A Caminho da Luz

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

PROLEGÔMENOS ]


Diálogo entre um visitante e Allan Kardec, numa pequena conferência espírita, em Paris – 1859 Visitante - São os fatos positivos que os incrédulos querem ver, que eles pedem e, na maioria das vezes, não se pode lhes fornecer. Se todo mundo pudesse testemunhar esses fatos, a dúvida não seria mais permitida. Como ocorre, pois, que tanta gente nada tenha podido ver, malgrado sua boa vontade? Se os contesta dizendo faltar-lhes fé, a isso respondem, com razão, que não podem ter uma fé antecipada, e que se quer que eles creiam é preciso dar-lhes os meios de crerem. Allan Kardec - A razão é bem simples. Eles querem os fatos sob seu comando e os Espíritos não obedecem a ele; é preciso esperar sua boa vontade. Não basta, pois, dizer: mostre-me tal fato e eu crerei; é preciso ter vontade e perseverança, deixar os fatos se produzirem espontaneamente, sem pretender forçá-los ou dirigi-los. Aquele que desejais, talvez seja precisamente o que não obtereis; mas se apresentarão outros, e aquele que quereis virá no momento em que menos esperais. Aos olhos do observador atento e assíduo, os fatos se somam e se corroboram uns aos outros, mas aquele que crê bastar virar uma manivela para mover a máquina, se engana extraordinariamente. Que faz o naturalista que quer estudar os costumes de um animal? Leva-o a fazer tal ou tal coisa para ter todo o tempo de observação à sua vontade? Não, porque sabe bem que não será obedecido; ele espreita apreende quando ocorrem. O simples bom-senso mostra que, por mais forte razão, deve ocorrer o mesmo com os Espíritos, que são inteligências com independência bem diversa da dos animais. É um erro crer que a fé seja necessária; mas a boa fé é outra coisa. Ora, há cépticos que negam até a evidência, e que os prodígios não poderiam convencer. Quantos há que, depois de terem visto, não persistem menos em explicar os fatos à sua maneira, dizendo que isso não prova nada! Essas pessoas não servem senão para levar a perturbação às reuniões, sem proveito para elas mesmas; é por isso que as repelimos e não queremos perder tempo com elas. Ocorre mesmo que ficariam bem irritadas de serem forçadas a crer, porque seu amor próprio sofreria em concordar que estavam enganadas. Que responder a essas pessoas que não vêem por toda parte senão a ilusão e o charlatanismo? Nada; é preciso deixá-las tranqüilas e dizer, tanto como querem, que elas nada viram, e mesmo que não se pôde ou não se quis fazê-las ver. Ao lado desses cépticos endurecidos, há aqueles que querem ver à sua maneira; que tendo formado uma opinião, querem com ela tudo relacionar: eles não compreendem que os fenômenos não possam obedecer à sua vontade; eles não sabem, ou não querem, se colocar nas condições necessárias. Aquele que quer observar de boa-fé deve - não digo crer sob palavra, mas se despojar de toda idéia preconcebida - não querer comparar coisas incompatíveis. Deve esperar, continuar, observar com uma paciência infatigável; esta condição mesma está a favor dos adeptos, uma vez que ela prova que sua convicção não se formou levianamente. Tendes essa paciência? Não, dizeis, eu não tenho tempo. Então não vos ocupeis com os fenômenos, nem deles faleis; ninguém a isso vos obriga." [78] O QUE É O ESPIRITISMO de Allan Kardec - Paris, 1859 [78 - Os
incrédulos não podem ver para se convencerem]

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