Perda
de amores
Perdi
meu filho! Perdi minha filha!
Estas
são expressões lacrimosas de pais vestidos de dor, pela morte dos seus
filhos.
A
lógica humana pondera que os pais devam morrer antes dos filhos. Seria a
ordem natural das coisas. - Comenta-se.
No
entanto, a vida tem suas próprias diretrizes e não segue a lógica que se lhe
tenta determinar.
Cada
ser tem seu tempo certo de vida. Seu momento de partir.
Cada
criatura traz, ao nascer, a programação que estabelece o quantum de
anos deva transitar sobre a Terra.
Por
isso, inúmeras vezes, partem antes os filhos do que seus pais.
Isso
sem se falar das mortes que ocorrem por conta e risco da imprudência, dos
desatinos, das inconsequências mundanas.
De
toda forma, o processo de separação pela morte é extremamente doloroso, na
Terra.
Acostumados
à vestimenta carnal, grosseira, impedidos de ver o mundo invisível, que nos
cerca, choramos a ausência dos que nos disseram o grande adeus, na aduana da
morte.
Chorando
e lamentando, falamos de perda. Mas, como escreveu José Saramago: Perder?
Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo.
Eis
o ponto. Ninguém perde ninguém. Os filhos nos são confiados à guarda pela
Divindade. Os pais nos são oferecidos como portos de segurança.
Cada
pessoa que nos conquista a afeição pode permanecer conosco um tempo mas, bem
poderá ser convidada ao retorno, antes de nós.
Compete-nos,
portanto, estarmos preparados a fim de que não detenhamos as lutas porque alguém
se foi. Não nos vistamos de crepe porque a morte arrebatou o ser amado do nosso
lado.
Sobretudo
não utilizemos palavras como perda, pois que o que se verifica é a
ausência da presença física.
Os
que partem prosseguem nutrindo por nós os mesmos sentimentos.
Se
nos amam, envolvem-nos com seus abraços espirituais de forma constante. De onde
se encontrem, trabalhando no bem, crescendo no progresso, nos enviam suas
mensagens de luz.
Aguardam-nos,
a cada noite, o desprendimento do corpo para dialogarem conosco mais
intensamente. E nos abençoam as lembranças, fazendo-nos tudo recordar como um
delicado sonho, ao despertar.
Alegram-se
com nossas conquistas. Fazem-se presentes em nossas festividades e nos enxugam
as lágrimas, nos dias de desolação.
Alimentam
a nossa saudade com suas sutis presenças e, vez ou outra, espalham o perfume do
seu amor, causando-nos doces emoções.
Incentivam-nos
nas lutas de cada dia e aguardam, paciente e amorosamente, que os anos
transcorram a fim de que se processe o reencontro.
Eles
nos disseram Até logo mais, não Adeus.
Afetos
ausentes. Não perdidos, nem desaparecidos.
Pensemos
nisso e reformulemos nossos pensamentos e palavras.
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