A evolução do Espírito no
reino mineral
reino mineral
No Evangelho consta a orientação segura de Jesus no sentido de que Deus trabalha incessantemente. Uma das ações constantes da Divindade, certamente, é a criação contínua de princípios espirituais (o Espírito nas suas expressões iniciais, somente com a aquisição da razão, no reino hominal, é que passa a ser denominado Espírito, que, conceitualmente, é o nome que se dá aos seres inteligentes da criação), uma vez que, conforme as recentes descobertas científicas, o Universo está em expansão.
A física quântica revela-nos que o espírito, na sua essência, é energia pura, portanto, à medida que somos criados por Deus, inicia-se a nossa trajetória evolutiva no rumo da plenitude.
Sabe-se que o princípio espiritual é criado simples e ignorante, sem complexidade, de forma que estagiará milhões de anos nos reinos inferiores da criação (mineral, vegetal e animal), onde desenvolverá funções mais complexas e conquistará a individualidade, habilitando-se para o despertar da inteligência e do senso moral.
Em nosso nível de evolução, ainda é para nós uma incógnita a forma como Deus cria o princípio espiritual, e como o reino mineral aproxima-nos desse período inicial da criação. Naturalmente notamos que os Espíritos superiores são muito econômicos quando tratam desse assunto, porque nos faltam palavras e conhecimento para uma compreensão mais abrangente. Certamente, com o avanço da ciência, que se dá em um ritmo acelerado, futuramente teremos mais orientações sobre a evolução do princípio espiritual no reino mineral.
A benfeitora Joanna de Ângelis, na obra “Iluminação Interior”, na primeira lição (A Divina Presença), assevera que: ”... Manifestando-se em sono profundo nos minerais através dos milhões de milênios, germina, mediante processo de modificação estrutural, transferindo-se para o reino vegetal...”.
Nesse mesmo sentido, Emmanuel, na obra “O Consolador”, diz que: “A escala do progresso é sublime e infinita. No quadro exíguo dos vossos conhecimentos, busquemos uma figura que nos convoque ao sentimento de solidariedade e de amor que deve imperar em todos os departamentos da natureza visível e invisível. O mineral é atração. O vegetal é sensação. O animal é instinto. O homem é razão. O anjo é divindade”. (Obra citada, questão nº 79.)
Registre-se que tais Espíritos, conforme mencionaram Divaldo Franco e Chico Xavier, fizeram parte da equipe de benfeitores espirituais que atuaram na codificação do Espiritismo e revelam seus compromissos superiores nos livros que ditaram aos aludidos médiuns, portanto, como é que nós, os espíritas, colocamos em dúvida ou simplesmente supomos que Joanna de Ângelis e Emmanuel estão nos enganando (desculpem-me a franqueza, mas é um desabafo deste subscritor, que estuda o Espiritismo há quase 30 anos).
Aliás, não nos esqueçamos de que Joanna de Ângelis foi Joana de Cusa, portanto, imaginemos o nível de compromisso que esse Espírito tem com o Cristo. (Vale a pena ler a história de Joana de Cusa na obra “Boa Nova”, de Francisco Cândido Xavier.)
Ademais, o mais importante é que as mensagens de Joanna e Emmanuel estão em perfeita sintonia com a codificação espírita, portanto, com Allan Kardec, mesmo quando afirmam que a evolução do princípio espiritual inicia-se no reino mineral.
É sabido que o mineral é um corpo natural sólido e cristalino formado pelo resultado de processos físico-químicos em ambientes geológicos e possuem como características a cor, o brilho, a tenacidade, a dureza, a clivagem, o traço, a densidade e a tenacidade.
O mineral está submetido às forças de atração e repulsão, que terão um efeito evolutivo sobre o princípio espiritual recém-criado, notadamente na sua estrutura energética inicial, conforme orientação de Joanna de Ângelis.
Assim sendo, percebemos a exatidão da informação dos benfeitores espirituais quando, na questão nº 540 de “O Livro dos Espíritos”, dizem que “... É assim que tudo serve, tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, pois ele sempre começa pelo átomo”.
Enfatize-se que o benfeitor espiritual Camilo, na obra “Nos Passos da Vida Terrestre”, no capítulo I, através da mediunidade do confrade José Raul Teixeira, além de ratificar a informação de que o princípio espiritual desenvolve-se em contato com as forças do reino mineral, ainda nos esclarece que o átomo primitivo referido na questão acima é o átomo da matéria cósmica primitiva, ainda ignorado pelos estudos humanos.
