"Esta casa, A CAMINHO DA LUZ, tem as portas abertas para te receber e o coração muito mais para te compreender."
segunda-feira, 30 de abril de 2012
CAPÍTULO II - RELIGIÃO COMO FATO SOCIAL
CAPÍTULO II - RELIGIÃO COMO FATO SOCIAL
O homem contemporâneo, vivendo numa fase de crise universal, determinada por mudanças rápidas em todos os campos de sua atividade, defronta-se com um grave problema subjetivo: ser ou não ser religioso. Os estudos sobre a origem e o desenvolvimento da Religião, sua natureza, sua significação para o comportamento humano, seus efeitos na dinâmica social e nos processos de renovação das estruturas econômicas e administrativas da sociedade, bem como no desenvolvimento cultural e mais especificamente das pesquisas científicas, oferecem-lhe opções contraditórias que não levam a nenhuma solução, agravando a crise com o levantamento de novos conflitos aparentemente insanáveis.
Culturalmente marginalizada, a partir do Renascimento, a Religião se transformou numa questão opinativa. Para os materialistas e ateus é apenas um resíduo do passado supersticioso; para os pragmatistas, uma questão de conveniência; para os espiritualistas, um problema vital, do qual depende a própria sobrevivência da Humanidade. As posições opiniáticas, em todas essas áreas, geram a desconfiança e a indiferença no seio das massas populares, desprovidas de elementos para uma avaliação do problema, e muito menos para a sua equação.
O que hoje se convencionou chamar de Ciência da Religião, abrangendo vários aspectos da questão religiosa em diversas perspectivas cientificas, fora do campo religioso, apresenta-se como análise fria do processo religioso, com base nos dados objetivos da História. Mesmo a Psicologia das Religiões vê-se obrigada a pairar no plano das estruturas das escolas psicológicas, sem mergulhar na essência do fenômeno religioso, sob pena de perder a sua qualificação científica.
Acontece com a Religião o mesmo que verificamos no tocante ao problema da vida, cuja solução se busca no pressuposto de que o impulso vital se origina no campo dos aminoácidos. A matéria, considerada como a fonte de toda energia - apesar da comprovação cientifica atual de que é o produto da acumulação energética --- mantém-se na posição de geradora da vida. Assim também se busca o segredo da Religião nas suas formas de
manifestação, na sua estrutura e no seu funcionamento, como se ela se originasse das entranhas do homem e não das profundezas do seu psiquismo. A vida, a alma, o sentimento e o pensamento não seriam mais do que epifenômenos, efêmeras eclosões do fenômeno orgânico, destinadas a desaparecer com este.
Não pretendo promover uma revolução copérnica no assunto, mas apenas mostrar, se possível, a conveniência de uma mudança de posição. Basta encararmos a Religião coma um fato social, segundo a tese de Durkheim, sem nos limitarmos aos aspectos puramente estruturais e funcionais do fato em si, para que as perspectivas da análise se tornem mais amplas e flexíveis. Religião e Sociedade se mostram conjugadas indissoluvelmente no plano histórico. Se tomarmos como exemplo o clã judaico de Abraão, do grupo étnico dos Habiru, na Caldéia, veremos que ali se formava ao mesmo tempo uma nova sociedade e uma nova religião que iriam exercer papel fundamental no desenvolvimento da civilização. Ambas, sociedade e religião, nasciam no seio de outra sociedade e outra religião, organizadas, tradicionais, e delas se distinguiam pelas características étnicas e pela destinação histórica tipicamente carismática, determinada pela tendência monoteísta do clã, sob o impulso de crenças que se corporificavam nas manifestações de entidades mitológicas. Abraão, Isaac e Jacó assumiram a direção do clã e o levariam, através do Egito, às terras de Canaã, na Palestina, na sangrenta epopéia dos relatos bíblicos.
Temos de distinguir no caso dois elementos conjugados que provocam o nascimento da nova religião: primeiro, o elemento étnico, determinante do agrupamento social; segundo, o elemento mítico, determinante da nova orientação religiosa. Este último não se mostra como subjetivo, mas caracteriza-se pela sua objetividade. E a intervenção ativa de influências exó-genas na vida do clã, provenientes de manifestações concretas de entidades espirituais. Por mais que isso possa repugnar aos adeptos da interpretação psicológica dos fatos, que só aceitam as manifestações espirituais como de ordem subjetiva, os resultados das pesquisas modernas e contemporâneas no campo das Ciências Psíquicas, atualmente confirmadas pelas pesquisas parapsicológicas, com a anterior comprovação das pesquisas metapsíquicas, mostram que a intervenção espiritual poderia ter sido objetiva, segundo a descrição dos relatos bíblicos.
Admitindo-se a realidade dessa manifestação concreta, que corresponde a milhares de outras verificadas em todas as latitudes do planeta, podemos chegar à conclusão de que as religiões se originam de uma conjugação de fatores humanos e espirituais, nenhum deles podendo ser excluído da análise honesta do fato social, sem que se pratique uma violência contra a realidade mundialmente comprovada. Os fenômenos paranormais aparecem então como o elemento básico do fato social a que chamamos religião. E não é possível, nas condições atuais do desenvolvimento das Ciências, mesmo no plano da Física, opor a essa realidade o simples desmentido dos argumentos, sem provas científicas evidentes de sua impossibilidade.
Assim, a colocação do problema religioso de maneira opiniática, em termos materialistas, pragmáticos ou espiritualistas, nesta altura de nossa evolução cultural, corresponderia a uma verdadeira heresia científica. Não obstante, o desenvolvimento das religiões e sua institucionalização, em todo o mundo, oferecem motivos de suspeita aos espíritos objetivos, que pretendem analisá-las no seu estado atual. Nesse processo histórico inserem-se naturalmente os elementos do psiquismo comum, em suas manifestações pura-mente subjetivas e não raro de ordem patológica. Inserem-se também os elementos psicológicos, hoje bem conhecidos, que determinam a criação do sectarismo religioso e das ordenações institucionais, cujos objetivos são característicos dos interesses sociais. Posições psicológicas individuais ou de grupos, tradições, interesses políticos, preconceitos, superstições, interesses imediatistas, às vezes até mesmo pessoais e outros são elementos que se mesclam no processo de institucionalização das religiões, não raro a partir do próprio momento e da própria fonte em que elas nascem. Mais do que difícil, é quase impossível distingui-los e precisar a importância que tiveram no processo histórico.
As religiões se dividem em duas categorias fundamentais: as reveladas ou naturais e as inventadas ou artificiais. Independentemente das classificações existentes, podemos dispô-las nessas duas linhas de analise. A religião natural, neste caso, é a que surge es-pontaneamente, entre os povos primitivos ou civilizados, a partir do ensino de um mestre. As artificiais são criadas no meio civilizado, em momentos de crise religiosa, como no caso do Culto da Razão, de Chaumette, ou da Religião da Humanidade, de Augusto Comte. As reformas religiosas não criam tipos novos, apenas modificam os já existentes em virtude de divergências ou da verificação de distorções havidas no processo de institucionalização. A religião individual, da tese de Bergson, que corresponde à Moralidade da tese anterior de Pestalozzi, não se enquadra nesse panorama por constituir uma superação do plano social e uma libertação total de todo condicionamento institucional. Não obstante, pela sua conotação inevitável com a realidade social em que se insere, embora individualmente, não escapa ã classificação geral de fato social.
Temos assim uma possibilidade maior de esclarecer o que se pode entender por religião como fato social. Não é apenas um fato isolado que ocorre na dinâmica de uma sociedade, mas um fato que brota da realidade social como expressão de sua própria alma, de suas tendências e suas aspirações, na forma de uma síntese conceptual que engloba, nas suas representações simbólicas e na sua estrutura racional, os elementos básicos do todo social concreto e os vetores ou direções do psiquismo coletivo. Sem essa compreensão intuitiva, e portanto global, do fato social da religião, todas as formas de encarar e interpretar o fenômeno religioso nos levarão fatalmente a condicionamentos restritivos e esquemáticos, que só poderão aumentar a confusão e agravar as erros cometidos na colocação do problema.
Essa complexidade do fenômeno religioso parece ,explicar de maneira mais profunda a marginalização cultural a que a Religião foi relegada a partir do início do mundo moderno. Confinada nas instituições igrejeiras, abastardada pelo profissionalismo clerical, transformada em ópio do povo e sustentáculo de situações sociais profundamente injustas, catalogada entre os produtos espúrios das fases de ignorância supersticiosa, revertida à condição de promotora de guerras, massacres e asfixia das liberdades humanas, utilizada como arma poderosa nas mais desumanas guerras ideológicas, responsabilizada pelas mais cruéis deformações da criatura humana, a Religião se constituiu em barreira de todo o progresso cultural e foi excluída do mundo da Cultura como indesejável.
Não obstante, graças ao poder subjacente nas estruturas formais das religiões e à conotação vital dos seus princípios com as exigências naturais da consciência humana, sua posição no processo cultural moderno e contemporâneo caracterizou-se pela ambivalência. Sua exclusão não pode ser total, nem mesmo nas áreas políticas dominadas pelo materialismo ideológico. Encarada ao mesmo tempo com ódio e respeito, numa estranha mistura de desconfiança e temor, encontrou n a interpretação pragmática, utilitária, de mal necessário, o salvo-conduto que lhe permite a circulação tolerada nos meios culturais da atualidade.
Por outro lado, sua presença nos meios culturais é sempre conflitiva. Não há possibilidade de harmonização perfeita entre cultura religosa e cultura secular, a não ser no plano da religião individual, que rompe o envoltório formal das religiões sociais e é encarada por estas como uma aberração. O resultado mais negativo dessa situação conflitiva foi o aparecimento de outro mal necessário, a implantação mundial da Educação Leiga, que frustrou as possibilidades de reelaboração da experiência religiosa pelas novas gerações e determinou a sedimentação interesseira da sua posição de ambivalência no mundocontemporâneo. Como não podia deixar de acontecer, essa posição ambígua, indefinida e contraditória em si mesma, levou a proporções catastróficas a crise das religiões em nossos dias.
Felizmente a natureza vital da Religião, as suas profundas raízes ônticas (e não apenas ontológicas) e a sua inelutável condição de síntese de toda a realidade social, determinaram o aparecimento de uma síntese cultural em que a Religião, reunificada à revelia da fragmentação institucional das religiões, ressurge entranhada na substância do progresso cultural. Não podemos tratar da crise das religiões em nosso tempo sem enquadrá-la nas dimensões desse fato cultural, onde todos os seus problemas se esclarecem de maneira coerente e profunda. As pessoas integradas no formalismo cultural do século, apegadas a princípios exclusivistas e alheias à recomendação cartesiana contra o preconceito e a precipitação, certamente rejeitarão como negativa e parcial a posição que assumo. Mas a coincidência com a verdade histórica (simples-mente incontestável) com a conflitiva realidade cultural dos nossos dias com as perspectivas científicas abertas por essa síntese cultural e já em parte realizadas, asseguram a validade desta interpretação, acima de qualquer facciosismo. Não seria possível desprezar a evidência dos fatos e das conotações de princípios filosóficos e científicos com o panorama real, objetivo, das mudanças que se verificam dia-a-dia: aos nossos olhos, apenas para satisfazer a determinadas normas convencionais. Acima das convenções transitórias e das conveniências de acomodação ao impreciso espírito da época, deve prevalecer o amor à verdade.
Acelera-se o processo das mudanças. Ampliam-se os conflitos entre o velho e o novo em todas as áreas das atividades humanas. Descontrolam-se os sistemas de segurança em todas as instituições. As religiões até ontem mais sólidas e poderosas agonizam em seus leitos de riquezas milenarmente acumuladas. As teologias até ontem inabaláveis, como estrelas fixas do pensamento religioso, estremecem coma a unidade pitagórica para desencadear a década de novos universos. Rasgam-se as fronteiras do tempo e do espaço. O homem se equilibra, nervoso e inquieto, na fímbria tenuissima da crosta planetária, entre dois infinitos que se escancaram nos abismos do microcosmo e do macrocosmo.
Não é essa hora de concessões à ignorância (ilustrada ou não) nem o momento de cachimbadas líricas ao cair do crepúsculo. Estamos na hora da verdade, das proposições claras e precisas, da posição destemida de alerta e vigilância. Precisamos ver, sentir, perceber por todos os nossos sentidos e além dos sentidos, através da intuição e da percepção extra-sensorial, que as peças envelhecidas do xadrez cultural estão sendo mudadas no tabuleiro do mundo. Não há mais lugar para as contemporizações tranqüilas do passado, que acobertavam piedosamente os germes dos conflitos atuais. Agora os conflitos explodem e temos de enfrentá-los face a face.
Encarando a crise das religiões coma um processo sócio-cultural integrado na realidade imediata, não podemos escamotear a verdade das soluções que já foram propostas para ela com grande antecedência histórica. Trata-se, par sinal, de um processo cíclico bastante conhecido dos estudiosos da História. Só há uma novidade na crise atual: a violenta ampliação das dimensões da crise, que se abre para visões dantescas do passado e do futuro. No passado, deparamos de novo com as regiões infernais percorridas pelo gênio de Dante; no futuro, com as revoadas angélicas da criação artística de Gustave Doré. Não há o que temer. O passado agoniza e o futuro nos arrebata, pelas mãos de Beatriz, às regiões celestiais. Estamos pisando no limiar da Era Cósmica e as constelações já brilham aos nossos olhos.
O homem contemporâneo, vivendo numa fase de crise universal, determinada por mudanças rápidas em todos os campos de sua atividade, defronta-se com um grave problema subjetivo: ser ou não ser religioso. Os estudos sobre a origem e o desenvolvimento da Religião, sua natureza, sua significação para o comportamento humano, seus efeitos na dinâmica social e nos processos de renovação das estruturas econômicas e administrativas da sociedade, bem como no desenvolvimento cultural e mais especificamente das pesquisas científicas, oferecem-lhe opções contraditórias que não levam a nenhuma solução, agravando a crise com o levantamento de novos conflitos aparentemente insanáveis.
Culturalmente marginalizada, a partir do Renascimento, a Religião se transformou numa questão opinativa. Para os materialistas e ateus é apenas um resíduo do passado supersticioso; para os pragmatistas, uma questão de conveniência; para os espiritualistas, um problema vital, do qual depende a própria sobrevivência da Humanidade. As posições opiniáticas, em todas essas áreas, geram a desconfiança e a indiferença no seio das massas populares, desprovidas de elementos para uma avaliação do problema, e muito menos para a sua equação.
O que hoje se convencionou chamar de Ciência da Religião, abrangendo vários aspectos da questão religiosa em diversas perspectivas cientificas, fora do campo religioso, apresenta-se como análise fria do processo religioso, com base nos dados objetivos da História. Mesmo a Psicologia das Religiões vê-se obrigada a pairar no plano das estruturas das escolas psicológicas, sem mergulhar na essência do fenômeno religioso, sob pena de perder a sua qualificação científica.
