Narra-se que, num largo rio, de difícil travessia, havia um barqueiro
que atravessava as pessoas de um lado para outro. Em uma das viagens,
iam um advogado e uma professora.
Como quem gosta de falar muito e
com ar altivo, o advogado pergunta ao barqueiro: Companheiro, você
entende de leis? Não. Responde o barqueiro. E o advogado compadecido
acrescenta: É pena... Você perdeu metade de sua vida!
A
professora, então, muito social, adentra na conversa: Seu barqueiro,
você sabe ler e escrever? Também não. Responde o remador. Que pena! -
condói-se a mestra. Você perdeu metade de sua vida! Nisso, uma onda
muito forte vira o barco
O canoeiro, preocupado, pergunta: Vocês
dois sabem nadar? Não! Responderam eles rapidamente, em conjunto. Então é
pena! - conclui o barqueiro - vocês perderam toda sua vida!
O
texto do educador Paulo Freire mostra, com bom humor e profundidade, que
não há saber maior ou saber menor, apenas saberes diferentes. Todos
somos importantes e sempre temos algo a contribuir para com a sociedade.
Cada
um com suas habilidades, na sua área de conhecimento específico,
fazemos parte de uma grande engrenagem, tanto na Terra, como no Cosmos.
Para que essa engrenagem funcione bem, os dentes precisam estar bem
encaixados, uns oferecendo, outros recebendo e vice-versa.
Juntos
formamos um organismo completo, onde as pequenas e importantes peças,
sempre solidárias entre si, complementam-se, preenchendo as deficiências
umas das outras. A Lei maior do progresso dita que todos, um dia,
saberemos tudo sobre tudo. Porém, neste longo caminho a ser trilhado,
vamos adquirindo tais conhecimentos gradualmente.
A Sabedoria
Divina, sempre fabulosa, faz com que tenhamos uma interdependência entre
nós, para que nos ajudemos mutuamente e não nos isolemos.
Desta
forma as sociedades precisam dos advogados, das professoras, dos
médicos. Mas também carecem dos barqueiros, dos garis, dos músicos, etc.
É nisto que está a beleza da vida, das habilidades que se complementam e
se auxiliam para que todos possam não só viver, mas bem viver .
REFLETINDO...
Nunca
desmereça os serviços aparentemente simples e maquinais. Os trabalhos
manuais enriquecem a alma, da mesma forma que aqueles que exigem muitos
conhecimentos.
Cada um deve servir com suas forças, com aquilo
que tem de melhor. Nossas diferenças nos enriquecem, nos fazem aprender
uns com os outros em toda ocasião. Aproveitemos as oportunidades de
aprender com o diferente, construindo no íntimo as virtudes da humildade
e do respeito. Viva a diferença que pode conviver em harmonia!
PENSE NISSO!
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