É muito comum no meio espírita a pergunta:
O Espiritismo proíbe “isso”? e “aquilo”? Será que podemos fazer esta “coisa”?
Para respondê-la, lembramos da instrução do apóstolo Paulo, em sua 1a epístola aos Coríntios:
"Todas
as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as
coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam".
Ao analisar esta proposição formulada pelo “Apóstolo dos Gentios”, devemos nos situar no significado da palavra lícito.
Segundo o dicionário Aurélio, “lícito” é tudo que é conforme a lei, tudo que é legal.
Normalmente, quando fazemos ou tentamos responder esta pergunta, não
estamos preocupados com as coisas humanas. Estas nós sabemos como
conduzir.
A preocupação normalmente é com as questões espirituais. Com isso entendemos que esta pergunta deveria ser formulada assim:
De acordo com as leis divinas podemos fazer isto? E aquilo?
E a resposta seria: É lícito perante as leis divinas?
Se a resposta for afirmativa, então, é; de outro modo, não.
Essa forma de pensar parece que contradiz a afirmativa de Paulo, porque ele diz que todas as coisas são lícitas.
No
nosso ponto de vista, Paulo não pensava na lei divina ao usar a palavra
lícita, mas pensou ao dizer: “mas nem todas as coisas convêm”, “nem
todas as coisas edificam”.
E tudo isso é bastante coerente com outro ensinamento de sua autoria:
"Aquele que não conhece a lei, tudo o que ele faz é lei, mas o que conhece e não a pratica, é punido pela própria lei".
Sabemos
que a lei divina é revelada aos homens à medida de sua condição
evolutiva, isto nos leva a raciocinar que de acordo com a condição
evolutiva da criatura é que ela vai analisar o que é justo ou não.
A Doutrina Espírita não proíbe nada.
Um
dos seus princípios básicos é o “livre arbítrio” (todas as coisas são
lícitas), assim sendo ela não é proibitiva, mas é educativa, no sentido
de mostrar a verdade, e ensinar o caminho para conseguí-la (mas nem
todas as coisas edificam).
O apóstolo, com este seu ensinamento,
mostra sua capacidade de síntese e consegue fechar todo o tema que ora
estudamos: “Livre Arbítrio e Causa e Efeito”.
Com a afirmação de
que “tudo me é lícito”, ele mostra o livre arbítrio, mas é taxativo ao
afirmar: “nem todas as coisas edificam”, ou seja, nem todas as coisas
nos conduzem para o caminho do Senhor, e é aí que a lei de causa e
efeito atua de maneira a fazer voltar o ser à direção correta.
Objetivo da Vida
Outra
coisa a ser analisada é qual o nosso objetivo diante da vida. Ela nos
oferece muitos prazeres de caráter transitório, mas se o nosso objetivo
maior é a nossa evolução espiritual, temos que buscar algo mais
duradouro: o tesouro que o ladrão não rouba, nem a traça corrói.
Quando Jesus conversava com as irmãs de Lázaro, deixou um grande ensinamento:
"Marta,
Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é
necessária; e Maria escolheu a melhor parte, a qual não lhe será
tirada".
Portanto quando estivermos em dúvida sobre
qual o caminho a seguir, usemos o nosso discernimento, e busquemos
pensar se não estamos trocando:
O divino, pelo humano
O transcendente, pelo rotineiro
O que redime, pelo que cristaliza
O espiritual, pelo material
Os prazeres do Céu, pelas alegrias da Terra
E lembremos sempre o que Ele, que é o Mestre dos mestres nos disse:
"Eu sou o caminho, e a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim".
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