Acontece com a Religião o mesmo que verificamos no tocante ao problema da vida, cuja solução se busca no pressuposto de que o impulso vital se origina no campo dos aminoácidos. A matéria, considerada como a fonte de toda energia - apesar da comprovação cientifica atual de que é o produto da acumulação energética --- mantém-se na posição de geradora da vida. Assim também se busca o segredo da Religião nas suas formas de
manifestação, na sua estrutura e no seu funcionamento, como se ela se originasse das entranhas do homem e não das profundezas do seu psiquismo. A vida, a alma, o sentimento e o pensamento não seriam mais do que epifenômenos, efêmeras eclosões do fenômeno orgânico, destinadas a desaparecer com este.
Não pretendo promover uma revolução copérnica no assunto, mas apenas mostrar, se possível, a conveniência de uma mudança de posição. Basta encararmos a Religião coma um fato social, segundo a tese de Durkheim, sem nos limitarmos aos aspectos puramente estruturais e funcionais do fato em si, para que as perspectivas da análise se tornem mais amplas e flexíveis. Religião e Sociedade se mostram conjugadas indissoluvelmente no plano histórico. Se tomarmos como exemplo o clã judaico de Abraão, do grupo étnico dos Habiru, na Caldéia, veremos que ali se formava ao mesmo tempo uma nova sociedade e uma nova religião que iriam exercer papel fundamental no desenvolvimento da civilização. Ambas, sociedade e religião, nasciam no seio de outra sociedade e outra religião, organizadas, tradicionais, e delas se distinguiam pelas características étnicas e pela destinação histórica tipicamente carismática, determinada pela tendência monoteísta do clã, sob o impulso de crenças que se corporificavam nas manifestações de entidades mitológicas. Abraão, Isaac e Jacó assumiram a direção do clã e o levariam, através do Egito, às terras de Canaã, na Palestina, na sangrenta epopéia dos relatos bíblicos.
Temos de distinguir no caso dois elementos conjugados que provocam o nascimento da nova religião: primeiro, o elemento étnico, determinante do agrupamento social; segundo, o elemento mítico, determinante da nova orientação religiosa. Este último não se mostra como subjetivo, mas caracteriza-se pela sua objetividade. E a intervenção ativa de influências exó-genas na vida do clã, provenientes de manifestações concretas de entidades espirituais. Por mais que isso possa repugnar aos adeptos da interpretação psicológica dos fatos, que só aceitam as manifestações espirituais como de ordem subjetiva, os resultados das pesquisas modernas e contemporâneas no campo das Ciências Psíquicas, atualmente confirmadas pelas pesquisas parapsicológicas, com a anterior comprovação das pesquisas metapsíquicas, mostram que a intervenção espiritual poderia ter sido objetiva, segundo a descrição dos relatos bíblicos.
Admitindo-se a realidade dessa manifestação concreta, que corresponde a milhares de outras verificadas em todas as latitudes do planeta, podemos chegar à conclusão de que as religiões se originam de uma conjugação de fatores humanos e espirituais, nenhum deles podendo ser excluído da análise honesta do fato social, sem que se pratique uma violência contra a realidade mundialmente comprovada. Os fenômenos paranormais aparecem então como o elemento básico do fato social a que chamamos religião. E não é possível, nas condições atuais do desenvolvimento das Ciências, mesmo no plano da Física, opor a essa realidade o simples desmentido dos argumentos, sem provas científicas evidentes de sua impossibilidade.
Assim, a colocação do problema religioso de maneira opiniática, em termos materialistas, pragmáticos ou espiritualistas, nesta altura de nossa evolução cultural, corresponderia a uma verdadeira heresia científica. Não obstante, o desenvolvimento das religiões e sua institucionalização, em todo o mundo, oferecem motivos de suspeita aos espíritos objetivos, que pretendem analisá-las no seu estado atual. Nesse processo histórico inserem-se naturalmente os elementos do psiquismo comum, em suas manifestações pura-mente subjetivas e não raro de ordem patológica. Inserem-se também os elementos psicológicos, hoje bem conhecidos, que determinam a criação do sectarismo religioso e das ordenações institucionais, cujos objetivos são característicos dos interesses sociais. Posições psicológicas individuais ou de grupos, tradições, interesses políticos, preconceitos, superstições, interesses imediatistas, às vezes até mesmo pessoais e outros são elementos que se mesclam no processo de institucionalização das religiões, não raro a partir do próprio momento e da própria fonte em que elas nascem. Mais do que difícil, é quase impossível distingui-los e precisar a importância que tiveram no processo histórico.
As religiões se dividem em duas categorias fundamentais: as reveladas ou naturais e as inventadas ou artificiais. Independentemente das classificações existentes, podemos dispô-las nessas duas linhas de analise. A religião natural, neste caso, é a que surge es-pontaneamente, entre os povos primitivos ou civilizados, a partir do ensino de um mestre. As artificiais são criadas no meio civilizado, em momentos de crise religiosa, como no caso do Culto da Razão, de Chaumette, ou da Religião da Humanidade, de Augusto Comte. As reformas religiosas não criam tipos novos, apenas modificam os já existentes em virtude de divergências ou da verificação de distorções havidas no processo de institucionalização. A religião individual, da tese de Bergson, que corresponde à Moralidade da tese anterior de Pestalozzi, não se enquadra nesse panorama por constituir uma superação do plano social e uma libertação total de todo condicionamento institucional. Não obstante, pela sua conotação inevitável com a realidade social em que se insere, embora individualmente, não escapa ã classificação geral de fato social.
Temos assim uma possibilidade maior de esclarecer o que se pode entender por religião como fato social. Não é apenas um fato isolado que ocorre na dinâmica de uma sociedade, mas um fato que brota da realidade social como expressão de sua própria alma, de suas tendências e suas aspirações, na forma de uma síntese conceptual que engloba, nas suas representações simbólicas e na sua estrutura racional, os elementos básicos do todo social concreto e os vetores ou direções do psiquismo coletivo. Sem essa compreensão intuitiva, e portanto global, do fato social da religião, todas as formas de encarar e interpretar o fenômeno religioso nos levarão fatalmente a condicionamentos restritivos e esquemáticos, que só poderão aumentar a confusão e agravar as erros cometidos na colocação do problema.
Essa complexidade do fenômeno religioso parece ,explicar de maneira mais profunda a marginalização cultural a que a Religião foi relegada a partir do início do mundo moderno. Confinada nas instituições igrejeiras, abastardada pelo profissionalismo clerical, transformada em ópio do povo e sustentáculo de situações sociais profundamente injustas, catalogada entre os produtos espúrios das fases de ignorância supersticiosa, revertida à condição de promotora de guerras, massacres e asfixia das liberdades humanas, utilizada como arma poderosa nas mais desumanas guerras ideológicas, responsabilizada pelas mais cruéis deformações da criatura humana, a Religião se constituiu em barreira de todo o progresso cultural e foi excluída do mundo da Cultura como indesejável.
Não obstante, graças ao poder subjacente nas estruturas formais das religiões e à conotação vital dos seus princípios com as exigências naturais da consciência humana, sua posição no processo cultural moderno e contemporâneo caracterizou-se pela ambivalência. Sua exclusão não pode ser total, nem mesmo nas áreas políticas dominadas pelo materialismo ideológico. Encarada ao mesmo tempo com ódio e respeito, numa estranha mistura de desconfiança e temor, encontrou n a interpretação pragmática, utilitária, de mal necessário, o salvo-conduto que lhe permite a circulação tolerada nos meios culturais da atualidade.
Por outro lado, sua presença nos meios culturais é sempre conflitiva. Não há possibilidade de harmonização perfeita entre cultura religosa e cultura secular, a não ser no plano da religião individual, que rompe o envoltório formal das religiões sociais e é encarada por estas como uma aberração. O resultado mais negativo dessa situação conflitiva foi o aparecimento de outro mal necessário, a implantação mundial da Educação Leiga, que frustrou as possibilidades de reelaboração da experiência religiosa pelas novas gerações e determinou a sedimentação interesseira da sua posição de ambivalência no mundocontemporâneo. Como não podia deixar de acontecer, essa posição ambígua, indefinida e contraditória em si mesma, levou a proporções catastróficas a crise das religiões em nossos dias.
Felizmente a natureza vital da Religião, as suas profundas raízes ônticas (e não apenas ontológicas) e a sua inelutável condição de síntese de toda a realidade social, determinaram o aparecimento de uma síntese cultural em que a Religião, reunificada à revelia da fragmentação institucional das religiões, ressurge entranhada na substância do progresso cultural. Não podemos tratar da crise das religiões em nosso tempo sem enquadrá-la nas dimensões desse fato cultural, onde todos os seus problemas se esclarecem de maneira coerente e profunda. As pessoas integradas no formalismo cultural do século, apegadas a princípios exclusivistas e alheias à recomendação cartesiana contra o preconceito e a precipitação, certamente rejeitarão como negativa e parcial a posição que assumo. Mas a coincidência com a verdade histórica (simples-mente incontestável) com a conflitiva realidade cultural dos nossos dias com as perspectivas científicas abertas por essa síntese cultural e já em parte realizadas, asseguram a validade desta interpretação, acima de qualquer facciosismo. Não seria possível desprezar a evidência dos fatos e das conotações de princípios filosóficos e científicos com o panorama real, objetivo, das mudanças que se verificam dia-a-dia: aos nossos olhos, apenas para satisfazer a determinadas normas convencionais. Acima das convenções transitórias e das conveniências de acomodação ao impreciso espírito da época, deve prevalecer o amor à verdade.
Acelera-se o processo das mudanças. Ampliam-se os conflitos entre o velho e o novo em todas as áreas das atividades humanas. Descontrolam-se os sistemas de segurança em todas as instituições. As religiões até ontem mais sólidas e poderosas agonizam em seus leitos de riquezas milenarmente acumuladas. As teologias até ontem inabaláveis, como estrelas fixas do pensamento religioso, estremecem coma a unidade pitagórica para desencadear a década de novos universos. Rasgam-se as fronteiras do tempo e do espaço. O homem se equilibra, nervoso e inquieto, na fímbria tenuissima da crosta planetária, entre dois infinitos que se escancaram nos abismos do microcosmo e do macrocosmo.
Não é essa hora de concessões à ignorância (ilustrada ou não) nem o momento de cachimbadas líricas ao cair do crepúsculo. Estamos na hora da verdade, das proposições claras e precisas, da posição destemida de alerta e vigilância. Precisamos ver, sentir, perceber por todos os nossos sentidos e além dos sentidos, através da intuição e da percepção extra-sensorial, que as peças envelhecidas do xadrez cultural estão sendo mudadas no tabuleiro do mundo. Não há mais lugar para as contemporizações tranqüilas do passado, que acobertavam piedosamente os germes dos conflitos atuais. Agora os conflitos explodem e temos de enfrentá-los face a face.
Encarando a crise das religiões coma um processo sócio-cultural integrado na realidade imediata, não podemos escamotear a verdade das soluções que já foram propostas para ela com grande antecedência histórica. Trata-se, par sinal, de um processo cíclico bastante conhecido dos estudiosos da História. Só há uma novidade na crise atual: a violenta ampliação das dimensões da crise, que se abre para visões dantescas do passado e do futuro. No passado, deparamos de novo com as regiões infernais percorridas pelo gênio de Dante; no futuro, com as revoadas angélicas da criação artística de Gustave Doré. Não há o que temer. O passado agoniza e o futuro nos arrebata, pelas mãos de Beatriz, às regiões celestiais. Estamos pisando no limiar da Era Cósmica e as constelações já brilham aos nossos olhos.
domingo, 29 de abril de 2012
AGONIA DAS RELIGIÕES
AGONIA DAS RELIGIÕES
As Religiões estão morrendo. Este é um dos fatos marcantes do nosso tempo, mais precisamente do Século XX. O poder das Religiões não é mais religioso, mas simplesmente econômico, político e social. As igrejas se esvaziam, os seminários se fecham, a vocação sacerdotal desaparece, o clero de todas elas recorre no mundo inteiro aos mais variados expedientes para manter seus rebanhos, fazendo-lhes concessões perigosas. Mas todos os expedientes mostram-se incapazes de restabelecer o prestigio e o poder religiosos, servindo apenas de remendos de pano novo em roupa velha, segundo a expressão evangélica. Começam então a aparecer os sucedâneos, milhares de seitas forjadas por videntes e profetas da última hora, na maioria leigos que se apresentam como missionários
taumaturgos populares, místicos improvisados e de olhos mais voltados para os bens terrenos do que para os tesouros do Reino dos Céus.
Esses bastardos do espírito, que pululam por toda parte, caracterizam o fenômeno sócio-cultural da morte das Religiões. O fato é bem conhecido dos que estudam a Sociologia da Cultura. Quando um sistema institucional esvazia-se no tempo, tragado na voragem das mudanças culturais, os aproveitadores invadem os domínios abandonados e socorrem a seu modo os órfãos em desespero. As grandes revoluções políticas e sociais mostram-nos como as tiranetes do populacho assumem as funções dos nobres decaídos, substituindo a autoridade tradicional pelo mandonismo dos clãs ressuscitados. Podemos aplicar ao caso uma paródia da explicação metafísica do horror ao vácuo, dizendo que as sociedades têm horror ao caos e preenchem a falta de autoridade legítima (ou pelo menos legitimada) pelo autoritarismo dos sátrapas.
Esse evidente sintoma de agonia das instituições tradicionais está presente em toda a área religosa do nosso tempo. E o carisma das fases de mudança. Não há dúvida, portanto, de que as Religiões agonizam. E o responsável par esse fato alarmante, como sempre, é a própria vitima, que pela imprevisão, pelo abuso do poder, pelo apego às comodidades institucionais, deixou-se levar na ilusão de sua indestrutibilidade. As próprias Religiões cavaram a sua ruína no desenrolar do processo histórico. Acomodadas em sua superioridade, confiantes no privilégio de sua origem e natureza sobrenaturais, recusaram-se a integrar-se na cultura natural, marginalizando-se a si mesmas. A evolução cultural alargou progressivamente o fosso entre a Cultura e a Religião, tornando irreversível a situação das instituições religiosas. Assim, dialeticamente, o conceito arbitrário do sobrenatural, que era o funda-mento de sua segurança, tornou-se o motivo de sua decadência.
