Lemos recentemente o primeiro aviso espiritual sobre a missão da Pátria
do Evangelho, ditada em 1873 pelo Espírito Ismael! Sublinhamos na
mensagem lida os seguintes trechos: “o Brasil tem a missão de
cristianizar. É a Terra da Fraternidade. A Terra de Jesus. A Terra do
Evangelho. Não foi por acaso que tomou o nome de Vera Cruz, de Santa
Cruz. Na Era Nova que se aproxima, abrigará um povo diferente pelos
costumes cristãos. Cumpre reconhecer em Jesus, o chefe espiritual [do
Brasil]. A missão dos espíritas no País é divulgar o Evangelho, em
espírito e verdade. Os que quiserem bem cumprir o dever, a que se
obrigaram antes de nascer, deverão, pois, reunirem-se debaixo deste
pálio trinitário: Deus, Jesus e Caridade. Onde estiver esta bandeira, aí
estarei eu, Ismael.!” (1)
Após a leitura dessa histórica mensagem,
deliberamos analisar o atual cenário espírita na Pátria do Evangelho.
Propomos ao caríssimo leitor fazer conosco um ligeiro check-up do atual
movimento espírita nas terras do “Cruzeiro do Sul”. Sem muito esforço de
apreciação, identificaremos uma redução acentuada do número de
militantes sérios e comprometidos com a Codificação Kardeciana.
Lamentavelmente, assistimos irromper-se o espírito elitista junto às
muitas instâncias doutrinárias; vemos crescer a volúpia da oficialização
das cobranças de taxas para ingresso nos eventos ditos “espíritas”.
Promovem-se insistentemente a espetacularização da oratória e do
conhecimento doutrinário “decorado” através de congressos, simpósios,
workshop, palestras ou conferências realizados quase sempre em lugares
esplêndidos.
A Internet tende a democratizar a informação mundial e
poderia ser o grande instrumento de divulgação dos princípios espíritas,
porém o “olho grande” nos lucros através das vendas de livros
psicografados caros (cuja renda deveria destinar-se a obras
assistenciais), salvo raras exceções, estão sendo proibidos para
“download” com a evocação do execrável argumento materialista dos tais
“direitos autorais” (mas, os autores são os espíritos, ou não?). É
urgente um basta aos especuladores ambiciosos, que continuam
industrializando Jesus através do Espiritismo. Cremos que se o Chico
Xavier tivesse plena noção de que os livros que doou seriam alvo de
ganância financeira, ele não os doaria, com certeza! É necessária a
abolição dessa nefasta corretagem doutrinária em que comerciantes
avarentos transformam o Espiritismo em balcão de negócios inaceitáveis.
O
Espiritismo, no aspecto meramente humano das suas atuais diretrizes,
ostentando convênio de agrado ou de cessão com as infiltrações mundanas
do materialismo, do ganho financeiro supostamente justificado pelo
assistencialismo de superfície, não se tem diferenciado da competição
entre as empresas comerciais que só visam ganhar mercado, clientes e
muitos cifrões.
Emmanuel advertiu, entre outras coisas (como
observaremos mais abaixo), que os diretores de centros espíritas
agenciam muito mais assembléias para discutir modos de angariar dinheiro
e haveres para o custeamento de projetos desnecessários, e às vezes até
supérfluos, do que para instruir doutrinariamente os frequentadores da
instituição. Por essas razões, é importante analisar equilibradamente o
movimento espírita brasileiro de hoje.
