Coerência e austeridade –Joanna de Angelis / Divaldo Franco |
O
teu compromisso com a imortalidade é portador de grave e alta responsabilidade.
Ele diz respeito ao teu futuro espiritual, em favor do qual deves investir os
teus melhores recursos, por considerar-lhe o sentido de elevada magnitude, em
razão a sua perenidade.
Renasceste
na Terra, com a destinação luminosa, a fim de libertar-te de toda e qualquer
sombra, que te vem impossibilitando o avanço na direção da plenitude e tem sido
o fator determinante dos teus conflitos e dificuldades evolutivas.
Conhecedor,
que és, dos conteúdos sublimes da fé racional que haures na Doutrina Espírita,
já não podes permitir o luxo enfermiço da ignorância, nem as justificativas
infantis em torno das impossibilidades, que te cabem ultrapassar com
naturalidade e entusiasmo.
A
luz que norteia os novos caminhos é bênção que vens fazendo jus pelos esforços
contínuos de libertação das mazelas que te têm acompanhado ao largo do
tempo.
Não
mais te detenhas nos comportamentos infelizes, aqueles que proporcionam prazeres
mórbidos, mas intoxicam a mente e pervertem os sentimentos, agrilhoando-te às
masmorras do atraso moral.
És
filho de Deus, que te ama, havendo-te concedido a honra de conhecer-Lhe o
Embaixador incomparável, que se ofereceu em sacrifício espontâneo, a fim de que
pudesses fruir da vida e dessa vida que proporciona abundância.
Antes,
embora sentisses a necessidade de crescer interiormente, de fruir paz, de
encantar-te com todos os contributos com que a Natureza te felicita,
encontravas-te dependente dos instintos básicos, que nutriam as paixões
primárias, impedindo-te a experiência das emoções elevadas.
Com
Jesus aprisionado nas torpes celas do dogmatismo e da perversidade, das
superstições e fórmulas sacramentais, cuidando dos poderosos e olvidando-se
dos pobres de espírito, seguias hipnotizado pela ilusão das
compensações concedidas pelo arrependimento antes da morte, aguardando um céu de
ociosidade e contemplações eternas, ou receando o terrível inferno onde não
vigem a misericórdia, nem a compaixão.
Desorientado,
talvez, pela impropriedade de tais conceituações, abraçaste o materialismo
imediatista e frustrante, buscando ignorar o sentido nobre da vida, buscando
fruir tudo quanto o momento podia oferecer, permanecendo, no entanto,
interiormente vazio de significado e desestimulado para a luta de renovação.
Nesse
momento significativo, porém, encontraste Jesus descrucificado pelo Espiritismo,
o companheiro dos desafortunados e dos vencidos, dos tristes e dos oprimidos,
dos que choram sem conforto nem esperança, os viandantes sem roteiro, o qual, de
braços abertos, a todos alberga no Seu generoso coração de Mestre
irretocável.
Ouvindo-Lhe
dos lábios sensíveis a melodia imperecível doSermão da Montanha,
renasceram, na tua alma, as esperanças, renovaram-se os teus propósitos de
trabalho, renasceste para a vida e, agora, fascinado pelo Seu exemplo de amor,
tentas seguir-Lhe as luminosas pegadas pelos ínvios caminhos da atualidade
aflita.
Não
vaciles, nem te permitas à paralisação da tua marcha.
Avança
resoluto e conquista o tempo, recuperando aquele malbaratado na insensatez e na
desorientação.
*
* *
O teu compromisso com Jesus é formal e trata-se de um contrato sério para todos os teus dias atuais e futuros.
A
Sua doutrina é feita de energia e de vida, não havendo lugar, nos seus
postulados, para a indecisão, a amargura, o arrependimento da dedicação, as
negociações ilícitas muito do agrado da frivolidade humana.
Aceitaste-Lhe
a companhia e a diretriz, havendo-te prometido fidelidade e coerência
existencial em relação aos seus ensinamentos.
A
coerência te facultará a austeridade na conduta mental, verbal e comportamental,
não anuindo os vícios que predominam nos grupos sociais e aos quais eras
afeiçoado, mudando de atitude com energia e demonstrando que já não pertences
mais aos círculos dos comportamentos vãos e atormentados.
A
transformação moral a que te deves impor inicia-se através dos novos hábitos
mentais e edificantes, deixando, à margem, aqueles que te intoxicavam e
produziam tormentos de vária ordem.
As
paisagens psíquicas a que te afeiçoaste estarão sempre enriquecidas de quadros
cambiantes de beleza enriquecedora que te falam de amor e de mansidão, de
alegria e de trabalho, de esforço regenerativo e de aprendizagem.
Quando
alguém sai de uma furna onde se homiziava demoradamente, sofre a cegueira
produzida pela feérica e abundante luz. Faz-se necessário absorvê-la
cuidadosamente, adaptando-lhe a vista e acomodando-se ao deslumbramento que os
olhos enfrentam e se tornará o novo mundo de observação.
É
natural, portanto, que, ao sair das densas trevas da ignorância do bem e do
abismo em sombras dos torpes comportamentos, a nova paisagem produza um choque
inicial, fascinando a pouco e pouco, o observador que a descobre.
Cultivando
a saúde emocional, o candidato à ascensão não tergiversa, não sendo gentil para
com os outros através da defecção na própria crença, mas, delicadamente,
declinando das contribuições perturbadoras e mantendo-se íntegro, em grande
fidelidade, a tudo aquilo que hoje faz parte da sua agenda de comportamento
iluminativo.
A
sua grande preocupação deve cingir-se ao combate às imperfeições que ainda o
atraem aos hábitos que reconhece doentios e de que se deseja libertar, não
facultando espaços para os devaneios inquietadores a que se encontrava
acostumado.
Uma
agenda de preocupações novas, mais com o interior do que com o exterior da
existência, toma-lhe os campos da mente e enriquece-se, cada vez mais, ao
constatar a grandeza da existência que lhe passava despercebida, porque sempre
estava entulhada pelo lixo das coisas irrelevantes.
Automaticamente,
modifica-lhe a área da saúde e do bem-estar, respirando melhor o oxigênio da
esperança e da alegria real, modificando-se significativamente e de tal forma
que se surpreende ante os acontecimentos que passam a se suceder no seu
caminho.
Sem
dúvida, é necessária a coerência entre o bem que se crê e como se comporta,
facultando austeridade dinâmica e não agressiva em relação a tudo e a todos.
*
* *
Essa coerência sempre a mantiveram os primeiros discípulos de Jesus, alguns dos quais abraçaram o martírio, jubilosos, cantando as glórias do Céu com olvido dos tormentos da Terra.
Poderiam
ter abjurado, porque lhes era concedido esse direito, sob a justificativa de
que, ficando no corpo, poderiam servir mais, trabalhar mais pela divulgação do
pensamento de Jesus. No entanto, sabiam que, nessa conduta, ocultava-se o medo
do testemunho de provar a imortalidade e a mansidão do Rabi.
Foi
exatamente essa coragem estoica e doce que surpreendia os perseguidores que mais
se encolerizavam, temendo-lhe o sublime contágio...
Como
hoje não mais existem as perseguições declaradas públicas e legais, tem em mente
que as arenas são muito mais amplas e perigosas, porque se iniciam nas
fronteiras do sentimento pessoal, alargando-se na direção do mundo inteiro.
Mantém-te
vigilante, portanto, coerente e austero na tua vivência com Jesus.
Joanna
de Ângelis
Psicografia do médium Divaldo Pereira Franco |
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