Espinhos na jornada cristã – Joanna de Angelis / Divaldo Franco 11/09/2012 |
O
pântano silencioso, às vezes, com águas tranquilas, guarda, na sua intimidade, a
vaza fétida e venenosa.
A
roseira que esplende de belas flores perfumadas, cobre as suas hastes com
espinhos pontiagudos.
Na
aparência, a água destilada e o ácido sulfúrico têm a mesma apresentação.
As
plantas carnívoras atraem as suas vítimas exalando suave e doce perfume...
O
Sol, que aquece a vida e a mantém, é portador, também, dos raios infravermelhos
e ultravioletas que danificam o organismo. Sorrisos de amabilidade também
ocultam infames traições e crueldades.
A
calúnia, a perversidade, a perseguição, nem sempre se apresentam com as
características que lhes são peculiares, mantendo-se ocultas nos disfarces da
hipocrisia e da desfaçatez.
É
natural, portanto, que, na estrada sublime do Evangelho, estejam escondidos
espinhos que dificultam a marcha do viajor dedicado e tomado pelas emoções
superiores.
São
eles que testificam os valores de que o mesmo se encontra revestido, pois que,
se o seu devotamento não é autêntico, logo foge do compromisso, queixando-se de
dificuldades e de sofrimentos.
Quando
alguém elege o serviço de Jesus na Terra, pode ter a certeza de que a
incompreensão o segue empós, a inveja o atinge com as setas da calúnia e da
deslealdade, justificando-se de mil maneiras, a fim de ocultar a face inferior
que lhe é peculiar.
Todos
aqueles que foram fiéis ao Mestre, ao longo dos séculos, padeceram as injunções
penosas do caminho elegido para o acompanhar.
Não
apenas, porém, os servidores da Verdade, mas todos os indivíduos que se destacam
na comunidade pelos valores de nobreza e de dedicação à causa do Bem e do
progresso das demais criaturas, são convidados ao pagamento pela glória de
servir.
A
sua caminhada é sempre marcada por dores inconcebíveis, por competições infames
e por injunções inacreditáveis, especialmente no meio de quantos deveriam
comportar-se de maneira diferente.
Sucede
que a Terra é ainda o mundo de provações e ninguém consegue avançar no rumo
soberano da Grande Luz sem vencer a sombra exterior, após haver superado a
própria sombra interior.
Por
essa razão é reduzido o número de pessoas dedicadas à construção da harmonia e
da fraternidade, sendo muito mais frequentes e expressivas aquelas que aderem ao
comodismo, à indiferença, à acusação indébita, à infâmia, defendendo a sua área
de dominação.
Quando
se trata de uma revolução positiva e idealista, há uma recusa quase
generalizada, por parte daqueles que se encontram satisfeitos consigo, com suas
alegrias fisiológicas e interesses egotistas.
As
ideias novas e progressistas incomodam e, além disso, os invejosos que não são
capazes de superar os paladinos dos movimentos renovadores atacam-nos
ferozmente, porque gostariam de estar no seu lugar, sem o conseguir.
*
* *
Sempre encontrarás espinhos sob a areia fina da estrada ou pedrouços no terreno a conquistar.
Desde
que te candidates ao serviço do Mestre Jesus, não podes anelar por aquilo que
Ele rejeitou, embora sendo o Eleito de Deus.
Toda
a Sua vida esteve sob acusações falsas, perseguições mesquinhas, injunções más,
forjadas pelos inimigos da Humanidade, que dEle somente se beneficiaram sem
qualquer contribuição favorável.
Nunca
esperes retribuição pelo que faças de dignificante e honorável.
Que
te bastem as satisfações e prazeres da ação desempenhada e não os efeitos a que
deem lugar.
A
tarefa do semeador é distribuir as bênçãos de que se faz instrumento e seguir
adiante.
Quanto
possível, deves erradicar a erva má que lhes ameace o desenvolvimento; quando na
condição de plântulas frágeis, resguardá-las das intempéries e dos inimigos
naturais, sem preocupar-te contigo.
Igualmente,
não guardes qualquer ressentimento em relação àqueles que se divertem com os
teus sofrimentos, que se comprazem com as tuas aflições na seara.
Eles
também não passarão incólumes, pois que a vereda é a mesma para todos.
Mesmo
agora, com sorrisos e esgares, aparentando felicidade, encontram-se enfermos,
sofridos, necessitados...
Todos
aqueles que se apresentam como privilegiados de hoje serão chamados aos
testemunhos amanhã.
Quem
hoje sofre, avança para as cumeadas da interação com o Pai, através do
devotamento e da sinceridade dos seus atos.
Desse
modo, quanto mais diatribes te atirem, maior convicção, segurança adquires em
torno da excelência do trabalho ao qual te afervoras.
Teme,
porém, quando facilidades e aplausos te acompanharem no serviço. São muito
perigosos, porquanto constituem retribuição pelo que foi realizado, ou apenas
simulações e hipocrisias, e isso equivale a um tipo de pagamento à vaidade e à
presunção.
Desde
que trabalhas sob o comando do Mestre, a Ele cabem as bênçãos do futuro da tua
cooperação, e a ti a alegria de estares ao Seu lado.
Todos
aqueles que O acompanharam, com exceção do discípulo amado, provaram os rudes
testemunhos, inclusive, o holocausto da própria vida.
Que
esperas, por tua vez ?!
Resta-te, somente, servir mais e melhor, consciente de que o teu grão de mostarda é também valioso no conjunto da semeadura de luz.
Alegra-te,
pois, quando caluniado, vilipendiado, sem razão atual, porquanto, estarás
expungindo, o que representa uma verdadeira dádiva dos Céus.
Enquanto
alguns estão se comprometendo, tu caminhas te redimindo, pouco te importando com
a maneira pela qual isso acontece.
Tem,
pois, compaixão dos teus adversários e sê-lhes amigo desconhecido e
maltratado.
São
poucos os seres humanos que desejam tornar-se amigos, servir durante a
caminhada, que lhes é rica de carências, pródiga de diversões e escassa de
abnegação.
*
* *
Onde estejas, com quem te encontres, nunca deixes de assinalar a tua presença com a ternura, a misericórdia, a alegria de amar e de servir.
As
pegadas mais fortes são aquelas transformadas em luzes que brilham apontando o
rumo de segurança.
Caso
tenhas coragem, após sofreres os acúleos da estrada, retira-os, a fim de
beneficiares todos aqueles que venham depois de ti.
Que
a tua dor não seja por eles experimentada, nem os teus suores de sofrimentos
íntimos derramem-se pelas faces dos futuros divulgadores do Infinito Amor.
Joanna
de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco |
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