O incomparável médium Chico
Xavier advertiu há algumas décadas que a mensagem espírita não pode se
distanciar do povo. É “preciso fugir da tendência à elitização no seio
do movimento espírita. É necessário que os dirigentes espíritas,
principalmente os ligados aos órgãos unificadores, compreendam e sintam
que o Espiritismo veio para o povo e com ele dialogar. É indispensável
que estudemos a Doutrina Espírita junto às massas, que amemos todos os
companheiros, sobretudo os espíritas mais humildes, social e
intelectualmente falando, e das massas nos aproximarmos com real
espírito de compreensão e fraternidade [isso não se consegue com os
shows dos eventos pagos, protagonizados por alguns pregadores que
comercializam as palestras que realizam]. Se não nos precavemos, daqui a
pouco estaremos em nossas casas espíritas apenas falando e explicando o
Evangelho de Cristo às pessoas laureadas por títulos acadêmicos [que
não abrem mão de manter o burlesco “Dr.” antes dos endeusados nomes e
sobrenomes] ou intelectuais e confrades de posição social mais elevada.
Mais do que justo evitarmos isso (repetiu várias vezes) a “elitização”
no Espiritismo, isto é, a formação do “espírito de cúpula”, com evocação
de infalibilidade, em nossas organizações.”(2)
Numa das entrevistas
concedidas a Jarbas Leone Varanda, publicada no jornal uberabense, Chico
exprobra mais uma vez: “a falta de maior aproximação com irmãos
socialmente menos favorecidos, que equivale à ausência de amor, presente
no excesso de rigorismo, de formalismo por parte daqueles que são
responsáveis pelas nossas instituições; o médium mineiro reprova a
preocupação excessiva com a parte material das instituições, com a
manutenção, por exemplo, de sócios contribuintes ao invés de sócios ou
companheiros ligados pelos laços do trabalho, da responsabilidade, da
fraternidade legítima; é a preocupação com o patrimônio material ao
invés do espiritual e doutrinário; é a preocupação de inverter o
processo de maior difusão do Espiritismo fazendo-o partir de cima para
baixo, da elite intelectualizada para as massas, exigindo-se dos
companheiros em dificuldades materiais ou espirituais uma elevação ou um
crescimento, sem apoio dos que foram chamados pela Doutrina Espírita a
fim de ampará-los na formação gradativa.” (3)
O mestre lionês
certifica que “quando as idéias espíritas forem aceitas pelas massas, os
sábios se renderão à evidência”. (4) Não podemos permitir a “deturpação
da mensagem dos Espíritos, como aconteceu com o Cristianismo legalizado
por Constantino, em 313, e posteriormente oficializado como religião do
Império romano por Teodósio, em 390. A Doutrina dos Espíritos veio para
consertar o Cristianismo, todavia, na sua feição evangélica primitiva.
Os líderes que se transviarem das legítimas mensagens espíritas cristãs
sofrerão as severas sanções das Leis do Criador, em face da
invigilância, pois com as Leis de Deus não se pode brincar.
Corroborando
a tese de Humberto de Campo sobre a missão cristã do nosso país no
contexto mundial, Emmanuel registra - “achamo-nos todos à frente do
Brasil, nele contemplando a civilização cristã, em seu desdobramento
profundo. Nele, os ensinamentos de Jesus encontram clima adequado à
vivência precisa.”(5) “Embora nos reconheçamos necessitados da fé
raciocinada com o discernimento da Doutrina Espírita, é forçoso observar
que não é a queda dos símbolos religiosos aquilo de que mais carecemos
para estabelecer a tranquilidade e a segurança entre as criaturas, mas
sim a nova versão deles, porquanto sem a religião orientando a
inteligência cairíamos todos nas trevas da irresponsabilidade, com o
esforço de milênios volvendo , talvez, à estaca zero, do ponto de vista
da organização material na vida do Planeta.” (6)
Culminamos nossos
argumentos relembrando que se “o Brasil puder conservar-se na ordem e na
dignidade, na Justiça e no devotamento ao progresso que lhe
caracterizam os dirigentes, mantendo o trabalho e a fraternidade, a
cultura e a compreensão de sempre, para resolver os problemas da
comunidade e, com o devido respeito à personalidade humana e com o
devido acatamento aos outros povos, decerto que cumprirá os seus altos
destinos de pátria do Evangelho, na qual a Religião e a Ciência, enfim
unidas, se farão as bases naturais da felicidade comum através da
prática dos ensinamentos vivos de Jesus Cristo.” (7)
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