por isso é tão comum toda sorte de reveses e contratempos se abaterem sobre os médiuns durante a realização dos trabalhos de ordem espiritual. Mil escolhos: desavenças familiares graves; doenças imprevistas; contratempos lastimáveis de ordem profissional; empecilhos justo no momento de se engatar um novo projeto mediúnico, ou um trabalho de profilaxia espiritual em Casas Espíritas; um sem-número de contratempos inexplicáveis, mobilizados contra o médium, mais das vezes, justo por aqueles que se lhe achem mais próximos: o filho que não compactua com a atividade espírita do pai; o marido incompreensivo e difícil; o chefe do trabalho intransigente, imerso na valorização doentia das miudezas transitórias do poder. Críticas inclementes de onde menos se contava, e daqueles de quem mais esperávamos compreensão e empatia; ironias impiedosas; palavras ferinas; calúnias...
Todo médium preparado, pois, sabe, ou deveria saber, que se empenhar na causa espiritualista, e na transmissão das Verdades eternas, implica missão delicada e árdua, e não em exibição de fenômenos espetaculares que alimentam o ego e propiciam apresentações na televisão.
Como irmã/o de causa, e discorrendo de cima da própria experiência, é a estes, em especial, que dirijo este lembrete. Aos que me acompanham de há algum tempo na senda escolhida, seja de qual vertente religiosa ou filosófica forem; aos simpatizantes e estudantes do assunto que, no ardor do entusiasmo do princípio, apenas iniciam um caminho cheio de felicidade imperecível, mas também repleto de desafios inevitáveis.
Já Jesus alertava que os discípulos fossem mansos como as pombas, mas, também, alertas como as serpentes.
O recado é oportuno também aos discípulos de hoje, porque não foi outra a razão, de dentro das circunstâncias daquela época recuada, para que o Mestre da Luz de todos os tempos, certamente sabedor destas coisas, alertasse os que então se empenhavam no trabalho em favor das claridades espirituais no mundo.
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