Enquanto vicejarem os sentimentos controvertidos da atual personalidade
humana estereotipada nos clichês do imediatismo devorador, enquanto os
impulsos sobrepujarem a razão nos choques dos interesses do gozo
insensato, enquanto houver a predominância da natureza animal sobre a
espiritual, enquanto as buscas humanas se restringirem aos limites
estreitos do hoje e do agora, sem compreensão das conseqüências do
amanhã e do depois, o ser humano arrastará a canga do sofrimento,
estorcegando-se nas rudes amarras do desespero.
Assim mesmo, nesse
ser primário que rugia na Terra em convulsão enquanto olhava sem
entender os círios luminíferos que brilhavam no firmamento, o amor
despontava. Esse lucilar que o impulsionou à saída da caverna, à
conquista das terras pantanosas e das florestas, levando-o à construção
das urbes, é o influxo divino nele existente, propelindo-o sempre para
a frente e para o infinito.
Daquele ser grotesco, impulsivo, instintivo, ao homem moderno, tecnológico, paranormal, da atualidade, separa um grande pego.
Não
obstante esse desenvolvimento expressivo, o rugir das paixões ainda o
leva à agressão injustificável, tornando-o, não poucas vezes, belicoso e
perverso, ou empurra-o para a insensatez dos gozos exacerbados dos
sentidos mais grosseiros, nos quais se exaure e mais se perturba, dando
curso a patologías físicas e emocionais variadas.
A marcha da evolução é lenta e eivada de escolhos.
Avança-se
e recua-se, de forma que as novas conquistas se sedimentem, criando
condicionamentos que transformem os atavismos vigentes em necessidades
futuras, substituindo os impulsos automáticos por aspirações
conscientes , para que tenha lugar o florescer da harmonia que passará a
predominar em todos os movimentos humanos.
A insatisfação que existe
em cada indivíduo é síndrome do nascimento de novos anseios que o
conduzirão à plenitude, qual madrugada que vence de forma suave e quase
imperceptivelmente a noite em predomínio...
Esse amanhecer
psicológico é proporcionado pelo amor, que é fonte inexaurível de
energias capazes de modificar todas as estruturas comportamentais do ser
humano.
Sentimento existente em germe em todos os impulsos da vida,
adquire sentido e expande-se no campo da emotividade humana, quando a
razão alcança a dimensão cósmica, tornando-se fulcro de vida que se
irradia em todas as direções.
Presente nos instintos, embora de forma
automatista, exterioriza-se na posse e defesa dos descendentes,
crescendo no rumo dos interesses básicos, para tornar-se indimensional
nas aspirações do belo, do nobre, do bem.
Variando de expressão e de
dimensão em todos os seres, é sempre o mesmo impulso divino que brota e
se agiganta, necessitando do direcionamento que a razão oferece, a fim
de superar as barreiras do ego e tornar-se humanista, humanitarista,
plenificador, sem particularismo, sem paixão, livre como o pensamento e
poderoso quanto à força da própria vida.
Joana de Ângelis - Psicografado por Divaldo franco
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