Objetivo do espírita perante si mesmo
Allan Kardec, em O Livro
dos Espíritos, perguntou aos Espíritos, pergunta 573: Em que consiste a
missão dos Espíritos encarnados? Em instruir os homens, em lhes auxiliar
o progresso; em lhes melhorar as instituições, por meios diretos e
materiais... responderam-lhes as entidades. Sabedor do comportamento
humano, muitas vezes inútil, Kardec continua as perguntas, e, à pergunta
574, do mesmo livro, interroga:
Qual pode ser, na Terra, a missão
das criaturas voluntariamente inúteis? Há efetivamente pessoas que só
para si mesmas vivem e que não sabem tornar-se úteis ao que quer que
seja. São pobres seres dignos de compaixão, porquanto expiarão duramente
sua voluntária inutilidade, começando-lhes muitas vezes, já neste
mundo, o castigo, pelo aborrecimento e pelo desgosto que a vida lhes
causa.
Todos reconhecemos que não somos espíritos perfeitos, que
trazemos conosco pesados fardos a carregar, mas também reconhecemos que O
Pai não coloca fardos pesados em ombros frágeis.
Tomando
conhecimento da Doutrina dos Espíritos, pelo estudo, pela meditação,
estaremos sendo conscientizados pela Verdade, que nos tornará livres.
Com
esse conhecimento, com essa conscientização, é que encetaremos a marcha
para o melhoramento individual, caminho a que tenderá todo espírita
sério (RE - 1866 - ABRIL - PAG. 114). Portanto, cabe a todos nós
fazermos jus àquela frase, inserida no Evangelho Segundo o Espiritismo,
Cap. XVII, item 3, in-fine, de que Reconhece-se o verdadeiro espírita
pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar
suas inclinações más.
Consciente de que sendo a Doutrina Espírita uma
ciência, com conseqüências essencialmente morais e éticas, todos nós,
espíritas, não podemos abstermo-nos das obrigações que a nós são
impostas, livremente.
Com o entendimento racional e o estudo
constante, compreenderemos melhor o valor de cada um de nossos atos;
sondaremos melhor todos os escaninhos de nossa consciência;
compreenderemos melhor a maneira de nos erguer das quedas advindas da
longa série de experiências passadas, possibilitando-nos adquirir novos
conhecimentos e novas forças, fazendo-nos evitar o mal e a praticar o
bem, conforme a Lei de Justiça.
Assim, após estarmos esclarecidos, e
continuarmos orgulhosos, egoístas, cúpidos, estaremos continuando com a
consciência em trevas, embora estejamos em meio à Luz.
Seremos
espíritas apenas de nome, de rótulo, tendo em vista que continuaremos
ligados aos prazeres materiais, muitas vezes por comodismo.
É
importante que todos compreendamos que somos mensageiros do Alto, que
somos os trabalhadores da última hora, e como tais não devemos permitir
que nosso espírito venha a aviltar-se, a degradar-se ao contato dos
prazeres da volúpia; das ignóbeis tentações da avareza, que subtrai a
alguns o gozo dos bens que Deus deu a todos.
Deveremos compreender
que o egoísmo, nascido do orgulho, cega a alma e a faz violar os
direitos da Justiça, da Humanidade, desde que gera todos os males que
assolam a Terra fazendo dela um lugar de dores e expiação.
Cabe a
nós, para sermos verdadeiros espíritas, exercer vigilância cuidadosa e
permanente sobre nós mesmos, isto é, velarmos sobre os arrebatamentos de
nossos corações, a fim de caminharmos de acordo com as Leis da Justiça e
da Fraternidade. E agindo com tal disposição, vivenciarmos a Doutrina,
Kardec, Jesus, para podermos exercer influência sobre a humanidade no
sentido de sua renovação.
Esclarecidos, aceitando as conseqüências da
Doutrina Espírita para nós mesmos, colocaremos nosso devotamento a toda
prova e sem segundas intenções ou subterfúgios; colocaremos os
interesses da causa, que são os do CRISTO e da Humanidade, acima de
quaisquer interesses pessoais ou de amor próprio.