No Ocidente, os primeiros sinais da crise religiosa contemporânea surgiram em plena Idade Média, com o episódio trágico-romântico de Aberlardo, prenunciando a Idade da Razão. Essa nova fase, que se iniciou com o Renascimento, traria a revolução cartesiana, Rousseau, Chaumette e o Culto da Razão na Revolução, e posteriormente Augusto Comte e a Religião da Humanidade. No ano da morte de Augusta Comte, em 1857, Denizard Rivail iniciaria na França o movimento da Fé Racional. Assim, a França, que centralizava o processo cultural no Mundo Moderno, apresenta uma seqüência de tentativas para a integração da Religião no sistema cultural em desenvolvimento, sempre rejeitadas pela soberania eclesiástica apoiada no conceito do sobrenatural. Paralelamente aos movimentos renascentistas da França, desencadeou-se na Alemanha, no Século XVI, o movimento da. Reforma, iniciado por Lutero.
No Oriente a reação às religiões tradicionais foi mais lenta e tardia, menos precisa e definida, com menores conseqüências, que só se acentuaram no Século XIX. Nem por isso deixou de produzir efeitos que se intensificaram no decorrer desse século até o presente sob influências ocidentais. Na Rússia, sob a inspiração francesa de Rousseau, Tolstoi promoveu a revolução religiosa do Século XIX, na linha luterana de volta ao Cristianismo Primitivo, fazendo uma nova tradução dos Evangelhos em sentido místico-racional. Todos esses movimentos revelam a insatisfação cultural no tocante à soberania das Religiões, fundada no conceito do sobrenatural, que as mantinham desligadas do processo cultural. Ainda no Século XIX a obra de Renan, na França, assinalava a tendência do espírito francês, no plano da História do Cristianismo, no sentido de estabelecer a verdade sobre os primórdios da Religião dominante e retirá-la do campo suspeito do sobrenatural.
Temos, nesse esboço de um vasto panorama histórico, a visão objetiva dos processos que vinham preparando, desde os fins do milênio medieval, a derrocada das Religiões. Em nosso século, o desenvolvimento acelerado das Ciências, a laicização do Estado e da Educação, a desagregação da família, a expansão cultural e a rápida modificação dos costumes e do
sistema de vida pelo impacto da Tecnologia - abrangendo praticamente todo o mundo - fortaleceram a concepção pragmática e materialista, dando o golpe de misericórdia no sobrenatural e nos sistemas religiosos que nele se apóiam. A etiologia da decadência das Religiões torna-se palpável. Seria simples tolice querer negá-la.
Não obstante. o sentimento religioso do homem não foi aniquilado. Pelo contrário, ele subsiste e vem sendo considerado, particularmente nos países da área dominada pelo Marxismo, como um resíduo do passado que terá de desaparecer totalmente com o avanço irresistível da cultura. A própria URSS, que se desmandou em campanhas violentas contra a Religião, viu-se obrigada a fazer concessões significativas ao chamado ópio do povo. Nos Estados Unidos o Pragmatismo de William James e o Instrumentalismo de John Dewey temperaram a situação permitindo urna espécie de trégua na qual segundo Rhine, as concepções antípodas do homem - a religiosa e a cientifica - podem encontrar-se ao pé do leito de um moribundo sem estardalhaço. Mas as atrocidades da II Guerra Mundial geraram na Alemanha um movimento de reforma radical das Teologias tradicionais, que se projetou nos Estados Unidos e vem penetrando sutilmente em toda a América, através de traduções de livros dos novos teólogos, que anunciam a morte de Deus e pregam a novidade cio Cristianismo Ateu.
Os teólogos mais uma vez se enganam. A teoria da Morte de Deus, que eles procuram inutilmente explicar como um acontecimento atual, do nosso tempo, nunca se verificou nem pode verificar-se. Deus não é um ser nem é mortal, porque o Ser Absoluto, o Bem, segundo Platão, a Idéia Suprema de que derivam todas as idéias e portanto todas as coisas e todos os seres. Os teólogos da chamada Teologia Radical da Morte de Deus, e seus companheiros de outros ramos teológicos subseqüentes, sofrem de um processo de alucinação por transferência. Quem está morrendo não é Deus, são eles mesmos e suas Teologias, eles e as Religiões formalistas e dogmáticas.
A concepção nova de Deus, que nasce dos escombros da concepção antropomórfica do passado, é a de uma Inteligência Cósmica que preside a toda a realidade possível. Os cosmonautas soviéticos, depois de umas voltas ao redor do grão de areia da Terra, declaram eufóricos que Deus não existe, pois não tiveram o prazer de encontrá-lo nos microscópicos subúrbios do nosso planeta. Fizeram como o estudante de Eça de Queiroz, em A Cidade, que, para provar a inexistência de Deus, tirou o seu relógio-patacão do bolso do colete, diante de colegas, e deu o prazo de alguns minutos para que Deus o fulminasse. Como não foi fulminado, declarou que estava provada a inexistência de Deus e guardou o patacão no bolso. Essas piadas servem apenas para mostrar-nos o estado de ignorância em que ainda nos encontramos. E para provar, isso sim, que estamos mortos em nossa estupidez diante da grandeza do Cosmos. Dizer que Deus morreu é como dizer que a vida se extinguiu. 0 fato de estarmos vivos e fazermos essa afirmação já prova o contrário.
Os teólogos radicais são tão radicais que não admitem a única explicação possível para a sua teoria da Morte de Deus. Essa explicação seria a de que o Deus convencional das religiões morreu, coma idéia hoje inaceitável. Mas eles se opõem a isso e dão explicações que ninguém pode entender, pois só entendemos o que é racional. O problema é mais sério do que pensam os teólogos, que fazem piada dizendo colocar o Cristo provisoriamente no lugar de Deus, do que resulta o Cristianismo Ateu, última novidade das Religiões no Século XX.
Apesar de tudo isso, verifica-se que o que eles pretendem é colocar o problema da existência de Deus em termos mais acessíveis à razão. Essa pretensão coincide com os objetivos do pensamento francês, na seqüência histórica mencionada acima. É pena que esses teólogos atuais não tenham a facilidade de expressão e a lucidez que caracterizam o pensamento francês. Se entre eles houvesse um teólogo gaulês, certamente lhes explicaria que o conceito celta de Deus devia satisfazê-los. Os celtas, que eram um povo manoteísta
como os hebreus e viveram na Antiguidade, poderiam corrigir os teólogos atuais e dar lições de lógica às Religiões em agonia. Foram considerados bárbaros e sofreram na pele a barbárie dos civilizados romanos, mas Aristóteles afirmou que eles eram o único povo filósofo do mundo.
De todo o exposto parece evidente que a agonia atual das religiões nada tem a ver com a Religião. Sim, porque a Religião é uma das características fundamentais da natureza humana. Parodiando a teoria aristotélica do animal político, podemos dizer que o homem é um animal religioso. A falsa teoria do espanto do mundo como origem da Religião, que até mesmo Van Der Leuw ainda sustenta, não pode manter-se em pé diante da prova antropológica de que nunca existiu no mundo um povo ateu, desde os homens da caverna até os nossos dias. A idéia de Deus é inata no homem, como Descartes afirmou, depois de encontrá-la no fundo misterioso do cógito. E uma idéia evidente par si mesma e indispensável à compreensão de nós mesmos e do mundo.
Certas pessoas opiniáticas, muito ciosas de si mesmas, costumam dizer que Deus não existe porque ninguém pôde provar a sua existência. A própria Ciência ensina que a causa se prova pelo efeito. Basta-nos olhar uma flor ou um grão de areia para sabermos que Deus precisa existir, que existe necessariamente. O que não podemos aceitar é o Deus das religiões, porque esse Deus - ilógico e absurdo, como dizia Aristides Lobo - pertence a um passado remoto em que a humanidade necessitava dele. A essência da Religião constitui-se de apenas um núcleo e uma partícula, como o átomo de hidrogênio. O núcleo é a idéia de Deus e a partícula o sentimento religioso. A Religião verdadeira, que jamais agonizou e nunca morre, tem nesse átomo simples e puro a sua raiz simbólica.
Mas, para que a Religião possa desempenhar livre-mente o seu papel fundamental na evolução humana, é necessário que a reintegremos na Cultura Geral, como uma de suas áreas mais importantes. Para livrar o Conhecimento da dispersão produzida pelas especializações cientificas, foi necessário criar-se a Filosofia da Ciência. Para livrar a Religião da pulverização sectária é indispensável libertá-la do formalismo dogmático, do profissionalismo religioso, do fanatismo igrejeiro. A agonia das religiões é determinada bela asfixia das estruturas antiquadas, do irracionalismo baseado no conceito do sobrenatural e da Revelação Divina. Os dois tipos de religião analisados par Bergson, o social e o individual, devem fundir-se na síntese da Religião do Homem, que ressalta historicamente das aspirações francesas e mereceu do poeta bengali Rabindranath Tagore um estudo lúcido e lírico. O Conhecimento é um todo, é global. Teoria e prática são verso e reverso de um mesmo processo. O humo sapiens e o humo faber são uma e a mesma coisa: o homem. As especializações são simples formas de divisão do trabalho, de acordo com as diferenciações de tendências individuais. Ciência e Técnica, Filosofia e Moral, Metafísica e Religião são apenas divisões metodológicas do campo do Saber, formas disciplinares do pensamento e da ação.
A Era da Comunicação de Massa, que segundo Mcluhan, fez da Terra uma aldeia global, estourou o mundo chinês do passado, de muralhas e mandarinatos. A dicotomia kantiana, que negou a impossibilidade do conhecimento extra-sensorial, foi superada pelas conquistas físicas e psicológicas de hoje. O sobrenatural mudou de nome, é apenas o natural desco-nhecido que a investigação científica vai rapidamente integrando no Conhecimento Global da realidade una. Temos de adaptar-nos às condições novas e às novas dimensões do homem e do mundo. As próprias igrejas estão abrindo as portas dos conventos e dos mosteiros para não morrerem asfixiadas, As Ciências rompem com o passado, a Filosofia se livra dos sistemas para enfrentar com desenvoltura a problemática do pensa-mento, vs tabus são esmigalhados pelo homem novo, os mestres e gurus se fazem discípulos da única
fonte real de sabedoria que é a Natureza. O sacerdócio é uma espécie em extinção. Os teólogos foram confundidos por Deus, que não quis entregar-se em suas mãos inábeis.
Se quisermos salvar a Religião, nesse maremoto das transformações que afligem os passadistas, façamos urgentemente a liquidação das religiões em agonia e mandemos os seus artigos de fé, seus ícones e suas medalhas para o Museu do Homem, como simples testemunhos de um tempo morto.
Tudo isso é aflitivo para os espíritos rotineiros e acomodatícios, como a mensagem cristã era escândalo para os judeus e espanto para gregos e romanos. Mas os espíritos flexíveis, corajosos, lúcidos, empenhados na busca da Verdade - essa relação direta do pensamento com o real - não se atemorizam, antes se rejubilam com a libertação do homem. Esta é a verdade flagrante do momento que vivemos: o homem se liberta de seus temores, da ilusão de sua fragilidade existencial, do confinamento planetária, do embuste e da hipocrisia para viver a vida como ela é, na plenitude das suas potencialidades corporais e espirituais.
O homem se emancipa e toma consciência da sua 'natureza cósmica. Diante dele está o futuro sem limite, a imortalidade dinâmica e demonstrável que se opõe ao conceito limitado da imortalidade estática e hipotética. Sua herança não é o pecado nem a morte, mas a vida em nova dimensão.
As Religiões estão morrendo. Este é um dos fatos marcantes do nosso tempo, mais precisamente do Século XX. O poder das Religiões não é mais religioso, mas simplesmente econômico, político e social. As igrejas se esvaziam, os seminários se fecham, a vocação sacerdotal desaparece, o clero de todas elas recorre no mundo inteiro aos mais variados expedientes para manter seus rebanhos, fazendo-lhes concessões perigosas. Mas todos os expedientes mostram-se incapazes de restabelecer o prestigio e o poder religiosos, servindo apenas de remendos de pano novo em roupa velha, segundo a expressão evangélica. Começam então a aparecer os sucedâneos, milhares de seitas forjadas por videntes e profetas da última hora, na maioria leigos que se apresentam como missionários
taumaturgos populares, místicos improvisados e de olhos mais voltados para os bens terrenos do que para os tesouros do Reino dos Céus.
Esses bastardos do espírito, que pululam por toda parte, caracterizam o fenômeno sócio-cultural da morte das Religiões. O fato é bem conhecido dos que estudam a Sociologia da Cultura. Quando um sistema institucional esvazia-se no tempo, tragado na voragem das mudanças culturais, os aproveitadores invadem os domínios abandonados e socorrem a seu modo os órfãos em desespero. As grandes revoluções políticas e sociais mostram-nos como as tiranetes do populacho assumem as funções dos nobres decaídos, substituindo a autoridade tradicional pelo mandonismo dos clãs ressuscitados. Podemos aplicar ao caso uma paródia da explicação metafísica do horror ao vácuo, dizendo que as sociedades têm horror ao caos e preenchem a falta de autoridade legítima (ou pelo menos legitimada) pelo autoritarismo dos sátrapas.
Esse evidente sintoma de agonia das instituições tradicionais está presente em toda a área religosa do nosso tempo. E o carisma das fases de mudança. Não há dúvida, portanto, de que as Religiões agonizam. E o responsável par esse fato alarmante, como sempre, é a própria vitima, que pela imprevisão, pelo abuso do poder, pelo apego às comodidades institucionais, deixou-se levar na ilusão de sua indestrutibilidade. As próprias Religiões cavaram a sua ruína no desenrolar do processo histórico. Acomodadas em sua superioridade, confiantes no privilégio de sua origem e natureza sobrenaturais, recusaram-se a integrar-se na cultura natural, marginalizando-se a si mesmas. A evolução cultural alargou progressivamente o fosso entre a Cultura e a Religião, tornando irreversível a situação das instituições religiosas. Assim, dialeticamente, o conceito arbitrário do sobrenatural, que era o funda-mento de sua segurança, tornou-se o motivo de sua decadência.
No Ocidente, os primeiros sinais da crise religiosa contemporânea surgiram em plena Idade Média, com o episódio trágico-romântico de Aberlardo, prenunciando a Idade da Razão. Essa nova fase, que se iniciou com o Renascimento, traria a revolução cartesiana, Rousseau, Chaumette e o Culto da Razão na Revolução, e posteriormente Augusto Comte e a Religião da Humanidade. No ano da morte de Augusta Comte, em 1857, Denizard Rivail iniciaria na França o movimento da Fé Racional. Assim, a França, que centralizava o processo cultural no Mundo Moderno, apresenta uma seqüência de tentativas para a integração da Religião no sistema cultural em desenvolvimento, sempre rejeitadas pela soberania eclesiástica apoiada no conceito do sobrenatural. Paralelamente aos movimentos renascentistas da França, desencadeou-se na Alemanha, no Século XVI, o movimento da. Reforma, iniciado por Lutero.
No Oriente a reação às religiões tradicionais foi mais lenta e tardia, menos precisa e definida, com menores conseqüências, que só se acentuaram no Século XIX. Nem por isso deixou de produzir efeitos que se intensificaram no decorrer desse século até o presente sob influências ocidentais. Na Rússia, sob a inspiração francesa de Rousseau, Tolstoi promoveu a revolução religiosa do Século XIX, na linha luterana de volta ao Cristianismo Primitivo, fazendo uma nova tradução dos Evangelhos em sentido místico-racional. Todos esses movimentos revelam a insatisfação cultural no tocante à soberania das Religiões, fundada no conceito do sobrenatural, que as mantinham desligadas do processo cultural. Ainda no Século XIX a obra de Renan, na França, assinalava a tendência do espírito francês, no plano da História do Cristianismo, no sentido de estabelecer a verdade sobre os primórdios da Religião dominante e retirá-la do campo suspeito do sobrenatural.
Temos, nesse esboço de um vasto panorama histórico, a visão objetiva dos processos que vinham preparando, desde os fins do milênio medieval, a derrocada das Religiões. Em nosso século, o desenvolvimento acelerado das Ciências, a laicização do Estado e da Educação, a desagregação da família, a expansão cultural e a rápida modificação dos costumes e do
sistema de vida pelo impacto da Tecnologia - abrangendo praticamente todo o mundo - fortaleceram a concepção pragmática e materialista, dando o golpe de misericórdia no sobrenatural e nos sistemas religiosos que nele se apóiam. A etiologia da decadência das Religiões torna-se palpável. Seria simples tolice querer negá-la.
Não obstante. o sentimento religioso do homem não foi aniquilado. Pelo contrário, ele subsiste e vem sendo considerado, particularmente nos países da área dominada pelo Marxismo, como um resíduo do passado que terá de desaparecer totalmente com o avanço irresistível da cultura. A própria URSS, que se desmandou em campanhas violentas contra a Religião, viu-se obrigada a fazer concessões significativas ao chamado ópio do povo. Nos Estados Unidos o Pragmatismo de William James e o Instrumentalismo de John Dewey temperaram a situação permitindo urna espécie de trégua na qual segundo Rhine, as concepções antípodas do homem - a religiosa e a cientifica - podem encontrar-se ao pé do leito de um moribundo sem estardalhaço. Mas as atrocidades da II Guerra Mundial geraram na Alemanha um movimento de reforma radical das Teologias tradicionais, que se projetou nos Estados Unidos e vem penetrando sutilmente em toda a América, através de traduções de livros dos novos teólogos, que anunciam a morte de Deus e pregam a novidade cio Cristianismo Ateu.
Os teólogos mais uma vez se enganam. A teoria da Morte de Deus, que eles procuram inutilmente explicar como um acontecimento atual, do nosso tempo, nunca se verificou nem pode verificar-se. Deus não é um ser nem é mortal, porque o Ser Absoluto, o Bem, segundo Platão, a Idéia Suprema de que derivam todas as idéias e portanto todas as coisas e todos os seres. Os teólogos da chamada Teologia Radical da Morte de Deus, e seus companheiros de outros ramos teológicos subseqüentes, sofrem de um processo de alucinação por transferência. Quem está morrendo não é Deus, são eles mesmos e suas Teologias, eles e as Religiões formalistas e dogmáticas.
A concepção nova de Deus, que nasce dos escombros da concepção antropomórfica do passado, é a de uma Inteligência Cósmica que preside a toda a realidade possível. Os cosmonautas soviéticos, depois de umas voltas ao redor do grão de areia da Terra, declaram eufóricos que Deus não existe, pois não tiveram o prazer de encontrá-lo nos microscópicos subúrbios do nosso planeta. Fizeram como o estudante de Eça de Queiroz, em A Cidade, que, para provar a inexistência de Deus, tirou o seu relógio-patacão do bolso do colete, diante de colegas, e deu o prazo de alguns minutos para que Deus o fulminasse. Como não foi fulminado, declarou que estava provada a inexistência de Deus e guardou o patacão no bolso. Essas piadas servem apenas para mostrar-nos o estado de ignorância em que ainda nos encontramos. E para provar, isso sim, que estamos mortos em nossa estupidez diante da grandeza do Cosmos. Dizer que Deus morreu é como dizer que a vida se extinguiu. 0 fato de estarmos vivos e fazermos essa afirmação já prova o contrário.
Os teólogos radicais são tão radicais que não admitem a única explicação possível para a sua teoria da Morte de Deus. Essa explicação seria a de que o Deus convencional das religiões morreu, coma idéia hoje inaceitável. Mas eles se opõem a isso e dão explicações que ninguém pode entender, pois só entendemos o que é racional. O problema é mais sério do que pensam os teólogos, que fazem piada dizendo colocar o Cristo provisoriamente no lugar de Deus, do que resulta o Cristianismo Ateu, última novidade das Religiões no Século XX.
Apesar de tudo isso, verifica-se que o que eles pretendem é colocar o problema da existência de Deus em termos mais acessíveis à razão. Essa pretensão coincide com os objetivos do pensamento francês, na seqüência histórica mencionada acima. É pena que esses teólogos atuais não tenham a facilidade de expressão e a lucidez que caracterizam o pensamento francês. Se entre eles houvesse um teólogo gaulês, certamente lhes explicaria que o conceito celta de Deus devia satisfazê-los. Os celtas, que eram um povo manoteísta
como os hebreus e viveram na Antiguidade, poderiam corrigir os teólogos atuais e dar lições de lógica às Religiões em agonia. Foram considerados bárbaros e sofreram na pele a barbárie dos civilizados romanos, mas Aristóteles afirmou que eles eram o único povo filósofo do mundo.
De todo o exposto parece evidente que a agonia atual das religiões nada tem a ver com a Religião. Sim, porque a Religião é uma das características fundamentais da natureza humana. Parodiando a teoria aristotélica do animal político, podemos dizer que o homem é um animal religioso. A falsa teoria do espanto do mundo como origem da Religião, que até mesmo Van Der Leuw ainda sustenta, não pode manter-se em pé diante da prova antropológica de que nunca existiu no mundo um povo ateu, desde os homens da caverna até os nossos dias. A idéia de Deus é inata no homem, como Descartes afirmou, depois de encontrá-la no fundo misterioso do cógito. E uma idéia evidente par si mesma e indispensável à compreensão de nós mesmos e do mundo.
Certas pessoas opiniáticas, muito ciosas de si mesmas, costumam dizer que Deus não existe porque ninguém pôde provar a sua existência. A própria Ciência ensina que a causa se prova pelo efeito. Basta-nos olhar uma flor ou um grão de areia para sabermos que Deus precisa existir, que existe necessariamente. O que não podemos aceitar é o Deus das religiões, porque esse Deus - ilógico e absurdo, como dizia Aristides Lobo - pertence a um passado remoto em que a humanidade necessitava dele. A essência da Religião constitui-se de apenas um núcleo e uma partícula, como o átomo de hidrogênio. O núcleo é a idéia de Deus e a partícula o sentimento religioso. A Religião verdadeira, que jamais agonizou e nunca morre, tem nesse átomo simples e puro a sua raiz simbólica.
Mas, para que a Religião possa desempenhar livre-mente o seu papel fundamental na evolução humana, é necessário que a reintegremos na Cultura Geral, como uma de suas áreas mais importantes. Para livrar o Conhecimento da dispersão produzida pelas especializações cientificas, foi necessário criar-se a Filosofia da Ciência. Para livrar a Religião da pulverização sectária é indispensável libertá-la do formalismo dogmático, do profissionalismo religioso, do fanatismo igrejeiro. A agonia das religiões é determinada bela asfixia das estruturas antiquadas, do irracionalismo baseado no conceito do sobrenatural e da Revelação Divina. Os dois tipos de religião analisados par Bergson, o social e o individual, devem fundir-se na síntese da Religião do Homem, que ressalta historicamente das aspirações francesas e mereceu do poeta bengali Rabindranath Tagore um estudo lúcido e lírico. O Conhecimento é um todo, é global. Teoria e prática são verso e reverso de um mesmo processo. O humo sapiens e o humo faber são uma e a mesma coisa: o homem. As especializações são simples formas de divisão do trabalho, de acordo com as diferenciações de tendências individuais. Ciência e Técnica, Filosofia e Moral, Metafísica e Religião são apenas divisões metodológicas do campo do Saber, formas disciplinares do pensamento e da ação.
A Era da Comunicação de Massa, que segundo Mcluhan, fez da Terra uma aldeia global, estourou o mundo chinês do passado, de muralhas e mandarinatos. A dicotomia kantiana, que negou a impossibilidade do conhecimento extra-sensorial, foi superada pelas conquistas físicas e psicológicas de hoje. O sobrenatural mudou de nome, é apenas o natural desco-nhecido que a investigação científica vai rapidamente integrando no Conhecimento Global da realidade una. Temos de adaptar-nos às condições novas e às novas dimensões do homem e do mundo. As próprias igrejas estão abrindo as portas dos conventos e dos mosteiros para não morrerem asfixiadas, As Ciências rompem com o passado, a Filosofia se livra dos sistemas para enfrentar com desenvoltura a problemática do pensa-mento, vs tabus são esmigalhados pelo homem novo, os mestres e gurus se fazem discípulos da única
fonte real de sabedoria que é a Natureza. O sacerdócio é uma espécie em extinção. Os teólogos foram confundidos por Deus, que não quis entregar-se em suas mãos inábeis.
Se quisermos salvar a Religião, nesse maremoto das transformações que afligem os passadistas, façamos urgentemente a liquidação das religiões em agonia e mandemos os seus artigos de fé, seus ícones e suas medalhas para o Museu do Homem, como simples testemunhos de um tempo morto.
Tudo isso é aflitivo para os espíritos rotineiros e acomodatícios, como a mensagem cristã era escândalo para os judeus e espanto para gregos e romanos. Mas os espíritos flexíveis, corajosos, lúcidos, empenhados na busca da Verdade - essa relação direta do pensamento com o real - não se atemorizam, antes se rejubilam com a libertação do homem. Esta é a verdade flagrante do momento que vivemos: o homem se liberta de seus temores, da ilusão de sua fragilidade existencial, do confinamento planetária, do embuste e da hipocrisia para viver a vida como ela é, na plenitude das suas potencialidades corporais e espirituais.
O homem se emancipa e toma consciência da sua 'natureza cósmica. Diante dele está o futuro sem limite, a imortalidade dinâmica e demonstrável que se opõe ao conceito limitado da imortalidade estática e hipotética. Sua herança não é o pecado nem a morte, mas a vida em nova dimensão.
O Maior Mandamento
O Maior Mandamento
"Ama a Deus, com toda a tua alma, com todo o teu coração e com todo o teu entendimento! — eis o maior mandamento", proclamou o Senhor.
Entretanto, perguntarás, como amarei a Deus que se encontra longe de mim?
Cala, porém, as tuas indagações e recorda que, se os pais e as mães do mundo vibram na experiência dos filhos, se o artista está invisível em suas obras, também Deus permanece em suas criaturas.
Lembra que, se deves esperar por Deus onde te encontras, Deus igualmente espera por ti em todos os ângulos do caminho.
Ele é o Todo em que nos movemos e existimos.
Escuta a Lei Sublime do Bem e vê-Lo-ás sofrendo no irmão enfermo, esperando por tuas mãos; necessitado, no coração ignorante que te pede um raio de luz; aflito, na criancinha sem lar que te estende os braços súplices, rogando abrigo e consolação; ansioso, no companheiro agonizante que te implora a bênção de uma prece que o acalente para a viagem enorme; inquieto, no coração das mães que te pedem proteção para os filhinhos infelizes e expectante, nas páginas vivas da Natureza, aguardando a tua piedade para as árvores despejadas, para as fontes poluídas, para as aves sem ninho ou para os animais desamparados e doentes.
Amemos ao próximo com toda a alma e com todo o coração e estaremos amando ao Senhor com as forças mais nobres de nossa vida.
Compreende e auxilia sempre...
Serve e passa...
Quem se faz útil, auxilia a construção do Reino Divino na Terra e quem realmente ama a Deus, sacrifica-se pelo próximo, fazendo a vida aperfeiçoar-se e brilhar.
Emmanuel
O ESPANTALHO
O ESPANTALHO
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O astuto comandante de entidades das trevas reuniu a pequena expedição de companheiros que voltavam da esfera física, onde haviam ido a combate dos espíritos, e lhes tomava contas. - Eu, - dizia um dos perseguidores, sarcásticos, - torturei a cabeça de fervoroso pregador de Kardec, impedindo-lhe o acesso à tribuna por mais de dois meses. - Ótimo! – falou o chefe – entretanto, isso terá trazido muitos benfeitores ao socorro preciso. - Eu - chacoteou um deles – consegui provocar a queda de uma criança anulando o concurso de operosa médium passista por duas semanas. - Excelente! – concordou o diretor das sombras – mas não resolve porque muita gente do plano superior terá vindo... Outros relacionaram atividades inferiores diversas sem que o mentor cruel demonstrasse encantamento maior. Um deles informou, porém: - Eu encontrei um grupo de espíritas convictos e devotados, mas passei a freqüentar-lhes o pensamento, dizendo-lhes que eles eram imperfeitos, imperfeitos e imperfeitos, até que todos acreditaram não valer mesmo nada... Então ai todos cruzaram os braços e começaram a dormir em abatimento e desânimo. O tenebroso dirigente deu enorme gargalhada e recomendou a turma sombria a levantar, com urgência, em cada sementeira do Espiritismo, o espantalho da imperfeição... |
pelo Espírito Hilário Silva - Do livro: Ideal Espírita, Médium: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos |
CONCLUSÕES DA VIDA
CONCLUSÕES
DA VIDA
Diante dos problemas e obstáculos do cotidiano, convém estabelecer, de quando a quando pelo menos, ligeira pausa para pensar, de maneira a observarmos o rendimento das horas que a vida nos atribui, no território do tempo.
E se no curso de nossas reflexões ponderarmos:
no montante das bênçãos que temos recebido;
nas vantagens que usufruímos em confronto com as lutas e contratempos que assinalam milhares de irmãos na retaguarda;
nos resultados contraproducentes da irritação;
no caráter destrutivo de quaisquer manifestações de rebeldia ou azedume;
no lado escuro das reclamações;
no peso morto das aflições sem proveito;
nas calamidades da violência;
nos prejuízos do desânimo;
nas lições que podemos extrair das provas dignamente atravessadas;
na importância da indulgência;
nos donativos de calma e bondade que os outros aguardam de nós, a fim de consolidarem a própria segurança;
no poder da gentileza para construir a benemerência e o respeito em torno de nossa vida;
no alto significado da compreensão e da tolerância que nos decidamos a exercitar a benefício de nós mesmos;
e nos testemunhos de amor e cooperação de que somos capazes para contribuir com os Mensageiros do Cristo na preservação da paz e do bem sobre a Terra;
decerto que, acima de quaisquer desgostos e insucessos, saberíamos colocar a luz da esperança com o privilégio do trabalho, sem nos afastarmos da paciência, hora alguma.
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Emmanuel
Chico Xavier
sábado, 28 de abril de 2012
Preparando-se para o futuro
Preparando-se para o futuro
Voltando ao assunto que versa sobre o fim do mundo neste ano, devemos considerar que em todos os momentos a ciência nos mostra seus estudos sobre o tema, dando-nos um caminho que sempre deve ser buscado: o caminho da lógica. Em seu livro “A Teia da Vida”, Fritjof Capra diz que estamos todos interligados numa conjunção sistêmica onde o todo se divide em partes que a ele remonta. Desta forma, tudo o que acontece a uma parte, interfere nas partes seguintes. Hoje se sabe que matéria é energia. A matéria situa-se, pois, no patamar das profundas transformações motivadas por ondas. Assim, sendo a matéria uma forma de energia, não se concebe um movimento por menor que seja que não interfira sobremodo no conjunto planetário ou cósmico. Tudo isto nos abre profundas linhas de pensamentos e necessárias adequações ao que se tem hoje, não mais por hipóteses e sim por comprovações. Dá-se então a necessidade de quebrar paradigmas. De sairmos das anotações do passado para um salto a este futuro de avanços quânticos.
O Dr. Richard Guerber, médico de Detroit, em seu livro: “Medicina Vibracional”, no capítulo 1, fala sobre os hologramas. Segundo ele: “O holograma é uma fotografia especial em três dimensões criada por padrões de interferência de energia. Eles também demonstram um notável princípio da natureza, o de que cada parte pode conter a essência do todo. O holograma nos proporciona um novo e extraordinário modelo, o qual poderá ajudar a ciência a compreender tanto a estrutura energética do universo quanto a natureza multidimensional dos seres humanos”. Desde que a ideia do geocentrismo foi abolida do pensamento humano, a participação no todo universal passou a ser móvel de pesquisas. Os focos das academias voltaram-se para a compreensão das relações da Terra com os demais astros que compõem o cosmo. E, com as descobertas da física quântica, abriram-se portais de pesquisas que hoje modelam falas e conceitos.
De forma que, se nosso mundo acabasse, ou seja, explodisse, implodisse, desaparecesse, ou qualquer atividade geofísica que o exterminasse de um momento para o outro, numa data aprazada, tudo à sua volta sofreria brutais interferências. Todo o sistema solar estaria comprometido e todos os demais sistemas, dadas suas proporções de distância e densidades, certamente correriam sérios riscos em suas organizações funcionais. Se uma seca devastadora ou um incêndio ou maremotos que inundasse os continentes acontecessem abruptamente, de igual forma modificaria padrões energéticos e, por conseguinte, gerariam ondas eletromagnéticas de proporções incalculáveis para as nossas medidas. Estamos fazendo uma análise apenas pelo lado em que a ciência fornece elementos de observações. Se abrirmos mais o leque e buscarmos na filosofia e na religião, sempre presentes em nossa história, tal fato não se coadunaria com o que já foi pensado e vivido. Sabemos que o nosso sol ainda terá aproximados 4,5 bilhões de anos. Como ele é o ponto central do sistema, onde a ideia de que um dos seus planetas pudesse, de repente, deixar de existir? Qual força esta que se interporia entre as leis naturais que garantem a sucessão dos eventos e uma catástrofe anunciada por enigmas que em nada justapõem com a realidade científica? Há ainda a hipótese de aproximação de um planeta ou corpo cósmico da nossa vivenda sideral. Segundo a NASA, histórias sobre a aproximação na Terra de outros planetas que poderiam causar algum problema não passam de mitos que se propagam pela internet. Dizem ainda os cientistas daquele órgão que nosso planeta tem estado muito bem durante os 4,5 bilhões de anos, desde sua criação e que não há nenhuma ameaça associada para 2012. Há ainda especulações em torno dos picos solares que poderiam afetar diretamente a Terra, destruindo-a. Aquele competente órgão dos Estados Unidos ainda coloca que: “A atividade solar tem um ciclo regular, com picos de aproximadamente a cada 11 anos. Perto desses picos de atividade, as explosões solares podem causar uma interrupção das comunicações por satélite, embora os engenheiros estejam aprendendo a construir eletrônicos protegidos contra a maioria das tempestades solares. Mas não há riscos especiais associados a 2012. O próximo pico irá ocorrer no período 2012-2014 e está previsto para ser de médio porte, não diferente de ciclos anteriores ao longo da história”.
Assim sendo, podemos remontar a outras datas na história onde os terráqueos afirmavam que o mundo acabaria em datas por eles anunciadas. O grande dilúvio registrado nas histórias da antiguidade ainda não foi devidamente esclarecido. Noé e sua barca salvadora, apesar de ser uma lenda, ainda são tidos como certos e escolas transmitem a seus alunos a tal atividade de Noé, perpetuando o mito. Então, todos aguardam um novo dilúvio, uma nova catástrofe ou coisa semelhante. Pode até ter acontecido uma grande inundação, porém foi algo setorizado. Os antigos não tinham conhecimento da extensão total do planeta e para eles o mundo era a faixa de terra que conheciam. Esta questão do calendário Maia também ganhou força para a divulgação deste propalado e repetido assunto sobre o fim do mundo. Pesquisadores do assunto dizem que assim como calendários que possuímos em nossas casas terminam em 31 de dezembro para recomeçar em primeiro de janeiro do próximo ano, o calendário Maia termina um ciclo em 21 de dezembro de 2012 e reinicia outro após esta data.
Agora vamos a outro ponto da questão. A Revista Nature acaba de divulgar um fato que bem pode acalmar os ânimos. Ela coloca que a Terra está preparando um novo supercontinente que deverá unir a América e a Ásia. Seria assim o Continente Amásia. “A forte atração que o Polo Norte exerce vai levar, dentro de 50 a 200 milhões de anos, à fusão da América com a Ásia, dando origem à Amásia, aquilo que os cientistas norte-americanos acreditam ser o próximo supercontinente.” Esta informação contida na citada revista deixa-nos bem tranquilos. Sabemos, por intermédio dos Espíritos superiores que a Terra sempre prepara campos novos para suas gerações que se sucedem. Cada movimento significativo das placas tectônicas que formaram os cinco continentes atuais obedece a uma determinação prédica dentro dos ditames das Leis Naturais. Os continentes atuais nos capacitaram a chegar até aqui. Com o processo de seleção e regeneração do planeta, forçosamente os hábitos irão mudar, a alimentação dos terráqueos sofrerá profundas modificações, bem como o ar que por aqui se respira. Existem teorias que continentes submersos subirão, enquanto que terras cansadas que nos servem de aprisco baixarão às profundezas oceânicas, revitalizando-se. Esta é a casa do Senhor, pródiga como sempre, oferecendo-nos meios e recursos para nossa caminhada evolutiva e sempre nos contextos das nossas necessidades e entendimentos.
“Os geólogos da Universidade de Yale acreditam ainda que a América ficará situada sobre o anel de fogo do Pacífico, uma área de intensa atividade sísmica e vulcânica, mas sua topografia mudará radicalmente porque a atração para o Polo vai juntar a América do Sul com a do Norte. Essa mudança fará, ao mesmo tempo, desaparecer o Oceano Ártico e o mar do Caribe.” – diz a Revista Nature. Nota-se que há um projeto de nível superior preparando novos hábitats para futuras gerações. Isto nos induz a confirmar que as mudanças são lentas e graduais sem sofrer solução de continuidade, contudo, sem as trágédias que se propalam. Os cataclismas são setorizados e acontecem em tempos previstos. Como não existe a morte, o máximo que pode acontecer ao pessoal encarnado é sua desencarnação e envios para locais onde possam refazer-se, preparando-se para novas etapas. Faz-se necessário a cada dia que as consciências encarnadas pensem mais no futuro espiritual que no futuro geofísico do planeta. Ele está sob régio comando de mentes de elevado teor em sabedoria e amor, proporcionando a todos, e em todos os tempos, os necessários eventos e consolidações para que a Terra continue sendo a escola sideral que é.
Há cerca de trezentos milhões de anos foi formado por aqui um supercontinente. Naquela oportunidade todas as massas terrestres se fundiram no equador, dando origem à Pangea. Depois, pelos movimentos naturais das placas tectônicas, este supercontinente foi fracionado dando a conformação que hoje temos no planeta. Está divulgado na Nature que: “Segundo os cientistas de Yale, a Amásia deverá formar-se no Ártico, a 90 graus do centro geográfico do supercontinente anterior, a Pangeia. Os geólogos chegaram a esta conclusão depois de analisar o magnetismo de rochas antigas para determinar as suas localizações no globo terrestre ao longo do tempo. Além disso, mediram como a camada diretamente abaixo da crosta terrestre, o manto, move os continentes que flutuam à sua superfície”. Diz Peter Cawood, geólogo na universidade britânica de St. Andrews, citado pela revista Nature: é fundamental compreender a disposição das massas dos continentes para entender a história da Terra. “As rochas são a nossa janela para a história.”
E agora, o que pensar? Em que acreditar? Na ciência, que desvenda a evolução do sistema Terra, ou em anúncios sobre destruição do planeta, calcada em símbolos, enigmas e datas que não batem, tendo em vista que nosso calendário não está no seu todo concernente com a real contagem do nosso tempo? Bom mesmo e de certo alvitre é nos prepararmos espiritualmente para os novos ciclos que acontecerão em nosso planeta. Sabemos que nosso sistema solar gira em torno de outros sistemas, numa sucessão extraordinária, a partir das Leis do Criador do Universo. “Residimos numa imensa galáxia que evolui em torno de outras galáxias e que giram em torno de uma grande nebulosa, que passam a evoluir em torno de outras nebulosas.” – disse Chico Xavier. “Cada mundo, cada galáxia são orientados por inteligências divinas”, ainda nas palavras de Chico Xavier, a partir de experiências vividas ao lado de Emmanuel. Perguntado sobre o Apocalipse, o notável médium disse: “só posso falar duas coisas sobre este assunto: – Deus existe e todos somos imortais”.
Segundo Emmanuel, dentre os movimentos da Terra, um é feito num ciclo de 28.000 anos, ao qual se dá o nome de Precessão dos Equinócios. Este ciclo pode ser subdivido em 4 vezes sete mil anos. Segundo os estudiosos, esta é a lei dos ciclos. Estes ciclos fazem com que o eixo da Terra sofra variações que modificam a face do planeta, gerando as eras glaciais. Ora, se a Terra tem a idade de 4.5 bilhões de anos, esses ciclos já aconteceram milhares de vezes, sendo, pois, algo natural e de absoluta regência dos numes espirituais que nos dirigem a partir de Jesus. Chico Xavier, revelando seus estudos junto a Emmanuel, nos disse que: “Não podemos esquecer que a Terra, em sua constituição física propriamente considerada, possui os seus grandes períodos de atividade e de repouso. Cada período de atividade e cada período de repouso da matéria planetária podem ser calculados, cada um, em 260.000 anos, formando assim um ciclo de 520.000 anos”. Ora, este ciclo não é apenas do sistema solar. É um ciclo muito longo para um planeta. Daí pensar-se que o aludido ciclo extende até outros movimentos em torno de outras galáxias. Assim é: estamos interconectados com o Universo, agindo e interagindo constantemente, não sendo possível que aconteça algo aqui que não repercuta alhures. Ainda citando as elucidações de Chico Xavier, ficamos sabendo que: “Os grandes instrutores da humanidade consideram que esses 260.000 anos de atividades são empregados na reorganização dos pródromos da vida organizada”. Existem estudos que nosso atual ciclo tenha tido início a torno de 200.000 anos antes de Jesus e só vai terminar aproximadamente daqui a 60.000 anos. Portanto, um tempo enorme só dentro deste ciclo.
Estas informações da Espiritualidade nos confortam e nos sugerem arregaçar as mangas e trabalhar pela nossa evolução, esquecendo de vez o escatológico ditame de que tudo vai terminar em dezembro deste ano. Quando o sol esfriar e o sistema acabar, já se terão passados mais 4,5 bilhões de anos. Data em que não só a Terra mas também todo o sistema sofrerão o esfriamento e a consequente formação de nova nebulosa. Até lá, já não mais necessitaremos de corpos físicos, então, não seremos nem queimados, nem congelados, nem afogados, ou qualquer outra agressão que nos faça temer.
Aí estão as palavras da ciência, da espiritualidade e uma análise entre as duas. Resta que cada qual busque acalmar suas emoções, tirando suas dúvidas nos estudos ora iniciados. Jesus ainda se instalará definitivamente no coração de cada ser terráqueo. Suas palavras ainda penetrarão os corações mais endurecidos, transformando-os. A Terra ainda subirá à categoria dos Mundos Felizes. Estamos prontos para tudo isto?
Voltando ao assunto que versa sobre o fim do mundo neste ano, devemos considerar que em todos os momentos a ciência nos mostra seus estudos sobre o tema, dando-nos um caminho que sempre deve ser buscado: o caminho da lógica. Em seu livro “A Teia da Vida”, Fritjof Capra diz que estamos todos interligados numa conjunção sistêmica onde o todo se divide em partes que a ele remonta. Desta forma, tudo o que acontece a uma parte, interfere nas partes seguintes. Hoje se sabe que matéria é energia. A matéria situa-se, pois, no patamar das profundas transformações motivadas por ondas. Assim, sendo a matéria uma forma de energia, não se concebe um movimento por menor que seja que não interfira sobremodo no conjunto planetário ou cósmico. Tudo isto nos abre profundas linhas de pensamentos e necessárias adequações ao que se tem hoje, não mais por hipóteses e sim por comprovações. Dá-se então a necessidade de quebrar paradigmas. De sairmos das anotações do passado para um salto a este futuro de avanços quânticos.
O Dr. Richard Guerber, médico de Detroit, em seu livro: “Medicina Vibracional”, no capítulo 1, fala sobre os hologramas. Segundo ele: “O holograma é uma fotografia especial em três dimensões criada por padrões de interferência de energia. Eles também demonstram um notável princípio da natureza, o de que cada parte pode conter a essência do todo. O holograma nos proporciona um novo e extraordinário modelo, o qual poderá ajudar a ciência a compreender tanto a estrutura energética do universo quanto a natureza multidimensional dos seres humanos”. Desde que a ideia do geocentrismo foi abolida do pensamento humano, a participação no todo universal passou a ser móvel de pesquisas. Os focos das academias voltaram-se para a compreensão das relações da Terra com os demais astros que compõem o cosmo. E, com as descobertas da física quântica, abriram-se portais de pesquisas que hoje modelam falas e conceitos.
De forma que, se nosso mundo acabasse, ou seja, explodisse, implodisse, desaparecesse, ou qualquer atividade geofísica que o exterminasse de um momento para o outro, numa data aprazada, tudo à sua volta sofreria brutais interferências. Todo o sistema solar estaria comprometido e todos os demais sistemas, dadas suas proporções de distância e densidades, certamente correriam sérios riscos em suas organizações funcionais. Se uma seca devastadora ou um incêndio ou maremotos que inundasse os continentes acontecessem abruptamente, de igual forma modificaria padrões energéticos e, por conseguinte, gerariam ondas eletromagnéticas de proporções incalculáveis para as nossas medidas. Estamos fazendo uma análise apenas pelo lado em que a ciência fornece elementos de observações. Se abrirmos mais o leque e buscarmos na filosofia e na religião, sempre presentes em nossa história, tal fato não se coadunaria com o que já foi pensado e vivido. Sabemos que o nosso sol ainda terá aproximados 4,5 bilhões de anos. Como ele é o ponto central do sistema, onde a ideia de que um dos seus planetas pudesse, de repente, deixar de existir? Qual força esta que se interporia entre as leis naturais que garantem a sucessão dos eventos e uma catástrofe anunciada por enigmas que em nada justapõem com a realidade científica? Há ainda a hipótese de aproximação de um planeta ou corpo cósmico da nossa vivenda sideral. Segundo a NASA, histórias sobre a aproximação na Terra de outros planetas que poderiam causar algum problema não passam de mitos que se propagam pela internet. Dizem ainda os cientistas daquele órgão que nosso planeta tem estado muito bem durante os 4,5 bilhões de anos, desde sua criação e que não há nenhuma ameaça associada para 2012. Há ainda especulações em torno dos picos solares que poderiam afetar diretamente a Terra, destruindo-a. Aquele competente órgão dos Estados Unidos ainda coloca que: “A atividade solar tem um ciclo regular, com picos de aproximadamente a cada 11 anos. Perto desses picos de atividade, as explosões solares podem causar uma interrupção das comunicações por satélite, embora os engenheiros estejam aprendendo a construir eletrônicos protegidos contra a maioria das tempestades solares. Mas não há riscos especiais associados a 2012. O próximo pico irá ocorrer no período 2012-2014 e está previsto para ser de médio porte, não diferente de ciclos anteriores ao longo da história”.
Assim sendo, podemos remontar a outras datas na história onde os terráqueos afirmavam que o mundo acabaria em datas por eles anunciadas. O grande dilúvio registrado nas histórias da antiguidade ainda não foi devidamente esclarecido. Noé e sua barca salvadora, apesar de ser uma lenda, ainda são tidos como certos e escolas transmitem a seus alunos a tal atividade de Noé, perpetuando o mito. Então, todos aguardam um novo dilúvio, uma nova catástrofe ou coisa semelhante. Pode até ter acontecido uma grande inundação, porém foi algo setorizado. Os antigos não tinham conhecimento da extensão total do planeta e para eles o mundo era a faixa de terra que conheciam. Esta questão do calendário Maia também ganhou força para a divulgação deste propalado e repetido assunto sobre o fim do mundo. Pesquisadores do assunto dizem que assim como calendários que possuímos em nossas casas terminam em 31 de dezembro para recomeçar em primeiro de janeiro do próximo ano, o calendário Maia termina um ciclo em 21 de dezembro de 2012 e reinicia outro após esta data.
Agora vamos a outro ponto da questão. A Revista Nature acaba de divulgar um fato que bem pode acalmar os ânimos. Ela coloca que a Terra está preparando um novo supercontinente que deverá unir a América e a Ásia. Seria assim o Continente Amásia. “A forte atração que o Polo Norte exerce vai levar, dentro de 50 a 200 milhões de anos, à fusão da América com a Ásia, dando origem à Amásia, aquilo que os cientistas norte-americanos acreditam ser o próximo supercontinente.” Esta informação contida na citada revista deixa-nos bem tranquilos. Sabemos, por intermédio dos Espíritos superiores que a Terra sempre prepara campos novos para suas gerações que se sucedem. Cada movimento significativo das placas tectônicas que formaram os cinco continentes atuais obedece a uma determinação prédica dentro dos ditames das Leis Naturais. Os continentes atuais nos capacitaram a chegar até aqui. Com o processo de seleção e regeneração do planeta, forçosamente os hábitos irão mudar, a alimentação dos terráqueos sofrerá profundas modificações, bem como o ar que por aqui se respira. Existem teorias que continentes submersos subirão, enquanto que terras cansadas que nos servem de aprisco baixarão às profundezas oceânicas, revitalizando-se. Esta é a casa do Senhor, pródiga como sempre, oferecendo-nos meios e recursos para nossa caminhada evolutiva e sempre nos contextos das nossas necessidades e entendimentos.
“Os geólogos da Universidade de Yale acreditam ainda que a América ficará situada sobre o anel de fogo do Pacífico, uma área de intensa atividade sísmica e vulcânica, mas sua topografia mudará radicalmente porque a atração para o Polo vai juntar a América do Sul com a do Norte. Essa mudança fará, ao mesmo tempo, desaparecer o Oceano Ártico e o mar do Caribe.” – diz a Revista Nature. Nota-se que há um projeto de nível superior preparando novos hábitats para futuras gerações. Isto nos induz a confirmar que as mudanças são lentas e graduais sem sofrer solução de continuidade, contudo, sem as trágédias que se propalam. Os cataclismas são setorizados e acontecem em tempos previstos. Como não existe a morte, o máximo que pode acontecer ao pessoal encarnado é sua desencarnação e envios para locais onde possam refazer-se, preparando-se para novas etapas. Faz-se necessário a cada dia que as consciências encarnadas pensem mais no futuro espiritual que no futuro geofísico do planeta. Ele está sob régio comando de mentes de elevado teor em sabedoria e amor, proporcionando a todos, e em todos os tempos, os necessários eventos e consolidações para que a Terra continue sendo a escola sideral que é.
Há cerca de trezentos milhões de anos foi formado por aqui um supercontinente. Naquela oportunidade todas as massas terrestres se fundiram no equador, dando origem à Pangea. Depois, pelos movimentos naturais das placas tectônicas, este supercontinente foi fracionado dando a conformação que hoje temos no planeta. Está divulgado na Nature que: “Segundo os cientistas de Yale, a Amásia deverá formar-se no Ártico, a 90 graus do centro geográfico do supercontinente anterior, a Pangeia. Os geólogos chegaram a esta conclusão depois de analisar o magnetismo de rochas antigas para determinar as suas localizações no globo terrestre ao longo do tempo. Além disso, mediram como a camada diretamente abaixo da crosta terrestre, o manto, move os continentes que flutuam à sua superfície”. Diz Peter Cawood, geólogo na universidade britânica de St. Andrews, citado pela revista Nature: é fundamental compreender a disposição das massas dos continentes para entender a história da Terra. “As rochas são a nossa janela para a história.”
E agora, o que pensar? Em que acreditar? Na ciência, que desvenda a evolução do sistema Terra, ou em anúncios sobre destruição do planeta, calcada em símbolos, enigmas e datas que não batem, tendo em vista que nosso calendário não está no seu todo concernente com a real contagem do nosso tempo? Bom mesmo e de certo alvitre é nos prepararmos espiritualmente para os novos ciclos que acontecerão em nosso planeta. Sabemos que nosso sistema solar gira em torno de outros sistemas, numa sucessão extraordinária, a partir das Leis do Criador do Universo. “Residimos numa imensa galáxia que evolui em torno de outras galáxias e que giram em torno de uma grande nebulosa, que passam a evoluir em torno de outras nebulosas.” – disse Chico Xavier. “Cada mundo, cada galáxia são orientados por inteligências divinas”, ainda nas palavras de Chico Xavier, a partir de experiências vividas ao lado de Emmanuel. Perguntado sobre o Apocalipse, o notável médium disse: “só posso falar duas coisas sobre este assunto: – Deus existe e todos somos imortais”.
Segundo Emmanuel, dentre os movimentos da Terra, um é feito num ciclo de 28.000 anos, ao qual se dá o nome de Precessão dos Equinócios. Este ciclo pode ser subdivido em 4 vezes sete mil anos. Segundo os estudiosos, esta é a lei dos ciclos. Estes ciclos fazem com que o eixo da Terra sofra variações que modificam a face do planeta, gerando as eras glaciais. Ora, se a Terra tem a idade de 4.5 bilhões de anos, esses ciclos já aconteceram milhares de vezes, sendo, pois, algo natural e de absoluta regência dos numes espirituais que nos dirigem a partir de Jesus. Chico Xavier, revelando seus estudos junto a Emmanuel, nos disse que: “Não podemos esquecer que a Terra, em sua constituição física propriamente considerada, possui os seus grandes períodos de atividade e de repouso. Cada período de atividade e cada período de repouso da matéria planetária podem ser calculados, cada um, em 260.000 anos, formando assim um ciclo de 520.000 anos”. Ora, este ciclo não é apenas do sistema solar. É um ciclo muito longo para um planeta. Daí pensar-se que o aludido ciclo extende até outros movimentos em torno de outras galáxias. Assim é: estamos interconectados com o Universo, agindo e interagindo constantemente, não sendo possível que aconteça algo aqui que não repercuta alhures. Ainda citando as elucidações de Chico Xavier, ficamos sabendo que: “Os grandes instrutores da humanidade consideram que esses 260.000 anos de atividades são empregados na reorganização dos pródromos da vida organizada”. Existem estudos que nosso atual ciclo tenha tido início a torno de 200.000 anos antes de Jesus e só vai terminar aproximadamente daqui a 60.000 anos. Portanto, um tempo enorme só dentro deste ciclo.
Estas informações da Espiritualidade nos confortam e nos sugerem arregaçar as mangas e trabalhar pela nossa evolução, esquecendo de vez o escatológico ditame de que tudo vai terminar em dezembro deste ano. Quando o sol esfriar e o sistema acabar, já se terão passados mais 4,5 bilhões de anos. Data em que não só a Terra mas também todo o sistema sofrerão o esfriamento e a consequente formação de nova nebulosa. Até lá, já não mais necessitaremos de corpos físicos, então, não seremos nem queimados, nem congelados, nem afogados, ou qualquer outra agressão que nos faça temer.
Aí estão as palavras da ciência, da espiritualidade e uma análise entre as duas. Resta que cada qual busque acalmar suas emoções, tirando suas dúvidas nos estudos ora iniciados. Jesus ainda se instalará definitivamente no coração de cada ser terráqueo. Suas palavras ainda penetrarão os corações mais endurecidos, transformando-os. A Terra ainda subirá à categoria dos Mundos Felizes. Estamos prontos para tudo isto?
TERAPIA DA PACIÊNCIA
TERAPIA DA
PACIÊNCIA
A
paciência é o passo inicial para o êxito da ação caridosa junto aos
sofredores.
Socorros que se precipitam, sob imposições caprichosas, convertem-se em
rebeldias e insensatezes naqueles a quem são dirigidos.
Esclarecimentos com imperativos apaixonados, e palavras carregadas de reproche,
assemelham-se a ácido colocado em feridas abertas em chaga
viva.
A
paciência é a grande modeladora dos caracteres.
O
vento e a chuva, incessantemente e através dos tempos, modificam a paisagem
terrestre. Trabalham a rocha, modelam as formas variadas, e enquanto o rio
silencioso corre abrindo vales e aprofundando o leito, o planeta se altera na
sucessão dos milênios.
A
paciência para com os irmãos irritados, vitimados pela perturbação e pela
rebeldia, é indispensável para atingir-lhes o âmago da alma.
Ela constitui um trabalho transformador no terapeuta que se encarrega do
esclarecimento, e medicamento abençoado no necessitado que teima por
ignorá-la.
Na
ação caridosa de despertamento dos irmãos sofridos do além-túmulo, não seja
esquecida a paciência, que sabe trabalhar em favor dos resultados imediatos que
sempre cabem a Deus.
(De “Suave
Luz nas Sombras”, de Divaldo Pereira Franco
sexta-feira, 27 de abril de 2012
ALLAN KARDEC E O MUNDO DAS NOVAS DESCOBERTAS
O jovem Rivail, conhecido como Allan Kardec, nasceu em um século de grandes mudanças sociais, politicas e econômicas.
Um mundo que recebia uma grande influência do Iluminismo, podemos descrever um pouco de sua personalidade em algumas linhas.
Um rapaz de família tradicional, inteligente, muito discreto, modesto, observador, ele cresceu em mundo cercado por duas vertentes de correntes filosóficas; de um lado a pena ferina de Voltaire e do outro o conservadorismo de Auguste Comte, mas independente das influências culturais desta época, ao estudar a vida de Rivail, percebemos com clareza, que ele buscava uma compreensão nos ensinamentos de um antepassado de todos os filósofos que ele já havia estudado, seu nome era SOCRATES.
Adiantaremos apenas um fato que será comentado quando estivermos tratando de como foi a codificação.
Quando ele começou a participar das reuniões mediúnicas com intuito de observar os fatos, para entender como aquelas comunicações ocorriam, houve um comunicação que foi um marco para seu trabalho , em uma das reuniões que era conduzida pelo espirito familiar dos Boudain, Rivail em pensamento evocou SOCRATES.
O espirito Zephyr disse que Sócrates estava presente, e foi dada a oportunidade para Sócrates pronunciar-se.
Ao comunicar ele fez um convite a todos os participantes encarnados daquela reunião, a partir daquele momento apenas deveriam comparecer naquele recinto os encarnados que tivessem objetivos sérios, e que estivessem dispostos a” beber cicuta”, em prol de novos ensinamentos que estavam por vir.
A partir de então as reuniões mediúnicas deixavam de ser frívolas e começavam a tomar uma conotação de seriedade maior, com isso os curiosos começaram afastar de tais reuniões, facilitando assim o preparo para Rivail torna-se Allan Kardec.
Ao estudar a personalidade de Rivail algo me chama muito a atenção; ele era dotado de um bom senso muito grande, um espirito arguto e com muita racionalidade, e de uma elegância grandiosa a publicar artigos na Revista Espírita fazendo refutações fraternas à igreja conservadora e aos materialistas.
Podemos verificar em todas suas publicações que ele jamais maldisse os ensinamentos das religiões daquela época, e não fez proselitismo quando veio à tona a codificação da Doutrina.
Mesmo na obra o Céu e o Inferno, Allan Kardec jamais teve a intenção de demolir a igreja, apenas convidou a todos cristãos para raciocinarem diante daquele dogmatismo cego, em que o povo sempre viveu.
Eu recordo que em uma das leituras rápidas de Chateaubriand, quando ele comentava sobre os filósofos da época ele faz um comentário sobre Voltaire, um dos pensadores que citei logo acima.
(...) Chateaubriand fala que Voltaire possuia uma pena ferina, que era capaz de avassalar todo um Governo, e com seu poder de persuasão conseguia, mudar mentes e coloca-las sobre grandes incertezas.
Através de sua pena, ele atacou a igreja de todas as formas possíveis, desde o panfleto até o in-fólio desde o epigrama até o sofisma.
Pelo seu senso critico conseguia ferir qualquer pensador religioso da época, e jamais escondia seu entusiasmo irreligioso.
E apregoava que o cristianismo era um sistema bárbaro, cuja queda devia se dar muito em breve, para a liberdade dos homens, o progresso das luzes, as doçuras da vida e a elegância das artes.
Instigando um ódio religioso nas pessoas (...)
Uma marca inconfundível que podemos perceber na historia da França é que apesar de ser cultuada como a Terra da liberdade, existe um antagonismo muito grande nesses fatos, pois ela viveu durante grande parte de sua história cercada de uma rigidez religiosa e governamental.
Este era o mundo que aguardava Allan Kardec para a codificação da Doutrina dos Espirito....
LEMBRAR E ESQUECER
LEMBRAR E ESQUECER
Cultura é o processo de esquecer a
ignorância e lembrar o conhecimento.
Burilamento espiritual, igualmente,
exige que se apague o mal, a fim de que o bem se
destaque.
Refletimos nisso e aprendamos a
efetuar diariamente a triagem de nossas reações diante da
vida.
Perdão é a vacina contra o
ressentimento.
Descobrirás na Terra lições e lições
de variada espécie.
Amigos dedicados doar-te-ão apoio e
consolo, entretanto surpreenderás companheiros outros que, muitas vezes, se te
fazem adversários até mesmo sem perceber.
Esse que te lança em rosto uma frase
áspera estará sendo vergastado no íntimo por imanifesto desgosto;
aquele que te perturba o lar talvez se
veja sob a trama da obsessão perigosa, quando não se mostre inconscientemente
nas teias da loucura;
outro que te persegue, acreditando-se
na posse de imaginária felicidade ignora quanta aflição e quanto sofrimento se
te represam no círculo das responsabilidades pessoais e outro ainda que te
haverá ferido com o estilete da crítica destrutiva te desconhece as lutas do
coração.
Desculpa e esquece qualquer ofensa que
te visite.
Grande é o caminho da evolução e todos
permanecemos em marcha, no encalço do próprio
aperfeiçoamento.
Deixa que o amor e a paz te possam
incessantemente clarear a estrada para diante.
Recorda a lição que nos vem de Deus,
através da própria natureza.
Depois de cada dia ativado por
obrigações numerosas em que nos cabe dividir atenção e tempo, a Divina
Providência nos concede a noite para descansar e esquecer, de modo a que nos
reergamos aí no mundo a cada manhã, a fim de novamente recomeçar a trabalhar e a
servir com mais segurança.
===============
Emmanuel
Chico
Xavier
Espetáculo Divino
A madrugada despede a noite e se instala. Mas, a escuridão ainda predomina.
Os homens usam a luz artificial para espancar as trevas. São faróis de carros, para os que se deslocam a distâncias. Nas casas, são lâmpadas, velas, lampiões.
Lâmpadas nos postes auxiliam a mostrar o caminho que a cara redonda da lua, com sua luz prateada, não se mostra suficiente.
Faróis em pontos estratégicos apontam o rumo aos que navegam nas águas mansas ou agitadas dos mares.
Logo mais, os braços da madrugada se espreguiçam e pequenos raios de luminosidade tocam a manhã, para que desperte.
Finalmente, é manhã plena e, enquanto os homens correm, de um lado para outro, em função de seus estudos, de seus negócios, de suas vidas, Deus instala Seu extraordinário aparelho multimídia para a projeção do novo dia.
Em trabalho sem igual, que a cada dia não se repete da mesma forma, o Arquiteto sem par projeta na tela do Universo, os Seus slides.
Há luz, som, animação.
Os braços do salgueiro balançam, agitados pelo vento que se veste de brisa ligeira.
Jardins, montanhas, campinas. Áreas verdejantes, rios cantantes, fontes generosas se multiplicam.
A projeção é tão magnífica que o espetáculo permite se sentir o perfume da terra, das flores, dos veios da madeira aberta em sulcos.
Os raios do sol aqui lançam sombra, além se estendem, espancando nuvens.
As pequenas elevações parecem ondular na paisagem. As folhas multicoloridas do outono se misturam em um quadro, enquanto noutro as delícias da primavera explodem em botões.
Paisagens desérticas, quase intermináveis em um ponto. Dunas, oásis, palmeiras.
Paredes altas, montanhosas, de outro.
Gelo aqui, calor acolá.
Pássaros cantam, ovos são chocados, a vida se multiplica em toda parte.
E assim, durante as horas do dia, os slides irão se sucedendo um a um.
O homem passa apressado, muito poucos se dando conta dos quadros que se alternam, sucedem, de contínuo.
Quando morre a tarde e a noite retorna, como hábil artista, Deus estende um negro manto, a fim de que os astros que percorrem o Infinito, possam melhor ser percebidos.
Assim é, a cada dia, a cada noite.
Se o homem contemplasse mais a natureza, estudasse melhor as suas leis, compreendesse a harmonia que ela leciona, viveria melhor.
Quando o cansaço o tomasse, nas horas de trabalho, pararia um pouco e olharia o jardim.
Se estiver cercado por paredes de concreto de vários edifícios, poderia olhar o céu, acompanhar o passeio das nuvens e permitir-se despentear pelo vento.
Bastará colocar a cabeça para fora de uma das janelas em que esteja.
Tudo isso o revigoraria. E o faria lembrar de Quem o criou por amor e por amor o sustenta.
Dar-se-ia conta de que acima das leis humanas, uma maior, imutável e justa vigora.
Lembraria que é filho de Deus, que a vida é um tesouro muito precioso para ser desperdiçada.
E, então, aprenderia que o dia foi feito para o homem e não o homem para o dia. O que quer dizer que dosaria trabalho, lazer, meditação.
Horário para alimentar o corpo. Horário para alimentar a alma.
Sobretudo amaria intensamente aos que com ele convivem neste lar abençoado que se chama planeta Terra.
quinta-feira, 26 de abril de 2012
O Instante Divino
O Instante Divino
Não deixes passar, despercebido,
o teu divino instante de ajudar.
Surge, várias vezes nos sessenta minutos de cada hora,
concitando-te ao enriquecimento de ti mesmo.
Repara, vigilante.
Aqui, é o amigo que espera por uma frase de consolo.
Ali, é alguém que te roga insignificante favor.
Além, é um companheiro exausto
no terreno árido das provas,
na expectativa de um gesto de solidariedade.
Acolá, é um coração dorido que
te pede algumas páginas de esperança.
Mais além, é um velhinho que sofre
e a quem um simples sorriso teu pode reanimar.
Agora, é um livro edificante
que podes emprestar ao irmão de luta.
Depois, é o auxílio eficiente com que será possível
o socorro ao próximo necessitado.
Não te faças desatento.
Não longe de tua mesa, há quem suspire
por um caldo reconfortante.
E, enquanto te cobres, feliz, há quem padeça
de frio e nudez, em aflitiva expectação.
As horas voam.
Não te detenhas.
Num simples momento, é possível fazer muito.
Ao teu lado, a multidão das necessidades alheias espera
por teu braço, por tua palavra, por tua compreensão ...
Vale-te, pois, do instante que foge e semeia bênçãos
para que o mundo se empobreça de miséria e,
em se fazendo hoje mais rico de amor,
possa fazer-te, amanhã, mais rico de luz.
o teu divino instante de ajudar.
Surge, várias vezes nos sessenta minutos de cada hora,
concitando-te ao enriquecimento de ti mesmo.
Repara, vigilante.
Aqui, é o amigo que espera por uma frase de consolo.
Ali, é alguém que te roga insignificante favor.
Além, é um companheiro exausto
no terreno árido das provas,
na expectativa de um gesto de solidariedade.
Acolá, é um coração dorido que
te pede algumas páginas de esperança.
Mais além, é um velhinho que sofre
e a quem um simples sorriso teu pode reanimar.
Agora, é um livro edificante
que podes emprestar ao irmão de luta.
Depois, é o auxílio eficiente com que será possível
o socorro ao próximo necessitado.
Não te faças desatento.
Não longe de tua mesa, há quem suspire
por um caldo reconfortante.
E, enquanto te cobres, feliz, há quem padeça
de frio e nudez, em aflitiva expectação.
As horas voam.
Não te detenhas.
Num simples momento, é possível fazer muito.
Ao teu lado, a multidão das necessidades alheias espera
por teu braço, por tua palavra, por tua compreensão ...
Vale-te, pois, do instante que foge e semeia bênçãos
para que o mundo se empobreça de miséria e,
em se fazendo hoje mais rico de amor,
possa fazer-te, amanhã, mais rico de luz.
Chico Xavier / José de Castro (espírito)
‘Glorioso Ascenção’
Quando virmos alguém, quem
quer que seja, em condições de dificuldade, se não pudermos de pronto
ampará-lo, pelo menos procuremos não julgá-lo pelas aparências. Muito
especialmente em se tratando de criança. Ninguém sabe a rigor, em
princípio, que alma estará animando aquele corpo. No mínimo, um irmão na
romagem evolutiva. Poderá ser, porventura, por menos que se espere,
aquele a quem as gerações futuras homenagearão com o preito merecido por
grandes feitos ou pelo exemplo deixado.
Um garoto desceu certo dia
de uma favela no Rio de Janeiro, deu de frente com modesta tipografia e
– homem feito – fundou a Academia Brasileira de Letras. Que se poderia
esperar de outro garoto nascido de mãe escrava e de pai fidalgo
português, que pouco faria por merecer essa condição? É o que
pretendemos rememorar aqui.
Transcorria o ano de 1830,
quando o Brasil contava apenas oito anos de Independência. A Bahia, no
entanto, um pouco menos, pois vivera a luta pela emancipação e pela
unidade nacional. E nessa luta tombaram muitos heróis, entre eles Soror
Angélica. Pois, nesse ano, nascera de uma negra mina e desse fidalgo,
como de resto acontecia por esses brasis afora, o menino Luís Gonzaga, o
santo do dia das folhinhas. Atestava-se a catolicidade dominante à
época, e se fizera hábito por muitos anos, ainda, a escolha do santo do
dia para nome dos recém-nascidos. Por extenso seu nome seria exatamente
Luís Gonzaga Pinto da Gama. Mas a explicação da vinda daquele Espírito
adrede preparado ao regaço maternal de uma escrava será dado pelo que se
contém no capítulo de “O Livro dos Espíritos” referente à escolha do
gênero de provas por parte do reencarnante. Especialmente a Questão 260,
que ensina:
“Forçoso
é que seja posto num meio onde possa sofrer a prova que pediu. Pois
bem! É necessário que haja analogia. Para lutar contra o instinto do
roubo, preciso é que se ache em contato com gente dada à prática de
roubar”.
Deve ser exatamente por
isso que o nosso Luís Gama escolheu provas por demais ásperas,
mergulhando na carne no seio da raça espezinhada para viver plenamente o
potencial de sacrifícios, desenvolvendo a tenacidade como verdadeiro
escudo. Vindo ao mundo numa fusão de raças, haveria de sentir todo o
clamor da que era aviltada. Pois, tinha apenas 10 anos quando, a 10 de
Novembro de 1840, o pai, jogador inveterado, premido por acordo com o
dono de uma casa de tavolagem, resolveu fazer um negócio. Levou o garoto
pela mão para visitar um navio que partiria para o Rio de Janeiro, o
“Saraiva”. Propositadamente deixou-o com estranhos, prometendo voltar.
Para logo o garoto, muito atilado, exclamou com segurança:
“- Meu pai, o senhor me vendeu!”
Fora esse o negócio. Como
os irmãos a José, o pai o vendera por alguns mil-réis. Iniciara-se lhe o
pesadelo. Coloque-se qualquer de nós por um instante fugidio na posição
do pequeno Luís, vendo desmoronarem-se diante dele, aos 10 anos, todas
as ilusões, todas as esperanças... De Salvador veio ao Rio e depois para
São Paulo. Em breve o negrinho estava exposto à venda no mercado
escravagista de Campinas.
Há, desse tempo, uma
versão anedótica, a de que o Conde de Três-Rios esteve prestes a
compra-lo. Pensando um pouco, ter-lhe-ia dito:
“- Já não foi por boa coisa que te venderam tão pequeno.”
A curiosidade do episódio está em que, muitos anos depois, o Conde o teria como um de seus melhores amigos.
Irrequieto, Luís desde
cedo mostrava traços de sua superioridade e a ânsia de instruir-se.
Tanto que teria aprendido as primeiras letras às ocultas com um filho de
seu proprietário. Com essa chave preciosa se abriria caminhos para o
futuro.
Certo é que vamos vê-lo
mais tarde em busca de emprego. Foi tipógrafo. Daí para o jornalismo foi
um pulo. Ora, ninguém, porque saiba ler e escrever, porque aprenda a
manejar uma caixa de tipos gráficos, revela por isso dotes de
inteligência e de cultura invulgares. Aquela cultura e aquela
inclinação lhe vieram por força de outras vidas. Passou a escrever no
jornal “Ipiranga”, depois no “Radical Paulistano”. Instalou banca de
advocacia e se fez ao mesmo tempo jornalista veemente. Descobriu-se
orador de grandes platéias emocionadas. Escreveu poesias. Inúmeras vezes
apresentava defesas extraordinárias no Tribunal. Vítimas de críticas
mordazes e insultuosas, que lhe tentavam macular a origem, respondia-as
com sagazes ironias, deixando o opositor arrependido da provocação.
Como José do Egito,
vendido, não se curvou ao que seria para ele o destino traçado,
implacável. Não nascemos para curvar-nos ás dificuldades, mas para
superá-las, ou para tenta-lo com dignidade e valor. E ele venceu. Sua
pena e sua voz se ergueriam, varonis, contra o desamor e a opressão, que
experimentara ele próprio.
Conta-se que, certa feita, entrou em seu escritório um escravo, a pedir por sua causa. Logo a seguir, o senhor, exclamando:
“- Que te falta? Queres deixar o cativeiro de um homem bom para seres infeliz em outra parte?”
Ao que, por ele, respondeu Luís Gama:
“ - Falta-lhe a liberdade de ser infeliz onde e como queira.”
Luís Gama não viu, como
encarnado, a epopéia do 13 de Maio. Desencarnara 6 anos antes, a 24 de
agosto de 1882. Já trouxemos a estas páginas a sua bela mensagem
mediúnica sobre o velho ideal, que não morre, mas que se transmuda em
gloriosa ascensão.[1]
Medicina e Jesus
Medicina e Jesus
Sem sombra de dúvidas, é Jesus o maior médico que já passou na Terra. Sem embargo da medicina material, a que Ele fazia era bem mais profunda, tocando a todos de forma singular, já que grafava em todos, para a imortalidade, ao invés de apenas por alguns segundos, as marcas indeléveis dos remédios que veio trazer.
Psiquiatra ímpar, o Mestre, em diversas ocasiões, curou diversos casos de aparentes loucuras. Essas, na verdade, nada mais eram do que intricados processos obsessivos, a que vulgarmente o povo chamava possessão, mas que Allan Kardec preferiu chamar de forte subjugação. (1) Assim, Ele “expulsava os demônios”, como está escrito nos Evangelhos, e, fazendo essas desobsessões, curava a loucura. Concitava, igualmente, seus discípulos a fazerem o mesmo. (2) Ensinava meios para se curar, através do jejum moral e da oração (3); e explicava, outrossim, os mecanismos dessas obsessões chamadas de loucuras. (4) Caso típico foi a cura do possesso de Gerasa. (5)
De outras vezes, mostrara que as doenças podem ter sua origem na alma que transborda para o perispírito e deste vai ao corpo. Essas mazelas perispirituais podem ter sua gênese em vidas passadas, através de erros (“pecados”) do pretérito. Foi por isso que, quando um cego de nascença chegou até Ele, os discípulos lhe questionaram se aquele menino era cego pelo pecado dos pais ou pelo próprio pecado. (6) E Jesus, não se surpreendeu, nem repreendeu a pergunta, já que os erros do passado podem, perfeitamente, como acontece com certa normalidade, gerar mazelas perispirituais e, dessa maneira, doenças corpóreas. Assim, profundo cirurgião fluídico, curara um leproso (7) e um paralítico (, dizendo, ainda, para esses que os pecados deles haviam sido perdoados, e, desse modo, tinham sido curados porque, na verdade, suas mazelas perispiríticas tinham sido purificadas ao toque de Jesus.
Além disso, psicólogo singular, sabia que essas mesmas mazelas podiam ser geradas, também, no presente, por isso vinha consolar, no presente, as pessoas, dizendo: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei”. (9) E, indo além, mostrava que as atitudes, no presente, podem gerar a saúde ou a doença, através de mazelas ou de luzes perispirituais. Eis por que dizia: “a tua fé te curou”. (10) Ou, ainda: “buscai e achareis”. (11)
Indo, ainda, muito mais além, ensinara, outrossim, que as doenças podem ter caráter missionário, quando, por tal ou qual motivo, alguém pede para ter tal ou qual defeito e/ou enfermidade. Na cura do cego de nascença, por exemplo, dissera, respondendo aos apóstolos que “nem ele (o cego) nem seus pais pecaram, mas é para que nele se manifestem as obras de Deus”. (12)
Diante disso, somos levados a dizer que, indubitavelmente, o soma é uma organização fascinante.
Ele é tão maravilhoso que mesmo os mais céticos dos médicos se quedam diante dos estudos que fazem da anatomia, da fisiologia e da bioquímica corpórea.
É comum, nesse contexto, escutar deles, por exemplo, na explicação de algum processo patológico, ao se reportarem à fisiopatologia e às defesas empreendidas pelo corpo: “a natureza é sábia!”.
Mais correto e honesto seria dizer: “Deus é sábio”. Isso porque a natureza, em si mesma, não tem maiores sentidos sem o Criador dos mundos e dos seres.
No contacto, pois, com esse organismo singular, importante seria não menosprezar as diversas tramas ocultas, por ora, aos nossos limitados cinco sentidos. Como confiar somente nestes se, dentro da relatividade de tudo, somos confundidos, vez que outra, por eles.
Na modernidade, pois, em que a física quântica vai abrindo na ciência convencional as portas do mundo relativo, energético e transcendente, sábio seria que, em nossos cursos de medicina, implementássemos mais a sabedoria de Jesus.
Sem sombra de dúvidas, é Jesus o maior médico que já passou na Terra. Sem embargo da medicina material, a que Ele fazia era bem mais profunda, tocando a todos de forma singular, já que grafava em todos, para a imortalidade, ao invés de apenas por alguns segundos, as marcas indeléveis dos remédios que veio trazer.
Psiquiatra ímpar, o Mestre, em diversas ocasiões, curou diversos casos de aparentes loucuras. Essas, na verdade, nada mais eram do que intricados processos obsessivos, a que vulgarmente o povo chamava possessão, mas que Allan Kardec preferiu chamar de forte subjugação. (1) Assim, Ele “expulsava os demônios”, como está escrito nos Evangelhos, e, fazendo essas desobsessões, curava a loucura. Concitava, igualmente, seus discípulos a fazerem o mesmo. (2) Ensinava meios para se curar, através do jejum moral e da oração (3); e explicava, outrossim, os mecanismos dessas obsessões chamadas de loucuras. (4) Caso típico foi a cura do possesso de Gerasa. (5)
De outras vezes, mostrara que as doenças podem ter sua origem na alma que transborda para o perispírito e deste vai ao corpo. Essas mazelas perispirituais podem ter sua gênese em vidas passadas, através de erros (“pecados”) do pretérito. Foi por isso que, quando um cego de nascença chegou até Ele, os discípulos lhe questionaram se aquele menino era cego pelo pecado dos pais ou pelo próprio pecado. (6) E Jesus, não se surpreendeu, nem repreendeu a pergunta, já que os erros do passado podem, perfeitamente, como acontece com certa normalidade, gerar mazelas perispirituais e, dessa maneira, doenças corpóreas. Assim, profundo cirurgião fluídico, curara um leproso (7) e um paralítico (, dizendo, ainda, para esses que os pecados deles haviam sido perdoados, e, desse modo, tinham sido curados porque, na verdade, suas mazelas perispiríticas tinham sido purificadas ao toque de Jesus.
Além disso, psicólogo singular, sabia que essas mesmas mazelas podiam ser geradas, também, no presente, por isso vinha consolar, no presente, as pessoas, dizendo: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei”. (9) E, indo além, mostrava que as atitudes, no presente, podem gerar a saúde ou a doença, através de mazelas ou de luzes perispirituais. Eis por que dizia: “a tua fé te curou”. (10) Ou, ainda: “buscai e achareis”. (11)
Indo, ainda, muito mais além, ensinara, outrossim, que as doenças podem ter caráter missionário, quando, por tal ou qual motivo, alguém pede para ter tal ou qual defeito e/ou enfermidade. Na cura do cego de nascença, por exemplo, dissera, respondendo aos apóstolos que “nem ele (o cego) nem seus pais pecaram, mas é para que nele se manifestem as obras de Deus”. (12)
Diante disso, somos levados a dizer que, indubitavelmente, o soma é uma organização fascinante.
Ele é tão maravilhoso que mesmo os mais céticos dos médicos se quedam diante dos estudos que fazem da anatomia, da fisiologia e da bioquímica corpórea.
É comum, nesse contexto, escutar deles, por exemplo, na explicação de algum processo patológico, ao se reportarem à fisiopatologia e às defesas empreendidas pelo corpo: “a natureza é sábia!”.
Mais correto e honesto seria dizer: “Deus é sábio”. Isso porque a natureza, em si mesma, não tem maiores sentidos sem o Criador dos mundos e dos seres.
No contacto, pois, com esse organismo singular, importante seria não menosprezar as diversas tramas ocultas, por ora, aos nossos limitados cinco sentidos. Como confiar somente nestes se, dentro da relatividade de tudo, somos confundidos, vez que outra, por eles.
Na modernidade, pois, em que a física quântica vai abrindo na ciência convencional as portas do mundo relativo, energético e transcendente, sábio seria que, em nossos cursos de medicina, implementássemos mais a sabedoria de Jesus.
A RAZÃO DE SER DO ESPIRITISMO
A RAZÃO DE SER DO ESPIRITISMO
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Quando o obscurantismo da fé dominava as mentes, levando-as ao fanatismo desestruturador da dignidade e do comportamento; quando a cultura, enlouquecida pelas suas conquistas no campo da ciência de laboratório, proclamava a desnecessidade de qualquer preocupação com Deus e com a alma, face à fragilidade com que se apresentavam no proscênio do mundo; quando a filosofia divagava pelas múltiplas escolas do pensamento, cada qual mais arrebatadora e irresponsável, inculcando-se como portadora da verdade que liberta o ser humano de todos os atavismos e limitações; quando a arte rompia as ligações com o clássico, o romântico e a beleza convencional, para expressar-se em formulações modernistas, impressionistas, abstracionistas, traduzindo, ora a angústia da sua geração remanescente dos atavismos e limitações do passado, ora a ansiedade por diferentes paradigmas de afirmação da realidade; quando se tornavam necessários diversos comportamentos sociais e políticos para amenizar a desgraça moral e econômica que avassalava a Humanidade; quando a religião perdia o controle sobre as consciências e tentava rearticular-se para prosseguir com os métodos medievais ultramontanos e insuportáveis; quando as luzes e as sombras se alternavam na civilização, surgiu o Espiritismo com a sua razão de ser para promover o homem e a mulher, a vida e a imortalidade, o amor e o bem a níveis dantes jamais alcançados. Realizando uma revolução silenciosa como poucas jamais ocorridas na História, tornou-se poderosa alavanca para o soerguimento do ser humano, retirando-o do caos do materialismo a que se arrojara ou fora atirado sem a menor consideração, para que adquirisse a dignidade ética e cultural, fundamentada na identificação dos valores morais, indispensável para a identificação dos objetivos essenciais e insuperáveis da paz interna e da consciência de si mesmo durante o trânsito corporal. Logo depois, no Collège de France, proclamando ser Jesus um homem incomparável, no seu memorável discurso, o acadêmico e imortal Ernesto Renan confirmava, a seu turno, embora sem qualquer contato com a Doutrina nascente, a humanidade do Rabi galileu, rompendo a tradição dogmática do Homem Deus ou do ancestral Deus feito homem. Sob a ação do escopro inexorável das informações de além-túmulo, o decantado repouso ou punição eterna, o arbitrário julgamento mais punitivo que justiceiro, cediam lugar à consciência da vida exuberante que prossegue morte afora impondo a cada qual a responsabilidade pela conduta mantida durante a trajetória encerrada. As narrações da sobrevivência tocadas pela legitimidade dos fatos, fundamentadas na lógica da indestrutibilidade do ser espiritual, davam colorido diferente às paisagens da Eternidade, diluindo as fantasias e mitos que as adornaram por diversos milênios. Permitiu que o ser humano se redescobrisse como Espírito imortal que é, preexistente ao berço e sobrevivente ao túmulo, facultando-lhe compreender a finalidade existencial, que é imergir no oceano do inconsciente, onde dormem os atos pretéritos e as construções que projetam diretrizes para o momento e o futuro, a fim de diluir as volumosas barreiras de sombra e de crueldade a que se entregou e que lhe obnubila a compreensão da sua realidade, emergindo em triunfo, para que lobrigue a imarcescível luz da verdade que o há de conduzir pelos infinitos roteiros do porvir. Intoxicado pelos vapores da organização fisiológica, mergulhado em sombras que lhe impedem o discernimento, vagando pelos dédalos intérminos da busca da realidade, somente ao preço da fé raciocinada e lógica, portadora dos instrumentos que se derivam dos fatos constatados, o homem e a mulher podem avançar com destemor pelas trilhas dos sofrimentos inevitáveis, que são inerentes à sua condição de humanidade, vislumbrando níveis mais nobres que devem ser conquistados. O Espiritismo traçou novos programas para a compreensão da vida e a mais eficaz maneira de enfrentá-la, desafiando o materialismo no seu reduto e os materialistas no seu cepticismo, oferecendo-lhes mais seguras propostas de comportamento para a felicidade ante as vicissitudes do processo existencial. Não se compadecendo da presunção dos vazios de sentimento e soberbos de conhecimentos em ebulição de ideias, demonstrou a sua força arrastando desesperados que foram confortados, violentos que se acalmaram, alucinados que recuperaram a razão, delinquentes que volveram ao culto do dever, perversos que se transformaram, ateus que fizeram as pazes com Deus, ingratos que se reabilitaram perante os seus benfeitores, miseráveis morais que se enriqueceram de esperança e de alegria de viver, construindo juntos o mundo de bem-estar por todos anelado. O Espiritismo trouxe a perfeita mensagem da justiça divina, por enquanto mal traduzida pela consciência humana, contribuindo para a transformação da sociedade, mas sem a revolução sangrenta das paixões em predomínio, que sempre impõe uma classe poderosa sobre as outras que são debilitadas à medida que vão sendo extorquidos os seus parcos recursos até a exaustão das suas forças, quando novas revoluções do mesmo gênero explodem, produzindo desgraça e ódios que nunca terminam... Trabalhando a transformação moral do indivíduo, propõe-lhe o comportamento solidário e fraternal, a aplicação da justiça corretiva e reeducativa quando delinqui, conscientizando-o de que as suas ações serão também os seus juízes e que não fugirá de si mesmo onde quer que vá. Todo esse contributo moral foi retirado do Evangelho de Jesus, especialmente do Seu Sermão da montanha, no qual reformulou os valores humanos até então aceitos, demonstrando que forte não é o vencedor de fora, mas aquele que vence a si mesmo, e poderoso, no seu sentido profundo, não é aquele que mata corpos, mas não é capaz de evitar a própria morte. Revolucionando o pensamento ético e abrindo espaço para novo comportamento filosófico, a Sua palavra vibrante e a Sua vivência inigualável, colocaram as pedras básicas para o Espiritismo no futuro alicerçar, conforme ocorreu, os seus postulados morais através da ética do amor sob qualquer ponto de vista considerado. Nos acampamentos de lutas que se estabeleciam no Século XIX, quando a ciência e a razão enfrentavam a fé cega e a prepotência das Academias e dos seus membros fascinados como Narciso por si mesmo, o Espiritismo surgiu como débil claridade na noite das ambições perturbadoras e lentamente se afirmou como amanhecer de um novo dia para a Humanidade já cansada de aberrações de conduta como fugas da realidade e sonhos de poder transitório, transformados em pesadelos de guerras infames, cujas sequelas ainda se demoram trucidando vidas e dilacerando sentimentos. A razão de ser do Espiritismo encontra-se na sua estrutura doutrinária, diversificada nos seus aspectos de investigação científica ao lado das demais correntes da ciência, do comportamento filosófico com a sua escola otimista e realista para o enfrentamento do ser consigo mesmo e da vivência ético-moral-religiosa que se estrutura em Deus, na imortalidade, na justiça divina, na oração, na ação do bem e sobretudo do amor, única psicoterapia preventiva-curativa à disposição da Humanidade atual e do futuro. |
pelo Espírito Victor Hugo - Psicografia de Divaldo Pereira Franco |
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