"Perguntais se é permitido abrandar as vossas próprias provas: essa questão leva a esta:
é permitido àquele que se afoga procurar se salvar? Àquele que tem um espinho cravado, de o retirar?..."
"... contentai-vos com as provas que Deus vos envia, e não aumenteis sua carga, às vezes tão pesada..." (Cap.V, item 26.)
Sofremos
porque ainda não aprendemos a amar, afinal, a lei divina nos incentiva
ao amor, como sendo a única forma capaz de promover o nosso crescimento
espiritual.
Os métodos reais da evolução só acontecem em nós quando entramos no fluxo educativo do amor.
Sofrer
por sofrer não tem significado algum, pois a dor tem como função
resgatar as almas para as faixas nobres da vida, por onde transitam os
que amam em plenitude.
Temos acumulado inúmeras experiências nas
névoas dos séculos, em estâncias onde nossas almas estagiaram, e
aprendido invariavelmente que somente repararíamos nossos desacertos e
equívocos perante a vida através do binômio "dor-castigo".
Nas
tradições da mitologia pagã, aprendemos com os deuses toda uma postura
marcada pela dor. A princípio os duelos de Osísis, Set e Horus, do
antigo Egito. Mais além, assimilamos "formas-pensamentos" das desavenças
e vinganças entre Netuno e Júpiter no Olímpio, a morada dos deuses da
Grécia.
Por outro lado, não foi somente entre as religiões
idólatras que incorporamos essas formas de convicção, mas também nos
conceitos do Velho Testamento, onde exercitamos toda uma forma de
pensar, na exaltação da dor como um dos processos divinos para punir
todos aqueles que se encontravam em falta.
A palavra "talião"
significa "tal", do latim "talis", definida como a "Lei de Talião", ou
seja, "Olho por olho, dente por dente". Significa que as criaturas
deveriam ter como castigo a dor, "tal qual" fizeram os outros sentirem,
sem se levar em conta que a idéia de que se tinha do poder divino era
caracterizada por atributos profundamente punitivos.
Jó afirmava:
"e Deus na sua ira lhes repartirá as dores", no Gênesis, em se
referindo aos castigos da mulher: "multiplicarei os teus trabalhos e em
meio da dor darás à luz a filhos", são algumas dentre muitas assertivas
que nos levaram a formar crença profundas de que somente o sofrimento
era capaz de sublimar as almas, ou reparar negligências, abusos e
crimes.
No "Sermão do Monte", Jesus Cristo se refere à Lei de
Talião revogando-a completamente: "Ouvistes que foi dito: Olho por olho e
dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais o mal; mas, se
alguém te bater na face direita, apresenta-lhe também a outra". Longa
foi a estiagem dos métodos corretivos pela dor, contudo o Mestre
instalou na Terra o processo da educação pelo amor.
Apesar de
Jesus ter invalidado a Lei do "tal crime, tal castigo", ela ainda
prevalece para todos os seres humanos que não encontraram no amor uma
forma de "viver" e "pensar".
Realmente, durante muito tempo, a
dor terá função dentro dos imperativos da vida, estimulando as pessoas
às mudanças e às renovações, por não aceitarem que o amor muda e renova
e, portanto, utiliza-se dos "cilícios mentais", como meios de suplícios e
tormentos, para se auto-punirem, pondo assim em prática toda sua
ideologia de "exaltação à falta/punição".
Crenças não são
simplesmente credos, máximas ou estímulos religiosos, mas também
princípios orientadores de fé e de idéias, que nos proporcionam direção
na vida. São verdadeiras forças que poderão limitar ou ampliar a criação
do bem em nossa existência.
Mudar para o amor como método de
crescimento, reformulando idéias e reestruturando os valores antigos é
sairmos da posição de vítimas, mártires ou pobres coitados, facilitando a
sintonização com as correntes sutís e amoráveis dos espíritos nobres
que subiram na escala do Universo, amando.
Podemos, sim,
"sutilizar" nossas energias carmicas, amando, ou "desgastá-las"
penosamente, se continuarmos a reafirmar nossas crenças punitivas do
passado.
Reforçar o "espinho cravado" ou não retirá-lo é opção nossa.
Lembremo-nos, porém, de que idéias arraigadas e adotadas seriamente por nós tendem a motivar-lhes a própria concretização.
Nenhum comentário:
Postar um comentário