Amor
- O Despertar da Consciência
O
desenvolvimento espiritual do ser humano passa por várias fases. Os instintos
vão aparecendo no psiquismo para que possa haver a perpetuação e a sobrevivência
das espécies. Com o tempo desabrocham outros elementos psíquicos, como os
pensamentos, a inteligência, a vontade, os sentimentos, as emoções e demais
componentes dessa complexa estrutura que ainda é pesquisada em nossos dias. Os
instintos, assim, vão sofrendo a influência desses outros fatores que se
desenvolvem no tempo, intelectualizando-o gradativamente. Esse sopro evolutivo
da alma a impulsiona sempre para o progresso, para a conquista de valores. É um
caminhar sem fim em busca da perfeição, ou, melhor dizendo, da perfectibilidade,
visto que perfeito só Deus o é. O desenvolvimento espiritual é longo e capaz de
nos transformar em espíritos puros que gravitam em faixas inacessíveis à nossa
compreensão humana. Assim que a consciência vem despertando gradativamente
através de um processo de assimilação de experiências, com os respectivos
registros no psiquismo. Esses mecanismos psíquicos o tornam cada vez mais
aperfeiçoado, com mais elementos intrínsecos, que se inter-relacionam,
produzindo um caldo de cultura cada vez mais sofisticado. É a consciência que
traz em seu bojo todo um potencial passível de ser desenvolvido, de ser
aprimorado. É como a bolota de carvalho, pequenina, mas contendo em sua
estrutura todas as condições para que se constitua numa árvore frondosa e
gigantesca. É a consciência inicial, que recebe, aos poucos, os elementos
vivificadores da razão e do sentimento, como se fossem a seiva nutriente capaz
de transformá-la no carvalho de operações cada vez mais complexas. Significa
dizer que já se encontra no ser humano todo o potencial indispensável ao seu
aperfeiçoamento. É só observar-mos a questão 621 de O Livro dos Espíritos,
quando Allan Kardec pergunta "onde está escrita a lei de Deus?". A resposta foi
concisa e clara: "Na consciência". Significa dizer que já estão intrinsecamente
em nós as leis que regem o universo; basta descobri-las. O crescimento
espiritual, assim, irá despertando esses valores da consciência, e o ser humano
começa a se compreender melhor e, também, as leis naturais da vida. Enquanto ele
não possui o conhecimento da verdade, ele irá cometendo desatinos atrás de
desatinos; é o predomínio da ignorância. E todos esses desacertos trarão para o
homem os sofrimentos que ele passa na sua viagem de aperfeiçoamento. A fase
evolutiva em que nos encontramos já nos possibilita entender um pouco mais das
leis de Deus. A consciência já começa a despertar para outros valores menos
instintivos e mais consentâneos com as leis que regem a felicidade humana. A
Física, a Química e a Biologia já possibilitaram um significativo avanço no
conhecimento científico. O homem já perscruta o cosmos através da astronomia e
da astrofísica, já desvenda muitas leis da biologia molecular e da química da
vida. O avanço tecnológico foi ímpar nesses últimos cinqüenta anos e a Medicina
já conhece muito a respeito do corpo físico. Esse conhecimento das leis
orgânicas possibilitou elevar a vida média das pessoas de 30 para 70 anos. A
psicologia e a psiquiatria tentam conhecer cada vez mais as leis que atuam no
psiquismo humano, com o objetivo de minorar os transtornos mentais originados
pelos desvios de conduta. Vemos, então, em nossa época, um despertar da
consciência para as leis que regem os fenômenos da vida e seu conhecimento é que
produzirá a grande transformação humana. O indivíduo terá um desabrochar da
consciência capaz de lhe mostrar, com clareza necessária, o melhor caminho a
seguir para si e para a sociedade.
A
Consciência do Amor
As
maiores transformações da alma humana se realizam no desenvolvimento do amor,
porque o amor é a essência-mãe, a essência geratriz da vida. Não foi sem razão
que o apóstolo João disse que "Deus é amor". Todos os outros elementos que se
desenvolvem estão sob o abrigo dessa lei maior do universo, dessa "lei suprema
da consciência", que comanda o destino dos povos e o destino das galáxias. Todo
o comportamento dos seres angélicos está em consonância com essa lei magna do
Criador. Se assim não fosse, eles não estariam na condição altamente
desenvolvida em que se encontram. A própria palavra filosofia, traduzida, no
geral, como "amor à sabedoria", foi judiciosamente modificada por Platão, como
sendo "a sabedoria do amor", a grande e notável sabedoria do universo. A
consciência que temos do amor vai se desenvolvendo no tempo.
a)
Animalidade -- Humanidade
Na
medida em que se dilata o afastamento da animalidade, o ser humano assume, cada
vez mais, dimensões espirituais mais elevadas e as energias que o compõem vão
adquirindo freqüências mais sutis e capazes de ajustá-lo às leis naturais. É a
aquisição gradativa de elementos que desabrocham na área dos
sentimentos.
São
forças instintivas que iniciam um processo de sensibilidade, de afetividade
humana. André Luiz disse que "o instinto sexual é o amor em expansão no tempo".
