O
autor começa por dizer que, na Inglaterra, a maioria dos espiritistas
recusam acreditar na reencarnação, porque os médiuns, em transe,
declaram não que a reencarnação é certamente um mito, mas que não têm
nenhuma noção a respeito. Além disso, os homens acham a morada da Terra
tão triste, que não têm vontade de voltar para ela. Enfim, a maioria dos
espiritistas guardam reservas e acham que ainda não há provas
suficientes.
“Eu
era do número destes últimos – continua ele – e rejeitava aquele ponto
de doutrina com tanto mais energia, quanto, durante muito tempo, os
Espíritos que se manifestavam por minha mediunidade lhe eram francamente
opostos.
Mas,
há uns três anos, um grupo de Espíritos, em nosso Centro, que é
particular, proclama que a reencarnação não é uma teoria, mas um fato.
Quando
recobrei os sentidos, na primeira vez, e me fizeram saber o que eu
tinha dito, protestei, vivamente, contra a escolha de mim, adversário
decidido, para defender tal teoria. Eles voltavam, entretanto, com tal
insistência, que acabei por lhes perguntar:
– Podeis prová-lo?
Responderam:
– Deixe-nos, primeiro, mostrar quem nós somos e, quando tiverem suficiente confiança em nós, terminaremos nossa obra.
Deram,
então, tais provas de identidade e de conhecimento do passado, do
presente e, em certos casos, do futuro; prestaram aos membros deste
pequeno Centro tais serviços, que uma plena confiança lhes foi
outorgada.
Prometeram
eles, então, pôr-nos em relação com pessoas que havíamos conhecido em
precedente existência e mostrar-nos cenas de nossa vida passada, que
reconheceríamos. Uma tarde, descreveram-nos uma senhora, dizendo-me que
eu a encontraria dentro em pouco. Dez dias mais tarde, fui a uma praia
de banhos, onde nunca tinha ido, e tomei um apartamento por
correspondência.
À
minha chegada, disse a hoteleira que havia na casa uma senhora que
esperava minha chegada; era estranha no lugar e viera dois dias antes
ocupar um apartamento. Declarara que tinha muitas vezes sonhos, nos
quais via pessoas que devia encontrar em seguida. Assim – acrescentou –
espero esta semana M. W., que não conheço. Não sei onde, nem quando, mas
sei que isto sucederá.
Uma
prova bem mais surpreendente foi dada a outro membro do círculo. Uma
senhora foi apresentada a um senhor e logo sua memória lhe retraçou uma
outra existência, na qual ela o tinha conhecido. O reconhecimento foi
recíproco, porque ele sorriu e disse:
– A senhora se lembra de mim. Se é assim, que cada um de nós escreva, à parte, o nome que tivemos.
Foi
o que fizeram; depois trocaram as folhas de papel onde tinham inscrito
os nomes. Eram idênticos. Se não há aí uma prova, que me forneçam outra
explicação.
Poderia
citar, ainda, outros casos, mas prefiro ficar naquele. Por que os
Espíritos que demonstraram dizer a verdade em todos os outros pontos,
nos haviam de enganar nesse?”
Gabriel Delanne
Nenhum comentário:
Postar um comentário