A Caminho da Luz

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Objetivo do espírita perante si mesmo

Objetivo do espírita perante si mesmo

Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, perguntou aos Espíritos, pergunta 573: Em que consiste a missão dos Espíritos encarnados? Em instruir os homens, em lhes auxiliar o progresso; em lhes melhorar as instituições, por meios diretos e materiais... responderam-lhes as entidades. Sabedor do comportamento humano, muitas vezes inútil, Kardec continua as perguntas, e, à pergunta 574, do mesmo livro, interroga:
Qual pode ser, na Terra, a missão das criaturas voluntariamente inúteis? Há efetivamente pessoas que só para si mesmas vivem e que não sabem tornar-se úteis ao que quer que seja. São pobres seres dignos de compaixão, porquanto expiarão duramente sua voluntária inutilidade, começando-lhes muitas vezes, já neste mundo, o castigo, pelo aborrecimento e pelo desgosto que a vida lhes causa.
Todos reconhecemos que não somos espíritos perfeitos, que trazemos conosco pesados fardos a carregar, mas também reconhecemos que O Pai não coloca fardos pesados em ombros frágeis.
Tomando conhecimento da Doutrina dos Espíritos, pelo estudo, pela meditação, estaremos sendo conscientizados pela Verdade, que nos tornará livres.
Com esse conhecimento, com essa conscientização, é que encetaremos a marcha para o melhoramento individual, caminho a que tenderá todo espírita sério (RE - 1866 - ABRIL - PAG. 114). Portanto, cabe a todos nós fazermos jus àquela frase, inserida no Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII, item 3, in-fine, de que Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.
Consciente de que sendo a Doutrina Espírita uma ciência, com conseqüências essencialmente morais e éticas, todos nós, espíritas, não podemos abstermo-nos das obrigações que a nós são impostas, livremente.
Com o entendimento racional e o estudo constante, compreenderemos melhor o valor de cada um de nossos atos; sondaremos melhor todos os escaninhos de nossa consciência; compreenderemos melhor a maneira de nos erguer das quedas advindas da longa série de experiências passadas, possibilitando-nos adquirir novos conhecimentos e novas forças, fazendo-nos evitar o mal e a praticar o bem, conforme a Lei de Justiça.
Assim, após estarmos esclarecidos, e continuarmos orgulhosos, egoístas, cúpidos, estaremos continuando com a consciência em trevas, embora estejamos em meio à Luz.
Seremos espíritas apenas de nome, de rótulo, tendo em vista que continuaremos ligados aos prazeres materiais, muitas vezes por comodismo.
É importante que todos compreendamos que somos mensageiros do Alto, que somos os trabalhadores da última hora, e como tais não devemos permitir que nosso espírito venha a aviltar-se, a degradar-se ao contato dos prazeres da volúpia; das ignóbeis tentações da avareza, que subtrai a alguns o gozo dos bens que Deus deu a todos.
Deveremos compreender que o egoísmo, nascido do orgulho, cega a alma e a faz violar os direitos da Justiça, da Humanidade, desde que gera todos os males que assolam a Terra fazendo dela um lugar de dores e expiação.
Cabe a nós, para sermos verdadeiros espíritas, exercer vigilância cuidadosa e permanente sobre nós mesmos, isto é, velarmos sobre os arrebatamentos de nossos corações, a fim de caminharmos de acordo com as Leis da Justiça e da Fraternidade. E agindo com tal disposição, vivenciarmos a Doutrina, Kardec, Jesus, para podermos exercer influência sobre a humanidade no sentido de sua renovação.
Esclarecidos, aceitando as conseqüências da Doutrina Espírita para nós mesmos, colocaremos nosso devotamento a toda prova e sem segundas intenções ou subterfúgios; colocaremos os interesses da causa, que são os do CRISTO e da Humanidade, acima de quaisquer interesses pessoais ou de amor próprio.