Vejamos, ainda, a brilhante resposta que consta da questão nº 607-A, de O Livro dos Espíritos, quando Allan Kardec pergunta se a alma foi o princípio inteligente dos seres inferiores da criação: “Não dissemos que tudo se encadeia na natureza e tende à unidade? É nesses seres, que se está longe de conhecer plenamente, que o princípio inteligente se elabora, individualiza-se pouco a pouco, e ensaia para a vida. De certa forma, é um trabalho preparatório, como o da germinação, em seguida ao qual, o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito...”.
A questão nº 607-A está inserida no capítulo XI, da 2ª parte de O Livro dos Espíritos, que trata dos reinos inferiores (mineral, vegetal e animal), portanto, quando os Espíritos superiores aduzem que é nesses seres inferiores da criação que o princípio inteligente se elabora e individualiza-se, incluem, obviamente, o reino mineral.
Quando se utiliza a frase de que Deus jamais uniria um Espírito a uma pedra (“A Gênese”, capítulo XI, item 10), convém assinalar que tal assertiva é verdadeira, porque seria um retrocesso da evolução que o Espírito, já no estágio da razão, ou que ainda estivesse como princípio espiritual nos reinos vegetal e animal, com a sua estrutura energética inicial elaborada, tivesse que regressar ao reino mineral.
Convém citar a obra “Evolução Anímica”, de Gabriel Delanne, com o escopo de compreendermos um pouco mais o significado da evolução do princípio espiritual no reino mineral.
Esse autor, numa comparação magnífica, nos diz que no reino mineral propicia a solidez, a conquista simbólica da estrutura óssea do princípio espiritual. (Capítulo II, item “A Evolução da Alma”.)
Dessa forma, dentro de nossa linguagem ainda empobrecida, poderíamos dizer que Deus cria o princípio espiritual, que se expressa inicialmente como um foco de energia dispersa, sendo que no reino mineral essa energia se submeteria à ação da lei de atração e repulsão, que basicamente gera a aglutinação da matéria, a fim de que possa conquistar a solidez, obtendo uma estrutura energética mais individualizada, no rumo da complexidade.
É por esse motivo que Joanna de Ângelis fala de modificação estrutural, não obstante nos faltem conhecimento e palavras para melhor nos expressarmos quanto a esse período evolutivo do princípio espiritual.
Quando falamos que o princípio espiritual é um foco de energia, obviamente não se trata de uma energia qualquer, porque no ato da criação Deus está gerando seus filhos, que povoarão o Universo, tanto que na questão nº 27 de O Livro dos Espíritos os benfeitores espirituais revelam que existem três coisas que são o princípio de tudo, isto é, Deus, espírito e matéria - a trindade universal.
Na escalada evolutiva, após estagiar no reino mineral, que apenas servirá para questões estruturais do princípio espiritual, este irá para o reino vegetal, onde começará a desenvolver funções mais complexas, pois já começará a experimentar as sensações rudimentares, a respiração, a alimentação, a sensibilidade e terá um sistema nervoso ainda embrionário, portanto, estará submetido a uma vida mais organizada, onde estará presente a vitalidade.
Após milhões de anos, estará habilitado a ingressar no reino animal, onde, através do instinto, começará a desenvolver as bases da inteligência, que permitirá ao princípio espiritual converter-se em espírito, quando adquirir a razão, permitindo-o o ingresso no reino hominal, não podendo ser esquecido que há os elos de transição entre esses reinos, que poderão se dar em outros mundos ou nas regiões espirituais.
Por esse motivo, mostra-se inquestionável e verídica a frase de Léon Denis, na obra “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, a saber: “Na planta, a inteligência dormita; no animal sonha; só no homem acorda, conhece-se, possui-se e torna-se consciente”.
Note-se que Léon Denis fala da inteligência e não do espírito. Este, sim, dorme no mineral, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no hominal, numa representação da escalada evolutiva do espírito, que, fatalmente, atingirá a perfeição relativa.
Reflitamos sobre a seguinte frase: “Deus prossegue criando sem cessar. O Seu psiquismo dá nascimento a verdadeiros fascículos de luz, que contêm em germe toda a grandeza da fatalidade do seu processo de evolução”. (Joanna de Ângelis, na obra “Iluminação Interior”, no capítulo “A Divina Presença”.)
Diante do exposto, passamos a compreender a profunda assertiva de João, o discípulo de Jesus, quando diz que “DEUS É AMOR”, de tal sorte que somos expressões do seu infinito amor e estamos destinados à angelitude, cabendo-nos a tarefa de desenvolver o “deus interno” que há dentro de nós, através da busca da verdade e do bem.
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