O espírito se modifica e adquire elementos mais nobres sob o impulso de uma
energia motriz de elevada transcendência: o amor em expansão. Assim que é a
predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual que impele o homem
à barbárie comportamental, ao egoísmo e ao seu empobrecimento humano. Os desejos
e as paixões desenfreadas aprisionam as criaturas ao lamaçal dos instintos ainda
deseducados. Ainda hoje em nossa sociedade existem espíritos que gravitam nessa
fase do comando instintivo, por isso as leviandades de toda a
ordem.
b)
Instintos -- Sentimentos
O
avanço consciencial significa conhecer melhor a lei de amor para que esse avanço
se produza um pouco mais célere. Todo o sofrimento individual e coletivo, já o
dissemos, provém desse detalhe: ignorância da lei de amor. Essa lei impele a
evolução dos instintos para os sentimentos. Sua observância é que irá retirar o
homem do reservatório profundo e escuro da animalidade, como já nos dizia o
filósofo José Herculano Pires. Enquanto esse resíduo não desaparecer, ele
repetirá os abusos comportamentais de resíduo de animalidade, porque procurará,
apenas, atender às exigências do Ser Corporal e não às do Ser Espiritual. Assim,
o amor-instinto dos selvagens vai se aprimorando sob o comando da razão
nascente, e nessa conjugação razão e afetividade o sentimento de amor vai se
estruturando e arrancando o homem da animalidade, para elevá-lo à condição
humana dos sentimentos mais burilados.
A
Lei do Amor
O
amor foi avaliado e discutido pelos filósofos e religiosos de todos os tempos.
Os cientistas evitam o assunto porque tem pouco a oferecer sobre este tema. O
sociólogo Sorokin, de Harvard, explica que os cientistas desacreditam no poder
do amor porque ele não pode ser colocado numa balança ou num microscópio. É
ridículo, portanto, que uma força tão poderosa permaneça ignorada, sem ser
investigada cientificamente. Alguns estudos, no entanto, já começam a aparecer
no campo da medicina e da psicologia, bastante tímidos, é verdade. O
empobrecimento do vocábulo em nossos dias, ainda retrata a condição humana em
que nos encontramos. A palavra amor ainda carece de respeito maior, visto que
ela é ainda utilizada sem a elevação espiritual que deveria ter. Fizeram uma
pesquisa entre jovens universitários no Rio de Janeiro sobre o que eles
entendiam sobre a palavra amor. Oitenta e quatro por cento responderam que amor
era uma atividade sexual. Vê-se, portanto, a pouca profundidade de conhecimento
a respeito desse tema. É produto veiculado pela mídia e sem a menor
responsabilidade espiritual nos dias contemporâneos. O resgate de sua
importância, de sua pureza, de sua transcendentalidade é a meta que temos que
atingir. Sem ingenuidade, sem pieguismo, mas baseados na estrutura e na força de
uma lei cósmica e fundamental para a conquista da felicidade social do planeta.
Somente a união das várias áreas do conhecimento (ciência, filosofia, religião)
dará as condições plenas para o homem conhecer a lei de amor e respeitá-la.
Inclusive para seu próprio bem. Allan Kardec abre um capítulo no Evangelho
Segundo o Espiritismo sobre o amor. Ele tem por título "Amar o próximo como a si
mesmo". O fundamento da lei de amor está justamente aí: amar a Deus sobre todas
as coisas e ao próximo como a si mesmo. É o substrato de todo o Evangelho, a
essência de toda a lei. Jesus resumiu toda a sua doutrina nessa assertiva, tal é
a sua importância. Tanto assim que Fénelon, ao falar nesse capítulo, disse que
todas as outras virtudes são filhas do Amor, isto é, as demais virtudes são
orvalhadas pela virtude-mãe. Possuem em cada uma delas uma partícula de amor,
por isso são virtudes. Os efeitos da lei de amor são o melhoramento da raça
humana e a felicidade dos homens durante a sua vida, é o que preceitua esse
dispositivo da constituição divina. Como toda lei, existem aqueles que seguem e
aqueles que fazem olhos de mercador.
Esquecem,
estes, que toda lei divina é perfeita e que não a seguindo estaremos sujeitos à
sanção dessa lei: o sofrimento. Não existe outro caminho senão aquele
preconizado pelo amai-vos. Não existe. Fora desse caminho o homem se perderá e a
dor produzida nessa estrada transversa o conduzirá novamente à direção
preconizada pelo amor. O indivíduo não agüentará viver eternamente fora da lei
de amor, porque está ínsito nele o desejo de felicidade, e a felicidade somente
será obtida através dessa via de acesso. Não foi em vão que o Espírito de
Verdade, no capítulo VI do livro citado, asseverou: "Espíritas, amai-vos, este é
o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo". A conjugação desses dois
itens oferece ao espírito as condições para a conquista de sua plenitude. É o
cultivo de uma semente até que ela venha a produzir os frutos da sabedoria e do
amor. Lázaro, no Evangelho, disse que "o espírito precisa ser cultivado como um
campo", isto é, ser trabalhado diuturnamente até que ele comece a produzir para
o progresso seu e da sociedade em que ele labora.
