A Caminho da Luz

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Estudo das leis morais - Parte 4: A lei de reprodução



Hoje estudaremos a lei de reprodução, que é uma das leis que mais necessita ser compreendida pela humanidade. Como de costume, veremos as questões mais relevantes sobre o tema (em azul), extraídas de O Livro Dos Espíritos, seguidas pelo nosso comentário.

"686 A reprodução dos seres vivos é uma lei natural?

— Isso é evidente; sem a reprodução o mundo corpóreo pereceria.


687. Se a população seguir sempre a progressão constante que vemos, chegará um momento em que ela se tornará excessiva na Terra?

— Não. Deus a isso provê, mantendo sempre o equilíbrio. Ele nada faz de inútil. O homem, que só vê um ângulo do quadro da Natureza, não pode julgar da harmonia do conjunto.


688. Há neste momento raças humanas que diminuem evidentemente; chegará um momento em que terão desaparecido da Terra?

— Isso é verdade; mas é que outras lhes tomaram o lugar, como outras tomarão o vosso, um dia.

689. Os homens de hoje são uma nova criação ou os descendentes aperfeiçoados dos seres primitivos?

São os mesmos espíritos que voltaram para se aperfeiçoarem em novos corpos, mas que ainda estão longe da perfeição. Assim, a raça humana atual que, por seu crescimento, tende a invadir toda a Terra e substituir as raças que se extinguem, terá também o seu período de decrescimento e extinção. Outras raças mais perfeitas a substituirão, descendendo da raça atual, como os homens civilizados de hoje descendem dos seres brutos e selvagens dos tempos primitivos.

690. Do ponto de vista puramente físico, os corpos da raça atual são uma criação especial ou procedem dos corpos primitivos, por via de reprodução?

— A origem das raças se perde na noite dos tempos, mas como todos pertencem à grande família humana, qualquer que seja o tronco primitivo de cada uma, puderam mesclar-se e produzir novos tipos.

693. As leis e os costumes humanos que objetivam ou têm por efeito  criar obstáculos à reprodução são contrários à lei natural?

— Tudo o que entrava a marcha da Natureza é contrário à lei geral.

693 – a) Não obstante, há espécies de seres vivos, animais e plantas, cuja reprodução indefinida seria prejudicial às outras espécies e das quais, em breve, o próprio homem seria vitima. Seria repreensível deter essa reprodução?

— Deus deu ao homem., sobre todos os seres vivos, um poder que ele deve usar para o bem, mas não abusar. Ele pode regulara reprodução segundo às necessidades, mas não deve entravá-la sem necessidade. A ação inteligente do homem é um contrapeso posto por Deus entre as forças da Natureza para restabelecer-lhes o equilíbrio, e isso também o distingue dos animais, pois ele o faz com conhecimento de causa. Os animais concorrem, por sua vez, para esse equilíbrio, pois o instinto de conservação que lhes foi dado faz que, ao proverem à própria conservação, detenham o desenvolvimento excessivo e talvez perigoso das espécies animais e vegetais de que se nutrem.

694. Que pensar dos usos que têm por fim deter a reprodução, com vistas à satisfação da sensualidade?

— Isso prova a predominância do corpo sobre a alma e o quanto o homem está imerso na matéria.


695. O casamento, ou seja, a união permanente de dois seres é contrária à lei da Natureza?

— É um progresso na marcha da Humanidade.

696. Qual seria o efeito da abolição do casamento sobre a sociedade humana?

— O retorno à vida dos animais.

Comentário de Kardec: A união livre e fortuita dos sexos pertence ao estado de natureza. O casamento é um dos primeiros atos de progresso nas sociedades humanas, porque estabelece a solidariedade fraterna e se encontra entre todos os povos, embora nas mais diversas condições. A abolição do casamento seria, portanto, o retorno à infância da Humanidade e colocaria o homem abaixo mesmo de alguns animais que lhe dão o exemplo das uniões constantes.


697. A indissolubilidade absoluta do casamento pertence à lei natural ou apenas à lei humana?

E uma lei humana muito contrária à lei natural. Mas os homens podem modificar as suas leis; somente as naturais são imutáveis.

698.0 celibato voluntário é um estado de perfeição, meritório aos olhos de Deus?

Não, e os que vivem assim, por egoísmo, desagradam a Deus e enganam a todos.

699. O celibato não é um sacrifício para algumas pessoas que desejam devotar-se mais inteiramente ao serviço da Humanidade?

— Isso é bem diferente. Eu disse: por egoísmo. Todo sacrifício pessoal é meritório, quando feito para o bem; quanto maior o sacrifício, maior o mérito.

Comentário de Kardec: Deus não se contradiz nem considera mau o que ele mesmo fez. Não pode, pois, ver um mérito na violação de sua lei. Mas se o celibato, por si mesmo, não é um estado meritório, já não se dá o mesmo quando constitui, pela renúncia às alegrias da vida familiar, um sacrifício realizado a favor da Humanidade. Todo sacrifício pessoal visando ao bem e sem segunda intenção egoísta eleva o homem acima da sua condição material.

701. Qual das duas, a poligamia ou a monogamia, é mais conforme à lei natural?

— A poligamia é uma lei humana, cuja abolição marca um progresso social. O casamento, segundo as vistas de Deus, deve fundar-se na afeição dos seres que se unem. Na poligamia não há verdadeira afeição: não há mais do que sensualidade.

Comentário de Kardec:  Se a poligamia estivesse de acordo com a lei natural devia ser universal, o que, entretanto, seria materialmente impossível em virtude da igualdade numérica dos sexos.

A poligamia deve ser considerada como um uso ou uma legislação particular apropriada a certos costumes e que o aperfeiçoamento social fará desaparecer pouco a pouco. (2)

(2) O impulso poligâmico do homem não é um instinto biológico, mas um simples resquício das fases anteriores de sua evolução. Não sendo irracional, nem controlado pelas leis naturais das espécies animais, ele tem o dever moral de refrear esse impulso e sublimar a sua afetividade através do amor conjugal e familiar. É pela razão e o livre-arbítrio que ele se controla, elevando-se conscientemente acima das exigências biológicas e das ilusões sensoriais. Se esse  controle lhe parece difícil, maior é o seu dever de realizá-lo, porque maior é a sua necessidade de evolução nesse campo e também porque “o mérito do bem está na dificuldade”, como se vê no item 646 deste livro. (N. do T.)""


A progressão das raças humanas está intimamente ligada à lei de reprodução.

Desde os tempos primórdios, o homo habilis dando origem ao homo erectus, o homo erectus dando origem as espécies que culminaram no neanderthal, e este por sua vez chegando ao homo sapiens. Para todas elas, foi necessária a reprodução, a fim de colonizar o mundo.

Cada uma dessas espécies foi útil para o desenvolvimento da inteligência dos espíritos que aqui habitam, substituindo-se uma raça mais atrasada por uma mais avançada, e assim sendo sempre. Deus controla o povoamento da Terra e quando uma espécie se torna obsoleta, ele provê novas espécies a fim  de substituir as anteriores e fornecer melhor instrumento de aperfeiçoamento para o homem.

Sobre o excesso de população mundial, o que sempre foi uma preocupação da sociedade, se todos dividissem igualmente o espaço e os recursos existentes na Terra, veríamos que sobraria espaço no planeta. Mas como a ganância do homem não permite isso, de tempos em tempos as catástrofes naturais (furacões, tsunamis, erupções vulcânicas) e a própria imprevidência do homem (violência, imprudência no trânsito, vícios) controlam a população para que não se exceda (conforme veremos no estudo da lei de destruição).

E é sobre essas raízes primitivas do homem, onde precisava se povoar o globo, e por isso mesmo reproduzir-se tanto quanto possível, que repousam as origens do incontrolado desejo sexual humano.

A poligamia e a infidelidade revelam como o homem ainda está ligado ao seu primitivismo, sendo dominado por seus instintos mais antigos de reprodução.

Como percebemos até aqui, a reprodução teve papel fundamental no povoamento da Terra, mas assim como a espécie humana e a sociedade evoluíram, o homem (espírito encarnado) também precisa evoluir.

As necessidades reprodutivas no mundo contemporâneo são muitíssimo menores do que no mundo primitivo, não só pelo maior povoamento da Terra como também pela maior expectativa de vida. Mas seria um contra-senso dizer que o sexo só pode ser usado para a procriação. Deus nada faz sem um propósito (senão não seria perfeito), e se o prazer está vinculado ao ato sexual, é porque esta deve ser uma prática natural e saudável, para tornar mais íntimos e unidos os casais e estreitar os laços afetivos.

Mas hoje estamos em um tempo de extrema libertação sexual. O que por um lado é positivo, pois as pessoas conhecem mais o sexo e podem exercê-lo com maior maturidade, por outro é ruim, pois o excesso tem-se feito regra e isso é prejudicial.

As pessoas devem usar a sua inteligência e os novos conhecimentos adquiridos para relacionarem-se com mais maturidade, libertando-se de tabus e de traumas emocionais. Mas (como já estudamos aqui no blog) todos os tipos de excessos são nocivos, e hoje em dia levanta-se a bandeira do sexo excessivo, como única fonte de prazer e felicidade.

É um triste reflexo do primitivismo humano, que aparece não só na violência, na corrupção e no egoísmo, como também no sexo.

Enquanto a humanidade ainda comprazer-se nos excessos e vícios de toda a sorte, sendo escravo de seus sentidos, o progresso continuará em marcha lenta. Somente quando despertarmos para o altruísmo e colocarmos a nossa inteligência acima de nossos instintos é que nos libertaremos das misérias humanas.

Para encerrar: o sexo não é proibido e nem pecado, mas assim como todas as outras coisas que Deus nos dá, deve ser utilizado com sabedoria e moderação, pois é para o homem um instrumento, e não a razão única de sua existência.



 


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