Os aspectos moral e
ético da Doutrina Espírita não são simples teoria. Devemos envidar
esforços para pregar pelo exemplo; conscientizarmo-nos para ter a
coragem de dar nossa opinião, em quaisquer situações, sejam elas morais,
científicas, filosóficas, sociais, em qualquer campo. Mas também se
necessário, sabermos pagar tais opiniões com nossa própria pessoa, com
nossa própria vida.
Para encerrarmos este item, é importante
lembrarmos de Jesus, na parábola que ficou conhecida como Parábola da
Figueira Estéril. Todos devemos nos comparar à Figueira. Devemos dar
bons frutos. A parábola nos diz: (Lucas 13:6 a 9) Um certo homem tinha
uma figueira plantada na sua vinha, e foi procurar nela fruto, não o
achando; E disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar
fruto nessa figueira, e não o acho; corta-a; porque ocupa ainda a terra
inutilmente? E, respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano,
até que eu a escave e a esterque; e, se der fruto, ficará, e, se não,
depois a mandarás cortar.
Perante a Doutrina
A obrigação essencial
do verdadeiro espírita é lutar e zelar pela prevalência dos Princípios
Básicos da Doutrina dos Espíritos. Mas para tal é imprescindível
estudá-la bem, conhecê-la bem. Entender, estar consciente, saber enfim,
que o Espiritismo não é apenas uma eclosão mediúnica, não é somente
manifestações de espíritos. Espiritismo é VIDA ETERNA.
Assim sendo,
freqüentar sessões, fazer preces, implorar auxílio dos bons espíritos,
freqüentar socialmente o centro espírita, NÃO BASTA. É preciso mais,
muito mais, principalmente vivê-la, vivenciá-la, estudá-la em suas obras
básicas, em sua codificação. Kardec nos legou suas obras, em conjunto
com os Espíritos, como roteiro, como luz a iluminar nossas estradas em
trevas.
Muitos companheiros acham que não dispõem de tempo para
estudar as Obras Básicas. Entendem que basta ouvir os Guias nas sessões
mediúnicas, para entendê-la. Falsa idéia, falso conceito.
Esquecem
que muitas vezes esses próprios Guias não possuem conhecimento
doutrinário, são espíritos ainda em processo de aprendizado.
Jesus já
nos alertava: se um cego guia outro cego, ambos cairão no barranco. No
momento de transição histórica em que vive a humanidade, enxameiam,
tanto por parte dos encarnados, quanto dos desencarnados, espíritos
agitados por novas idéias, novos conceitos, ansiosos por transmitirem
suas novas revelações.
Estamos assistindo agora, neste instante, a
DISPENSA de médiuns nas comunicações (TCI), revelações mil via TVP, e
outros mais. Novidades absurdas, que perturbam o movimento doutrinário,
confundem, e muitas vezes impedem a divulgação da luz. São os falsos
profetas encarnados e desencarnados. E muitos espíritas deixam-se levar
por eles, pelas novidades que trazem. Demonstram os novidadeiros, e
aqueles que o seguem e os aceitam, que Kardec estaria superado, e dessa
forma a obra kardequiana nada mais tem a nos ensinar.
Kardec, em
1866, já nos alertava sobre esses fatos, quando escreveu: ...as
comunicações dos Espíritos deram fundamento à Doutrina. Repeli-las
depois de as terem aclamado é querer SOLAPAR o Espiritismo pela base,
tirando-lhe o alicerce. Tal NÃO PODE ser o pensamento dos espíritas
sérios e devotados...
É necessário portanto lutar, travar o bom
combate, munido das armas nas trincheiras de Kardec, que já nos alertava
sobre os inimigos do Espiritismo.
É um fato constante que o
Espiritismo é mais entravado pelos que o compreendem mal, do que pelos
que os não o compreendem absolutamente e, mesmo por seus inimigos
declarados. E é de notar que os que o compreendem mal geralmente têm
pretensão de o compreender melhor que os outros; ...Tal pretensão, que
delata o orgulho, é uma prova evidente da ignorância dos verdadeiros
princípios da Doutrina (RE - 1864 - NOVEMBRO - PAG. 321).
Portanto,
somente o estudo, a conscientização e a vivência espírita poderão
municiar as armas para esse bom combate, pois o Espiritismo só reconhece
como adeptos os que põem em prática os seus ensinamentos... pois este é
o sinal característico do verdadeiro espírita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário