Francisco Cândido Xavier. Arquivo de Osvaldo Magro Filho
Na última segunda feira (2 de abril), Chico Xavier completaria 102 anos se não tivesse partido aos 92 anos, dia em que o Brasil comemorou seu pentacampeonato na Copa do Japão/Coréia do Sul. Ele dizia que deixar a Terra num dia em que o povo brasileiro estivesse feliz. E assim aconteceu!
Esse amor que ele sente pelas pessoas é tão forte quanto aquele descrito no refrão de uma música de Renato Russo: “é preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã”....
Ele praticava isso naturalmente. Pelo menos não parecia sacrifício algum passar horas cumprimentando indivíduos em filas intermináveis no Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo, e depois, no Centro Espírita Comunhão Espírita Cristã, em Uberaba. Por sinal, Chico amava os chamados “invisíveis”.
Não, não estamos nos referindo aos espíritos.
Gilberto Dimenstein, no livro “O Mistério das Bolinhas de Gude”, abordou a invisibilidade. Segundo ele, ser invisível é não ser notado, é não pertencer a nenhuma tribo, é não se sentir ouvido mesmo após gritos desesperados de pedido de ajuda.
Osvaldo Magro Filho (Dinho) *
Ele defende este conceito de invisibilidade por meio de suas anotações jornalísticas relativas aos anos 1970, quando se incomodou ao saber do silêncio das meninas virgens que eram leiloadas em prostíbulos no agreste brasileiro. Depois, ao visitar os anos 1980, ele conheceu a solidão dos brasileiros que se mudaram para New York em busca de uma vida sem preconceitos, mas encontraram o isolamento e a saudade. E quando visitou a ‘cracolândia’, descobrindo que os meninos traficantes-viciados não posavam para fotografias para não serem "apagados", definitivamente, por um gatilho. Precisavam ficar invisíveis.
Eu digo que Chico Xavier tinha um profundo amor e compaixão pelos invisíveis da Terra e do além! Quando participei de algumas reuniões mediúnicas em Uberaba, na década de 1980, ouvia cochichos entre as pessoas que se acotovelavam: “Veja só com quem Chico está conversando; esta pessoa que recebeu a carta psicografada não merecia; ele está doando algo para aquele indivíduo que não precisa de ajuda”.
Contudo, logo depois vinha uma explicação convincente e motivos de sobra pelos quais Chico devotava-se tão intensamente à causa de alguém que sofria.
Quando o filme “Chico Xavier” foi lançado por Daniel Filho, nas comemorações de 100 anos do médium, passamos por Pedro Leopoldo e conversamos com dirigentes do Centro Espírita Luiz Gonzaga. E perguntamos: “já faz tempo que Chico desencarnou e vocês continuam com as mesmas atividades: sopa aos necessitados, roupas doadas aos carentes, preces e reuniões de consolo aos depressivos que por aqui passam. Nada mudou depois que Chico se foi?”
A resposta veio imediata: “quando Chico deixou Pedro Leopoldo, ele fez constar em Ata do Conselho Deliberativo que se algum dia este Centro Espírita deixar de prestar socorro aos mais necessitados suas portas deverão ser trancadas, e as chaves entregues à Federação Espírita Brasileira. E tem sido assim desde então. A casa está sempre cheia e procuramos ajudar todos que nos procuram”, prosseguiu a dirigente.
Não é de se estranhar a grande quantidade de simpatizantes que este homem possui. No Youtube, Facebook, Twitter e nos e-mails recebemos diariamente frases escritas pelo médium mineiro. As que mais me impressionam são as que ele próprio assumiu autoria.
“Nunca passei um dia sem luta”.
“A paciência desarticula os mecanismos do mal”.
“Nem sempre os espíritos que nos protegem conseguem se antecipar aos perigos a que, pelo nosso livre arbítrio, nos expomos.”.
“Ninguém nos tenta. Nós somos tentados por nós mesmos.”
“Lágrima não substitui o suor; em mim nunca substituiu. Quando acabo de chorar, estou na mesma situação”.
“Como vamos ter paciência com as grandes coisas se não temos com as pequeninas?.”
E assim segue o Evangelho de Chico Amor Xavier. Parabéns, Chico, pelo seu aniversário!
Obrigado por nos inspirar até hoje, por nos mostrar um caminho, por conviver conosco neste País tão importante no contexto mundial, por escolher as pessoas como fonte de inspiração, por ter tanta compaixão, por amar os visíveis e invisíveis
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