|
O antídoto para a solidão |
É bom ser importante, mas o importante é ser bom" Um dos
flagelos da humanidade chama-se solidão. Mas o que é a solidão? Seria a
ausência de companhia, de pessoas à nossa volta? Seria estar longe das
civilizações? Mais grave do que estar só é sentir-se só. Duas pessoas que
vivem situações parecidas poderão ter comportamentos diferentes. Enquanto uma é
infeliz, a outra sobrevive, e bem. Solidão, mais do que estar só, é a
insatisfação da pessoa com a vida e consigo mesma. É precisar da multidão à sua
volta, por não perceber que pode bastar-se por si mesma, desde que descubra a
riqueza do seu interior. A solidão nasce da insegurança e da necessidade de
sentir-se amada, porque ignora que o grande truque é amar. Há quem use
solidão como tempo de inspiração, análise e programação. Não é mais a solidão
popularmente conhecida, porque se transforma em recolhimento ao próprio íntimo,
necessidade que todos temos sem nos dar conta. Vez que outra, é preciso estar
só. Tentamos nos dar bem com os outros, mas não sabemos viver na harmonia de nós
mesmos. Quando Amyr Klink, saindo da África, chegou à Bahia, navegando dias e
dias, sozinho em sua pequena embarcação, perguntaram-lhe se a solidão não teria
sido seu maior obstáculo. A resposta foi que nunca estivera só, porque muitos
torciam por ele e, além disso, fazia o que lhe causava prazer. Quem age dessa
forma não dá espaço para a solidão. Cabe analisar quem são as vítimas da
solidão. E responderíamos que são os que não lutam que nada realizam, não amam,
não vivem...! Quem se fecha em seus problemas, em suas mágoas, melindra-se
facilmente, autoflagela-se e inutiliza preciosas oportunidades de realizações
importantes. Deus não pode ocupar-se com os que insistem em ser infelizes. Deixa
primeiro que despertem e valorizem a vida, para depois enviar-lhes a ajuda que
possam compreender. O antídoto para a solidão, mais do que os antidepressivos
ou os divãs dos analistas, é a ocupação. De qualquer tipo. Trabalho profissional
trabalha de lazer, trabalho de amor ao próximo. Quem se achar em sofrimento,
procure ser útil. Quem vive gastando o tempo para reclamar de má sorte,
experimente aplicar as horas tristes no trabalho. E como catalisador para esse
entendimento não podemos desprezar um agente eficaz contra a solidão: O Centro
Espírita. Nesse pequeno compartimento da imensa Casa de Jesus há, sempre,
disponibilidade de vagas para serviços no bem. E, sempre, atinge primeiro o
próprio agente. É aí que o jovem estudante busca serenidade para entender as
lições mais difíceis; é aí que a moça, frustrada com a perda do namorado,
encontra para substituí-lo um amor diferente, sublimado; é ai onde a mãe que
ficou, prematuramente, sem o filho querido, conhece outros filhos que suprirão a
falta dele; é ai onde a viúva, idosa e enferma, encontra a companhia de operosos
auxiliares do Cristo, para suavizar o seu isolamento e a saudade do companheiro;
é aí, enfim, onde todo sofrimento se transforma em progresso e
entendimento. Nenhum outro lugar, por mais prazer que ofereça, pode combater
a solidão como o Centro Espírita, sem dispêndio para aquele que chega com a
mágoa no coração. Ali, enquanto serve se cura; quando oferece, recebe; ao
sorrir, se alegra; com ajuda, se reergue. Abençoado Centro Espírita, que além
destes abriga também os que se sentem infelizes, que têm a alma sensível pronta
para oferecer-se. São os que têm consciência de como a vida é boa e retribuem a
Deus pela dádiva, ao invés de queixar-se do abandono ou revoltar-se contra os
atos comuns da vida de todos nós. Centro Espírita que a todos recebe servidores
e necessitados, com a intenção de irmaná-los e integrá-los em um só propósito e
diminuindo a infelicidade porque esta, sempre, faz seu ninho no escuro de cada
um, independente da idade, saúde ou situação financeira. Felizes os que
despertam e passam pela porta estreita do Centro. Metade do problema já estará
resolvida. Felizmente, a cada dia os que ali aportam são em maior número e,
brevemente, chegará o dia em que o entendimento será absoluto. Octávio
Caúmo Serrano Revista Espírita Allan Kardec, nº 37. |
|
|
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário