Transição e regeneração: o cumprimento da lei do progresso
Todo
período de transição possui uma característica marcante: a coexistência
de elementos representativos do período atual em que se encontra com
elementos que marcam o novo período em que se adentrará. A passagem da
Terra, de um mundo de provas e expiações para um mundo de regeneração, é
o cumprimento de uma das leis da natureza, a lei do progresso, que
postula que tudo se transforma incessantemente, sempre com o objetivo do
melhoramento lento e gradual com destino à perfeição. Assim sendo,
constatamos sinais inequívocos do mundo de regeneração que se anuncia e
ao mesmo tempo convivemos com as velhas estruturas materialistas.
Dentre
as evidências que nos permitem falar num ensaio para um mundo
regenerado, vemos uma enorme busca por espiritualidade, que se verifica
ao longo de toda a pirâmide social. Os mais abastados em termos
materiais sentem um vazio existencial causado pela futilidade e pela
descartabilidade da sociedade capitalista materialista. Aqueles que se
encontram em condição de penúria e miséria se questionam o porquê de
tanto sofrimento, buscando respostas existenciais que transcendem nossa
precária condição humana. E é somente pelas vias da espiritualidade e da
conquista do bem-estar íntimo que será possível o equacionamento desses
problemas que afligem o ser humano na atualidade.
Além da
questão do desabrochar da espiritualidade, percebemos outros indícios da
transição que vivemos, a exemplo do surgimento das instituições
protetoras, como as grandes organizações defensoras dos direitos humanos
e dos direitos das minorias historicamente excluídas; a repulsa
instintiva contra idéias perversas; a diminuição das barreiras com o
incrível aumento da comunicação entre os povos, proporcionado pela
fantástica Revolução da Informação em escala global; idéias grandes e
generosas que dão suporte às reformas úteis que deverão ser levadas a
cabo para reestruturar as instituições humanas falidas.
Todos os
movimentos progressistas da História, no entanto, sempre encontraram
forte oposição naqueles que persistem na defesa das idéias retrógradas
interessadas na manutenção do status quo atual das sociedades humanas.
Por isso, o choque de pensamento que se trava no contexto da
coexistência de elementos novos e reformistas será a grande marca dos
tempos que se aproximam. As mudanças que virão sepultar o velho estado
de coisas da Terra não serão puramente materiais, mas se processarão,
sobretudo no campo das idéias.
Nesse sentido, a mola propulsora
da transformação para a regeneração será a aliança da ciência com a
religião, que ocorrerá quando a religião, adotando a racionalidade das
crenças no lugar do fanatismo cego e da intolerância, verá nascer um
renovado tipo de fé religiosa, indestrutível, porque terá origem na fé
raciocinada e será revestida com as luzes da razão, rejeitando
definitivamente os dogmas aprisionadores do espírito humano.
Quanto
à ciência, passará a reconhecer a ligação fundamental das leis do mundo
material com as leis do mundo espiritual, abandonando definitivamente o
paradigma materialista que sustentou o pensamento científico por
séculos, e promovendo a integração dos conceitos religiosos com os
fundamentos científicos. Portanto, cairão os dogmas, o materialismo e a
incredulidade, pois haverá o suporte sólido da razão a guiar a ação e a
fé humanas, como magistralmente sintetizou Allan Kardec: “Fé inabalável
só o é aquela que pode enfrentar a razão face a face, em todas as épocas
da humanidade”.
Enfim, a Terra verá surgir uma nova era de
progresso moral quando livrar-se terminantemente do ranço materialista e
quando a lei do mais forte for substituída pela fraternidade universal,
dando lugar a sociedades humanas regidas por uma ordem social harmônica
e justa, pautadas pela cooperação entre os homens e pela prática
integral e irrestrita da Caridade na sua mais pura expressão cristã.
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