Vampirismo: Um olhar holístico
Para entendermos melhor esse termo vamos retroceder ao ano de 1764 onde o escritor francês Voltaire[1] criou o Dicionário Filosófico e definiu os vampiros como sendo os mortos que, durante a noite, saem dos cemitérios para sugar o sangue dos vivos, seja através da garganta ou do ventre.
No Glossário Teosófico vemos a seguinte definição: “São espectros ou cadáveres que andam pela noite chupando pouco a pouco o sangue das vítimas até matá-los. Formas astrais que vivem às expensas das pessoas, das quis extraem vitalidade e força. Podem mesmo ser corpos astrais de pessoas vivas ou das que já morreram, porém quando ainda se aferram a seus copos físicos, que estão na sepultura, tratando de conservá-los como o alimento que extraem dos vivos e, deste modo, prolongarem sua própria existência.
No século XIII na Europa ocidental, vampiros eram conhecidos por upiers, oupires ou, mais geralmente, vampires e vanpirs e, na Grécia e nas ilhas do mar Egeu, eram chamados de broucolaques ou vroucolacas.
Essas descrições remetem nossas lembranças a Abraham Stocker[2] que criou o famoso vampiro “Conde Drácula” em 1847, as histórias eram baseadas em Vlad Tepes[3] conde que realmente existiu no século XV.
No espiritismo, os vampiros também são seres sugadores, J. Herculano Pires define como: “Vampirismo é um tipo de obsessão no campo das viciações sensoriais e essa denominação decorre de sua principal característica, que é a sucção de energias vitais da vítima por esses obsessores”[4]
O vampirismo tem sua causa de obsessão relacionada à satisfação de vícios e paixões, ou seja, vai caracteriza-se em aqueles espíritos viciosos, apegados a certas emoções materializadas, que se aproximam dos encarnados, portadores dos mesmos vícios, Herculano Pires afirma que: “Os viciados não são apenas portadores de vícios, mas também de cargas de influências psíquicas negativas provenientes de entidades espirituais inferiores que a eles se apegam para vampirizar-lhes as energias e as excitações do vício. As pesquisas parapsicológicas provam a existência desses processos de vampirismo espiritual, que na verdade são apenas a contrafação no após morte dos processos de vampirismo entre os vivos.” [5]
Norberto Peixoto no Livro Jardim dos Orixás é mais abrangente, dando uma visão de seres que planejam o mal e aproveitam-se das fraquezas humanas: “O planejamento psicológico, sub-reptício, dos arquitetos das Sombras, se fundamenta em criar dependência psíquica das fracas personalidades encarnadas, que represadas por vários motivos em suas satisfações animalescas na carne, encontram nestes antros os mais sórdidos recursos para se entregarem selvagemente. Quanto mais isso ocorre, mais se fortalece a organização trevosa, pelos intensos laços vibratórios que recrudescem na simbiose entre os habitantes encarnados da crosta e a coletividade que vive do vampirismo nas baixas zonas umbralinas, satisfazendo-se mutuamente"[6]
Herculano Pires brilhantemente nos lembra: “Se não encararmos o parasitismo e o vampirismo em termos rigorosamente doutrinários, no devido respeito ao método kardeciano, estaremos sujeitos a ser enganados por espíritos mistificadores que passarão a nos vampirizar. Porque o vampirismo é um fenômeno típico das relações interpessoais. Na vida material como na vida espiritual o vampirismo é um processo comum e universal do relacionamento afetivo e mental das criaturas.”
O tratamento nos casos de vampirismo é tanto espiritual (passes e fluido-terapia) quanto físico (psicológico), porque esses obsessores tem acesso ao obsediado através das afinidades nos vícios e esses devem ser tratados pelo meio físico e mental.
Herculano Pires explica:
“Nesses tratamentos não se deve desprezar o concurso médico, pois os efeitos negativos do parasitismo espiritual, depauperando o organismo da vítima, propiciam também a infiltração dos parasitas do meio físico, que devem ser combatidos com os medicamentos específicos. Embora a ação espiritual das entidades protetoras possa também ajudar o reequilíbrio orgânico, a presença de um médico, se possível espírita, se faz necessária” ”[7] e completa: “[...] nos centros e grupos espíritas bem orientados, as perturbações espirituais de ordem sexual são tratadas de maneira especial, em pequenas reuniões privativas, com médiuns que disponham de condições para enfrentar o problema. Como no caso das obsessões alcoólicas, toxicômanas e outras do mesmo gênero, é necessário o máximo cuidado na seleção das pessoas que vão tratar do assunto e o maior sigilo e respeito, a fim de evitar-se o prejuízo dos comentários negativos, que influem fatalmente sobre o caso, provocando agravamentos inesperados da situação das vítimas”.[8]
O vampirismo só tem seu termino quando o obsediado se dispõe a reintegrar-se a sociedade abdicando de seus vícios e renovando/tomando posse de sua personalidade, não aceitando sugestões e infiltrações de vontade estranha em sua vontade pessoal e soberana.
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