O
Amor se aprende
O
ser humano possui enorme potencial de realização. Significa que temos sempre
capacidade de crescer e de mudar. Nada está acabado em nós tudo pode ser
aprimorado. Partindo desse princípio, vamos analisar como poderemos trabalhar
esse sentimento dentro do nosso campo espiritual.
a)
Mova-se para o Amor
O
primeiro ponto é estabelecermos uma diretriz para a nossa vida e trabalharmos
nessa direção. O escritor Leo Buscaglia relaciona a inércia do indivíduo ao medo
de mudança, porque a idéia de perfeição assusta e ele fica com medo de realizar
uma transformação que na realidade ele pode efetuar com grande proveito futuro.
Então, é retirar de nossa mente o medo de que o amor está acima de nossas
possibilidades e de que seria difícil realizá-lo. Se o amor não fosse possível,
Jesus não nos teria estimulado a amar dois mil anos atrás. Primeiro: é possível,
segundo: é necessário. É possível porque temos plenas condições mentais para
desenvolvê-lo, e necessário porque sem ele não seremos felizes. Coloque então em
seu projeto de vida o desenvolvimento do amor que se encontra em potencial em
cada um de nós, isto é, mova-se para ele com serenidade e
determinação.
b)
Conheça o Amor
O
conhecimento é feito de várias formas: estudando, observando, comparando,
sentindo, refletindo, reiniciando, intuindo, etc. Escolhendo-se levar uma vida
mais amorosa, mais plena desse sentimento, deveremos conhecer mais sobre o
objeto de nossos anseios. Por isso, vamos buscar os elementos essenciais que nos
auxiliam a compreender melhor o que desejamos. Consultemos livros, assistamos
seminários meditemos sistematicamente sobre o amor, observemos melhor nossos
atos e pensamentos em relação aos semelhantes e reflitamos sobre as atitudes dos
outros. Isso significa trazer ao nosso nível de consciência tudo aquilo que se
relaciona com o amor. Antes as coisas passavam despercebidas. No entanto,
trazendo-as para o nosso nível consciente, teremos uma noção mais clara a
respeito das nossas atitudes perante esse sentimento. O desenvolvimento se torna
então mais reflexivo, profundo, consciente do valor que estamos desabrochando em
nós próprios. -- Sendo negativa, ela se reduzirá. --Sendo positiva, ela se
ampliará. Como o amor é um elemento positivo, quando o trazemos para o nível
consciente, ele tenderá a se multiplicar, isto é, teremos uma tendência em
agirmos de acordo com os seus preceitos.
c)
Vivencie o amor
Somente
a vivência irá solidificar o estudo, a análise, a reflexão e as demais maneiras
de conhecimento de um tema qualquer. O amor então é um desses itens que mais se
integram à prática, à observância real da lei que o especifica. Para se
conhecê-lo realmente, é preciso vivê-lo. Pensar sobre o amor, ler, discutir,
meditar, são maneiras excelentes de conhecê-lo teoricamente. No entanto, é na
prática diária que tornaremos realidade os nossos projetos e os nossos anseios
espirituais. João Henrique Pestalozzi, cognominado o Pedagogo da Humanidade, já
havia dito que não iremos aprender a pensar apenas lendo livros sobre o
pensamento, mas sim pensando. Ele era eminentemente prático. Dizia que nós temos
a cabeça para pensar, o coração para sentir e as mãos para obrar. Significa uma
tríade extraordinária para o desenvolvimento das faculdades humanas: pensar,
sentir e obrar. No amor temos essa tríade como referência educativa, ou seja,
conhecer, sentir e agir no bem. Assim não poderemos parar apenas nas leituras e
nas reflexões sobre esse tema; é necessário seguir mais adiante, isto é,
vivenciar. Parafraseando Pestalozzi, poderemos colocar que só poderemos aprender
a amar, amando. A prática é o teste final de aprovação porque no geral as
pessoas são boas na teoria e deficientes ainda na prática. Aprenderemos
intelectualmente sobre o amor, mas ficamos por aí. Logo, sem a prática não
seremos aprovados no grande teste da vida, que é amar. Acorde pensando nessa
virtude, veja tudo com amor no olhar e não perca nenhuma oportunidade, nem as
mínimas, para executar o amor. Aproveite todos os momentos de sua vida para ser
solidário, para fazer alguma coisa útil. Habitue-se a ver tudo com o olhar da
compaixão e a praticar a caridade. Você adquirirá hábitos saudáveis até
incorporar definitivamente em sua alma essa fragrância inebriante do amor ao
próximo. Será seu manancial de paz e de ternura. Esse hábito persistente e
produtivo te elevará à condição de colaborador de Deus.
|
"Esta casa, A CAMINHO DA LUZ, tem as portas abertas para te receber e o coração muito mais para te compreender."
sexta-feira, 6 de julho de 2012
Amor – O Despertar da Consciência
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário