O OLHAR DE
JESUS
Recordemos
o olhar compreensivo e amoroso de Jesus, a fim de esquecermos a viciosa
preocupação com o argueiro que, por vezes, aparece no campo visual dos nossos
irmãos de experiência.
O Mestre Divino jamais se deteve na faixa escura dos companheiros de caminhada
humana.
Em Bartimeu, o cego de Jericó, não encontra o homem inutilizado pelas trevas,
mas sim o amigo que poderia tornar a ver, restituindo-lhe, desse modo, a visão
que passa, de novo, a enriquecer-lhe a existência.
Em Maria de Magdala, não enxerga a mulher possuída pelos gênios da sombra, mas
sim a irmã sofredora e, por esse motivo, restaura-lhe a dignidade própria, nela
plasmando a beleza espiritual renovada que lhe transmitiria, mais tarde, a
mensagem divina da ressurreição.
Em Zacheu, não identifica o expoente da usura ou da apropriação
indébita, e sim o missionário do progresso enganado pelos desvarios da posse e,
por essa razão, devolve-lhe o raciocínio à administração sábia e
justa.
Em Simão Pedro, no dia da negação, não se refere ao cooperador enfraquecido, mas
sim ao aprendiz invigilante, a exigir-lhe compreensão e carinho, e por isso
transforma-o, com o tempo, no baluarte seguro do Evangelho nascente, operoso e
fiel até o martírio e a crucificação.
Em Judas, não surpreende o discípulo ingrato, mas sim o colaborador traído pela
própria ilusão e, embora sabendo-o fascinado pelas honrarias terrestres,
sacrifica-se, até o fim, aceitando a flagelação e a morte para doar-lhe o amor e
o perdão que se estenderiam pelos séculos, soerguendo os vencidos e amparando a
justiça das nações.
Busquemos
algo do olhar de Jesus para nossos olhos e a crítica será definitivamente banida
do mundo de nossas consciências, porque, então, teremos atingido o Grande
Entendimento que nos fará discernir em cada companheiro do caminho, ainda mesmo
quando nos mais inquietantes espinheiros do mal, um irmão nosso, necessitado,
antes de tudo, de nosso auxílio e de nossa compaixão.
(De
“Viajor”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel
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