A classificação dos Espíritos se baseia no grau de adiantamento deles,
nas qualidades que já adquiriram e nas imperfeições de que ainda terão
de despojar-se. Esta classificação, aliás, nada tem de absoluta. Apenas
no seu conjunto cada categoria apresenta caráter definido. De um grau a
outro a transição é insensível e, nos limites extremos, os matizes se
apagam, como nos reinos da Natureza, como nas cores do arco-íris, ou,
também, como nos diferentes períodos da vida do homem.
Os Espíritos, em geral, admitem três categorias principais, ou três grandes divisões.
Na última, a que fica na parte inferior da escala, estão os Espíritos imperfeitos,
caracterizados pela predominância da matéria sobre o Espírito e pela propensão para o mal.
Os
da segunda se caracterizam pela predominância do Espírito sobre a
matéria e pelo desejo do bem: são os bons Espíritos. A primeira,
finalmente, compreende os Espíritos puros, os que atingiram o grau
supremo da perfeição.
Podem compor cinco classes principais:
Décima classe. ESPÍRITOS IMPUROS. - São inclinados ao mal, de que fazem
o
objeto de suas preocupações. Como Espíritos, dão conselhos pérfidos,
sopram a discórdia e a desconfiança e se mascaram de todas as maneiras
para melhor enganar. Ligam-se aos homens de caráter bastante fraco para
cederem às suas sugestões, a fim de induzi-los à perdição, satisfeitos
com o conseguirem retardar-lhes o adiantamento, fazendo-os sucumbir nas
provas por que passam.
Nas manifestações dão-se a conhecer pela linguagem
Nona classe. ESPÍRITOS LEVIANOS. - São ignorantes, maliciosos,
irrefletidos
e zombeteiros. Metem-se em tudo, a tudo respondem, sem se incomodarem
com a verdade. Gostam de causar pequenos desgostos e ligeiras alegrias,
de intrigar, de induzir maldosamente em erro, por meio de mistificações e
de espertezas. A esta classe pertencem os Espíritos vulgarmente
tratados de duendes, trasgos, gnomos, diabretes. Acham-se sob a
dependência dos Espíritos superiores, que muitas vezes os empregam, como
fazemos com os nossos servidores.
Em suas comunicações com os homens, a linguagem de que se servem é, amiúde,
espirituosa e faceta, mas quase sempre sem profundeza de idéias. Aproveitam-se das
esquisitices
e dos ridículos humanos e os apreciam, mordazes e satíricos. Se tomam
nomes supostos, é mais por malícia do que por maldade.
Oitava classe. ESPÍRITOS PSEUDO-SÁBIOS. - Dispõem de conhecimentos
bastante
amplos, porém, crêem saber mais do que realmente sabem. Tendo realizado
alguns progressos sob diversos pontos de vista, a linguagem deles
aparenta um cunho de seriedade, de natureza a iludir com respeito às
suas capacidades e luzes. Mas, em geral, isso não passa de reflexo dos
preconceitos e idéias sistemáticas que nutriam na vida terrena.
É
uma mistura de algumas verdades com os erros mais polpudos, através dos
quais penetram a presunção, o orgulho, o ciúme e a obstinação, de que
ainda não puderam despir-se.
Sétima classe. ESPÍRITOS NEUTROS. - Nem bastante bons para fazerem o
bem,
nem bastante maus para fazerem o mal. Pendem tanto para um como para o
outro e não ultrapassam a condição comum da Humanidade, quer no que
concerne ao moral, quer no que toca à inteligência. Apegam-se às coisas
deste mundo, de cujas grosseiras alegrias sentem saudades.
Sexta classe. ESPÍRITOS BATEDORES E PERTURBADORES. - Estes
Espíritos, propriamente falando, não formam uma classe distinta pelas suas qualidades
pessoais.
Podem caber em todas as classes da terceira ordem. Manifestam
geralmente sua presença por efeitos sensíveis e físicos, como pancadas,
movimento e deslocamento
anormal de corpos sólidos, agitação do ar,
etc. Afiguram-se, mais do que outros, presos à matéria. Parecem ser os
agentes principais das vicissitudes dos elementos do globo, quer atuem
sobre o ar, a água, o fogo, os corpos duros, quer nas entranhas da
terra. Reconhece-se que esses fenômenos não derivam de uma causa
fortuita ou física, quando denotam caráter intencional e inteligente.
Todos os Espíritos podem produzir tais fenômenos, mas os de ordem
elevada os deixam, de ordinário, como atribuições dos subalternos, mais
aptos para as coisas materiais do que para as coisas da inteligência;
quando julgam úteis as manifestações desse gênero, lançam mão destes
últimos como seus auxiliares.
Segunda ordem. - Bons Espíritos
A esta ordem pertencem os Espíritos designados, nas crenças vulgares, pelos nomes
de bons gênios, gênios protetores, Espíritos do bem. Em épocas de superstições e de
ignorância, eles hão sido elevados à categoria de divindades benfazejas.
Podem ser divididos em quatro grupos principais:
Quinta classe. ESPÍRITOS BENÉVOLOS. - A bondade é neles a qualidade
dominante.
Apraz-lhes prestar serviço aos homens e protegê-los. Limitados, porém,
são os seus conhecimentos. Hão progredido mais no sentido moral do que
no sentido intelectual.
Quarta classe. ESPÍRITOS SÁBIOS. - Distinguem-se pela amplitude de seus
conhecimentos. Preocupam-se menos com as questões morais, do que com as de natureza
científica, para as quais têm maior aptidão. Entretanto, só encaram a ciência do ponto de
vista da sua utilidade e jamais dominados por quaisquer paixões próprias dos Espíritos
imperfeitos.
Terceira classe. ESPÍRITOS DE SABEDORIA. - As qualidades morais da
ordem
mais elevada são o que os caracteriza. Sem possuírem ilimitados
conhecimentos, são dotados de uma capacidade intelectual que lhes
faculta juízo reto sobre os homens e as
coisas.
Segunda classe. ESPÍRITOS SUPERIORES. - Esses em si reúnem a ciência, a
sabedoria
e a bondade. Da linguagem que empregam se exala sempre a benevolência; é
uma linguagem invariavelmente digna, elevada e, muitas vezes, sublime.
Sua superioridade os torna mais aptos do que os outros a nos darem
noções exatas sobre as coisas do mundo incorpóreo, dentro dos limites do
que é permitido ao homem saber. Comunicam-se complacentemente com os
que procuram de boa-fé a verdade e cuja alma já está bastante
desprendida das ligações terrenas para compreendê-la. Afastam-se, porém,
daqueles a quem só a curiosidade impele, ou que, por influência da
matéria, fogem à prática do bem.
Quando, por exceção, encarnam na Terra, é para cumprir missão de progresso e
então nos oferecem o tipo da perfeição a que a Humanidade pode aspirar neste mundo.
Primeira ordem. - Espíritos puros
CARACTERES GERAIS. - Nenhuma influência da matéria. Superioridade
intelectual e moral absoluta, com relação aos Espíritos das outras ordens.
Primeira classe. Classe única. - Os Espíritos que a compõem percorreram
todos
os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria.
Tendo alcançado a soma de perfeição de que é suscetível a criatura, não
têm mais que sofrer provas, nem expiações. Não estando mais sujeitos à
reencarnação em corpos perecíveis, realizam a vida eterna no seio de
Deus.
Gozam de inalterável felicidade, porque não se acham submetidos às necessidades,
nem às vicissitudes da vida material.
Essa felicidade, porém, não é a ociosidade monótona, a transcorrer em perpétua contemplação.
Eles são os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam para manutenção da harmonia universal.
Comandam
a todos os Espíritos que lhes são inferiores, auxiliam-nos na obra de
seu aperfeiçoamento e lhes designam as suas missões. Assistir os homens
nas suas aflições, concitá-los ao bem ou à expiação das faltas que os
conservem distanciados da suprema felicidade, constitui para eles
ocupação gratíssima. São designados às vezes pelos nomes de anjos,
arcanjos ou serafins.
Podem os homens pôr-se em comunicação com eles, mas extremamente presunçoso
seria aquele que pretendesse tê-los constantemente às suas ordens.
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