Os aspectos moral e ético da Doutrina Espírita não são simples teoria. Devemos envidar esforços para pregar pelo exemplo; conscientizarmo-nos para ter a coragem de dar nossa opinião, em quaisquer situações, sejam elas morais, científicas, filosóficas, sociais, em qualquer campo. Mas também se necessário, sabermos pagar tais opiniões com nossa própria pessoa, com nossa própria vida.
Para encerrarmos este item, é importante lembrarmos de Jesus, na parábola que ficou conhecida como Parábola da Figueira Estéril. Todos devemos nos comparar à Figueira. Devemos dar bons frutos. A parábola nos diz: (Lucas 13:6 a 9) Um certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha, e foi procurar nela fruto, não o achando; E disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nessa figueira, e não o acho; corta-a; porque ocupa ainda a terra inutilmente? E, respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e a esterque; e, se der fruto, ficará, e, se não, depois a mandarás cortar.
Perante a Doutrina
A obrigação essencial do verdadeiro espírita é lutar e zelar pela prevalência dos Princípios Básicos da Doutrina dos Espíritos. Mas para tal é imprescindível estudá-la bem, conhecê-la bem. Entender, estar consciente, saber enfim, que o Espiritismo não é apenas uma eclosão mediúnica, não é somente manifestações de espíritos. Espiritismo é VIDA ETERNA.
Assim sendo, freqüentar sessões, fazer preces, implorar auxílio dos bons espíritos, freqüentar socialmente o centro espírita, NÃO BASTA. É preciso mais, muito mais, principalmente vivê-la, vivenciá-la, estudá-la em suas obras básicas, em sua codificação. Kardec nos legou suas obras, em conjunto com os Espíritos, como roteiro, como luz a iluminar nossas estradas em trevas.
Muitos companheiros acham que não dispõem de tempo para estudar as Obras Básicas. Entendem que basta ouvir os Guias nas sessões mediúnicas, para entendê-la. Falsa idéia, falso conceito.
Esquecem que muitas vezes esses próprios Guias não possuem conhecimento doutrinário, são espíritos ainda em processo de aprendizado.
Jesus já nos alertava: se um cego guia outro cego, ambos cairão no barranco. No momento de transição histórica em que vive a humanidade, enxameiam, tanto por parte dos encarnados, quanto dos desencarnados, espíritos agitados por novas idéias, novos conceitos, ansiosos por transmitirem suas novas revelações.
Estamos assistindo agora, neste instante, a DISPENSA de médiuns nas comunicações (TCI), revelações mil via TVP, e outros mais. Novidades absurdas, que perturbam o movimento doutrinário, confundem, e muitas vezes impedem a divulgação da luz. São os falsos profetas encarnados e desencarnados. E muitos espíritas deixam-se levar por eles, pelas novidades que trazem. Demonstram os novidadeiros, e aqueles que o seguem e os aceitam, que Kardec estaria superado, e dessa forma a obra kardequiana nada mais tem a nos ensinar.
Kardec, em 1866, já nos alertava sobre esses fatos, quando escreveu: ...as comunicações dos Espíritos deram fundamento à Doutrina. Repeli-las depois de as terem aclamado é querer SOLAPAR o Espiritismo pela base, tirando-lhe o alicerce. Tal NÃO PODE ser o pensamento dos espíritas sérios e devotados...
É necessário portanto lutar, travar o bom combate, munido das armas nas trincheiras de Kardec, que já nos alertava sobre os inimigos do Espiritismo.
É um fato constante que o Espiritismo é mais entravado pelos que o compreendem mal, do que pelos que os não o compreendem absolutamente e, mesmo por seus inimigos declarados. E é de notar que os que o compreendem mal geralmente têm pretensão de o compreender melhor que os outros; ...Tal pretensão, que delata o orgulho, é uma prova evidente da ignorância dos verdadeiros princípios da Doutrina (RE - 1864 - NOVEMBRO - PAG. 321).
Portanto, somente o estudo, a conscientização e a vivência espírita poderão municiar as armas para esse bom combate, pois o Espiritismo só reconhece como adeptos os que põem em prática os seus ensinamentos... pois este é o sinal característico do verdadeiro espírita.


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