Trabalho
Se
nos propomos retratar mentalmente a luz dos Planos Superiores, é indispensável
que a nossa vontade abrace espontaneamente
o
trabalho por alimento de cada dia.
No
pretérito, apreciávamo-lo por atitude servil de quantos caíssem sob o ferrete
da injúria.
A
escola, as artes, as virtudes domésticas, a indústria e o amanho do solo eram
relegados a mãos escravas, reservando-se os
braços
supostos livres para a inércia dourada.
Hoje,
porém, sabemos que a lei do trabalho é roteiro da justa emancipação. Sem ela, o
mundo mental dorme estanque. Fugirlhe
aos
impositivos é situar-se à margem do caminho, onde o carro da evolução marcha,
inflexível, deixando à retaguarda quantos
se
amolgam à ilusão da preguiça.
O
usurário não padece apenas a infelicidade de seqüestrar os bens devidos ao Bem
de Todos, mas igualmente o infortúnio de
erguer
para si mesmo a cova adornada em que se lhe estiolarão as mais nobres
faculdades do espírito.
Não
vale, contudo, agir por agir.
As
regiões infernais vibram repletas de movimento.
Além
do trabalho-obrigação que nos remunera de pronto, é necessário nos atenhamos ao
prazer de servir.
Nas
contingências naturais do desenvolvimento terrestre, o espírito encarnado é
compelido a esforço incessante, para o sustento
do
corpo físico. Recolhe, de graça, a água pura, os princípios solares e os
recursos nutrientes da atmosfera; entretanto, é
preciso
suar e sofrer em busca da proteína e do carboidrato que lhe assegurem a euforia
orgânica Cativo, embora, às injunções do plano de obscura matéria em que
transitoriamente respira, pode, porém, desde a Terra, fruir a ventura do
serviço voluntário aos semelhantes todo aquele que descerre o espelho da
própria alma aos reflexos da Esfera Divina.
O
trabalho-ação transforma o ambiente.
O
trabalho-serviço, transforma o homem.
As
tarefas remuneradas conquistam o agradecimento de quem lhes recebe o concurso,
mas permanecem adstritas ao mundo, nas
linhas
da troca vulgar.
A
prestação de concurso espontâneo, sem qualquer base de recompensa, desdobra a
influência da Bondade Celestial que a
todos
nos ampara sem pagamento A maneira que se nos alonga a ascensão, entendemos com
mais clareza a necessidade de trabalhar por amor de servir.
Quando
começamos a ajudar o próximo, sem aguilhões, matriculamo-nos no acrisolamento
da própria alma, entrando em
sintonia
com a Vida Abundante.
Nos
círculos mais elevados do espírito, o trabalho não é imposto.
A
criatura consciente da verdade compreende que a ação no bem é ajustamento às
Leis de Deus e a ela se rende por livre
vontade.
Por
isso, nos domínios superiores, quem serve avança para os cimos da imortalidade
radiosa, reproduzindo dentro de si mesmo
as maravilhas do Céu que nos
rodeia a espelhar-se por toda parte.
Francisco
Cândido Xavier - Pensamento e Vida - pelo Espírito Emmanuel
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